O líder do PDT no Senado, Jefferson Péres (AM), morreu na manhã desta sexta-feira (23), em Manaus. Segundo sua assessoria informou ao Congresso em Foco, ele sofreu um ataque cardíaco às 6h de hoje.

 

O corpo foi encaminhado para ser embalsamado. O velório será no Palácio Rio Negro.

 

O enterro só acontecerá amanhã, no cemitério São João Batista, porque um dos filhos de Péres viajou ao exterior ontem. “A agência de turismo está tentando traze-lo de volta ao Brasil”, informou sua assessoria. Aos 76 anos, Péres deixa a mulher e três filhos.

 

Apesar de ser da base do governo Lula, sempre teve uma postura crítica em relação ao Planalto. Era sempre uma voz a criticar a corrupção e o mau uso e o desvio de dinheiro público. Para o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), o senador era “um peregrino em defesa da ética”.

 

Em agosto de 2006 – quando era candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Cristovam Buarque (PDT-DF) –, ele afirmou que abandonaria a vida pública. Não mais se candidataria a nada, porque achava que o próprio povo era conivente com a corrupção.

 

Péres comentava o presidente Lula sabia do escândalo do mensalão, apesar de negar. “Se fizermos uma enquete em qualquer lugar deste país, todos concordarão ou a grande maioria que o presidente sabia de tudo; então votam nele sabendo que ele sabia. A crise ética não é só da classe política, não, parece que ela atinge grande parte da sociedade brasileira”, disse, da tribuna do Senado.

 

Em 2003, renunciou à sua vaga no Conselho de Ética do Senado. Segundo ele, o local tinha se transformado em "reposteiro para a impunidade". Anos mais tarde, de volta ao Conselho, ele foi relator de uma das seis denúncias contra o então presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

 

Péres disse que Renan havia quebrado o decoro por ter usado “laranjas” para comprar rádios em Alagoas. Ele dizia que não havia provas cabais, mas uma série de indícios. “Um conjunto tão forte de indícios vale como uma prova”, afirmou, à época. Seu relatório foi aprovado no Conselho e rejeitado no Plenário do Senado, em dezembro do ano passado.

 

Filho de Aroldo Carpinteiro Péres e Maria do Carmo Carpinteiro Péres, nasceu em Manaus em 1932. Formou-se em direito pela Universidade do Amazonas e passou a advogar. No Instituto Superior de Estudos Brasileiros, cursou ciência política e fez administração pela Fundação Getúlio Vargas.

 

O senador estava em seu segundo mandato na Casa. Em 2002, Péres foi reeleito senador pelo Amazonas com 543 mil votos. Antes disso, foi vereador entre 1988 e 1996.

 

Em seu lugar, assume o suplente Jeferson Praia (PDT-AM). (Eduardo Militão)

 

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