A Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) divulgou nesta sexta-feira (4) uma nota pública de apoio à presidente Dilma Rousseff e contra o processo de impeachment impetrado pelos juristas Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal e aceito nesta quarta-feira (2) pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O documento da Abong externa “sua preocupação com os acontecimentos que podem colocar em risco a frágil democracia brasileira”.
De acordo com a nota, mesmo considerando-se que o governo Dilma vem frustrando a população com sua política econômica e ambiental, não se justifica que setores que “representam o grande capital e as elites brasileiras tentem se utilizar de mecanismo previsto na democracia para chantagear um governo legitimamente eleito, visando exclusivamente à manutenção de seus interesses e privilégios”.
O documento da Abong conclama o governo a alterar “sua política econômica de ajustes fiscais que cobra a conta da crise da parcela mais frágil da sociedade”. A entidade entende que é necessária a ampliação e a radicalização da democracia e defende que, para isso, o Governo deve estabelecer um processo de diálogo com a sociedade civil por meio de verdadeiros mecanismos de participação social e popular.
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Veja a íntegra da nota da Abong:
A saída é a radicalização da democracia!
A Abong – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, organização da sociedade civil sem fins lucrativos, de caráter nacional, democrática, pluralista, antirracista e anti-sexista, que congrega centenas de organizações que lutam contra todas as formas de discriminação, de desigualdades, pela construção de modos sustentáveis de vida e pela radicalização da democracia, vem a público externar sua preocupação com os acontecimentos que podem colocar em risco a frágil e recente democracia brasileira.
O Governo Dilma há muito vem frustrando a população com sua política econômica e ambiental que está em desacordo com os interesses da sociedade brasileira. As reformas estruturais, tais como a reforma agrária, a reforma urbana, a reforma tributária, a regulação do poder econômico na mídia e a reforma política não têm sido prioridades na ação deste Governo. A falta de vontade política para enfrentar estes desafios tem contribuído para a desestabilização política e social no País, abrindo caminho para a radicalização à direita de parte da sociedade.
Esta postura, no entanto, não autoriza que os setores que representam o grande capital e as elites brasileiras tentem se utilizar de mecanismo previsto na democracia para chantagear um governo legitimamente eleito, visando exclusivamente à manutenção de seus interesses e privilégios. Para a Abong, o processo eleitoral foi legítimo e deve prevalecer a vontade da soberania popular.
A Abong discorda de que haja motivos para a instalação de um processo de impedimento do mandato da presidenta. O presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, alvo de acusações que o ligam a práticas de corrupção e lavagem de dinheiro, ter aceitado o pedido de impeachment da presidenta Dilma é mais um fator que deslegitima esta ofensiva.
Conclamamos o Governo para que altere sua política econômica de ajustes fiscais que cobra a conta da crise da parcela mais frágil da sociedade. Reiteramos a necessidade de ampliação e radicalização da democracia: para isso, o Governo deve estabelecer um processo de diálogo com a sociedade civil por meio de verdadeiros mecanismos de participação social e popular.
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