15 de outubro de 2009 – O deputado Sandro Mabel disse à Polícia Legislativa da Câmara que ajudou a pagar um carro para o chefe da quadrilha e seu ex-motorista Franzé Feijão. Afirmou que não sabia da exoneração de seu ex-funcionário, ocorrida 45 dias antes.
Mabel disse crer que, no caso, Franzé poderia ter iludido sua chefe de gabinete, Maria Solange Lima. “(…) acredita sim que esta [Solange] pode ter sido enganada por este [Franzé].”
Disse que conversou com Franzé sobre o assunto no dia 14 de outubro. “QUE conversou com FRANCISCO na data de ontem e este lhe disse que havia feito com o intuito de ajudar pessoas e negou ter ficado com qualquer parcela do dinheiro desviado irregularmente.”
11 de novembro de 2009 – Reportagem do Congresso em Foco revelou o caso pela primeira vez. Mostrou que Franzé iludiu família de faxineira no Entorno de Brasília, tornando-a servidora fantasma da Câmara.
Mabel preferiu não comentar o assunto por acreditar que isso atrapalharia as investigações (leia).
23 de fevereiro de 2010 – Reportagem do Congresso em Foco mostrou que um pasteleiro morador do Entorno também estava entre os funcionários de Mabel.
Em nota, Mabel disse não ter compromisso com “possíveis irregularidades” cometidas por terceiros e afirmou que não vai fazer demissões com base em rumores.
“Nós temos insistido para que o Depol apure todos os fatos. Estamos colaborando em tudo que é solicitado pelo Departamento de Polícia da Câmara, para ajudar nas investigações. Não tenho nenhum compromisso com possíveis irregularidades que tenham sido cometidas por essas pessoas. Todos que tiverem cometido alguma coisa errada serão demitidos, mas não vamos demitir com base em rumores. Os que foram demitidos foram considerados culpados pelo Depol. A chefe de gabinete está sempre exposta, pois é quem cobra a responsabilidade dos funcionários. Nós temos colaborado em tudo que nós podemos e tenho pedido para que ela colabore também para que se possa apurar, punir quem tem que ser punido.” (leia mais)
1º de março de 2010 – Reportagem do site contou que, em 15 de outubro de 2009, Mabel disse à Polícia Legislativa da Câmara ter ajudado a pagar um carro para o chefe da quadrilha e seu ex-motorista Franzé Feijão. Mostrava ainda que o deputado desconhecia até a exoneração de seu ex-funcionário. Afirmou ainda serem falsas as assinaturas feitas em seu nome para a contratação de servidores fantasmas.
Mabel assim respondeu ao site sobre como fazia o controle dos servidores do seu gabinete: “Todas as respostas a estas perguntas estão no inquérito, inclusive o pedido de grafotécnico de assinaturas, que explicam como os funcionários foram contratados”.
8 de março de 2010 – Reportagem do site mostrou que a conta do pasteleiro pagou pessoas ligadas a Mabel e também abasteceu a conta de Franzé. Mabel falou por meio de assessoria: “Todas as perguntas pertinentes ao fato já foram respondidas no inquérito. Prefiro aguardar o final das investigações para que os fatos sejam totalmente esclarecidos”.
29 de julho de 2010 – Mabel abre um processo judicial pedindo que o site o indenize por danos morais. Por meio de advogados, ele afirmou ao juiz da 9ª Vara Cível de Goiânia ser “vítima” de Franzé, a quem acusa de integrar “esquema de desvio de dinheiro”.
“(…) o Requerente também foi vítima, pois ao contratar o sr. Francisco José Feijão de Araújo – Franzé – como seu motorista, nunca poderia imaginar que ele poderia fazer parte de tal esquema de desvio de dinheiro”, afirmou. “E sobre a ajuda que o Requerente deu ao sr. Franzé para a compra de um veículo, destaca-se que isso não pode ser usado para acusar o Autor de beneficiar o ‘chefe da quadrilha da creche’, pois essa ajuda não tem relação alguma com o caso investigado e partiu da vontade do Autor, que tem o costume de ajudar seus funcionários, haja vista que o carro seria utilizado também pelo Autor.”
12 de abril de 2012 – Reportagem do site narra os mais de dois anos sem solução do caso. Nota da assessoria de Mabel não cita o nome de Franzé, mas afirma que havia uma “quadrilha” que atuou, infelizmente, no gabinete do deputado.
“Trata-se de uma quadrilha que atuava na Câmara dos Deputados e que, infelizmente, também passou pelo gabinete do deputado Sandro Mabel. O parlamentar aguarda o resultado das investigações e espera que os culpados sejam punidos”.
2 e 3 de julho de 2012 – Reportagem do site revelou que a juíza Pollyanna Kelly, da 12a Vara Federal de Brasília, entendeu que a investigação “alcança” o deputado Sandro Mabel. Ela afirmou que o Ministério Público tem razão ao afirmar que há “indícios de possível participação” do parlamentar no caso. Com base nisso, remeteu o caso ao Supremo Tribunal Federal. Lá, foi aberto o inquérito 3421, sob relatoria da ministra Cármen Lúcia. O deputado e seus assessores não comentaram o assunto. No dia 3, reportagem do site revela a íntegra do parecer do procurador Bruno Calabrich, que afirma que Mabel “naturalmente” tinha conhecimento das fraudes.
Em resposta, a assessoria do deputado divulgou nota em que acusou o procurador de agir “sem cautela” e prometeu conversar com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para que os verdadeiros responsáveis fossem punidos. Os auxiliares de Mabel reafirmaram sua inocência, disseram que ele colabora com as investigações desde 2009 e que aguarda a conclusão de laudo de exame grafotécnico nas assinaturas do parlamentar. “O deputado Sandro Mabel é um empresário bem sucedido, detentor de um dos cinco maiores patrimônios entre os deputados federais (fonte: Congresso em Foco) e por princípios jamais se sujeitaria a tal ‘falcatrua’ para ter um benefício de alguns reais mensais”, afirmou a assessoria. “Mabel também busca contato com o procurador da República Bruno Calabrich, por entender que ao afirmar que: o parlamentar ‘naturalmente’ sabia que o pasteleiro estava sendo contratado não para que trabalhasse no gabinete, mas para que seu salário fosse desviado para outros propósitos, é preciso ter a devida cautela, um pré-requisito básico para todos aqueles que lidam com vidas.”
5 de julho de 2012 – Reportagem do site revela que o laudo grafotécnico da Polícia Federal sobre as assinaturas de Mabel ficou pronto e é mantido em sigilo. Pelo que apurou o Congresso em Foco, pelo menos uma assinatura do deputado é falsa. A assessoria do deputado considerou o fato prova final da inocência do parlamentar: “Foi comprovado por meio de exame que ele é inocente”.
3 de setembro de 2012 –Reportagem do site mostra que exames da Polícia Federal revelam que 83 assinaturas de Mabel foram falsificadas nas nomeações de servidores fantasmas e apenas uma é verdadeira. Com base nisso e num depoimento da chefe de gabinete Maria Solange Lima, o procurador Bruno Calabrich afirma ao juiz da 10a Vara Federal, Vallisney Souza, que o deputado tinha conhecimento das fraudes.
Em resposta, Mabel divulga nota em que afirma que pedirá novo laudo e reafirma sua inocência. “O laudo comparou 84 assinaturas em 84 diferentes documentos, e apurou que 83 eram falsas e em apenas uma havia indícios de que ‘partiram do punho do fornecedor do referido material gráfico’. Se as 84 eram falsas, porque uma apenas seria verdadeira?”, questionou o deputado. “Portanto ficou atestado que 99% das assinaturas examinadas pelo exame grafotécnico eram falsas, incluindo a que nomeou o Pasteleiro Severino.” Ele não comentou as declarações de sua chefe de gabinete às autoridades.
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