Folha de S. Paulo
Contra parecer, Anac beneficiou empresa
A presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Solange Vieira, contrariou decisão da diretoria da agência e beneficiou a empresa MTA, apontada como contratante dos serviços de consultoria do filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra. A renovação da concessão saiu em quatro dias, mesmo com parecer contrário da diretoria da agência.
Em 15 de dezembro, a Anac havia negado a renovação em razão da “ausência da comprovação de regularidade previdenciária”. Porém, no dia 18, a presidente da Anac concedeu a renovação estendendo o prazo de três para dez anos.
O ato da presidente da Anac foi referendado pela diretoria duas semanas depois. Segundo a assessoria da Anac, Solange concedeu a renovação porque a MTA apresentou a papelada exigida pela burocracia do órgão. A renovação por dez anos foi uma mudança de entendimento da diretoria que se estendeu para todas as demais empresas do ramo.
Após conseguir a liberação, a MTA fechou neste ano um contrato com os Correios de R$ 19,6 milhões, sem licitação e com privilégios: permite que a companhia aérea leve cargas de terceiros além do material dos Correios nas viagens, tornando mais lucrativo o negócio.
Filho de sucessora de Dilma teria feito lobby
O diretor de Operações dos Correios, Artur Rodrigues da Silva, e o consultor Fabio Baracat apontaram ontem à Folha o filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, como intermediador de negociações e contratos entre uma empresa privada e o governo federal. Erenice sucedeu a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, de quem era o braço direito na pasta.
Reportagem da revista “Veja” desta semana mostra que Israel Guerra e a empresa Capital Assessoria e Consultoria Empresarial, à qual é ligado, fizeram lobby para ajudar a MTA Linhas Aéreas a obter a renovação de uma concessão da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) que permitiu, mais tarde, um contrato em condições privilegiadas com os Correios.
Diretor de estatal diz que contrato foi emergencial
Diretor de Operação dos Correios, Eduardo Artur Rodrigues Silva, disse que a Capital Consultoria e Assessoria foi contratada pela MTA (Master Top Linhas Aéreas) para “agilizar” a renovação da concessão da empresa na Anac. Na época, ele era gerente da Martel Assessoria e Consultoria Aeronáutica, que entre seus clientes tem a MTA. (AM)
Folha – Que tipo de serviço a Capital fez para a MTA? Eduardo Artur Rodrigues Silva – Em dezembro do ano passado a Anac suspendeu os voos da empresa porque uma certidão [que comprova pagamento de imposto] estava vencida. Eles [MTA] nos informaram então que contrataram uma assessoria em Brasília para agilizar o procedimento na Anac.
Ministra diz que teve “honra pessoal” atacada
A ministra Erenice Guerra (Casa Civil) se pronunciou ontem por meio de nota oficial em que afirma que abre mão de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico, e de todos os seus familiares. A ministra afirmou ainda que vai processar a revista por “danos morais” e pedir “direito de resposta”.
Acusou a revista “Veja” de atacar sua “honra pessoal” por conta do “processo eleitoral” em que, segundo ela, a “revista está envolvida da forma mais virulenta e menos ética possível”. Na nota, a ministra não esclarece nenhum dos pontos relatados na reportagem.
Ministra se envolveu em escândalos
Sombra de Dilma Rousseff (PT) desde o início do governo Lula, a ministra Erenice Guerra (Casa Civil), 51, teve o nome envolvido em escândalos e polêmicas durante a passagem da ex-chefe pelo Planalto.
Em 2008, ela foi acusada de montar um dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O material serviu para constranger a oposição na CPI dos Cartões Corporativos.
No ano passado, foi citada em denúncia de favorecimento à família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Segundo Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal, Erenice marcou reunião em que Dilma tentaria interferir em investigação sobre negócios do clã.
Líder do governo fala em “acusações baratas’; PSDB pede apuração
O líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que a reportagem da revista “Veja” é “ridícula”, baseia-se “em acusações baratas” e aparenta ser bancada por pessoas com interesses contrariados.
“Fala-se em um suposto lobby que não tem foco, não tem ganhador, não tem propina”, disse. Ele defendeu a possibilidade de filhos de ministros terem empresas, desde que não haja favorecimento -não fez ressalva ao fato de os contratos envolverem dinheiro público.
Sobre a afirmação do candidato tucano José Serra de que a Casa Civil é um centro de “maracutaias”, Vaccarezza disse que “quem usar isso eleitoralmente vai cavar a própria cova”: “Serra é uma pessoa miúda, nas propostas e na atuação política”.
Minas tem empate técnico para o governo
O governador Antonio Anastasia (PSDB) e o ex-ministro Hélio Costa (PMDB) aparecem pela primeira vez em empate técnico na disputa pelo governo de Minas Gerais, aponta o Datafolha.
Costa tem agora 39% das intenções de voto, contra 36% de Anastasia, candidato apoiado pelo ex-governador Aécio Neves (PSDB).
Em relação à rodada anterior, feita nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, o tucano oscilou um ponto percentual positivamente, e o peemedebista desceu um. A margem de erro é dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Netinho cresce e divide com Marta liderança ao Senado
O cantor Netinho de Paula (PC do B) mantém tendência de crescimento e pela primeira vez assume a liderança na disputa por duas vagas de senador por São Paulo, mostra o instituto Datafolha.
Segundo pesquisa realizada nos dias 8 e 9, Netinho chegou a 36% de intenção de voto. No levantamento da semana passada, ele aparecia em segundo lugar, com 28%.
Fogaça escala ex-ministro como reforço de campanha após crescimento de Tarso
O risco de Tarso Genro (PT) conquistar o governo gaúcho já no 1º turno alçou o deputado Eliseu Padilha (PMDB) à coordenação da campanha do peemedebista José Fogaça.
O deputado Mendes Ribeiro Filho continua no posto de coordenador-geral, mas a ascendência de Padilha sobre a máquina partidária fez com que ele passasse a responder pela articulação no interior.
Picciani recorre a arquivo de 2002 para conseguir depoimento de Lula a seu favor
O candidato ao Senado do Rio Jorge Picciani (PMDB) teve de recorrer a imagens de arquivo de 2002 para conseguir um depoimento do presidente Lula em seu favor.
Em seu programa de TV na sexta-feira, o deputado estadual mostrou vídeo em que o petista agradece o apoio de líderes do PMDB do Rio à sua primeira candidatura vitoriosa à Presidência e cita, de passagem, o nome de Picciani.
Disputa pela segunda vaga ao Senado causa atrito na aliança de PT e PMDB
A criação de dois movimentos, a Onda Vermelha, pelo PT, e a Onda Verde, pelo PMDB, ilustram a disputa entre dois aliados pela segunda vaga ao Senado no Ceará. Tanto o candidato Eunício de Oliveira (PMDB) quanto José Pimentel (PT) integram a chapa de Cid Gomes (PSB) à reeleição como governador.
Os movimentos apareceram há duas semanas, após os dois candidatos serem apresentados como tecnicamente empatados em segundo lugar nas pesquisas. Tasso Jereissati (PSDB) é o líder.
Voto “Dilmasia” chega a 46% em Minas
Em três Estados considerados fundamentais pelo PSDB -São Paulo, Minas Gerais e Paraná- o voto no presidenciável José Serra fica aquém da performance obtida pelos candidatos a governador.
Minas é o melhor exemplo. Enquanto Antonio Anastasia (PSDB) tem 36% das intenções de voto para governador e divide a liderança com Hélio Costa (39%), Serra tem menos da metade dos votos de Dilma Rousseff (PT) no Estado: 51% para a petista, 24% para o tucano.
Situação de Maia e Maciel assusta o DEM
A nova rodada de pesquisas do Datafolha publicada ontem e hoje traz duas notícias preocupantes para o DEM. O ex-prefeito do Rio Cesar Maia, que foi ultrapassado por Lindberg Farias (PT) e corre o risco de não se eleger, é um dos principais líderes nacionais da sigla e pai do atual presidente da sigla, o deputado Rodrigo Maia.
Em Pernambuco, caso Armando Monteiro (PTB) continue crescendo, o partido pode perder Marco Maciel (DEM), que foi por oito anos vice-presidente no governo FHC.
Estabilidade em pesquisa é comemorada
O quadro de estabilidade na eleição presidencial apresentado pela pesquisa Datafolha dos dias 8 e 9 foi comemorado internamente, por razões diferentes, por petistas, tucanos e verdes.
A pesquisa aponta que Dilma Rousseff (PT) permaneceu com 50% das intenções de voto. José Serra (PSDB) oscilou negativamente um ponto, passando de 28% para 27%. Marina Silva (PV) oscilou positivamente de 10% para 11%.
Servidora viu dados de 248 filiados a siglas
Investigada sob suspeita de quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB, a servidora Adeildda Ferreira dos Santos acessou, de agosto a dezembro de 2009, dados de 248 pessoas que aparecem na relação oficial do Tribunal Superior Eleitoral como filiadas a partidos.
Entre os que tiveram os dados acessados por ela está o ex-senador Fernando Bezerra (RN), que foi ministro da Integração de Fernando Henrique Cardoso e líder do governo Lula no Congresso.
SP boicota vitrines federais na saúde
O governo de São Paulo ignora o Samu (ambulâncias de resgate) e as UPAs (prontos-socorros 24 horas), as principais “vitrines” do governo Lula na saúde.
Ao contrário do que ocorre na maior parte do país, as cidades paulistas não recebem dinheiro estadual para colocar e manter os dois programas em funcionamento. São financiados só com verbas federais e municipais.
Kassab pode migrar do DEM para o PMDB
Em flerte com o PMDB, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), espera o resultado das eleições para definir seu destino político.
Dependendo da bancada de aliados eleitos em outubro, poderá se filiar ao PMDB para tentar assumir o comando do partido no Estado. Kassab tem defendido a fusão de seu partido com o PSDB. Mas não descarta sair do DEM.
Onda pró-Dilma no Senado ganha força
A mais recente rodada de pesquisas Datafolha em sete Estados e no Distrito Federal reforçou a onda de políticos favoritos ao Senado alinhados à candidatura presidencial de Dilma Rousseff (PT).
Nos últimos 15 dias, mais três dilmistas declarados passaram a ter chances claras de vitória nas disputas por vagas ao Senado em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Em Pernambuco há sinais de mais um possível nome governista na bancada de senadores a favor de um eventual governo Dilma.
Neste ano, serão renovadas 54 das 81 cadeiras do Senado. Há 27 senadores que têm mandato até 2015. Quando se consideram os favoritos em todos os 26 Estados e no Distrito Federal, contam-se cerca de 40 candidatos favoritos alinhados a Dilma e apenas 20 a favor do presidenciável José Serra (PSDB).
Site ajuda eleitor a escolher seu deputado
O eleitor que ainda não decidiu em quem votar para deputado federal agora tem ajuda on-line para escolher um candidato. O site Extrato Parlamentar (www.extratoparlamentar.com.br) oferece uma ferramenta que calcula a afinidade entre o internauta e os deputados.
Ou seja, o eleitor poderá saber, pelo menos entre os candidatos à reeleição, quais pensam de forma mais parecida com ele. Não do ponto de vista abstrato da ideologia, mas da atuação concreta nas votações parlamentares.
Conflito agrário emperra agropecuária de Dantas
Pensada há cinco anos para ser a maior criadora de bois do mundo, a Agropecuária Santa Bárbara, empresa ligada ao grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, atolou nos violentos conflitos agrários do Pará.
Resultado de um investimento estimado em R$ 1,5 bilhão, a empresa comprou áreas totais equivalentes a mais de três cidades de São Paulo e quase meio milhão de cabeças de gado. Sua promessa era modernizar uma das regiões de pecuária mais promissora e ao mesmo tempo arcaica do país, recordista em desmate, trabalho escravo, grilagem de terras e mortes no campo.
Mas, desde que foi apontada pela Polícia Federal, em 2008, como possível lavanderia de dinheiro do grupo Opportunity -o que ela nega-, a Santa Bárbara teve suas principais fazendas invadidas e passou a travar uma guerra particular e cotidiana com os sem-terra.
Para MST, eleições podem definir conflito
Para a CPT (Comissão Pastoral da Terra), defensora jurídica do MST, o futuro das negociações sobre as invasões nas fazendas da Santa Bárbara tem estreita relação com o resultado das eleições estaduais no Pará.
Se o ex-governador Simão Jatene (PSDB) se eleger, a força dos movimentos sociais agrários diminui e a situação tende a se radicalizar, disse José Batista, da CPT em Marabá (PA). Para ele, a vitória da governadora Ana Júlia Carepa (PT) manteria o diálogo, mesmo que mínimo, do governo com os sem-terra.
Delações ajudaram PF durante investigação no Amapá
A Operação Mãos Limpas, que anteontem levou para a prisão o governador e um ex-governador do Amapá, só foi possível depois que integrantes dos supostos esquemas de corrupção colaboraram com as investigações.
As informações foram passadas por empresários que não receberam sua parte dos possíveis desvios de recursos, por meio de licitações fraudadas, e pessoas que disseram não terem recebido a propina prometida.
Correio Braziliense
Verba oficial para irrigar a campanha
Num ano de arrecadação de campanha escassa, os deputados federais contam com uma ajuda extra na tentativa de reeleição. Em vários itens, a cota para o exercício da atividade parlamentar se confunde com despesas próprias de uma eleição. Só com o fretamento de aeronaves, os parlamentares gastaram R$ 748 mil nos dois primeiros meses de disputa eleitoral. A locação de carros consumiu mais R$ 1,2 milhão. A contratação de consultorias, R$ 1,1 milhão. Com o dinheiro da Câmara, são contratados institutos de pesquisa, agências de comunicação e marketing e escritórios de advocacia. Os deputados afirmam que esses profissionais não são usados na campanha, mas a Câmara não fiscaliza a natureza dos serviços. Em vários gabinetes, os gastos com telefonemas estouraram nos dois últimos meses. Em Brasília, o plenário está vazio, não há votações, mas a campanha está movimentada nos estados.
O deputado Edinho Bez (PMDB-SC) gastou R$ 9 mil em julho com consultoria. A empresa Balbinot Comunicação trabalha para o deputado há seis anos. Ele explica quais serviços são prestados. “É agência de publicidade: assessora, faz estudos, pesquisas. É amplo. Na divulgação, eles me ajudam quando queremos divulgar um projeto. Eles fazem também um trabalho para divulgar nas rádios e nos jornais.” Lembrado de que os gastos com divulgação são vetados pela Câmara nos seis meses anteriores à eleição, ele refaz a explicação: “Nesse período eleitoral, parou. Retorna em outubro, depois da eleição”. Os pagamentos foram mantidos de janeiro a julho. O deputado se justifica dizendo que isso ocorreu porque o contrato é anual. “O trabalho deles é por ano. Eu calculo a média e pago por mês.”
TSE pede reforço ao Exército
Fóruns incendiados, assassinato de candidatos, polícia local sem isenção partidária, roubo de urnas e coação a juízes eleitorais. A tranquilidade aparente das eleições nas grandes capitais esconde o cenário de guerrilha que dezenas de cidades registram durante a disputa eleitoral. Com efetivo policial insuficiente e presença do crime organizado, as eleições presidenciais deste ano, em mais de 150 municípios, só se realizarão com a presença de tropas federais. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já autorizou o envio de soldados do Exército para, pelo menos, 129 cidades.
De acordo com as requisições enviadas ao TSE, a Justiça Eleitoral do Pará foi a que mais solicitou a presença do Exército. Em 103 de suas 143 localidades haverá reforço armado. Nos municípios de Vigia e Conceição do Araguaia, na última eleição, um juiz precisou de escolta federal para deixar o fórum após a votação. Em Curuçá, há histórico de estradas bloqueadas e tentativas de impedir mesários de assumir os postos durante a votação. Nem mesmo Belém tem segurança garantida. Justificativa enviada ao TSE alega registro de “arrastão de bandidos” em uma das zonas.
José Serra marca território em Goiás
Goiânia — Cinco dias após a petista Dilma Rousseff e o presidente Lula participarem de um comício em Valparaíso (GO), o presidenciável tucano, José Serra, visitou Goiás ontem, com o objetivo de marcar território e manifestar apoio ao senador Marconi Perillo (PSDB), candidato ao governo do estado. Embora lidere a disputa pelo Executivo estadual, Perillo oscilou negativamente em pesquisa do Ibope divulgada na sexta-feira. Em 13 de agosto, o tucano aparecia com 45% das intenções de voto, enquanto o rival Iris Rezende (PMDB), da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tinha 34%. No levantamento de anteontem, Perillo estava com 42%, contra 33% de Rezende. Quem subiu foi Vanderlan Cardoso (PR), que passou dos 5% para 10%. A margem de erro é de três pontos.
Contratos são suspensos
As investigações que levaram para a cadeia 18 pessoas, entre elas o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), e o ex-governador Waldez Góes (PDT), candidato ao Senado, revelam que o grupo usava contratos emergenciais para desviar dinheiro público. A legislação só permite esse modelo de contratação pelo prazo máximo de seis meses. Porém, desde 2005, o grupo fraudava processos licitatórios da Secretaria de Estado da Educação (Seed) nas áreas de segurança privada e de manutenção de filtros de água. Ontem, o governador em exercício do Amapá, Dôglas Evangelista Ramos, decidiu suspender o pagamento de todos os fornecedores do estado. O anúncio foi feito em entrevista coletiva por Ramos, que preside o Tribunal de Justiça estadual.
Um puxador de votos nas paradas de sucesso
São Paulo — Quando ele está por perto, são frequentes os gritos histéricos das moças. Nas caminhadas que faz pela periferia pedindo votos para se eleger senador, o corre-corre é geral. Ele é José de Paula Neto, o Netinho de Paula, 40 anos, terceiro vereador mais votado de São Paulo e segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto para o cargo que pleiteia. O sorriso largo é característico. Artista extremamente popular e pagodeiro de mão cheia, quando Netinho sobe nos palanques, canta, samba e rebola muito mais do que discursa. Como o seu partido, o PCdoB, está coligado com o PT, a cúpula da legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva escalou o “negão” — como ele próprio gosta de ser chamado — para alavancar a candidatura ao governo de São Paulo de Aloizio Mercadante (PT), que luta para diminuir a desvantagem em relação ao tucano Geraldo Alckmin.
Netinho, como é conhecido em todas as esquinas de São Paulo, explora ao máximo sua veia artística na campanha. Pede votos para a presidenciável Dilma Rousseff (PT) e para Mercadante como se estivesse em um programa de auditório. Sua fama como apresentador de televisão começou depois que ele passou a garimpar moças em favelas e torná-las lindas graças ao milagre dos cosméticos, dos salões de beleza e das roupas da moda. Com pose de galã, ele arrasta às urnas justamente esse público.
Tecnologia nova e um velho FHC
A eleição de 1998 não foi apenas a primeira em que um presidente da República foi reeleito após a redemocratização do país. Foi também quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estreou um moderno sistema de votação no pleito para a Presidência da República — a urna eletrônica, até então desconhecida em todo o mundo, instrumento responsável por acabar com as fraudes. A disputa ficou entre Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como ocorrera quatro anos antes.
FHC tentou a reeleição, ainda acreditando no Plano Real, sua principal bandeira de campanha em 1994. O então presidente adotou como mote a necessidade de continuar as mudanças no país, principalmente na economia. Em 1997, o Brasil havia passado por péssimos momentos nesse setor, por causa da crise na Ásia, que afetou os mercados de todo o mundo, inclusive o brasileiro.
No tempo do boca a boca
Rostos estampados em santinhos e cavaletes, nomes berrados por locutores em carros de som, jingles cantados no rádio e na televisão. Se o espaço é ilimitado, melhor ainda. Na internet, a candidatura é repetida à exaustão em blogs, Twitter, Facebook, Orkut, e-mails… “Ufa! Isso até cansa. Quando era jovem, não tinha esta amolação toda, não. A campanha era na base do boca a boca e a gente confiava mais nos candidatos”, diz a aposentada Francisca Vilaça, de 83 anos. A despeito do atual bombardeio de pedidos de votos pelas campanhas, eleitores experientes sentem saudade dos tempos em que eleição era conquistada à base de conversa e de comícios.
Falta a palavra final
A três semanas das eleições, permanece o impasse: o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), segundo colocado numa disputa polarizada, conforme indicam as pesquisas, poderá ou não concorrer e assumir o Governo do Distrito Federal em caso de vitória? O Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para dar a palavra final sobre a dúvida que vai marcar o pleito de 2010. A Lei da Ficha Limpa, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como regra de moralização da política, tem aplicação imediata ou só valerá a partir de 2012, nas eleições municipais, para os casos ocorridos depois da promulgação da nova norma?
O assunto é nacional, mas tem uma repercussão especial no Distrito Federal e pode se tornar parâmetro para dezenas de outros casos em tramitação caso o recurso de Roriz seja apreciado antes do primeiro turno. Em todos os programas eleitorais na televisão e no rádio, inserções e debates, o tema é prioridade na capital do país. Com o registro de sua candidatura negado pela Justiça Eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa, Roriz tem usado grande parte do tempo apenas para esclarecer que continua no páreo. Na última semana, criou dois números de telefone em que o eleitor liga e ouve a voz de Roriz.
Discursos de defesa
Os integrantes da Coligação Esperança Renovada, encabeçada pelo candidato a governador Joaquim Roriz (PSC), deixaram as propostas de campanha em segundo plano durante o dia de ontem para defender o ex-governador e atacar os adversários políticos. Os pastores responsáveis pelo encontro em uma Igreja Sara Nossa Terra, em Santa Maria, pouco cobraram. Eles aproveitaram a presença de fiéis e pastores de diversas igrejas para compor o coro favorável ao ex-governador. A indignação com os petistas fez com que a candidata a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN) defendesse o pai ao microfone por alguns minutos. E, ao fim, ela percebeu que havia esquecido de pedir votos para si.
O Globo
Oposição cobra explicações Dilma e Lula
A empresa Capital Assessoria e Consultoria, que pertence – ou pertenceu até recentemente – a Israel Guerra, filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, ajudou a companhia de carga Master Top Airlines (MTA) a renovar sua concessão junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O contrato venceu em meados de dezembro passado, mas como a MTA tinha pendências com a Receita Federal, chegou a ser suspenso. A assessoria de Israel Guerra conseguiu reverter a situação da empresa aérea em menos de uma semana. A ação pode constituir tráfico de influência. Erenice sucedeu a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, no ministério.
Dilma defende sucessora
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, defendeu nesta sábado, em São Paulo, a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, das acusações de tráfico de influência e direcionamento de licitações divulgadas pela revista ‘Veja’ .
A presidenciável reafirmou a confiança que tem em Erenice e acusou José Serra de ter perdido as “estribeiras” e ter se tornado um “caluniador”. Em São Paulo, o líder o PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, disse que a denúncia é vazia e quem usá-la eleitoralmente vai cavar a própria cova.
Quatro anos depois, aloprados continuam no PT
Quatro anos depois do escândalo dos “aloprados”, três personagens envolvidos na compra de um falso dossiê contra tucanos continuam abrigados no PT. O caso ainda está sendo investigado pelo Ministério Público Federal, e nenhum dos acusados foi denunciado.
Ameaçado de expulsão em 2007, Osvaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho, jamais deixou o PT, ao qual é filiado desde 1981. Sindicalista do ABC paulista, Bargas perdeu o cargo após a confirmação de que negociara e intermediara uma entrevista de denúncia contra José Serra (PSDB), por suposto envolvimento com a máfia dos sanguessugas.
7º Batalhão da PM é o que mais encobre assassinatos
O 7º Batalhão da Polícia Militar (São Gonçalo) é o quartel com mais policiais denunciados por encobrirem assassinatos em autos de resistência – ocorrência onde o policial é autorizado a usar a força para conter o suspeito.
Após analisar 168 autos, feitos a partir de 1998, a 2ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) e a Promotoria do Júri em São Gonçalo encontraram falhas em 32 deles e denunciaram, nos últimos dois anos, 70 policiais – quase 18% do efetivo do batalhão. Ignorando diretrizes dos Direitos Humanos, os policiais executaram 35 pessoas.
Ex-prefeito e mais 35 denunciados no Mato Grosso
O Ministério Público Federal de Mato Grosso (MPF) ofereceu denúncia contra 36 pessoas por crime contra o meio ambiente, formação de quadrilha, fraude contra o sistema financeiro e falsidade ideológica.
De acordo com a denúncia a quadrilha era chefiada pelo ex-prefeito do município de Vila Rica (1.276 quilômetros de Cuiabá) Leonídio Benedito das Chagas, que grilava terras e explorava de forma ilegal madeira da Fazenda Califórnia, além de usufruir de recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), por meio de documentos falsos.
Falta regulação para os planos de saúde
Especialistas acreditam que o mercado de saúde suplementar do Brasil precisa ser repensado, já que é um dos menos regulados do país. Apenas os planos de saúde individuais e familiares, que representam 20% do total, seguem as regras na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Problemas com reajustes, negativa de cobertura e descredenciamento são as questões mais reclamadas, mostra a quarta matéria da série sobre os 20 anos do Código de Defesa do Consumidor (CDC), publicada neste domingo pelo jornal O GLOBO.
Para o diretor do Departamento Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, Ricardo Morishita, o principal ponto a ser pensado é que a saúde suplementar não é suplementar. Ele afirma que o fortalecimento da saúde pública é a única forma de melhorar a qualidade e a concorrência da saúde privada.
Metalúrgicos do ABC ameaçam uma greve geral
Os metalúrgicos do ABC rejeitaram neste sábado, em assembleia na porta do sindicato, em São Bernardo do Campo, proposta das montadoras de aumento salarial de 7% e ameaçam uma greve geral a partir da semana que vem.
O aviso de paralisação será entregue na próxima segunda-feira às empresas, que terão 48 horas para se manifestar. A categoria tem data-base em 1º de setembro.
– As montadoras estão batendo recorde de produção este ano e a greve geral é um caminho legítimo se não houver uma nova proposta dos patrões – afirmou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
75% chances de EUA mergulharem em nova recessão
Passados dois anos do auge da crise econômica mundial – marcado pelo colapso do banco Lehman Brothers – o mundo vive o temor de uma nova recessão. A probabilidade de um segundo mergulho (double dip) ou de uma recessão em “W” cresce dia a dia.
Os indicadores mais recentes de Estados Unidos, Europa e Japão mostram desaceleração no ritmo de recuperação das economias e fortalecem a perspectiva de que o mundo ainda vai enfrentar muitos anos de crescimento econômico medíocre.
No ano passado, a economia global entrou em recessão, puxada por uma queda de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) americano, após o mundo crescer acima de 5% durante dois anos seguidos. E agora, no segundo aniversário do fatídico 15 de setembro – quando o quarto maior banco de investimento dos EUA quebrou e mergulhou o planeta na maior crise desde os anos 30 -, o clima é de incertezas.
Chávez tenta recuperar apoio em sua base eleitoral
Junto com os militares, os pobres são o sustento do governo bolivariano de Hugo Chávez. Mas faltando apenas duas semanas para a realização das eleições legislativas – segundo o presidente “cruciais para o sucesso do socialismo do século XXI” – a popularidade dos correligionários do líder venezuelano anda em baixa.
Na tentativa de reverter a queda – atualmente a aprovação do governo está em 35% – a Assembleia Nacional, onde a grande maioria é chavista, está anunciando projetos de lei para atacar a violência, diminuir a alta da inflação e dar crédito aos menos favorecidos. Não por acaso, áreas em que a população mostra mais apreensão.
Elio Gaspari – Celulares, Privadas e ‘Universos Paralelos’
Em abril passado os mastigadores de números da ONU surpreenderam o mundo ao mostrar que na Índia (1,1 bilhão de habitantes) só 31% da população tinha acesso ao saneamento básico, enquanto 45% dos indianos tinham celulares. Privada x celular seria um indicador daquilo que o colunista americano Roger Cohen chamou de “universos paralelos”.
A Pnad de 2009 mostrou uma situação parecida em Pindorama. Dos 190 milhões de brasileiros, 78 milhões não têm acesso ao saneamento, enquanto há no país 162 milhões de celulares. (Como há pessoas que têm mais de um aparelho, esse número não pode ser diretamente associado à população.)
É possível que essa comparação seja um fútil exercício estatístico, mas a ideia dos “universos paralelos” é estimulante. O cidadão mora em Itaboraí (RJ), não tem latrina, mas fala com a avó em Tauá, no interior cearense.
Estado de S. Paulo
Denúncia de lobby faz oposição pedir saída da ministra da CasaCivil
Reportagem da revista Veja informa que filhos da ministra Erenice Guerra – sucessora e considerada braço direito de Dilma Rousseff (PT) – têm uma firma de lobby que negocia contratos de empresasprivadascomogoverno.
O operador do esquema seria Israel Guerra. O caso levou a oposição a pedir a demissão de Erenice da Casa Civil. José Serra (PSDB) classificou a denúncia como “gravíssima” e citou-a no horário eleitoral de ontem à noite.
Dilma diz que não acompanha mais rotina da Casa Civil
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff,reagiu com cautela às denúncias de tráfico de influência contra Israel Guerra,filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, que a sucedeu na pasta. “Estou fora do governo e não tenho acompanhado o dia a dia do ministério, mas tenho certeza de que tudo que foi dito será apurado”, disse, referindo-se à reportagem da revista Veja. “Se alguém errou, será punido.”
Dilma, que visitou ontem o vice-presidenteJoséAlencar,internado no Hospital Sírio-Libanês, afirmou ter “relações profissionais” com a ministra Erenice,que até hoje goza de sua confiança.
No AP, parentes mantêm desvio, diz PF
As investigações da Operação Mãos Limpas encontraram fortes indícios de que o loteamento do governo por parentes do ex-governador Waldez Góes (PDT) e do atual governador Pedro Paulo Dias (PP) garantiam a perpetuação do esquema de desvio de recursos públicos descoberto pela Polícia Federal. Além disso, o dinheiro desviado e as propinas cobradas de empresários serviriam, segundo o MP, para financiar a campanha de reeleição de Pedro Paulo Dias.
Bahia vive mais um surto adesista
O continuísmo é uma tendência forte nesta disputa pelos governos estaduais, mas, no caso da Bahia, a campanha de 2010 é a prova reforçada de que a vocação adesista no Estado é absoluta. O ex-governador Paulo Souto (DEM) e o ex-ministro lulista Geddel Vieira Lima(PMDB) estão sentindo na pele das duas candidaturas porque um governador da Bahia nunca se elegeu contra o presidente da República no mesmo pleito ou em oposição ao presidente que estava no
exercício do cargo quando não havia coincidência de mandatos. A atração pelo governismo reinante é tanta que as adesões à candidatura de Jaques Wagner(PT) são chamadas de “revoadas” – que juntam antigos carlistas e petistas.
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