Certo dia, em um de meus treinos para maratonas no Parque da Cidade, fui abordado por um aluno que também é maratonista – corrêramos juntos a maratona do Rio de Janeiro. Ele contou-me que lia um de meus artigos sobre a relação entre concursos e maratonas quando ouviu o seguinte comentário de um estudante que estava ali por perto: “Assim é fácil concluir o percurso da maratona. O professor Granjeiro deve ter todo um staff ao seu redor”.
Bem, isso não é verdade. Apesar de a ideia ser boa, eu não disponho de uma equipe dessas. E, mesmo que dispusesse, a função dela seria apenas de apoio. Ela supervisionaria meus treinos, me ajudaria a desenvolver melhor condicionamento físico, monitoraria meu desempenho, e só. Ela não correria no meu lugar. É o corpo do atleta que atravessa todo o trajeto de 42.195 m, de ponta a ponta. Ninguém o carrega até a linha final.
Da mesma forma que o estudante se equivocou ao supervalorizar o papel dos treinadores de um maratonista no sucesso deste, muitos concurseiros se enganam ao pensar que o simples fato de se matricular em uma excelente escola preparatória para concursos já é o suficiente para garantir a aprovação. De nada adianta dispor dos melhores professores, dos melhores livros e apostilas, da melhor estrutura, se o candidato não estiver ciente de que é ele que deve se dedicar, de que é ele que tem de estudar, e muito! Quero, com isso, salientar que é o estudo com foco e método que põe um concorrente à frente dos outros, que o leva à vitória – a aprovação com classificação dentro do número de vagas.Leia também
Milhares de candidatos fazem cursos presenciais e/ou on-line sem reservar tempo para os estudos, sem se dedicar de verdade. Consequentemente, não obtêm o resultado esperado. Outros até estudam, mas de forma inadequada. Pensam, por exemplo, que o estudo em grupo dispensa o individual, quando, na verdade, eles são complementares. Sem dúvida, o estudo solitário é requisito para o sucesso dos debates em grupo. Sem aquele, o esforço coletivo será inútil. O candidato tem de se preparar bem, apenas ele com ele mesmo, para, só então, colher frutos do estudo coletivo. Este só tem a acrescentar; nunca deve ser visto como forma exclusiva de preparo. Afinal, na hora da prova – assim como na hora da corrida –, o candidato não contará com o auxílio de ninguém.
Estudar sozinho é seguir o próprio ritmo. Você, com as próprias mãos, destrincha o conteúdo até entendê-lo por completo. Cria afinidade com o texto. É importante esse momento solitário entre aluno e material didático, em que haja, digamos, uma “comunicação”, um entendimento entre os dois.
Concluído o alicerce – o estudo individual –, é hora de construir os pilares, com o estudo em grupo. Essa é a oportunidade de consolidar os conhecimentos adquiridos individualmente e de dirimir as dúvidas remanescentes. Reúna pessoas – o ideal são três, mas não deixe que o total exceda cinco – com as quais tenha afinidades e que estejam realmente focadas em concursos, de preferência o mesmo que o seu ou algum que tenha matérias similares. Agendem encontros semanais. Neles, debatam os assuntos, ensinem uns aos outros. É na prática que o conhecimento se solidifica.
Antes de iniciar os estudos, pondere os horários disponíveis e elabore um cronograma. Essa organização é fundamental. Ela disciplinará sua preparação e trará grandes benefícios, desde que você siga à risca todo o plano. Não permita exceções, pois logo elas se tornarão novas regras, e os objetivos ficarão cada vez mais distantes. Alterne as disciplinas durante o estudo, para não fatigar a mente. E procure estudar em grupo, mesmo que o grupo seja, na verdade, apenas uma dupla. Entenda, porém, que o estudo com os colegas deve ser esporádico, semanal ou quinzenal; estudar sozinho, por sua vez, deve se tornar tarefa diária.
Tenha em mente, ainda, que as pessoas à sua volta são importantes na trajetória até a aprovação. Busque o apoio da família, os conselhos e os ensinamentos dos professores, os incentivos e a ajuda dos amigos e dos colegas de estudo. Mas compreenda que, na “pista de corrida”, você corre sozinho. Todas aquelas pessoas ficam nos bastidores. Quem tem de cruzar a linha de chegada é você.
Estude só, estude em grupo, mas estude. E, à sua volta, busque inspiração para permanecer firme. Lembre-se: “O reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele.” (Mateus 11: 12).
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