Reportagem da Folha de S.Paulo deste domingo revela que, durante a gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (SP), pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, a diretoria do banco Nossa Caixa abrigou assessores e executivos acusados de supostas irregularidades e fraudes em licitações na administração de outros bancos oficiais durante o governo FHC.
A Nossa Caixa é investigada pelo Ministério Público estadual por suspeita de direcionamento de recursos de publicidade pelo Palácio dos Bandeirantes para favorecer deputados da Assembléia Legislativa de São Paulo.
Na matéria assinada por Frederico Vasconcelos e Rogério Pagnan, três nomes são colocados sob suspeição:
1) Waldin Rosa de Lima, chefe-de-gabinete “informal” durante a gestão de Valdery Frota de Albuquerque da Nossa Caixa. Ex-presidente do banco de Goiás, Lima foi inabilitado pelo Banco Central para dirigir instituições financeiras, por conceder empréstimos sem cumprir as normas bancárias. Lima só conseguiu se livrar dessa penalidade do BC em janeiro de 2004, quando o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, o “Conselhinho” -órgão paritário formado por membros do governo e do mercado-, transformou a punição em arquivamento. Não há registro da entrada e da saída desse funcionário. Lima também foi citado em relatório final da CPI do Narcotráfico, pois teria dificultado o trabalho da comissão ao retardar o envio de informações de investigados que tiveram quebra de sigilo.
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2) Elmar Gueiros, outro assessor especial de Albuquerque, também punido pelo BC, com multa, por supostas irregularidades na alienação de bens.
3) Luiz Francisco Monteiro de Barros Neto, ex-diretor de rede e distribuição do banco paulista, que ocupou a vice-presidencia da Caixa. Ele foi acusado pela CPI dos Bingos por prevaricação, improbidade administrativa e crimes contra o procedimento licitatório nos contratos com a GTech durante sua passagem pela Caixa. O ex-diretor do banco impetrou mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal, com pedido de liminar, para retirar seu nome do relatório da CPI dos Bingos, mas seu pedido foi negado pelo ministro Carlos Ayres Britto.
À Folha, Geraldo Alckmin e o atual presidente do banco estadual, Carlos Eduardo Monteiro, dizem considerar “absurda” essa comparação.””Isso é um completo absurdo. É uma exploração política, pois não existe nenhuma semelhança entre uma coisa e outra”, afirma o ex-governador.
“Tudo está esclarecido a partir de providências do banco. Eu acho absurdo esse tipo de interpretação”, diz Monteiro.
Alckmin nega ter havido interferência do PSDB nas indicações: “A escolha foi feita pelo então secretário da Fazenda, Eduardo Guardia, por critérios técnicos”.
“Nenhum diretor de instituição financeira, estatal ou particular, assume seu cargo sem autorização prévia do BC, e essas normas foram fielmente respeitadas pelo governo estadual”, disse. “O governo do Estado tem inteira confiança nas atitudes da direção da Nossa Caixa, a única instituição financeira do Brasil a participar do Novo Mercado da Bovespa, o que exige total transparência e boa governança corporativa.”
Monteiro diz que Waldin Rosa de Lima e Elmar Gueiros foram trazidos por Valdery Frota de Albuquerque, ex-presidente do banco. “O Waldin nunca chegou a ocupar cargo nenhum. O Elmar foi contratado por um período para prestar assessoria na área de crédito imobiliário, que ele tem expertise”, afirma.
“Eles não eram remunerados pelo banco. Não tenho a menor idéia se eles receberam remuneração. Não sei se (Waldin) estava de quarentena por ter sido presidente do Banco do Estado de Goiás. Ao que eu saiba, não era pago por ninguém”, disse Monteiro. Ele diz que “é possível” que Waldin tivesse senha para acesso a dados da instituição bancária.
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