O Estado de S. Paulo
Dilma arrisca sua popularidade com impasse do mínimo
O valor do salário mínimo, que começa a ser apreciado pelo Congresso nesta semana, não afetará apenas o equilíbrio das contas públicas e o poder de consumo dos mais pobres, mas também a taxa de popularidade de Dilma Rousseff nas primeiras pesquisas de opinião após a posse na Presidência da República.
O histórico das pesquisas nos últimos 16 anos indica que a política salarial teve impacto negativo na taxa de aprovação ao governo Fernando Henrique Cardoso. Em sete de seus oito anos de mandato, FHC enfrentou queda ou oscilação negativa na popularidade na primeira pesquisa após o reajuste do mínimo.
Duas dessas quedas, em 1997 e em 2001, foram significativas, de 21 e 12 pontos porcentuais, respectivamente. Esse padrão não se repetiu no governo Luiz Inácio Lula da Silva, que concedeu reajustes maiores em termos reais. O petista ganhou pontos ou oscilou positivamente em quatro anos, perdeu em três e ficou na mesma em 2010, quando já tinha a taxa recorde de 83% de aprovação.
Mínimo vira teste político
O governo considera a votação do salário mínimo o primeiro e decisivo teste da presidente Dilma Rousseff na administração da complexa aliança política que lhe dá sustentação. Vai daí que a questão do valor – se R$ 545 ou R$ 560 – é secundária: o que importa é que a Câmara aprove o que vier a ser o limite estabelecido pelo Planalto até o dia da votação.
No raciocínio do ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, a quem Dilma terceirizou a condução política de seu governo, é hora de jogar duro para mostrar força, sob pena de perder o controle político de uma base voraz e em permanente disputa por espaços na estrutura estatal.
Para se impor o governo fez dois movimentos historicamente eficazes em início de mandato: adiou as nomeações do segundo escalão para após a votação e avisou que o voto contra será considerado dissidente. É muito provável que funcione agora enquanto a moeda de troca é forte.
Junta militar egípcia promete preservar a paz com Israel
Conselho garante que todos os tratados internacionais firmados pelo antigo regime serão respeitados. O Conselho Militar que assumiu o governo do Egito, no lugar do ditador Hosni Mubarak, derrubado por uma onda de protestos populares, prometeu respeitar todos os tratados internacionais firmados pelo antigo regime. O anúncio representa um gesto de disposição para manter a paz com o vizinho Israel e op alinhamento com os Estados Unidos. Os militares anunciaram que os ministros de Mubarak serão mantidos em suas funções até a formação de um novo gabinete. Ex-ministros e ex-presidentes de estatais foram proibidos de viajar para o exterior sem permissão oficial. No centro do Cairo, uma multidão celebrava a queda do regime e cobrava dos militares a revogação das leis de emergência impostas pelo antigo ditador.
Medo da inflação volta a alimentar preços
A escalada da inflação dos últimos meses ressuscitou mecanismos informais de indexação. Estudo da Fipe mostra que em doze meses até janeiro, os preços dos serviços reajustados segundo critérios informais subiram 8,45%, ante 4,93% para serviços com critérios formais de aumento. Já a inflação geral ao consumidor medida pelo IPC da Fipe no período foi de 6,2%.
Beneficiado pelo PAC, Amapá não consegue gastar
O Amapá pode ser o primeiro Estado a perder os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para saneamento básico por simplesmente não conseguir gastar o dinheiro. Na primeira etapa do programa, o Amapá tinha à disposição R$ 130 milhões para investir, mas em quatro anos foram executados menos de 10% dos recursos.
De 2007 a 2010, o Amapá enfrentou dificuldades para conseguir licenças ambientais e para concluir projetos executivos fundamentais para que as empresas contratadas pudessem iniciar ou dar sequência às obras. No ano passado, a situação piorou com a Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal, que identificou um suposto esquema de desvio de verbas no Estado.
“Código Florestal se aplica também a áreas urbanas”
No livro A Cidade e o Código Florestal, que acaba de ser lançado pela Editora Plêiade, o geógrafo Márcio Ackermann analisa a aplicação da polêmica lei em áreas urbanas. Com dez anos de experiência no Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais (DEPRN), Ackermann chama a atenção para a ausência da dimensão urbana nas discussões de reformulação do Código que vêm sendo feitas desde a divulgação da proposta do deputado Aldo Rebelo (PCdoB -SP), que tramita no Congresso e propõe reduzir as áreas destinadas à preservação da vegetação nativa.
Mantega agora tem de fechar o cofre
O ministro da Fazenda é o mesmo, mas o Guido Mantega do governo Dilma Rousseff perdeu as certezas que tinha no governo Lula. É uma “desenvolvimentista” que agora tem de ser “fiscalista”, mas ainda não consegue convencer o mercado das intenções apregoadas. Está no meio de um debate cruzado e com medo de virar o ministro que pode derrubar o crescimento da economia.
No governo Lula, a posição era confortável: brigava com o Banco Central de Henrique Meirelles e navegava na fama de fazer “o que Lula mandava”, um ministro colado em um chefe com 80% de popularidade. Agora, Mantega tem uma chefe que entende e debate economia, tem Antonio Palocci, chefe da Casa Civil, tem Alexandre Tombini no BC – que não faz grande diferença em relação a Meirelles -, mas tem a oposição de técnicos no próprio Ministério da Fazenda.
Tensão marca convívio entre grupo de Marina e “velho PV”
Antes de Marina Silva filiar-se ao PV, no ano passado, ficaram acertadas duas mudanças internas com a cúpula do partido. A primeira seria a reformulação do programa, o que aconteceu antes da eleição, com o intuito de destacar a questão da sustentabilidade como eixo de ação política. A segunda, que seria a reestruturação interna, com o objetivo de democratizar a vida partidária, ainda não aconteceu e está provocando mal-estar entre as duas principais forças do PV.
De um lado, pessoas ligadas ao grupo que desembarcou no partido com Marina identificam lentidão e desinteresse no encaminhamento das mudanças. Querem aproveitar o sucesso eleitoral do ano passado para promover filiações e desencadear um processo de renovação dos cargos de direção – destinado a estancar um resistente fisiologismo partidário, principalmente nos Estados. Na outra ponta, militantes próximos ao presidente verde, deputado José Luiz Penna (SP), veem precipitação nas propostas de democratização e dizem temer que o partido afunde no assembleísmo.
Folha de S. Paulo
Egito afirma que cumprirá acordos internacionais
A junta militar que governa o Egito após a queda do ditador Hosni Mubarak, na sexta-feira, afirmou que vai cumprir com todas as obrigações internacionais do país. A declaração reduz as preocupações de que o futuro do acordo de paz com Israel e a estabilidade da região estariam em risco com a mudança do regime. Em Israel, onde os protestos causaram indisfarçável inquietação, o anúncio foi recebido com alívio. O premiê Binyamin Netanyahu, que vinha evitando comentar sobre a situação no Egito, declarou que o acordo de paz com o país vizinho “é um dos alicerces da estabilidade no Oriente Médio”.
No quarto comunicado em três dias, o Conselho Supremo das Forças Armadas também afirmou que o atual governo, nomeado por Mubarak no início dos protestos, continuará funcionando até que um novo seja formado. Ao mesmo tempo, a mídia egípcia noticiou que o ministro da Informação, Anas el-Fekky, está em prisão domiciliar. Um ex-premiê e um ex-ministro do Interior foram proibidos de deixar o país.
A vida longe do Poder
Derrotados depois de passar os últimos anos nos holofotes, nomes como Arthur Virgílio (PSDB-AM), Fernando Gabeira (PV-RJ) e Heráclito Fortes (DEM-PI) tentam descobrir que há vida fora da política. Passado o choque inicial, nenhum deles descarta voltar à vida pública. A lista das estrelas que amargaram revés eleitoral é composta, na maioria, por opositores de Lula. Assim, o discurso comum é culpar o ex-presidente pela derrota.
A tribuna deu lugar ao Twitter, onde os derrotados opinam sobre o governo Dilma Rousseff e tentam não perder contato com eleitores. Arthur Virgílio atua como assistente do Ministério Público Eleitoral em representações contra Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PC do B), eleitos para o Senado no Amazonas. “Fazia vários anos que eu não passava um mês inteiro em Curitiba”, se espanta o ex-deputado Gustavo Fruet (PSDB), ex-estrela da CPI dos Correios, que perdeu a eleição para o Senado.
Escutas da PF mostram “caça” a bens de traficantes
Policiais militares e civis não se empenharam apenas em desviar armas, drogas e dinheiro durante a ocupação no fim de novembro do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio. Nem pares de tênis escapavam da caça aos bens de traficantes que fugiram da favela com chegada da polícia.É o que mostram escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Guilhotina, deflagrada na sexta-feira contra esquema de corrupção nas polícias do Rio. Foram expedidos 45 mandados de prisão. Até o fechamento desta edição, 37 pessoas (20 PMs e 9 policiais civis, além de informantes) tinham sido presas. A investigação da PF começou em setembro de 2009. Descobriu quatro organizações criminosas de policiais que vendiam armas a traficantes, avisavam sobre operações da polícia, atuavam em milícias (grupos que controlam venda de gás e TV a cabo) e até faziam segurança a casas de jogos.
Estados aceleram gastos e não planejam cortes
A exemplo do governo federal, os governadores aceleraram os gastos nos últimos anos. Ao contrário da União, no entanto, os Estados não pretendem retomar a política de aperto das contas, o que torna ainda mais difícil o cumprimento da meta fiscal prevista para este ano.
Atrelados a compromissos que vão das folhas de pagamento às obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada, os quatro Estados mais poderosos do país -pela ordem, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul- trabalharão com Orçamentos muito distantes do grau de austeridade anunciado pela equipe da presidente Dilma Rousseff semana passada.
Segundo as projeções, o setor público terá de fazer em 2011 uma poupança de R$ 117,9 bilhões para controle da inflação e abatimento da dívida pública, ou, em jargão técnico, um superavit primário equivalente a 2,91% do Produto Interno Bruto.
Crítica a ajuste fiscal faz Mantega cobrar explicação de Dirceu
O corte de R$ 50 bilhões no Orçamento explicitou as disputas internas do PT e dentro do governo de Dilma Rousseff. O anúncio fomentou uma fissura em plena comemoração dos 31 anos do PT. Incomodado com o bombardeio do próprio partido, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a questionar o ex-ministro José Dirceu sobre a veracidade de críticas atribuídas a ele.
Na conversa, ocorrida durante a festa de aniversário, em Brasília, na quinta-feira, Dirceu negou que tenha reclamado do rigor do corte. Segundo relato de Mantega a interlocutores, Dirceu disse que considerava adequados os critérios de redução de gastos promovidos pelo governo Dilma.
É um erro falar que existe nova classe média no Brasil
Autor do livro “Os Batalhadores Brasileiros”, o sociólogo Jessé Souza afirma que a ascensão social de 30 milhões de pessoas no governo Lula não produziu uma “nova classe média”, mas uma classe social diferente, que ele chama provocativamente de “batalhadores”. Assim como fizera em seu livro anterior, Souza procura determinar as características dessa classe por um recorte diferente do que ele chama de economicista e quantitativo, fugindo tanto de análises pelo consumo e renda quanto de abordagens marxistas “unidimensionais”. Abaixo, trechos da entrevista sobre a classe que, para ele, “parece se constituir, com o resgate social da ralé, na questão social, econômica e política mais importante do Brasil contemporâneo”.
Projeto político de caciques paulistas se choca em 2014
O governador paulista Geraldo Alckmin sonha com a candidatura de José Serra (PSDB) para a Prefeitura de São Paulo. Mas ele não quer. Serra, por sua vez, não descarta concorrer a governador em 2014. Mas aí é seu afilhado político, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), que não quer.
A incompatibilidade dos projetos dos três principais líderes políticos de São Paulo ameaça abalar a aliança governista do Estado. Em comum, Alckmin e Serra trabalham para evitar que o senador mineiro Aécio Neves se firme como única alternativa do PSDB à corrida presidencial de 2014.
PF cria base em SP para achar vítimas da ditadura
A Polícia Federal começa a usar amanhã uma base de exames permanente em São Paulo para buscar a identificação de corpos de desaparecidos políticos vítimas da ditadura militar (1964-1985) supostamente enterrados nos cemitérios paulistanos de Vila Formosa e Perus.
As atividades no novo posto de trabalho, viabilizado por uma parceria com o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo, terão como foco inicial a descoberta dos restos mortais do militante Sérgio Corrêa, da ALN (Ação Libertadora Nacional).
No início de dezembro, peritos da PF retiraram do cemitério de Vila Formosa várias ossadas de uma vala que provavelmente recebeu o corpo de Sérgio, de acordo com as apurações do órgão.
O Globo
Herança fical de Lula limita o começo do governo Dilma
O quadro fiscal preocupante, que exigirá um aperto inédito de R$ 50 bilhões nos gastos públicos este ano, é parte da herança deixada para a presidente Dilma Rousseff pelo antecessor e mentor Luiz Inácio Lula da Silva. A farra de gastos no segundo mandato de Lula tem um preço, que já começou a ser pago pelo atual governo. A herança inclui inflação e taxa de juros em alta, uma carga tributária abusiva, um Orçamento engessado por despesas permanentes com pessoal, benefícios previdenciários e a impossibilidade de ampliar os investimentos.
Estudo do economista Fernando Montero, da Convenção Corretora, mostra que os gastos cresceram R$ 282 bilhões no governo anterior (descontada a inflação): 78,4% desse aumento ocorreu no segundo mandato. Só entre 2006 e 2010, as despesas do governo federal aumentaram R$ 221 bilhões, o que evidencia a guinada na política fiscal acentuada nos dois últimos anos de mandato, quando a crise global ofereceu ao governo uma justificativa para ampliar os gastos.
Advogado foi algoz de amigo da presidente
Advogado do ex-sargento Ubirajara Ribeiro de Souza era, na ditadura, “Zezão”, torturador da “Casa da Morte”. Foi algoz de Carlos Freitas, militante e amigo de Dilma Rousseff, ainda desaparecido.
PM forma mediadores para favelas
A PM começa a assumir nova função nas favelas pacificada: a de mediação de conflitos. PMs já foram treinados pelo Tribunal de Justiça para atuar como mediadores, função antes exercida pelo tráfico.
Calma retorna às ruas do Egito
Um dia após a queda de Hosni Mubarak e de mais duas semanas de protestos, a calma voltou ao Cairo. Muitos deixaram a Praça Tahrir, epicentro das manifestações, mas centenas permanecem por lá, festejando e aguardando os primeiros passos do governo interino. Em depoimentos ao Globo, especialistas da Europa, EUA e Israel se mostram duvidosos quanto ao futuro do país.
Correio Braziliense
Trânsito, o caos nosso de cada dia
Em 10 anos, a frota do DF teve crescimento cinco vezes maior que o da população. Hoje, circulam mais de 1,2 milhão de carros. Sobram engarrafamentos e faltam locais para estacionar. Há pelo menos 14 pontos diários de congestionamentos.
Guerra aberta pelo reajuste do mínimo
De um lado o governo, que tenta elevar o valor do salário para R$ 545. Do outro, os rebeldes e a oposição, que pressionam por R$ 560. No meio dessa guerra, o trabalhador. Para piorar, aliado que não votar com o Planalto corre o risco de expulsão da legenda.
Mais 400 docentes na rede pública
Os novos professores, todos aprovados em concursos, se apresentam amanhã ao GDF e vão para as salas de aula em 20 dias. A Secretaria de Educação informa que mais servidores serão chamados para cobrir o déficit deixado por gestões anteriores.
Expectativa no Egito
Manifestantes limpam estátua de general no Cairo (foto). Militares prometem uma transição pacífica. Povo exige pressa.
Argélia em crise
Polícia reprime protesto contra presidente Abdelaziz Buteflika. Argelinos querem a renúncia do atual governo.
Deixe um comentário