Folha de S. Paulo
Prioridades do PSDB abrem nova crise entre seus aliados
A decisão da oposição de priorizar a disputa em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná, na esteira da queda de José Serra (PSDB) nas pesquisas, gerou uma profusão de críticas de aliados que enfrentam eleições duras ou que embarcaram nelas para dar palanque ao tucano.
A principal queixa é pela falta de recursos. A primeira remessa de material só chegou ao Norte e ao Nordeste no final de semana. A campanha tem um problema para administrar em Pernambuco, onde o PSDB abandonou Jarbas Vasconcelos (PMDB). Ele entrou na disputa para ajudar Serra no Estado natal de Lula.
“Tive problemas com o PSDB. De 17 prefeitos, 14 apoiam o governador”, disse Jarbas. “Aqui eles [tucanos] só têm criado dificuldade.”
“Partilha do pão” já mobiliza até siglas que não apoiam PT
A 39 dias das eleições presidenciais, os partidos que apoiam Dilma Rousseff (PT) já falam abertamente na divisão dos “lotes” em um eventual governo da petista.
Com 17 pontos de vantagem de Dilma sobre José Serra (PSDB), o apetite pela “partilha do pão” -expressão usada pelo candidato a vice na chapa de Dilma, o presidente do PMDB, Michel Temer- inclui até parte do PTB, que apoia oficialmente o candidato tucano.
Além dos petebistas, a Folha ouviu lideranças dos dez partidos da aliança dilmista e do PP, que a apoia extraoficialmente.
“Tivemos o Ministério das Relações Institucionais, que não tem capilaridade, e temos hoje alguns carguinhos. Esperamos ter mais visibilidade administrativa”, diz o líder da bancada do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), um dos comandantes da ala dilmista da legenda.
Dilma descarta “técnico frio” em equipe
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, defendeu ontem indicações políticas para o preenchimento de cargos no governo desde que obedeçam a critérios técnicos. Para a petista, não devem existir áreas exclusivas de técnicos ou de políticos.
Ela disse que num eventual governo vai evitar técnicos sem desenvoltura e políticos sem competência. “Não pode ser técnico frio, mas não pode ser político sem capacidade. O Brasil tem que ter exigência de preenchimentos de cargos”, disse.
Alvo de Indio e Leal, Temer nega fisiologismo do PMDB
A ocupação da máquina federal pelo PMDB num eventual governo Dilma Rousseff (PT) marcou ontem o debate Folha/UOL entre os principais candidatos a vice-presidente da República.
Companheiro de chapa da petista, o presidente do partido e da Câmara, Michel Temer, negou as acusações de fisiologismo e chegou a dizer que o partido pode abrir mão de cargos caso Dilma seja eleita. “Não há coisa de partilha de cargos”, disse. “É possível que o PMDB não tenha nenhum cargo, e mesmo assim nós vamos colaborar.”
STM nega acesso a processo sobre prisão de Dilma na ditadura
O Superior Tribunal Militar negou à Folha acesso ao processo militar que levou a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, à prisão na ditadura militar (1964-85).
Na semana passada, o jornal protocolou na presidência do tribunal petição requerendo acesso e possível cópia da documentação.
No último dia 17, a Folha revelou que o processo relativo à petista está trancado, desde março, num cofre da presidência do STM. O material foi retirado dos arquivos e mantido em sigilo por decisão do ministro-presidente do tribunal, Carlos Alberto Marques Soares.
Dilma aparece com 18 pontos à frente de Serra em pesquisa
Pesquisa CNT/ Sensus divulgada ontem mostra vitória da candidata Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno da disputa presidencial. A candidata do PT recebeu 46% das intenções de votos na pesquisa estimulada, contra 28,1% de José Serra (PSDB) e 8,1% de Marina Silva (PV).
A petista somou 55,3% dos votos válidos, enquanto os demais candidatos juntos alcançaram 44,7%. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Os demais candidatos, incluindo Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), não atingiram 1% das intenções de votos. Os indecisos e os votos nulos/brancos somam 16,8%.
No horário eleitoral, Serra liga Dilma ao mensalão e a Dirceu
Pela primeira vez no horário eleitoral, a campanha de José Serra (PSDB) mencionou ontem o mensalão, associando a adversária Dilma Rousseff (PT), líder nas pesquisas, ao ex-ministro José Dirceu, um dos réus do processo resultante do maior escândalo do governo Lula.
Na propaganda de Serra na TV, enquanto eram exibidas reportagens sobre o caso, um locutor leu um texto com ataques à candidata.
“A Dilma tá se achando. A eleição nem começou e já tem briga dela com o Lula. O povo nem votou e ela já tá escolhendo os ministros. E olha quem tá querendo voltar: Zé Dirceu, o mesmo do mensalão. Palocci [Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda]. O Brasil não merece isso.”
Garotinho é condenado a dois anos e meio de prisão
O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (1999 a 2002) foi condenado pela Justiça Federal a dois anos e seis meses de reclusão por formação de quadrilha. Ele pode recorrer em liberdade.
Segundo a sentença da 4ª Vara Criminal, Garotinho era chefe de um grupo instalado dentro da Polícia Civil que, em troca de dinheiro, beneficiava investigados e deixava de reprimir o jogo de caça-níqueis no Rio.
Garotinho (PR), candidato a deputado federal, afirma ser vítima de perseguição. Ele já tinha outra condenação do Tribunal Regional Eleitoral, que o tornou inelegível até 2011 por suposto abuso do poder econômico nas eleições de 2008, mas recorreu e conseguiu liminar para registrar a candidatura.
“Pior do que tá não fica” é verdade, diz Tiririca
Francisco Everaldo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, 45, provoca risos e indignação por debochar do que faz um deputado desde que a campanha começou na TV.
Com o slogan “Vote Tiririca, pior que tá não fica”, ele vai às urnas para tentar uma vaga como deputado federal por São Paulo. É a grande aposta do PR, tanto que ganhou o número de mais fácil memorização: 2222.
Reforma no Planalto termina com o orçamento estourado
O presidente Lula volta hoje a despachar no Palácio do Planalto, após uma reforma mais cara e longa que o estimado originalmente, e que foi entregue com imperfeições.
O custo inicial, R$ 76 milhões, passou para R$ 98 milhões no meio da obra. Acabou em R$ 111 milhões, estourando em R$ 1 milhão o limite previsto no orçamento.
Com quatro meses de atraso, a obra foi dada por encerrada com problemas de acabamento. Na entrada principal, no térreo, há deformações no teto de gesso, com irregularidades na pintura.
No mezanino, a parede de espelhos que deveria refletir o Supremo Tribunal Federal, na outra ponta da Praça dos Três Poderes, distorce as imagens da rua.
Entidades criam instituto em defesa da liberdade de expressão
Preocupadas com tentativas recentes e recorrentes de cerceamento, quatro entidades de classe do setor de comunicação criaram o Instituto Palavra Aberta, que tem como principal objetivo “a defesa da liberdade de imprensa e de expressão, inclusive comercial, de empreendimento e de iniciativa”.
Além de decisões do Judiciário e propostas do Legislativo e Executivo que atentem contra a liberdade de imprensa, o Palavra Aberta combaterá iniciativas como a recente resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamentando a publicidade de alimentos e bebidas.
Em julho, a agência deu prazo de seis meses para que anúncios de produtos com altos teores de açúcar, sódio e gorduras trans e saturada passem a trazer alertas sobre os problemas à saúde que seu consumo poderia causar.
PF acusa Arruda de comandar esquema criminoso no DF
O ex-governador José Roberto Arruda “encabeçava uma organização criminosa voltada à captação de dinheiro bancado por empresas contratadas pelo governo do Distrito Federal”. A acusação está no relatório final da Polícia Federal sobre a Operação Caixa de Pandora.
Arruda (sem partido) e mais sete pessoas do governo foram indiciados por formação de quadrilha e corrupção passiva. A polícia sugere investigar o patrimônio dos acusados e o crime de lavagem de dinheiro.
Segundo a PF, o dinheiro arrecado era para compra de deputados e enriquecimento pessoal e vinha de empresas que lucravam em “contratos superfaturados”. O advogado de Arruda não foi localizado.
Correio Braziliense
Dinheiro longe das áreas mais violentas
O governo federal investiu menos de 4% do orçamento de seu maior programa de segurança pública, o Pronasci, nas cidades mais violentas do país. Levantamento feito pelo Correio mostra que dos R$ 119,7 milhões repassados aos municípios pelo Programa Nacional de Segurança e Cidadania, apenas R$ 3,7 milhões foram destinados às 20 cidades com maior taxa de homicídios definidas pelo Mapa da Violência, organizado pela ONG Instituto Sangari a partir de dados oficiais. Os gastos com segurança também estão aquém dos números apresentados pela candidata à Presidência Dilma Rousseff para atacar o adversário, José Serra (PSDB). A petista afirmou que o Ministério da Justiça tem 87% de seu orçamento destinado à segurança pública. A ex-ministra da Casa Civil ignorou despesas com pessoal para chegar ao número. Excluindo pensionistas e inativos, o percentual cai para 65,9%.
O Pronasci ajudou a engordar o caixa do Ministério da Justiça. Este ano, o orçamento do programa é de R$ 1,5 bilhão. Até 22 de agosto, foram pagos R$ 558,5 milhões, 37,3% do total. A maior parte dos recursos é destinada à concessão de bolsa-formação a policiais militares e civis, agentes penitenciários, guardas municipais e bombeiros.
No congresso dos enrolados
No último esforço concentrado da Câmara, um grupo de deputadas cercou a colega Maria do Rosário (PT-RS) em sinal de solidariedade. A deputada é a única candidata à reeleição pelo PT gaúcho que teve o registro da candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral. “Eu saí da campanha para a prefeitura de Porto Alegre com dívidas e não tenho patrimônio para cobrir. O partido assumiu e está pagando tudo parceladamente. Mas, ainda assim, o tribunal disse que minhas contas da campanha anterior estavam irregulares e não me deu o registro”, explicava.
No congresso dos enrolados
Maria do Rosário é um dos 47 deputados e senadores que enfrentam problemas para conseguir emplacar suas candidaturas na justiça eleitoral. Os motivos são diversos. Vão desde aqueles que foram prefeitos e tiveram contas rejeitadas até os que foram barrados pela Lei da Ficha Limpa, aprovada no fim de 2009 pelo Congresso. Na bancada do PP de São Paulo, por exemplo, composta por seis deputados, quatro constam “com impugnação” — Aline Correa, Paulo Maluf, Vadão Gomes e Beto Mansur.
Busca por um antídoto contra o ar de desânimo
Pelo menos três reuniões ocorridas ontem, em Brasília, São Paulo e Porto Alegre, com a cúpula do PSDB e partidos aliados, tentaram traçar um novo rumo para a campanha de José Serra, que a cada pesquisa cai nas intenções de voto do eleitor. Durante caminhada em São Paulo, o tucano chegou a se irritar quando questionado sobre os números. “Não tenho interesse (em pesquisas). Nenhum”, disse Serra. Em seguida, ele disse que não viu as pesquisas que mostram sua concorrente, Dilma Rousseff (PT), quase 18 pontos percentuais à frente (leia mais na página 5). O coordenador-geral do comitê de Serra, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), ouviu queixas de que a postura “arrogante” e “antipática” do candidato está desestimulando até aliados próximos. Segundo um deputado que não quis se identificar, Serra está cada vez mais isolado e o desânimo se espalha em vários comitês. “Poucos dentro do partido acreditam na vitória em função do alto índice de rejeição”, disse um correligionário.
Uma das estratégias para alavancar a candidatura será mostrá-lo no horário eleitoral de tucanos que estão em alta nas sondagens. O partido, contudo, tem enfrentado resistência. Alguns desses puxadores de voto têm receio de que a alta rejeição a Serra os contamine. Outra frente será bater na tecla da fragilidade de Dilma. “Queremos que a Dilma fale, apareça e se mostre. Assim a população perceberá que, em janeiro, quem vai governar o Brasil não será o Lula. E, se for a Dilma, não será um bom caminho”, argumentou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra.
Ajuste fiscal descartado
Para não desagradar o funcionalismo público, a candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, disse que dará aumento “merecido” às categorias, mas evitou se comprometer com a política implementada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela aproveitou ainda para descartar a necessidade de se fazer um amplo ajuste fiscal na economia a partir do ano que vem.
Segundo ela, corte em investimento, redução da meta de inflação e proibição de aumento salarial são necessários em cenários de crise e o país passa por um momento de estabilidade. Dilma lembrou que a contenção econômica de 2003 foi necessária devido à turbulência de 2002, que elevou a taxa de juros, disparou a cotação do dólar e os preços subiram.
Turbinada na transição
Com a possibilidade concreta de eleição de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno, o governo federal decidiu aumentar a velocidade dos preparativos para o processo de transição. O Palácio do Planalto quer que todos os dados e estrutura estejam prontos para que os procedimentos para troca de comando na Presidência da República se iniciem já em 4 de outubro, primeiro dia útil depois da votação. À frente do processo estão duas pessoas de confiança da petista, a atual ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, e o secretário executivo Carlos Eduardo Esteves Lima. Por determinação da dupla, os secretários executivos de todos os ministérios devem entregar hoje até o fim do dia os nomes de técnicos responsáveis por subsidiar com números o processo de transição. A intenção é formular ao fim do processo um livro com os dados do governo, além de publicar os documentos em um portal.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em 30 de junho o decreto que estabelece os parâmetros para a transmissão da faixa presidencial. Desde então, assessores da Presidência e da Casa Civil têm mantido encontros regulares. Depois da divulgação dos primeiros levantamentos(1) apontando a vitória de Dilma no primeiro turno, contudo, os secretários executivos foram escalados por cartas, para reuniões emergenciais. As reuniões viraram rotina desde o dia 19. Hoje, o encontro está marcado para o Palácio do Planalto.
O Globo
Dilma e Serra negam que farão acerto nas contas públicas, mas representantes dos partidos admitem medida
No auge da campanha eleitoral, a candidata do PT, Dilma Rousseff, e o candidato do PSDB, José Serra, negam o que muito provavelmente está nos seus planos para um eventual governo: o ajuste fiscal, que equivale, na prática, ao reordenamento das finanças federais para acomodar as prioridades de um projeto novo para o país – que prometem todos os dias na TV, mesmo que no caso de Dilma esse projeto seja a continuidade do governo Lula.
Os candidatos fogem do tema porque ele está associado a medidas impopulares, como o corte de vantagens e benesses para segmentos do eleitorado, inclusive os indecisos. A necessidade de um ajuste nas contas públicas, no acender das luzes do novo governo, é, no entanto, enfatizada por representantes dos dois partidos.
O tucano José Serra, que vinha mantendo um discurso alinhado ao de seu partido – em defesa de cortes nos gastos públicos para facilitar a queda dos juros e abrir espaço no Orçamento para mais investimentos – recuou esta semana, ao negar que fará um ajuste fiscal nas contas públicas, caso eleito. E ainda insinuou que o PT o fará, como fez em 2003.
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