O Estado de S. Paulo
Tuma Jr. agiu para liberar contrabando, relata PF
Relatório de inteligência da Polícia Federal obtido pelo Estado coloca o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, como suspeito de ter usado o prestígio do cargo para liberar mercadorias apreendidas de um chinês investigado por contrabando e evasão de divisas. A suspeita é baseada numa sequência de telefonemas em que Tuma Júnior e seu braço direito no Ministério da Justiça, o policial Paulo Guilherme Mello, o Guga, tratam de assuntos de interesse do chinês Fang Ze, apontado nas investigações como integrante da rede de negócios de Li Kwok Kwen, ou Paulo Li, o homem que a PF diz ser um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo. O relatório de inteligência aponta “possível comprometimento de Romeu Tuma Júnior com Fang Ze”. E diz que o secretário se vale do assessor Mello “para resolver eventuais problemas que lhe possam incriminar”. A PF sustenta que, a mando de Tuma Júnior, Mello fez contato com o Fisco de São Paulo para liberar mercadorias de Fang Ze. As conversas sobre o assunto foram interceptadas com autorização da Justiça. Num dos diálogos, em 2 de julho do ano passado, Mello telefona para um servidor de nome Ricardo e cobra uma solução para o caso: “Eu tô aqui com o chefe, ele tá me cobrando aquele… aquela posição daquele negócio lá, rapaz, do… que eu te pedi lá com o inspetor lá”. “Qual? Do japonês lá não sei o quê?”, pergunta o funcionário. O assessor de Tuma volta a telefonar. Dessa vez, passa o nome da empresa de Fang, a V-Top Decorações, e seu CNPJ. “Esse aí você já tinha pedido pra ver?”, indaga Ricardo, indicando que essas ações eram corriqueiras. Em seguida, Mello cita o secretário nacional de Justiça como interessado na liberação das mercadorias.
Blindagem já enfrenta oposição no Planalto
A operação para blindar o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, tem oposição dentro do Planalto. Ontem, um dos auxiliares próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que nos diálogos do delegado paulista com Li Kwok Kwen, o Paulo Li, um expoente da máfia chinesa, “há sinais claros de tráfico de influência”. O Planalto, no entanto, prefere que o assunto seja conduzido e resolvido pelo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto. A ideia é não envolver o presidente diretamente no caso, afastando Lula do desgaste provocado pelo escândalo. Mas o auxiliar do presidente opina, também, que Tuma Júnior precisa apresentar para a opinião pública, pelo cargo que exerce, explicações convincentes sobre as conversas gravadas pela Polícia Federal e as ligações com Paulo Li.
Paulo Li trabalhou na Assembleia na época do secretário
O chinês Li Kwok Kwen, o Paulo Li, investigado e preso pela Polícia Federal sob acusação de contrabando, foi contratado pela Assembleia Legislativa no mesmo período que o então deputado estadual pelo PMDB e hoje secretário executivo do Ministério da Justiça, Romeu Tuma Júnior, esteve no Legislativo paulista. O Estado pesquisou no Diário Oficial do Estado, do dia 19 de março de 2003, em que ele é citado na nomeação como secretário parlamentar I, em comissão, em vaga decorrente da exoneração de Eliana Ruiz Ikosa. Se ele trabalhasse até hoje, seu salário seria entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, fora eventuais gratificações.
Em ano eleitoral, governo ”turbina” Farmácia Popular
A cinco meses das eleições e a oito do fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo decidiu turbinar o programa social campeão de preferência da população: o Farmácia Popular. A meta é chegar, até dezembro, a 15 mil pontos credenciados para a venda de medicamentos mais baratos. O número representa um aumento de 39% em relação ao ano passado, quando havia no País 10.790 farmácias associadas.
Mercadante: Netinho será um ”mano senador”
Lado a lado pela primeira vez em eventos da pré-campanha petista ao governo de São Paulo, o senador Aloizio Mercadante e o vereador Netinho de Paula (PC do B), pré-candidato ao Senado na chapa, estiveram juntos ontem em Campinas e Santa Bárbara d””Oeste, interior paulista. “Sou seu fã”, anotou Netinho. “Ele não será apenas um nobre senador, mas um mano senador”, emendou Mercadante. A troca de afagos entre os dois, nas apresentações antes de um café da manhã com sindicalistas em Campinas, foi o pontapé inicial de uma procissão marcada para hoje na região metropolitana de São Paulo. Eles devem percorrer juntos os municípios de Itapevi, Jandira, Barueri e Carapicuíba – onde Netinho começou sua carreira artística – e consolidar as candidaturas entre o eleitorado de baixa renda.
Jarbas é candidato de Serra em Pernambuco
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) é candidato ao governo de Pernambuco. O anúncio foi feito ontem à tarde, em seu escritório político, no Recife. “Eu acredito que José Serra será o próximo presidente da República e não desejo que Pernambuco fique de fora dessa nova fase da história do País.” De acordo com o senador, o pré-candidato tucano à Presidência lhe pediu três vezes para que fosse candidato ao governo do Estado, já que ele demonstrara não ter vontade e nem disposição para ser candidato. Segundo Jarbas, o palanque de Serra na terra do presidente Lula será “forte e competitivo”.
Procurador suíço acusa ”banqueiro da Alstom”
Pela primeira vez em sete anos de investigação, o Ministério Público da Suíça acusa formalmente um suspeito de ter mediado o pagamento de supostas propinas da empresa Alstom para garantir contratos públicos no Brasil, além de licitações em outros países emergentes. O suspeito é o banqueiro suíço Oskar Holenweger, acusado formalmente por lavagem de dinheiro e por administrar recursos provenientes de corrupção de um “grupo industrial francês”. O tribunal de Bellinzona, na Suíça, confirmou ontem que a acusação anunciada se refere a pagamentos da Alstom. O banqueiro agora terá de responder às acusações perante a Justiça.
Torpedos para as campanhas
Os comandos das campanhas dos dois principais candidatos à presidência, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), montaram centrais de produção de informações para abastecer os parlamentares e lideranças envolvidas no debate da sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A munição para o embate é reforçada pelas assessorias dos partidos que sustentam as duas candidaturas. Os governistas recebem, diariamente, mensagens em suas caixas de correio eletrônico, com a reprodução de artigos e análises publicados pela mídia em defesa da candidata petista e do PT e de ataques ao adversário. Nos e-mails dos deputados da base aliada, é comum o recebimento de matérias criticando a cobertura da imprensa, considerada sem equilíbrio.
O Globo
Serra acena até para o PT
Os principais pré-candidatos à Presidência — José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) — se enfrentaram ontem pela primeira vez na pré-campanha, num debate marcado pela cordialidade entre os três, pelas promessas para prefeitos e pelos acenos do tucano para os verdes, o PP do senador Francisco Dornelles e o que Serra chamou de PMDB histórico. Reunidos pela Associação Mineira de Municípios, em Belo Horizonte, Serra, Dilma e Marina defenderam o entrosamento entre as legendas, além de uma melhor relação entre União, estados e municípios, principalmente em relação à divisão dos recursos arrecadados com tributos. Só Marina foi mais incisiva e, apesar de elogiar os adversários, criticou as concessões feitas pelos partidos de Serra e Dilma quando assumiram o poder.
Do lado de fora, confusão
O momento mais tenso do encontro entre os pré-candidatos José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva ocorreu na entrada do auditório, no ExpoMinas. Um grupo de professores estaduais, em greve há pelo menos 20 dias, conseguiu furar o cerco da segurança do evento e bloqueou o local por onde entrariam os pré-candidatos à Presidência. José Serra, por exemplo, quase foi agredido em sua chegada. O tucano estava cercado por simpatizantes do PSDB, que trocaram empurrões, socos e pontapés com os professores, que reivindicavam melhorias salariais. A tropa de choque da polícia de Minas Gerais chegou a usar bombas de gás lacrimogêneo para conter os ânimos dos manifestantes.
— Eu poderia usar isso para posar de vítima. Mas isso (agressão) não aconteceu. Achei que fossem partidários entusiasmados. Para mim, eram todos partidários — disse Serra após o debate, cercado por seguranças.
Serra e Marina fazem dupla; Dilma mostra nervosismo
Na estreia no primeiro debate público com seus adversários José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), já experientes em disputas eleitorais, a précandidata Dilma Rousseff (PT) apareceu em desvantagem nos quesitos segurança, bom humor e conteúdo. Perante uma claque raivosa de tucanos e petistas no auditório da Associação Mineira de Municípios, Dilma expôs nervosismo e falta de objetividade. Já Serra tentou ser informal e fez gracinhas o tempo todo, passando do ponto em alguns momentos, como quando disse que não pediria “beijinhos” para um prefeito que lhe entregou um documento. No geral, os três se derramaram em elogios uns para os outros. Marina, mesmo muito gripada, rouca e com problemas de visão — teve que falar sentada todo o tempo — conseguiu passar incólume às vaias das duas claques, falou de propostas concretas, mostrou segurança e bom humor.
PT reage com ironia a ‘convite’ de Serra
O PT reagiu mal à proposta do tucano José Serra de convidar o PT e o PV de Marina Silva para governarem com ele, caso eleito.
— Isso é um desprestígio para os aliados dele. Serra está dizendo que não quer governar com seus aliados, e que nós somos melhores que os aliados dele — provocou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza( PT-SP), coordenador da pré-campanha de Dilma.
Já o deputado André Vargas (PT-PR), secretário nacional de comunicação do PT, disse que isso é uma estratégia de Serra: — O Serra só teria o apoio do PT, caso eleito, se tivesse um programa que valorizasse a educação, priorizasse obras de saneamento.
Jarbas se lança e abre palanque para Serra
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) anunciou ontem que disputará a sucessão estadual, enfrentando o governador Eduardo Campos (PSBPE), que vem se firmando como uma das novas lideranças políticas no estado e é aliado do presidente Lula. Campos abrirá seu palanque para a pré-candidata petista, Dilma Rousseff, enquanto Jarbas, embora do PMDB, dará importante espaço para o aliado José Serra, do PSDB. Jarbas disse que o PSDB não deve temer a popularidade de Lula, “que não é candidato a nada nesta eleição”. Para Jarbas, o eleitor entenderá que Serra é o candidato mais preparado para governar o país. O peemedebista disse que Lula impôs uma candidata sem qualificação necessária para governar o país.
Tucano combina apoios no Nordeste
Com o anúncio do lançamento da pré-candidatura do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) ao governo de Pernambuco, ontem, o pré-candidato à Presidência do PSDB, José Serra, praticamente fechou todos os seus palanques no Nordeste. O único estado da região onde Serra não deverá ter um candidato ao governo estadual é o Ceará: lá, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que já governou o estado por três vezes e disputará a reeleição, abrirá seu palanque para o presidenciável tucano. Em sete dos nove estados nordestinos, o PSDB terá candidato próprio em apenas dois — Piauí e Alagoas. Nos demais, os palanques serão de candidatos aliados e até mesmo de partidos da base do governo Lula, como na Paraíba, com Ricardo Coutinho, do PSB.
ACM Neto demite assessor
O corregedor da Câmara dos Deputados, ACM Neto (DEM-BA), demitiu ontem um funcionário do gabinete que divulgou, pela internet, mensagens ofensivas à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. O assessor utilizou o e-mail funcional da Câmara para distribuir as mensagens, como a que incluía um currículo falso de Dilma destacando supostas ações do período em que participou da guerrilha.
— Repudio isso. Tomei uma medida duríssima para que não reste dúvida de que não tenho envolvimento com o episódio — disse ACM Neto.
Dilma surpreende em ato religioso
Cristã nova em celebrações da Igreja Católica, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, participou anteontem à noite da inauguração de instalações do sistema de comunicação Canção Nova, ligada à Igreja, em Brasília. Levada pelo senador Gim Argelo (PTB-DF), Dilma não se fez de rogada. Recentemente, ela declarou não ser católica praticante mas crer “numa força superior”. Na celebração feita pelos bispos dom Geraldo Magela, dom Orani Tempesta e dom Odilo Scherer, Dilma rezou e fez o sinal da cruz. Apresentada a alguns bispos, Dilma começava a conversa pedindo bênçãos. Na saída, alguns se mostraram surpresos com a presença da petista.
— Não gostei! Dilma colocada ali no meio da gente, tudo sendo fotografado de cima. Isso vai ser explorado. Não foi bom! — reclamou dom Osvino José Both, arcebispo militar do Brasil.
Campanha de Dilma pode sofrer a primeira baixa
Apresentado há um mês como uma espécie de papa dos estrategistas de redes sociais da campanha petista, o especialista de internet Marcelo Branco corre o risco de ser o primeiro a ser demitido da equipe da pré-candidata Dilma Rousseff. Integrantes da coordenação de campanha avaliam que a situação de Branco ficou insustentável depois dos sucessivos erros e das confusões aprontadas pelo guru virtual na página pessoal de Dilma. Alvo das maiores críticas, o programa “Fala Dilma”, exibido na internet, está suspenso desde o dia 29, e, quando voltar, já estará em novo formato, mostrando reportagens e a agenda da candidata, em vez de entrevistas ancoradas por Branco. No último “Fala Dilma” para rádios, dia 29, Dilma falou sobre o número de trabalhadores com carteira assinada. O formato de perguntas ensaiadas e respostas lidas não se adequou à linguagem de rádio. Mas a maior polêmica foi provocada pela veiculação de um vídeo com uma entrevista de Dilma sobre cultura, feita por Branco e pela apresentadora Carla Bisol.
Lula admite dificuldades em estados
Presidente faz apelo por apoio a Dilma mesmo onde houver dois palanques
TOMÉ-AÇU (PA). Em meio às dificuldades para costurar acordos regionais, o presidente Lula disse ontem, em visita ao Pará, que a campanha de Dilma Rousseff não será prejudicada nos estados em que a base aliada tiver dois palanques. Mas apelou para que, mesmo sem consenso, os partidos tenham compromisso com a candidatura dela. Contrariando declarações anteriores, de que pedir votos para dois candidatos a governador confunde o eleitorado, o presidente explicou que a unidade entre as legendas é o melhor cenário, mas, caso não se viabilize, haverá outras soluções: — O ideal seria que a base estivesse reunida em torno de um candidato à Presidência. Se isso não for possível, nós vamos ter de encontrar um jeito para que as pessoas possam ter um palanque, dois palanques.
Lula indica filho de ministro do TCU para a Anac
Depois de um ano inteiro fazendo críticas ao Tribunal de Contas da União (TCU) e às auditorias que chegaram a paralisar obras federais, por causa de irregularidades nos contratos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou, para um cargo de diretoria na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Ricardo Maia Bezerra, filho de Valmir Campelo, ministro do tribunal. Nos embates com o TCU, ano passado, ministros e líderes governistas no Congresso Nacional sempre se queixavam de que a maioria dos ministros do TCU foi indicada por partidos que hoje fazem oposição ao governo Lula
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Lula é pressionado a aceitar reajuste de 7,7%
Embora ainda haja uma divisão no governo, entre as equipes política e econômica, crescem as negociações para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vete o fim do fator previdenciário, mas respeite a decisão dos parlamentares de reajustar em 7,7% as aposentadorias para quem ganha acima do salário mínimo, caso o índice aprovado pela Câmara seja mesmo chancelado pelo Senado. O governo já analisa uma solução política, com Lula apontando cortes orçamentários que suprissem o custo adicional de cerca de R$ 1,6 bilhão — a diferença entre o reajuste original de 6,14% e o aprovado, de 7,7%. A preocupação do governo é mostrar “responsabilidade fiscal” ao tomar a decisão. E, ao mesmo tempo, não ferir uma posição política tomada majoritariamente pelo Congresso.
Para líder do governo, Lula vetará as medidas
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), no entanto, continua a fazer o discurso público de que o presidente Lula deve vetar as duas medidas.
— O fator será vetado por inconstitucionalidade, não poderia estar na MP. (O reajuste) Por responsabilidade fiscal e por não se deixar levar pelo eleitoralismo, o presidente não terá outra saída se não vetar — afirmou o líder governista, negando que o governo vá retaliar aliados. — Considero que foi um erro político pontual da base e não terá retaliação por parte do governo.
Dois dias depois, Tuma Jr. continua no cargo
Dois dias após as denúncias do suposto envolvimento do secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, com o chinês Li Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li, terem sido divulgadas pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, ele continua no cargo, e o governo Lula ainda não decidiu se será exonerado. O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, chefe imediato de Tuma Júnior, pediu informações adicionais sobre o caso à Polícia Federal, mas viajou para Buenos Aires para participar de encontro de ministros da Justiça no Mercosul. Antes, em entrevista a correspondentes estrangeiros, no Rio, foi lacônico ao falar da denúncia: — Não existe máfia chinesa dentro do Ministério da Justiça.
Folha de S. Paulo
Serra diz que vai querer PT e PV no governo se for eleito
No primeiro encontro entre os três principais pré-candidatos à Presidência da República, o tucano José Serra disse que pretende ter o PT e o PV em seu governo caso seja eleito. O tucano, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) ficaram lado a lado durante o congresso anual da AMM (Associação Mineira de Municípios), em Belo Horizonte. Eles responderam a questões da entidade, sem poder fazer perguntas entre si nem réplica.
O debate foi morno e marcado pela estratégia dos três de evitar polêmicas e bate-boca. Na entrada do encontro, professores da rede estadual de ensino tentaram agredir Serra e houve tumulto. O aceno de Serra ao PT e ao PV faz parte da estratégia do tucano de não assumir o papel de candidato de oposição a Lula. A “deixa” foi uma fala de Marina, que disse que o PSDB foi refém “do que há de pior no DEM”, e que o PT “ficou refém do que há de pior do PMDB”. E concluiu: “É preciso ter a ética dos valores acima da ética das circunstâncias”.
Para petistas, “é conversa de candidato”
A declaração feita ontem pelo tucano José Serra de que, se eleito, gostaria de contar com a participação do PT e do PV no governo, soou estranha aos ouvidos petistas. Depois de Marina Silva dizer que era preciso acabar com a “oposição automática”, Serra declarou: “Pode parecer heresia, mas eu concordo com a Marina. Se eu for eleito, vou querer o PV e o PT no governo, porque o Brasil precisa estar junto agora”.
Os petistas reagiram de imediato. “Nós vamos participar do governo do PT. Temos uma grande coalizão e vamos contar com quem é nosso aliado. Isso [discurso do Serra] é conversa de candidato”, afirmou o presidente do partido, José Eduardo Dutra.
Para não errar, todos evitam confronto
Quando chegou a hora das considerações finais no encontro de ontem entre candidatos a presidente, Marina Silva (PV) teve o maior poder de síntese. “Acho que foi um bom ensaio”, disse ela, citando nominalmente os seus dois adversários ali presentes, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Por imposição de Serra e Dilma, não há debates nesses encontros. Os dois só aceitam comparecer na condição de não terem de se submeter a indagações diretas, um do outro. Ontem, cada um dos três respondeu a quatro perguntas iguais. Dizer que responderam às perguntas é uma generosidade. Quando tiveram de falar sobre royalties do petróleo, cada um disse o que bem entendeu. Ninguém podia interpelá-los.
Oposição ataca PT com estrutura da Câmara
A oposição usou a estrutura da Câmara para orientar deputados a defender as ideias do tucano José Serra nos debates da campanha. Além disso, servidores de dois gabinetes, do DEM e do PP, repassaram por e-mail funcional mensagens com ataques à pré-candidata petista Dilma Rousseff. Documentos obtidos pela Folha mostram que ofícios com timbre da Câmara, assinados pelo líder do DEM, Paulo Bornhausen (SC), distribuíram “paper” para a campanha do tucano, com a orientação de que parlamentares da oposição deveriam utilizá-lo em discursos e entrevistas.
A reportagem também teve acesso a cópias de e-mails que servidores dos gabinetes de ACM Neto (DEM-BA) e de João Pizzolatti (PP-SC) repassaram com mensagens dizendo “Dilma Rousseff e suas vítimas fatais”, acompanhadas de fotos de militares que teriam sido “assassinados pelo grupo terrorista” da petista.
Líder do DEM reconhece erro e devolve dinheiro
O líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), reconheceu que foi um erro usar a estrutura da liderança para distribuir material da campanha do presidenciável tucano José Serra e devolveu o dinheiro.
Após ser questionado pela Folha, sua equipe calculou em R$ 237,33 o total gasto com papel, servidores e tinta de impressora. O dinheiro foi depositado na conta do Tesouro. O recibo foi encaminhado para a reportagem na tarde de ontem. “Infelizmente, não tem como não assumir o erro. Não é papel da Câmara fazer esse tipo de trabalho”, disse Bornhausen, acrescentando que foi uma falha operacional. Corregedor da Câmara, o deputado ACM Neto (DEM-BA) considerou “inadmissível” servidor do seu gabinete usar e-mail funcional para passar mensagens e decidiu exonerá-lo ontem mesmo.
Em jornal, PT vê risco de novo golpe militar
Sob patrocínio da direção nacional do PT, começou a circular ontem um jornal que afirma que o “ovo da serpente” do golpe de 1964 “está intacto” e hoje se manifesta em um “conluio das elites” abrigado na mídia, no Legislativo e no Judiciário. O “Movimentos” é de responsabilidade das secretarias nacionais do PT que atuam nos movimentos sociais, e está em sua segunda edição. “Os movimentos sociais organizados precisam se manter atentos, pois o “ovo da serpente” está intacto e as mesmas elaborações teóricas, sentimentos de superioridade e defesa de privilégios que animaram os golpistas de 1º de abril de 1964 ainda estão presentes nos corações e mentes da elite”, diz o jornal.
TSE nega pedido de PSDB para multar Sensus
O ministro Joelson Dias, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), negou anteontem pedido do PSDB para aplicar multa ao Instituto Sensus. O valor da penalidade poderia chegar a R$ 100 mil. Pesquisa divulgada no dia 13 de abril apontava empate entre os pré-candidatos José Serra (32,7%) e Dilma Rousseff (32,4%). Segundo o PSDB, o instituto não esperou prazo de cinco dias entre o registro da pesquisa e a divulgação dos resultados.
Depois de gafe, PT suspende “Fala Dilma”
Criado com o objetivo de disseminar diariamente pela internet e por rádios do interior do país entrevistas em que Dilma Rousseff (PT) falaria sobre “importantes temas da agenda nacional”, o “Fala Dilma” deixou de ter atualizações desde a quinta-feira da semana passada. No dia 27, o programa inicial foi ao ar no site da petista com a promessa de que “de segunda a sexta-feira” seria colocada no ar uma entrevista com Dilma, produzida por sua assessoria.
“Sair da presidência não me tira da vida política”, diz petista
O presidente afirmou ontem que, quando deixar o cargo, continuará “viajando o Brasil” e ajudando seus “companheiros”. “O fato de eu deixar a Presidência não vai me tirar da vida política.” Em evento no interior do Pará, disse que sabe que não fez “tudo”: “A gente não consegue consertar em oito o que foi feito em 500 anos”. Ele disse ter “certeza que quem vier [em seu lugar] vai fazer muito mais”. Após a frase, a plateia, formada por políticos e servidores estaduais, gritou o nome de Dilma.
Lula manterá Tuma Jr. se não surgir fato novo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá manter Romeu Tuma Jr. no cargo de secretário nacional de Justiça. Nas palavras de um ministro, só um “fato novo” poderia levar Lula a demiti-lo. Investigação da Polícia Federal obteve gravações telefônicas e troca de e-mails entre Tuma Jr. e Li Kwok Kwen, o Paulo Li, que foi preso em 2009 sob acusação de contrabando. Nas gravações, Tuma Jr., que também é presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, trata da compra de um celular, de videogame e até de regularização da situação de chineses que viviam clandestinamente em São Paulo. Embora tenha sido flagrado nos grampos da PF, o secretário não foi alvo do inquérito.
Chinês chefia quadrilha, afirma polícia
O chinês naturalizado brasileiro Li Kwok Kwen, 53, o Paulo Li, ligado ao secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., “comanda com firmeza e liderança uma das maiores organizações criminosas de São Paulo e, consequentemente do Brasil, especializada no contrabando de celulares”.
A afirmação consta do relatório elaborado pelo delegado da Polícia Federal Rodrigo de Campos Costa na Operação Wei Jin, desencadeada em setembro passado. Em telefonemas interceptados pela PF, Tuma Jr. discutiu com Li casos de chineses que buscavam regularizar sua situação no Brasil.
Governo investe R$ 900 mi em patrocínios
O governo federal investiu R$ 909,6 milhões em 2009 em patrocínios, segundo dados divulgados ontem pela Presidência. O valor é quase idêntico ao registrado em 2008, quando o gasto foi de R$ 918,4 milhões. As duas cifras estão atualizadas monetariamente pelo IPCA.
O gasto inclui todos os órgãos da administração direta (os Ministérios, por exemplo) e as empresas estatais (como Petrobras e Eletrobras).
O governo não divulga em detalhes quais são esses patrocínios. Podem ser peças de teatro, filme, equipes de vôlei e até pequenas festas folclóricas.
Decisão do TSE é caminho para “anistiar” 3.000 doações ilegais
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) abriu caminho ontem para o arquivamento de cerca de 3.000 ações movidas contra doadores supostamente ilegais na campanha de 2006, livrando empresas e pessoas físicas de multas que poderiam atingir R$ 400 milhões. Ao julgar processo contra a Votorantim Cimento, que doou R$ 265 mil a políticos do Paraná, a maioria dos ministros do TSE entendeu que o limite para o Ministério Público Eleitoral mover ações é de 180 dias após a diplomação do político eleito. Ocorre que cerca de 3.000 ações contra várias empresas, referentes às eleições de 2006, só foram propostas pelas Procuradorias eleitorais no primeiro semestre de 2009.
Correio Braziliense
Arruda aparece, mas é para falar do painel
Em meio à crise que derrubou uma geração de políticos no Distrito Federal, o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido), em silêncio desde quando foi preso em 11 de fevereiro, falou diante da Justiça. Mas o depoimento de Arruda, solto desde 12 de abril, em nada tem a ver com o escândalo que o tirou do comando do GDF. O teor do testemunho do político colhido na tarde de ontem foi sobre a violação do painel do Senado em 2001, durante a cassação do então senador Luís Estevão. Arruda enfrenta um processo por improbidade administrativa, e pode perder os direitos políticos por até oitos anos, além de ser obrigado a ressarcir à União a verba gasta pelo governo federal para que a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizasse a perícia que confirmou a violação.
Faltas eleitorais, salários integrais
Atentos às eleições de outubro, muitos dos 513 deputados se dividem entre as votações na Câmara e a agenda política nos estados. Só neste ano, houve 3.812 faltas em 33 sessões plenárias entre fevereiro e abril, uma média de 115,5 ausências por votação. Ano passado, foram 9.820 faltas nas 115 sessões, média bem menor, de 85,3. O desconto na folha de pagamento dos parlamentares, entretanto, não reflete o alto índice de omissões na Casa, pois 74% das faltas foram abonadas pela Mesa Diretora. Assim, com jeitinho, os deputados garantem o salário integral no fim do mês enquanto cumprem atividades paralelas ao mandato.
Bico tucano nas alianças petistas
PSDB trabalha para lucrar com as arestas da base aliada e tirar palanques de Dilma
O PSDB de José Serra começa a tirar uma casquinha dos palanques que, em princípio, apoiariam a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Na última semana, os tucanos fizeram um verdadeiro arrastão na base governista. Fecharam, por exemplo, o apoio a Ricardo Coutinho (PSB), na Paraíba, e a Jackson Lago (PDT), no Maranhão. Conquistaram 80% do PMDB gaúcho com a visita de Serra ao Rio Grande do Sul esta semana e ainda amarraram os laços com o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), que concorre à reeleição. Politicamente, o PSDB tem trabalhado para atrair parte dos aliados de Dilma descontentes com o rumo das alianças em seus respectivos estados. No caso de Puccinelli, o PMDB local está cada vez mais convencido de que Dilma apostará todas as fichas em Zeca do PT, que não só é petista como é um amigo fraterno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um convite às adversárias
No primeiro encontro entre os três pré-candidatos à Presidência da República, em Belo Horizonte, o tucano José Serra convidou o PT, da ex-ministra Dilma Rousseff, e o PV, da senadora Marina Silva, para governar com ele, caso seja eleito para suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ideia veio em resposta a uma fala de Marina, que defendeu um realinhamento histórico entre os partidos, acabando com a guerra entre situação e oposição, que emperram avanços e reformas em todos os governos. Dilma ignorou a proposta dos adversários e não comentou o assunto quando questionada pela imprensa.
Em jogo, o futuro do Ficha Limpa
Apesar do freio acionado pela Câmara dos Deputados na apreciação do projeto Ficha Limpa, integrantes do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) avaliam que os parlamentares não vão alterar o texto na votação prevista para a próxima terça-feira. A análise do projeto em plenário foi suspensa na noite de quarta-feira, depois da apreciação de três dos nove destaques apresentados ao projeto, por divergências em relação a um destaque apresentado pelo PP, que se aprovado tornaria a lei sem efeito a quem cometesse crimes contra meio ambiente e a saúde pública. “O sentimento é que os destaques não serão aprovados”, avalia Luciano Santos, especialista em direito eleitoral e integrante do MCCE. A expectativa da entidade é que o projeto, de iniciativa popular com mais de 1,5 milhão de assinaturas, chegue ao Senado e seja aprovado o mais rápido possível.
Promessa de ações renovadas no Senado
Os aposentados preparam nova ofensiva para garantir o apoio do Senado Federal ao reajuste de 7,7% para as aposentadorias acima de um salário mínimo, como aprovou a Câmara em sessão da última terça. O fim do fator previdenciário(1), apoiado por 323 deputados, também será alvo de mobilização dos aposentados na próxima semana. A Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), com 1,2 milhão de associados, pretende distribuir no Congresso 10 mil panfletos com a foto dos 80 deputados contrários à queda do fator, criado no governo Fernando Henrique Cardoso para inibir a aposentadoria precoce. De acordo com cálculos do governo, o fim do mecanismo cria uma despesa de R$ 4 bilhões ao ano.
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