Thomaz Pires
Morreu no início da tarde desta terça-feira (26) o senador Romeu Tuma, 79 anos. De acordo com a informação, confirmada pelos familiares, o parlamentar faleceu por volta das 13 horas no hospital Sírio Libanês. Ele estava internado desde o início de setembro após cirurgia para a colocação de um dispositivo de assistência circulatória chamado “Berlin Heart” (um equipamento de assistência ventricular utilizado em casos de insuficiência cardíaca). O corpo do parlamentar será velado na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Mesmo debilitado, o senador concorreu à reeleição no último dia 31 e obteve 3,97 milhões de votos. Ele disputou pela primeira vez uma eleição em 1994 e se elegeu senador com mais de 5,5 milhões de votos. Também foi assessor especial do governador de São Paulo entre 1992 e 1994.
A carreira política de Tuma foi decorrência da notoriedade que ele obteve como policial. Tuma foi investigador, delegado e diretor de Polícia Especializada da Polícia Civil de SP, da década de 1960 à década de 1980. Dirigiu o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo durante a ditadura militar. Foi nessa ocasião que manteve preso o então líder sindical e hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1980. Foi durante o período em que esteve preso que Lula perdeu sua mãe, dona Lidu. Tuma permitiu a Lula que deixasse a prisão para acompanhar o enterro.
A fama de Romeu Tuma como policial é decorrência de duas investigações, principalmente. Foi ele que descobriu a ossada de Joseph Mengele, um dos mais procurados criminosos de guerra nazista. Médico na Segunda Guerra Mundial, Mengele cometeu atrocidades, fazendo experiências genéticas com os judeus presos nos campos de concentração. Tuma descobriu que após a guerra Mengele escondeu-se no interior de São Paulo, e ali morreu. Tuma foi também o responsável pela captura do mafioso italiano Thomazzo Buscheta, cujas confissões abalaram a organização criminosa nas suas conexões na Itália e nos Estados Unidos.
Por conta da notoriedade como policial, Tuma acabou se tornando superintendente da Polícia Federal em São Paulo em 1983. No ano seguinte, no governo Sarney, torna-se o diretor-geral da Polícia Federal, entre 1984 e 1992. No governo Fernando Collor, é nomeado secretário da Receita Federal, entre 1990 e 1992.
Em 2000, foi candidato à Prefeitura de São Paulo, mas terminou em quarto lugar. Nas eleições de outubro de 2002, recebeu 7,27 milhões de votos e obteve novo mandato de senador, com vigência até 2011.
Filho de sírios, Romeu Tuma nasceu na capital paulista. Era bacharel em Direito e lançou dois filhos na política: o ex-deputado federal Robson Tuma (DEM) e o ex-deputado estadual Tuma Júnior (PPS), que deixou o cargo de secretário nacional de Justiça após denúncias de envolvimento com o braço da máfia chinesa em São Paulo.
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