O Globo
EUA espionaram milhões de e-mails e ligações de brasileiros
Na última década, pessoas residentes ou em trânsito no Brasil, assim como empresas instaladas no país, se tornaram alvos de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency – NSA, na sigla em inglês). Não há números precisos, mas em janeiro passado o Brasil ficou pouco atrás dos Estados Unidos, que teve 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens espionados.
É o que demonstram documentos aos quais O GLOBO teve acesso. Eles foram coletados por Edward Joseph Snowden, técnico em redes de computação que nos últimos quatro anos trabalhou em programas da NSA entre cerca de 54 mil funcionários de empresas privadas subcontratadas – como a Booz Allen Hamilton e a Dell Corporation.
No mês passado, esse americano da Carolina do Norte decidiu delatar as operações de vigilância de comunicações realizadas pela NSA dentro e fora dos Estados Unidos. Snowden se tornou responsável por um dos maiores vazamentos de segredos da História americana, que abalou a credibilidade do governo Barack Obama.
Os documentos da NSA são eloquentes. O Brasil, com extensas redes públicas e privadas digitalizadas, operadas por grandes companhias de telecomunicações e de internet, aparece destacado em mapas da agência americana como alvo prioritário no tráfego de telefonia e dados (origem e destino), ao lado de nações como China, Rússia, Irã e Paquistão. É incerto o número de pessoas e empresas espionadas no Brasil. Mas há evidências de que o volume de dados capturados pelo sistema de filtragem nas redes locais de telefonia e internet é constante e em grande escala.
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Um deles é o Fairview, que viabilizou a coleta de dados em redes de comunicação no mundo todo. É usado pela NSA, segundo a descrição em documento a que O GLOBO teve acesso, numa parceria com uma grande empresa de telefonia dos EUA. Ela, por sua vez, mantém relações de negócios com outros serviços de telecomunicações, no Brasil e no mundo. Como resultado das suas relações com empresas não americanas, essa operadora dos EUA tem acesso às redes de comunicações locais, incluindo as brasileiras.
Ou seja, através de uma aliança corporativa, a NSA acaba tendo acesso aos sistemas de comunicação fora das fronteiras americanas. O documento descreve o sistema da seguinte forma: “Os parceiros operam nos EUA, mas não têm acesso a informações que transitam nas redes de uma nação, e, por relacionamentos corporativos, fornecem acesso exclusivo às outras [empresas de telecomunicações e provedores de serviços de internet].”
Sem dinheiro, estados inflam máquina
O inchaço da máquina pública, evidenciado no governo federal pelo aumento no número de servidores e pelo excesso de ministérios, é prática recorrente também nas administrações estaduais. Levantamento feito pelo GLOBO mostra que alguns governos de estado também mantêm elevado número de secretarias, muitas com funções quase idênticas, para abrigar aliados. Além disso, dados de 22 unidades da Federação revelam que as despesas com pessoal avançam em ritmo mais acelerado do que a arrecadação, reduzindo a cada ano o fôlego para investimentos.
No levantamento do número de secretarias, o Distrito Federal é o recordista – são 36 pastas, só três a menos que as do governo federal (39). Onze secretarias foram criadas na atual gestão do governador Agnelo Queiroz (PT). Em seguida no ranking aparecem Maranhão e Paraná, com 33 e 29 pastas, respectivamente.
Protestos mudam cenários de governo e oposição para 2014
Partidos da base do governo Dilma Rousseff, que já relutavam em manter a aliança para 2014 devido a insatisfações com o tratamento que recebem do Planalto na gestão da petista, ensaiam uma debandada, após a abrupta queda na popularidade da presidente. No PMDB, os mais radicais já falam em migrar para a candidatura do tucano Aécio Neves (MG) ou do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). No PSD de Gilberto Kassab, a ideia é protelar a declaração de apoio até o ano que vem, quando o cenário eleitoral estiver mais claro.
A queda na popularidade de Dilma e os protestos nas ruas fizeram refluir as negociações sobre palanques eleitorais. A avaliação feita reservadamente por esses aliados é que não há clima agora, nem certeza sobre o cenário para avançar na costura das alianças.
Isenção fiscal para estádios da Copa já soma R$ 462 milhões
Em meio à onda de protestos nas ruas, com pesadas críticas aos gastos bilionários nos 12 estádios da Copa, a presidente Dilma Rousseff negou, em rede nacional, o uso de dinheiro do Orçamento da União na construção das arenas. Dilma, porém, não fez qualquer menção à isenção fiscal concedida às construtoras. A renúncia de tributos para a construção dos estádios já soma R$ 461,7 milhões, e passou a ser investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
O MPF identificou uma manobra no cálculo do custo dos estádios, que não estava levando em conta o valor da isenção fiscal, e acionou o TCU numa tentativa de evitar prejuízos aos cofres públicos. Em abril, o tribunal cobrou explicações do Ministério do Esporte, da Receita Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável pelo financiamento das obras. Até agora, o TCU não fez análise definitiva sobre as supostas irregularidades na concessão dos benefícios.
Comunicação e economia, os problemas de Dilma
Há oito anos, alvejado pela mensalão e com nível de aprovação semelhante ao apresentado agora pela presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não hesitou em demitir ministros – inclusive os mais importantes, José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci (Fazenda). Pacificou a relação com o PMDB, consolidou a aliança partidária em torno do seu nome, pôs os movimentos sociais a seu lado, dividiu o país entre pobres e ricos e usou o lema “deixa o homem trabalhar”. Essa receita garantiu sua reeleição em 2006. Diante da queda acentuada de popularidade de Dilma nas últimas semanas, ela e o governo buscam construir seu próprio receituário para se recuperar a tempo das eleições de 2014. Muitos admitem que pode não ser fácil como foi com Lula.
Apesar de frisarem que o derretimento da popularidade de Dilma seria apenas um retrato do momento de convulsão social no país, e que o desgaste atingiria a classe política como um todo, integrantes da base aliada e do PT apontam problemas no governo que dificultariam a retomada de sua avaliação positiva: equipe considerada fraca; isolamento político e dos movimentos sociais; problema de comunicação e economia patinando.
Aliados do governo já ensaiam outro caminho
Partidos da base do governo Dilma Rousseff, que já relutavam em manter a aliança para 2014 devido a insatisfações com o tratamento que recebem do Planalto na gestão da petista, ensaiam uma debandada, após a abrupta queda na popularidade da presidente. No PMDB, os mais radicais já falam em migrar para a candidatura do tucano Aécio Neves (MG) ou do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). No PSD de Gilberto Kassab, a ideia é protelar a declaração de apoio até o ano que vem, quando o cenário eleitoral estiver mais claro.
Petistas e tucanos reavaliam estratégias eleitorais
A um ano do início da campanha presidencial, as manifestações e protestos que tomaram conta do país embolaram o cenário eleitoral de 2014 e levaram os prováveis candidatos ao Palácio do Planalto a reavaliarem suas estratégias para a disputa. Em compasso de espera, PT e PSDB adiaram, nas últimas semanas, eventos e viagens previstos para o período e têm discutido estratégias para incorporar as diversas demandas dos grupos insatisfeitos no seu discurso.
Após atos, Serra volta a se movimentar visando 2014
O tsunami das ruas, em três semanas, desarrumou cenários que pareciam se consolidar e recoloca na disputa de 2014 antigos atores. Enquanto a parceria PT e PMDB derrete com um saldo imprevisível para o governo, PSDB corre para não perder espaço para Marina Silva (Rede), a grande beneficiária do movimento antipartido das ruas. Mesmo não perdendo pontos nas pesquisas de opinião e até crescendo um pouco, o presidente do partido e pré-candidato à sucessão presidencial, senador Aécio Neves (MG), tem que administrar incertezas e dúvidas deixadas no ar pelo ex-ministro José Serra, que volta a se movimentar em função das quedas expressivas da antes superfavorita presidente Dilma Rousseff.
Folha de S. Paulo
Popularidade em baixa de Dilma freia alianças para 2014
A queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff impôs um freio na costura de alianças para sua reeleição. Os dados do Datafolha – redução de 27 pontos na aprovação em três semanas – afugentaram os aliados.
Intrigados com o impacto dos protestos, partidos que integram a equipe ministerial congelaram a antes avançada composição para 2014.
O presidente do PDT, Carlos Lupi (RJ), chegou a dizer à presidente que a costura de aliança ficará para 2014: “Nunca disse que a aliança estava fechada, mesmo depois da nomeação do Manoel Dias [ministro do Trabalho]”.
O presidente do PRB, Marcos Pereira, também deixa duas definições para o ano que vem. Para ele, está cedo para sacramentar a aliança. “No cenário nacional, a coisa está feia”, diz. O PRB ocupa o Ministério da Pesca, com Marcelo Crivella.
Vitrines da ‘agenda positiva’ do Congresso estão no papel
Duas semanas após o início do esforço concentrado do Congresso para aplacar a inquietação das ruas, somente duas das mudanças aprovadas são definitivas.
Apesar de a intensificação das atividades ter feito com que avançasse a análise de projetos parados há anos, na maioria dos casos as propostas ainda não estão resolvidas definitivamente.
Parte dos itens continuam sendo debatidos, podem ser vetados pela presidente Dilma Rousseff ou, simplesmente, arquivados, agora que o barulho nas ruas diminuiu.
Atraído por oferta falsa, grupo infla ato de Maluf
Atraídos pela promessa de facilidades para a obtenção de casas populares, centenas de moradores da periferia paulistana compareceram ontem à cerimônia de posse do deputado federal Paulo Maluf na presidência do diretório estadual do PP, o Partido Progressista.
Sem qualquer vínculo com a legenda, boa parte do grupo de não filiados, moradores da Vila Nova Iorque, zona leste da capital, chegou em dez ônibus organizados por um instituto que atua com programas sociais na região.
Dilma não erradicará a pobreza extrema até 2014, diz especialista
Para a economista Sônia Rocha, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade e especialista em programas sociais, o baixo crescimento e a inflação maior frearam a redução da pobreza, algo que não se via desde 2003, primeiro ano do governo Lula.
O mercado de trabalho, diz ela, parou, com renda e emprego estagnados. Para compensar, as transferências de renda devem aumentar. Rocha se mostra cética em relação à promessa da presidente Dilma Rousseff de zerar a pobreza extrema até o fim de 2014. “Isso não existe. Esquece.”
Motivo de viagem de Renan com jato oficial contraria regra da FAB
No pedido do avião da FAB que solicitou para ir de Maceió à Bahia, onde participaria de festa de casamento ao lado da mulher, no dia 15, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) listou um motivo que não existe no decreto que regulamenta o uso de aeronaves oficiais.
A Folha apurou que Calheiros especificou como “missão institucional” o motivo da viagem a Trancoso no ofício encaminhado à Aeronáutica. No formulário padrão, sugerido pela Aeronáutica, o solicitante precisa dizer se o motivo da viagem é “segurança ou emergência médica”, “serviço” ou “deslocamento para o local de domicílio”.
Barbosa recebeu R$ 580 mil em benefícios atrasados
Crítico dos gastos do Judiciário, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, recebeu R$ 414 mil do Ministério Público Federal por conta de controverso bônus salarial criado nos anos 90 para compensar, em diversas categorias, o auxílio-moradia concedido a deputados e senadores.
Chamado de PAE (Parcela Autônoma de Equivalência), o benefício já foi repassado para 604 membros do Ministério Público Federal, incluindo Barbosa. O pagamento consumiu R$ 150 milhões.
Protestos se mesclam entre rua e debates
Muito debatidos em mesas de temática política dentro da Tenda dos Autores da Flip, os protestos populares ganharam ontem, penúltimo dia do evento, as ruas de Paraty, além de contaminar inclusive conversas mais literárias.
Marcada durante a semana, uma manifestação local juntou grupos com causas diversas a partir das 9h, quando foi bloqueado o cais turístico da cidade.
“Eu já falei/ vou repetir/hoje turista não passa por aqui”, gritavam os manifestantes, àquela altura formados em sua maioria por barqueiros que vivem dos passeios turísticos e reclamavam da concorrência desleal de escunas de grande porte.
O Estado de S. Paulo
Dilma vê risco de desmanche da base em ano pré-eleitoral
Partidos da base de sustentação do governo ameaçam desmanchar a aliança em tomo da candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. A sinalização ocorre no momento em que a petista quer consultar a população sobre mudanças no sistema político e amarga queda. acentuada de popularidade após a série de manifestações pelo País.
Eleita em 2010 por uma chapa de dez partidos, Dilma conseguiu mais adesões e formou a maior base de apoio no Congresso desde a Constituinte. Manteve índices recordes de popularidade, superando até seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva. Até que junho chegou.
A aliança para o próximo pleito – essencial por causa da divisão da propaganda eleitoral de TV – já tinha duas sinalizações claras de baixa antes mesmo da atual crise: PSB e PSC devem ter candidaturas próprias, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e com o pastor Everaldo Pereira, respectivamente. A perda do PSB reduz a presença de Dilma no Nordeste, onde a legenda tem boa representação. A saída do PSC reduz a influência de Dilma entre o eleitorado evangélico.
Agora, outros partidos da base podem seguir o mesmo caminho, qomoé o caso de PP, PSD e PR. Mas a maior preocupação hoje é com o mal-estar cada vez maior com o PMDB, justamente o maior parceiro na aliança e que indicou o vice Michel Temer na chapa vitoriosa de 2010.
Alckmin constrói discurso para 2014
Após protestos e queda de popularidade, o governador Geraldo Alckmin busca um discurso incisivo para 2014 enquanto tenta evitar fisuras em sua base aliada.
Presidente interino do Egito se reúne com militares
Três dias após o golpe que derrubou Mohamed Morsi, o presidente de facto do Egito, Adli Mansour, se reuniu ontem com a cúpula castrense e líderes de partidos seculares e salafistas e começou a definir um gabinete de transição. A agência estatal Mena chegou a divulgar a nomeação de Mohamed ElBaradei, Nobel da Paz em 2005e líder da oposição secular, como novo premiê, mas a presidência voltou atrás no anúncio.
No início da noite, após diversas fontes confirmarem a nomeação de ElBaradei, o porta-voz de Mansour, Ahmed el-Mu-silamani, desmentiu a informação. “O presidente interino se encontrou com ElBaradei, mas não houve nomeação oficial”, informou. Ele disse, no entanto, que ElBaradei seria uma “escolha lógica”. Segundo fontes ouvidas pela Associated Press, o presidente teria voltado atrás após o partido ultra conservador salafista al-Nour se opor à nomeação do Nobel da Paz.
Bolha da OGX, de Eike, foi inflada por 55 comunicados
Levantamento de todas as divulgações feitas pela petroleira OGX, de Eike Batista, desde sua criação, em 2007, revela que a empresa fez pelo menos 105 comunicados oficiais. E 55 deles, muitas vezes em tom ufanista, apontavam indícios de petróleo em suas áreas, mas grande parte referia-se ao mesmo poço perfurado, apenas em estágios diferentes. Agora, o mesmo mercado financeiro que inflou ações da empresa procura explicar o fracasso.
Transplante migra do eixo Sul-Sudeste
Cada vez mais pacientes têm ido a Estados como Ceará, Pernambuco, Minas, Paraná e Rio Grande do Sul atrás de uma fila de espera menor e da qualidade dos serviços dos novos centros transplantadores. O governo busca descentralizar ao máximo o atendimento e aumentar o volume de transplantes fora do eixo Sul-Sudeste.
Bolha da OGX, de Eike, foi inflada por 55 comunicados
Em uma campanha exploratória impressionante a OGX protagonizou, em dois anos e meio – de outubro de 2009 a maio de 2012 -, 55 anúncios de descoberta de pétróleo ou declarações de comercialidade (jargão que indica, no setor de petróleo, que uma área pesquisada vai virar um campo produtor). A cada comunicado promissor, o mercado reagia imediatamente e a empresa acompanhava os saltos no gráfico de suas ações
Um levantamento de todas as divulgações feitas pela petroleira de Eike Batista desde sua criação, em 2007, revela que foram mais de 105 comunicados oficiais. Metade deles apontava indícios de petróleo em suas áreas. Grande parte das descobertas referia-se ao mesmo poço perfurado, apenas em estágios diferentes.
A despeito disso, as ações subiam sempre que um desses “fatos relevantes”, como são co-nhecidos os relatórios oficiais, era enviado à Bolsa de Valores e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM, responsivel pela fiscalização de mercado).
Custo afasta romeiro da Jornada da Juventude
A falta de mobilidade urbana e o chamado “custo Brasil” encolheram a participação de peregrinos na Semana Missionária de São Paulo, evento que antecede a Jornada da Juventude, no Rio, com a presença do papa Francisco. Preparadas para receber até 30 mil estrangeiros a partir desta semana, as paróquias da capital têm agora hospedagem vaga – 10 mil jovens confirmaram presença.
A baixa participação causou frustração em muitas famílias que se preparavam parareceber peregrinos em suas casas, e levou o arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, a escrever uma carta de agradecimento aos católicos que se ofereceram para cuidar dahospedagem dospere-grinos. “Não nos deixemos to-marpor um sentimento de frustração. Fizemos o que estava ao nosso alcance e tivemos a alegria de constatar tantagenerosi-dade e disponibilidade paraaco-lher os hóspedes”, disse.
Queda de popularidade tem reflexo nas alianças estaduais
Além das ameaças no quadro nacional, a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff tende a consolidar uma divisão ainda maior”entre os aliados também nas eleições estaduais. Nos principais colégios eleitorais começa a se desenhar um cenário de multiplicidade de candidaturas da base aliada.
Em São Paulo, o PT tenta definir seu candidato entre os ministros Alexandre Padilha (Saúde), José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho. O PMDB entende como cada vez mais concreta a candidatura de Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), enquanto o presidente nacional do PSD, o ex-prefeito Gilberto Kassab, já anunciou o desejo de concorrer.
Base de Alckmin também balança após protestos
A queda de 14 pontos percentuais em três semanas no índice de aprovação do governador Geraldo Alckmin (PSDB) tirou os tucanos paulistas da zona de conforto. Acuado pelas manifestações que colocaram em xeque a classe política, o PSDB busca um discurso eleitoral incisivo para a disputa do ano que vem para o Palácio dos Bandeirantes ao mesmo tempo em que tenta evitar fissuras em sua base aliada.
Nesse ponto, o que mais preocupa é aposição do PRB. O partido do ex-deputado Celso Russomanno selou em maio um acordo com os tucanos e prometeu tirar sua maior estrela da disputa pelo governo em 2014. Com isso, ficaria mais difícil a realização de um segundo turno. Depois das manifestações, o PRB começou a repensar a estratégia ao concluir que Russomanno podia, como disse ao Estado um dirigente do partido, “capitalizar a voz das ruas”.
Governo vai divulgar dados sobre uso de jatos
O governo federal decidiu divulgar na internet dados sobre o uso de aviões oficiais por autoridades do Executivo. A medida foi tomada após a revelação de que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro da Previdência, Garibaldi Alves, utilizaram aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir a um jogo da seleção brasileira no Rio e a uma festa de casamento na Bahia.
O ministro Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União (CGU), disse ontem ao Estado que avalia que o decreto que regulamenta o uso das aeronaves da FAB pelas autoridades deve passar por mudanças. Segundo ele, o decreto 4244, de 2002, foi elaborado em meio ao escândalo de viagens de ministros do governo Fernando Henrique Cardoso para o arquipélago de Fernando de Noronha. “O decreto poderia ser mais detalhado”, observou. “A norma veio daquela esteira de escândalos. De lá para cá se passaram dez anos.”
O ‘sonhático’ fim do loteamento de cargos
Fortalecida pela última pesquisa de intenção de voto feita pelo Datafolha, que lhe garantiria hoje uma vaga no segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff, a ex-senadora Marina Silva (sem partido) já acena para os eleitores com pelo menos uma promessa difícil de cumprir. Antes mesmo de conseguir legalizar a existência de seu partido, a Rede, Marina defende o fim do presidencialismo de coalizão, em que o governo não lotearia cargos em troca de apoio no Congresso.
Correio Braziliense
A reforma política que dorme no Congresso
O Planalto quer um plebiscito, o Senado e a Câmara montam uma agenda positiva. Mas a pauta ética defendida pelas manifestações populares está emperrada há anos nos corredores do Congresso Nacional. O Correio selecionou 10 projetos que cortam privilégios de autoridades, moralizam os contratos públicos e ampliam a participação popular. As propostas, no entanto, seguem inócuas ante os interesses partidários nas duas Casas legislativas. Especialistas explicam ao Correio os impactos da reforma política na realidade brasiliense.
Ministério permanece, avisa Dilma
Pressionada por mudanças na articulação política do governo, a presidente Dilma Rousseff passou o terceiro fim de semana consecutivo em reunião com seu núcleo mais próximo de ministros e divulgou, ontem à tarde, nota oficial descartando a intenção de fazer alterações na equipe.
“Não procedem as especulações de mudanças ministeriais”, afirmou a presidente, no comunicado divulgado depois de quatro horas de reunião no Palácio da Alvorada com os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça), Fernando Pimentel (Desenvolvimento Industrial), além do ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins.
Verdadeira pauta ética escondida na gaveta
A tentativa da Câmara e do Senado de implementar uma agenda positiva a partir da pressão popular deixou de fora projetos moralizadores, engavetados há vários anos, que ajudariam a limpar a imagem do Legislativo, do Executivo e do Judiciário. O “mutirão ético” esqueceu de colocar na ordem para votação temas essenciais, a exemplo de matérias que tratam do fim do foro privilegiado para políticos, da redução de verba de gabinete, da abolição de aposentadoria compulsória para magistrados que cometem faltas graves e da criação de varas especializadas para julgar ações de improbidade administrativa.
Os números atestam a falta de interesse. Levantamento da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção aponta que, desde 1995, 160 projetos considerados primordiais na tentativa de impedir a roubalheira dos cofres públicos, sendo 120 da Câmara e 40 do Senado, simplesmente não andam nas duas Casas. Com ajuda de especialistas, o Correio listou 10 projetos (leia quadro) que cortam privilégios das autoridades, endurecem as exigências de contratos públicos e ampliam a participação popular. Em grande parte deles, a exemplo do texto que prevê a redução da verba de gabinete, não existe sequer previsão de votação ou foram retirados de pauta.
Você é quem paga a conta
Imagine um emprego com bom salário, motorista, tanque cheio, conta de telefone celular paga, direito a passagens áreas para viajar até mesmo a passeio, duas férias por ano, plano de saúde sem desconto e com reembolso total de todo tipo de despesa médica, jornada de serviço de apenas três dias e casa para morar. Pode parecer sonho, mas ele existe. E o patrão é você. Todas essas mordomias, e mais algumas, fazem parte do dia a dia de senadores, de deputados federais e estaduais. Tudo custeado com recursos dos cofres públicos. Mas eles não são os únicos. Magistrados, conselheiros dos Tribunais de Contas e integrantes do Ministério Público também desfrutam de privilégios e benesses inimagináveis para um trabalhador comum, como cargo vitalício, licença remunerada e aposentadoria compulsória com vencimento integral como punição para alguma irregularidade cometida no exercício da função.
Tradição é se beneficiar do dinheiro público
A explicação para essas regalias não é somente histórica, mas cultural e sociológica, destaca o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB). “Tem a ver com as tradições patrimonialistas do Brasil, ou seja, a confusão que se faz entre patrimônio público e privado”, afirma. Segundo o especialista, muitos políticos foram criados em regiões onde há maior tolerância da sociedade com relação à prática, ou em uma época em que a situação não era interpretada como problema.
Mobilização das ruas volta às redes sociais
“Saímos do Facebook” é um slogan comum em cartazes de manifestantes pelo Brasil e, ao mesmo tempo que mostra a força de mobilização das redes sociais, ironiza os ativistas de mouse na mão. Para um grupo de especialistas em produtos e soluções para a web, no entanto, a internet é o melhor terreno para consolidar as pautas que são defendidas nas ruas. Uma das propostas é o Vote na Web, disponível desde 2009 e que tem ganhado adeptos. Outros aplicativos estão em elaboração. A grande quantidade de informações gerada nos protestos chamou a atenção de especialistas em redes.
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