Roseann Kennedy
A receita federal já sabe quais funcionários, onde, quando e em quais máquinas foram acessados os dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas. A questão agora é: a quem interessa agilizar ou protelar a divulgação do resultado, no meio de um processo eleitoral?
Pelo prazo legal, a corregedoria geral tem 120 dias para concluir a investigação. Como o processo foi aberto em 21 de junho, isso significa que o órgão tem até depois do primeiro turno das eleições para apresentar suas conclusões.
À oposição – que sustenta a tese de que os dados fiscais foram vazados para integrantes do grupo de inteligência da pré-campanha da petista Dilma Roussef – interessa que essa tese – se for confirmada – seja imediatamente revelada. Isso dá munição para a campanha. Permite aos tucanos aumentar o discurso de que há uma ação de espionagem em nome de um projeto de poder em debate em ano eleitoral.
O PT – que nega a confecção de dossiês e qualquer envolvimento no vazamento de dados do vice-presidente do PSDB – afirma também ter interesse de ver logo o resultado da apuração. Argumenta, inclusive, que o próprio partido pediu para o caso ser apurado. E, em tom de campanha, diz que os tucanos inventam dossiês.
Só será possível verificar qual é a tese correta quando a investigação for concluída e dentro de qual prazo, para que se observe, também, se terá ocorrido ou não alguma manipulação política na revelação da apuração.
Mas, seja qual for o resultado, não acredito que o tema mobilize o eleitor. Não é a primeira vez que suspeitas de espionagem aparecem no período de campanha. No entanto, até hoje o tema parece interessar meramente aos políticos, num jogo de poder que se reforça com o trabalho de contra-informação.
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