O deputado Marcio Reinaldo Moreira (PP-MG) exonerou um de seus assessores, envolvido na Operação Navalha, na qual a Polícia Federal prendeu 46 políticos e empresários hoje (17), inclusive o ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares (PSB) (veja todos os nomes). Ernani Soares Gomes Filho, que foi detido hoje, vai voltar à sua antiga função, a de servidor do Ministério do Planejamento.
Segundo Fernando Souza, chefe de gabinete de Moreira, o assessor trabalhava com o deputado Cleonâncio Fonseca (PP-SE). “Ele [Cleonâncio] saiu da Câmara e o Ernani pediu para o deputado [Moreira] deixá-lo ficar”, informou ele ao Congresso em Foco. Desde fevereiro, o ex-assessor trabalhava com o deputado do PP no gabinete 819 do anexo IV da Câmara.
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Esta não foi a única baixa causada pela Operação Navalha. Hoje, Governo do Distrito Federal afastou temporariamente do cargo o presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), Roberto Guimarães, que foi ex-secretário do Tesouro Nacional no governo de Fernando Collor. O corregedor-geral do DF, Roberto Giffoni, diz que o presidente do BRB ficará afastada até o fim de uma sindicância. Ele disse à reportagem que o motivo da prisão nada tem a ver com sua atuação no banco, que assumiu há menos de quatro meses. A causa seria sua atuação como consultor financeiro no Maranhão.
Nesta noite, parlamentares de Brasília tentam tirar da cadeia o deputado distrital Pedro Passos (PMDB-DF). O deputado Benício Tavares (PMDB) fará um relatório para ser votado em plenário ainda hoje sobre o relaxamento de prisão do deputado detido.
O Congresso em Foco apurou que os autos da prisão de Passos – já envolvido em outros processos por parcelamento ilegal do solo – mostram que a PF captou escutas telefônicas em que o peemedebista teria recebido propina para fraudar uma licitação. A oposição – apenas cinco em meio a 24 distritais – promete votar contra o relaxamento de prisão.
Construtora
De acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público, os crimes envolvem pessoas de dez unidades da federação, que teriam cometido fraudes em licitações, peculato, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. O esquema seria feito em obras públicas, com a liderança da Construtora Guantama Ltda., de Salvador, dirigida por Zuleido Soares Veras, que também foi detido.
Os nomes dos presos (leia) revelam muitas pessoas ligadas ao governo do Maranhão. Além do ex-governador José Reinaldo, aparecem dois sobrinhos do atual governador, Jackson Lago (PDT): Alexandre de Maia Lago e Francisco de Paula Lima Júnior. Fontes na PF disseram ao Congresso em Foco que os federais chegaram a pedir até a prisão do atual governador, mas a ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negado o pedido dos policiais.
Por conta do envolvimento de autoridades com foro especial, o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, já prepara a denúncia contra os acusados no STJ. Em nota, ele disse aguardar a conclusão do inquérito 544/BA do STJ para apresentar uma denúncia criminal.
A assessoria de Passos disse que não se pronunciaria sobre o caso. A reportagem tentou entrar em contato com a construtora Guantama, mas não obteve sucesso. (Eduardo Militão)
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