Edson Sardinha |
Membro da Executiva Nacional do PMDB, o primeiro-secretário da Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (BA), ainda não digeriu a adesão do partido ao bloco governista. Líder da bancada entre 1997 e 2001, quando se firmou como um dos principais nomes da articulação do governo Fernando Henrique Cardoso no Congresso, o deputado classifica o PMDB como um partido que perdeu a bandeira, o discurso e a identidade. Geddel é autor do Projeto de Lei (PL) 3265/04, que isenta quem ganha até R$ 1.613 de pagar imposto de renda. Pela proposta, quem receber até R$ 3.225 descontará 15% e, acima disso, pagará 25%. O projeto também reajusta os rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão do contribuinte com mais de 65 anos até o valor mensal de R$ 1.584. Atualmente, a alíquota do imposto para pessoas físicas com rendimento mensal acima de R$ 1.058 é de 15%. A partir de R$ 2.115, sobe para 27,5%. Quem ganha menos de R$ 1.058 é isento de cobrança. Segundo especialistas, a tabela está com uma defasagem de 55% em relação à inflação de 1996 até hoje. Leia também Há uma semana, o plenário aprovou o regime de urgência para o projeto do deputado baiano, que foi apensado a outro parecido, de autoria do ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini. Geddel defende imposto menor para quem ganha menos. A proposta dele, porém, não conta com o apoio do governo, mais um motivo para ele criticar, com palavras duras, a administração do PT e, de quebra, o próprio partido, o PMDB. Na avaliação dele, a legenda se perdeu no fisiologismo e na disputa de egos entre as suas principais lideranças, como os senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), que travam uma disputa à parte nos últimos meses em torno da presidência do Senado. “O PMDB precisa resgatar bandeiras antigas e empunhar novas, em vez de ficar discutindo se indica ou não o diretor de Microcrédito ou de Cooperativa do Banco do Brasil para atender a meia pataca de apaniguados”, disse ao Congresso em Foco. Voz da oposição ao governo no PMDB, Geddel acredita que a aproximação do partido com o Palácio do Planalto irá se refletir de forma melancólica para os peemedebistas nas próximas eleições. Para ele, o resultado das urnas será o “cemitério dessa aliança”. “O partido vai perceber que não tem como ir adiante no apoio a um governo que não tem apreço pelo PMDB, que cresceu batendo no PMDB e que está fazendo com que o meu partido perca a identidade e se afaste de um projeto legítimo de ser o estuário de expectativa da população brasileira”, avalia. |
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