Fábio Góis
Questionário aplicado por uma organização não-governamental mostra um pouco do perfil dos candidatos a senador no Brasil em relação a temas polêmicos. A maioria dos candidatos ao Senado entrevistados é contra a descriminalização da maconha e a favor da legalização do aborto e da adoção de crianças por casais homossexuais.
Dos 190 nomes que concorrem a uma das 54 vagas em disputa, 55 (29%) responderam ao questionário Questão Pública – Valores do Legislativo, Responsabilidade do Cidadão, lançado em agosto pelo Instituto Ágora em Defesa do Eleitor e da Democracia, entidade sem fins lucrativos sediada em São Paulo. A ideia é utilizar a ferramenta para facilitar o eleitor a peneirar e escolher o representante com o qual tem mais afinidade de pensamento.
Com programa específico de computação, o site direciona aos candidatos 35 perguntas sobre temas como prisão perpétua, cotas raciais em universidades públicas, voto obrigatório aborto e legislação ambiental. O eleitor-internauta também pode registrar suas respostas, e então compará-las com as opiniões dos aspirantes a senador. As respostas do internauta são cruzadas com as dos candidatos e apontam para os nomes com os quais o eleitor tem mais afinidade. Entre aqui para participar do questionário.
Alguns tabus são tratados no questionário, como aborto (56% dos que responderam são favoráveis, enquanto 35% são contrários), adoção de crianças por casais homossexuais (58% favoráveis; contra, 23%) e descriminalização da maconha (37% favoráveis; contra, 54%).
Também foram objeto de pesquisa temas sobre visão política. Ao todo, 70% dos candidatos ouvidos são contra as privatizações, enquanto 26% se dizem favoráveis ao chamado Estado mínimo. Os programas de transferência de renda também foram objeto de pesquisa: 88% se opuseram à redução de iniciativas de cunho social como o Bolsa Família – um dos carros-chefes da campanha da presidenciável petista Dilma Rousseff –, enquanto 9% dos candidatos se manifestaram contra esse tipo de ajuda do governo.
Já em relação às atividades de exploração do pré-sal – assunto que dividiu bancadas no primeiro semestre deste ano, tanto na Câmara quanto no Senado –, 81% dos candidatos se disseram favoráveis à divisão dos lucros do petróleo entre os estados da Federação, enquanto 17% se opuseram. Embora elaborada de maneira superficial, a questão revela a tendência entre os parlamentares que, graças à chamada Emenda Ibsen, alterou o regime de partilha e distribuição de royalties do minério para os entes federativos.
Participaram da pesquisa 55 candidatos a senador de 16 estados brasileiros. Confira a opinião dos candidatos ao Senado, segundo o questionário Questão Pública:
“Não favoráveis à diminuição da maioridade penal na razão de 74% contra 23%;
Não favoráveis à descriminalização da maconha na razão de 54% contra 37%;
Não favoráveis à adoção da pena de morte na razão de 88% contra 7%;
Não favoráveis à violência policial na razão de 79% contra 18%;
Não favoráveis à revisão da anistia geral na razão de 49% contra 44%;
Favoráveis a que políticos condenados, mesmo em 1ª instância, devam ser impedidos de se candidatar na razão de 51% contra 45%;
Não favoráveis às ocupações de terras na razão de 51% contra 47%;
Não favoráveis às privatizações na razão de 70% contra 26%;
Não favoráveis à flexibilização de direitos na razão de 89% contra 7%;
Favoráveis à limitação dos juros cobrados pelos bancos na razão de 86% contra 14%;
Não favoráveis ao aumento de impostos em detrimento do corte de gastos públicos na razão de 75% contra 21%;
Favoráveis a que o Brasil deva exercer papel de mediador em conflitos internacionais na razão de 84% contra 12%;
Favoráveis à transformação do Mercosul numa instituição supra-nacional na razão de 54% contra 34%;
Não favoráveis ao aumento de subsídios econômicos aos países vizinhos na razão de 56% contra 32%;
Não favoráveis à idéia de que a busca da sustentabilidade não deva prejudicar a liberdade de mercado na razão de 62% contra 33%;
Favoráveis à proibição do desmatamento na razão de 58% contra 32%;
Favoráveis à divisão dos lucros do petróleo entre todos os Estados da federação na razão de 81% contra 17%;
Favoráveis a que o governo deva aumentar o percentual de reciclagem de resíduos sólidos em 93%;
Não favoráveis ao aumento de imposto para subsídio do transporte público na razão de 63% contra 32%;
Favoráveis à energia nuclear em detrimento de fontes que queimam combustíveis fósseis na razão de 53% contra 30%;
Favoráveis a que a legislação ambiental federal deva levar em conta a particularidade dos biomas e não as fronteiras estaduais na razão de 88%contra 7%;
Não favoráveis à cobrança de mensalidades daqueles que podem pagar pelas universidades públicas na razão de 77% contra 21%;
Não favoráveis à redução de programas sociais como o Bolsa Família na razão de 88% contra 9%;
Favoráveis ao livre acesso de obras culturais financiadas com recursos públicos na razão de 89% contra 06%;
Favoráveis ao direito de cotas para negros nas universidades públicas na razão de 56% contra 33%;
Não favoráveis a que o ensino religioso deva fazer parte do currículo da escola pública na razão de 49% contra 37%;
Favoráveis à adoção de crianças por casais homossexuais na razão de 58% contra 23%;
Não favoráveis ao aborto na razão de 56% contra 35%;
Não favoráveis à idéia de que oferecer tratamento para viciados na rede pública legitime o uso de drogas na razão de 93% contra 07%;
Favoráveis a que os cidadãos devam participar diretamente das decisões sobre políticas públicas na razão de 98% contra 2%;
Favoráveis a que o voto deixe de ser obrigatório no Brasil na razão de 56% contra 40%;
Favoráveis à proibição do financiamento de campanhas políticas por empresas privadas na razão de 82% contra 14%;
Favoráveis à limitação do número de vezes que um parlamentar possa se reeleger na razão de 53% contra 37%;
Favoráveis ao impedimento de concessões públicas de rádios e TVs a políticos e grupos religiosos na razão de 68% contra 19%;
Não favoráveis à idéia de que a qualidade do trabalho dos senadores seja de responsabilidade dos eleitores na razão de 58% contra 42%.”
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