A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (22) a 48ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Integração. Primeira ação no âmbito da Lava Jato em 2018, a nova etapa investiga se houve corrupção na concessão de rodovias federais no estado do Paraná, governado pelo tucano Beto Richa (PSDB). Seis pessoas foram presas temporariamente, entre elas o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), Nelson Leal.
A mando do juiz federal Sérgio Moro, a PF também cumpriu 50 mandados de busca e apreensão em três estados, além do Paraná – Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. Nesta manhã, os investigadores estiveram no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná, fazendo buscas no gabinete da Casa Civil. Um dos alvos era o funcionário comissionado Carlos Nasser, considerado como homem de confiança do governador Beto Richa. Também estão sob o escrutínio da PF o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar).
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A suspeita da Lava Jato é que as concessionárias de rodovias federais no Paraná que fazem parte do chamado “Anel da Integração” usavam do mesmo esquema de lavagem de dinheiro montado para o pagamento de propinas na Petrobras para corromper agentes públicos. Uma das empresas, a Econorte, é suspeita de ter usado os operadores financeiros Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran, ambos já investigados pela operação, para ocultar dinheiro ilícito e oferecer vantagens indevidas a agentes do Dnit, do DER/PR e da Casa Civil do governo paranaense.
Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) informou que também identificou “pagamentos a empresas controladas por operadores do esquema, que sacavam em espécie parte relevante dos recursos. Os investigadores suspeitam que esses pagamentos eram usados como contrapartida por favorecimentos conferidos à concessionária Econorte na execução do contrato de concessão rodoviária com o Estado do Paraná”.
Fachada e superfaturamento
Os procuradores do MPF apuraram ainda que a Econorte recebeu cerca de R$ 2,3 bilhões em tarifas pagas pelos usuários das rodovias, entre 2005 e 2015. Desse total, pelo menos R$ 63 milhões teriam sido repassados para empresas de fachada ou sociedades cuja prestação de serviço não foi confirmada.
Perícias técnicas apontaram ainda superfaturamento nos valores das obras das concessionárias. Um laudo técnico, feito com base em tabela do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), da Caixa Econômica Federal, mostrou que o sobrepreço de itens chegou a 89% em relação ao valor de mercado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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