Mário Coelho
Eleito pelos deputados distritais para cumprir mandato-tampão até 31 de dezembro, o novo governador do Distrito Federal, Rogério Rosso, afirmou nesta segunda-feira (19), que a população da capital do país espera pelo “resgate da normalidade”.
Desde 27 de novembro, quando foi deflagrada a Operação Caixa de Pandora, a situação política de Brasília vive imersa na crise. O então governador, José Roberto Arruda (sem partido), foi preso por tentar subornar uma testemunha e interferir nas investigações do Ministério Público Federal (MPF). Já Paulo Octávio, que era o vice-governador, não resistiu às denúncias e renunciou ao cargo.
“O período é curto, não é hora de apostar no fracasso”, disse Rosso em discurso. Juntamente com a vice Ivelise Longhi, ele tomou posse no cargo na manhã de hoje em cerimônia na Câmara Legislativa.
Para ele, sua eleição ocorreu por conta da união de um grupo expressivo de partidos. Ao abrirerem mão de “vaidades pessoais”, disse o governador, foi possível dar legitimidade ao governo local. Dessa maneira, avalia Rosso, é possível combater o que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, qualificou de “metástase institucional”.
O inquérito da Operação Caixa de Pandora, que revelou o mensalão do Arruda, mostrou um esquema de corrupção envolvendo membros do Executivo e do Legislativo do DF. “O governo vai ter três bases: corrigir o que está errado, garantir que o que está certo prossiga, e avançar”, discursou.
Segundo Rosso, áreas essenciais como saúde, segurança, educação e as obras serão prioridade. Além de evitar aintervenção federal, proposta pela Procuradoria Geral da República (PGR), Rosso tem outro desafio a curto prazo. Durante o fim de semana, vieram à tona problemas na organização das festas dos 50 anos de Brasília. Contratos com fornecedores de equipamentos para montar a estrutura dos shows não foram assinados. “Com a autorização do governador Wilson Lima, ficamos até de madrugada discutindo o aniversário de Brasília”, disse Rosso. “Sem malabarismo, sem invenção, vamos trabalhar”, completou.
Ele disse ainda que pretende montar um conselho de notáveis para administrar o DF. “Não abriremos mão da companhia de quem puder ajudar”, disse, lembrando a Carta de Brasília, documento assinado por vários partidos defendendo apurações e se comprometendo a apurar as denúncias no governo local. “Sei que a torcida para que sejamos capazes é grande. Temos a consciência que nosso adversário maior é a desconfiança. A garantia que podemos dar é a história de nossas vidas”, finalizou Rosso, que iniciou seu discurso com a participação de três de seus filhos.
Advogado, suplente de deputado federal, Rosso presidiu a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) durante o governo Arruda. O órgão é alvo de denúncias na Justiça e de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara Legislativa por irregularidades em contratos de licitação na gestão de Durval Bargosa, principal delator do esquema de corrupção conhecido como Mensalão do DEM. As primeiras denúncias surgiram justamente durante a gestão de Rosso. No governo de Joaquim Roriz, ele foi dministrator de Ceilândia e secretário de Desenvolvimento Econômico.
Antes do discurso de Rosso, o governador em exercício do DF, Wilson Lima (PR), que volta hoje à presidência da Câmara, disse que esta segunda-feira é “um dia diferente em toda a política do DF”. Para ele, os deputados distritais, por serem eleitos pelo voto popular, fizeram a vontade da sociedade ao eleger o novo governador.
“O DF precisa muito do seu trabalho, Rogério Rosso. No momento em que Brasília mais precisava eu estive à frente do governo. Quando tudo parecia acabado, com o fantasma da intervenção, Deus me iluminuou e fiquei à frente do GDF. Combati o bom combate e guardei a minha fé, acalmei o DF. Vamos dar sustenção ao governador agora empossado”, discursou.
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