Integrantes do Fórum São Paulo de Igualdade Racial acusaram o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de má vontade e grosseria ao recebê-los hoje em audiência na sala da presidência da Casa.
Os membros do fórum, que se encontraram há pouco com Chinaglia, foram entregar 100 mil assinaturas pedindo urgência na aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. O grupo foi acompanhado pelo senador Paulo Paim (PT-RS), autor do Estatuto (Projeto de Lei 6264/05) e defensor da causa negra no Senado.
Foi quando, segundo um dos militantes, um grupo se exaltou e começou a gritar palavras de ordem como “Estatuto já!”. De acordo com Dojival Vieira, um dos integrantes do fórum, Chinaglia mandou os manifestantes calarem a boca, “numa demonstração explícita de falta de consideração pelas minorias”. “A reação de Chinaglia foi de total desequilíbrio”, denuncia Marcos Antonio Alvarenga, conselheiro e presidente da Comissão do Negro em Assuntos Antidiscriminatórios da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo (OAB-SP), apontando o desrespeito do deputado paulista.
O grupo, que já se queixava do tratamento recebido em outras ocasiões, apontou certo descaso da presidência em relação à causa pleiteada. Segundo seus membros, a questão tem sido recorrentemente preterida em relação a outros temas de prioridade contestável.
“Foi uma reação lamentável. Trata-se de uma causa muito importante, que não pode ser recebida dessa maneira. Tentei acalmar os ânimos e pedi para que deixassem o gabinete”, reclamou Paulo Paim. “Fiquei preocupado não pelo fato de ele ser contra ou a favor do Estatuto, mas com a forma com que foi conduzida a audiência. As causas da comunidade negra sempre encontram dificuldades, é sempre muito difícil defendê-las”, resignou-se.
Para Alvarenga, a reação de Chinaglia é grave. “Ele esquece que está exercendo mandato por força do cidadão, que o elegeu. Logo, deve estar sempre aberto ao debate, seja sobre temas polêmicos ou não”, defendeu. “Ao nos mandar calar a boca, demonstrou que estamos mal representados na Câmara”, completou.
Arlindo Chinaglia se defendeu dizendo que o incidente não afetará a tramitação do Estatuto, e que seu posicionamento sobre a importância da proposta não será alterado. Ele aconselhou ainda que a entidade procurasse as lideranças partidárias para assegurar a inclusão da pauta entre as prioridades de votação na Casa.
Da Câmara, o grupo seguiria para o Senado, onde entregaria o Estatuto para o presidente da Casa, Renan Calheiros. Os militantes do movimento negro já foram recebidos no Supremo Tribunal de Justiça (STF) pela presidenta da Corte, ministra Ellen Gracie, e pelo secretário-executivo do Ministério das Relações Institucionais.
“Fomos muito bem recebidos pela ministra, que reconheceu a qualidade de nossa reivindicação”, concluiu Alvarenga.
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