Após 16 meses de disputa interna, o senador Barack Obama alcançou ontem (3) à noite o apoio necessário para ser o candidato do Partido Democrata nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro. Ao anunciar sua vitória, em Minnesota, Obama disse vislumbrar um “novo tempo” no país e defendeu a unidade entre os democratas, ao elogiar a também senadora Hillary Clinton, derrotada por ele nas prévias. Ele também criticou a guerra no Iraque e defendeu o retorno das tropas americanas instaladas em território iraquiano.
“Hoje começamos uma nova jornada. Uma jornada que trará dias melhores para o país. Essa noite eu posso dizer aqui diante de vocês que serei o indicado do partido Democrata na eleição presidencial dos Estados Unidos”, discursou, na presença de uma platéia de 17 mil de pessoas em uma arena. Outras 15 mil acompanharam o discurso pelo lado de fora.
Primeiro negro a concorrer às eleições presidenciais por um dos dois principais partidos norte-americanos, Obama terá sua candidatura confirmada em agosto, durante convenção partidária, e enfrentará em novembro o republicano John McCain, correligionário do presidente George W. Bush.
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Ainda em seu discurso, o candidato democrata não poupou críticas aos dois. “Nós não podemos continuar agindo como estamos agindo. Nós devemos um futuro melhor para nossos filhos”, disse. “Disseram que John McCain serviu esse país heroicamente. Eu respeito suas realizações. Minhas diferenças com ele não são pessoais. É por conta de sua política. Nada vai mudar quando ele oferece mais quatro anos de política econômica tocada pelo George Bush. Não é mudança quando ele promete continuar com a mesma política no Iraque”, emendou.
O senador de Illinois defendeu com veemência a retirada das tropas americanas no Iraque. “Porque gastamos milhões numa guerra que não deixa a população americana mais salva? Mudar não é uma das palavras que cabe a McCain. Não podemos deixar nossas tropas no Iraque por tantos anos. É hora dos iraquianos tomarem conta do futuro deles. É hora de receber bem nossas tropas”, discursou.
Afago a Hillary
Barack Obama, filho de pai queniano e mãe americana, conquistou ontem o apoio de 20 superdelegados democratas e dez delegados convencionais que apoiavam anteriormente John Edwards, ex-pré-candidato do partido. Com o apoio de 2.118 delegados, ele não pode mais ser alcançado por Hillary.
Em discurso feito em Nova York, a senadora e ex-primeira-dama parabenizou o colega pela vitória, mas disse que não tomaria nenhuma decisão imediata. Hillary é cotada para ser vice na chapa de Obama, apesar da troca de farpas entre os dois ao longo da campanha.
O candidato democrata não poupou elogios à ex-primeira-dama. “A senadora Hillary Clinton fez história nesta campanha. Ela fez história não só porque é uma mulher que fez o que nenhuma mulher fez antes, mas porque é uma líder que inspira a América. Eu a parabenizo pela sua vitória em Dakota do Sul e pela maneira como ela se comportou durante a campanha”, declarou. “Alguns disseram que essas primárias poderiam nos dividir. Eu digo que graças às prévias tantos americanos participaram pela primeira vez da democracia”, acrescentou. (Edson Sardinha)
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