Governo Trump já começou no Twitter
Às vésperas de sua posse como presidente dos Estados Unidos, o bilionário Donald Trump é o centro da atenção da mídia. Como próximo mandatário do cargo-símbolo do poder ocidental, qualquer declaração sua é notícia no mundo inteiro. Além disso, Trump é uma verdadeira fábrica de posições polêmicas com repercussão em tempo real.
Mas as opiniões controversas de Trump estão desviando o foco de um fator que merece toda a atenção de estudiosos do poder das mídias digitais: o próximo presidente norte-americano sabe manejar o Twitter com perícia impressionante. E ele já está governando pela rede social.
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O perfil do próximo presidente dos EUA na rede social tem mais de 19 milhões de seguidores (enquanto o de Temer é seguido por cerca de 714 mil). Pelo Twitter, Trump opera sua campanha para criar empregos nos EUA, um dos pilares de sua plataforma eleitoral. Um tweet de Trump é um míssil-digital, capaz de fazer uma empresa redirecionar planos estratégicos de expansão.
Em 140 caracteres, ele fez a Ford desistir do investimento de US$ 1,6 bilhão para construir uma fábrica no México. “Faça nos EUA ou pague impostos na fronteira”, avisou Trump do seu tecladinho todo-poderoso. Era um alerta à GM, que estava mandando o modelo mexicano do Chevy Cruze para as concessionárias americanas sem pagar os impostos, mas atingiu também a Ford. Depois dos caracteres de Trump, a GM explicou que fabrica 190 mil unidades do modelo por ano para o mercado americano.
Há muitos outros exemplos do vasto alcance da “microgestão” e das intervenções econômicas de Trump via microblog. Um de seus alvos foi a Toyota, gigante japonesa do setor automotivo. “A Toyota disse que vai construir uma nova fábrica em Baja, no México, para produzir carros Corolla para os EUA. De jeito nenhum, construa fábrica nos EUA ou pague alto imposto na fronteira”, tuitou. Na sequência, as ações da montadora caíram 3% e o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, precisou sair em defesa da empresa.
A forte ligação de Trump com as redes sociais já vem da campanha eleitoral. Em setembro, pesquisa do Pew Research Center, um think tank americano que analisa tendências e atitudes nos Estados Unidos, mostrou que embora Trump, Hillary e Bernie Sanders tivessem publicado quantidades semelhantes de posts num período de três semanas, o republicano teve índice maior de reações. (Mais dados da pesquisa na 19ª Edição do Cenas da Semana, de 30 de setembro de 2016). Nesta semana, pesquisa realizada pela Universidade de Quinnipiac (Connecticut), revelou que 64% dos americanos querem que Trump encerre sua conta no Twitter.
Produto da digitalização da sociedade o chamado “fator digital” ainda será alvo de estudos e análises por muito tempo, mas não há mais dúvidas sobre seu enorme impacto. A combinação de software, algoritmos, dados e internet age como um furacão disruptivo em todas as áreas da comunicação, da economia e da política. Em 2016, foi visível sua influência no resultado das eleições presidenciais norte-americanas, no plebiscito sobre o Brexit no Reino Unido e nas estratégias eleitorais em países populosos, como Indonésia e Filipinas.
Esses resultados não foram captados pelas antenas das pesquisas de opinião tradicionais, chocando profissionais da mídia e muitos especialistas, mas análises recentes mostram que redes sociais como o Facebook ou Twitter já indicavam as chances dos dois candidatos à Casa Branca, com base na análise de sentimentos aplicados a posts, tweets ou likes. Daqui em diante, será obrigatório saber transitar nessas infovias digitais. Donald Trump sabe.
Como as senhas das redes sociais do Planalto foram parar no Twitter
Desta vez, sim, foi um acidente! E as senhas de algumas redes sociais do governo foram parar na conta do Twitter do Portal Brasil. O que seria um link para uma matéria foi trocado por um outro que levava a um arquivo online com as senhas arquivadas. Por seu largo alcance e leitura imediata, é preciso cuidar das postagens.
Como de costume, o episódio virou logo uma grande piada, com milhares de memes na rede social.
Promotor de SP diz que desembargadora tem carinha de faxineira
O promotor Rogério Zagallo foi suspenso pelo Conselho Nacional do Ministério Público, em 2014, após ter incitado a violência policial contra manifestantes. Agora, o membro do Ministério Público de São Paulo afirmou em uma rede social que uma desembargadora do TJ do Amazonas parece uma empregada doméstica. O alvo do post é a desembargadora Encarnação das Graças Salgado, que atua em Manaus. O comentário de Zagallo foi feito numa publicação de um advogado, que compartilhou notícia sobre a magistrada. O texto mostrava que a desembargadora é suspeita de ligação com a facção criminosa FDN (Família do Norte), responsável pelo massacre de 56 detentos no presídio Anísio Jobim, na capital amazonense.
No comentário, o promotor escreveu que “pela carinha, quando for demitida poderá fazer faxina em casa. Pago R$ 50,00”. Em nota após a repercussão, disse que não havia se referido ao físico da desembargadora nem dito que ela era empregada doméstica.
Agentes públicos e porta-vozes institucionais precisam cuidar do que postam nas redes sociais. Promotores devem seguir as regras de conduta do manual do CNMP para o uso de redes sociais dos integrantes da carreira.
Facebook lança projeto para se aproximar da imprensa
Após ser alvo de diversas críticas, desde o final de 2016, o Facebook vem anunciando ações para combater a propagação de informações inverídicas em sua plataforma. Desta vez, o intuito é se aproximar daqueles que produzem as notícias, os jornalistas. A rede social afirma que vai colaborar com empresas de notícias para desenvolver produtos e parcerias, além de ajudar as pessoas a se tornarem leitores informados na era digital. O projeto tem como objetivo assegurar que um ecossistema saudável de notícias ganhe força no ambiente virtual.
A polêmica da carona de Temer a Gilmar Mendes
O presidente Michel Temer levou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do STF, Gilmar Mendes, a Portugal para o funeral de Mário Soares. A carona foi muito criticada nas redes sociais, e a repercussão foi ainda maior quando se soube que Gilmar não foi visto na cerimônia. Mais tarde, explicou que não estava se sentindo bem.
A questão aqui é que o TSE vai julgar o processo de cassação da chapa Dilma-Temer e a foto, registro visual da carona no voo de nove horas de duração, serve de combustível para os posts condenando o gesto de Temer.
Uma dica básica de Media Training é “cuidado ao ser fotografado”.
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