O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, é investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal por suposto envolvimento na máfia das obras públicas, desbaratada pela Operação Navalha. Na última quinta-feira (17), quando a PF realizou prisões em noves estados, mais o Distrito Federal, discutiu-se também a prisão do ministro, o que não ocorreu.
Ele é investigado por suposta fraude na instalação de uma das etapas do programa “Luz para Todos”, no Piauí, no ano passado. Investigação preliminar indica que autoridades da pasta comandada por Rondeau receberam propina em março deste ano.
Trecho do despacho da ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e que autorizou a PF a realizar a operação, destaca o suposto pagamento de propina. "Afirma o Ministério Público Federal que a entrega do dinheiro teria ocorrido no dia 13 de março de 2007, tendo a autoridade policial acompanhado o transporte do dinheiro de Salvador para Brasília. Esse fato específico, por envolver autoridade com prerrogativa de foro, será oportunamente deduzido perante a autoridade judiciária competente", escreveu.
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O dinheiro teria sido levado ao Ministério de Minas e Energia por Fátima de Almeida, secretária da Gautama, empresa de Zuleiro Veras e apontado como o chefe do esquema que fraudava licitações e desviava recursos públicos.
O ministro Silas Rondeau não foi encontrado para falar sobre o assunto. O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, declarou ao jornal Folha de S.Paulo que é possível a abertura de um inquérito contra Rondeau, nos próximos dias, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ivo Almeida Costa, assessor especial do ministério de Minas e Energia, foi preso pela Polícia Federal na Operação Navalha. Silas Rondeau defendeu-se, dizendo que tem "vários assessores" e que "não poderia responder" por todos eles. (Lucas Ferraz)
Navalha: PF pede cautela com nomes de políticos
A Polícia Federal (PF) pediu calma na análise dos documentos apreendidos na sede da Construtora Gautama, em Salvador, que indicam suposta participação de políticos no esquema que fraudava licitações e desviava recursos públicos. Há indícios de nomes de parlamentares relacionados com o recebimento de propina.
"Fiz uma reunião com o pessoal que vai fazer a análise e pedi cautela para separar as ações de deputados e senadores em busca de verbas do que é corrupção", afirmou o delegado Renato Porciúncula, da Diretoria de Inteligência da PF. “O simples fato de aparecer o nome de um deputado ou de um senador em busca de verbas [para obras, por exemplo] não significa irregularidade".
A PF, no entanto, cogita passar as investigações para o Supremo Tribunal Federal (STF), órgão que tem competência para investigar a participação de parlamentares no esquema. Ontem (19), o nome do senador Delcídio Amaral (PT-MS) vazou pela imprensa, como possível beneficiado – ao lado de seu nome, estaria escrito “R$ 24 mil, aluguel de jatinho”.
Ele explicou que precisou alugar um jatinho para ir ao interior de São Paulo, para o enterro do sogro. Pediu dinheiro a um amigo e ele teria pegado emprestado com Zuleido Veras, o dono da Gautama. A empresa que alugou o jato ainda não teria recebido pelo serviço. (Lucas Ferraz)
Senador promete explicar ligação com Gautama
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) promete explicar nesta segunda-feira (22), da tribuna do Senado, como seu nome foi parar nos documentos da Gautama, apreendidos em investigação da Polícia Federal (leia mais). Há indícios da relação de políticos, incluindo parlamentares e governadores, na máfia das obras públicas, desbaratada pela Operação Navalha. Nos documentos teria a relação, com os nomes e o suposto recebimento de propina.
O petista aparece em um dos documentos com a seguinte citação: "Delcídio, R$ 24 mil, aluguel de jatinho”. Ele explicou que pediu dinheiro emprestado a um amigo, o empresário Luiz Gonzaga Salomon, para alugar um avião e ir ao enterro do sogro, em Barretos, no interior de São Paulo. Como Salomon não tinha dinheiro para cobrir o cheque caução que deu na empresa, chamada Ícaro, o amigo teria recorrido a empresários.
“Foi o Zuleido [Veras, dono da Gautama e apontado com chefe da máfia das obras públicas] que aceitou pagar. Mas, no final das contas, não pagou. O Luiz Gonzaga me informou que a Polícia Federal já esteve na Ícaro. Informaram que o vôo não foi pago”, disse Delcídio Amaral ao Blog do Josias, da Folha Online. “Posso até admitir que fui descuidado. Mas é que tenho uma confiança grande no Luiz Gonzaga, amigo antigo”.
O senador admite conhecer Zuleido Veras, mas garante que nunca apresentou emenda para obra realizada pela Gautama. "Mandei levantar todas as minhas emendas; zero de Gautama”, disse. Ele afirma que também não recebeu nenhum centavo da construtora na campanha eleitoral. Delcídio acredita que o empresário se dispôs a pagar o aluguel do avião para tentar se aproximar dele. (Lucas Ferraz)
De pênalti, enfim, Romário marca o milésimo gol
O atacante Romário marcou o milésimo gol da carreira. De pênalti, o jogador fez o terceiro gol da vitória do Vasco sobre o Sport (3 a 1), pelo Campeonato Brasileiro. A partida, que estava no segundo tempo, foi interrompida com a invasão de campo de vários jornalistas, jogadores e curiosos. Até a mãe de Romário foi abraçá-lo.
Há um mês e 24 dias o atacante, de 41 anos, tentava chegar à marca histórica. O sonho de Romário era marcar o milésimo gol no Maracanã, assim como Pelé – aliás, o Rei fez o seu gol número mil sobre o Vasco, também de pênalti, em 1969. No entanto, Romário marcou em São Januário, estádio do Vasco, clube onde iniciou a carreira. Atrás do gol será erguida uma estátua do atacante.
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