Mário Coelho
O deputado Edmar Moreira (sem partido_MG), ao apresentar sua defesa no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, engrossou a voz e disparou contra os ex-colegas de partido. Ele, que enfrenta processo de cassação por uso indevido da verba indenizatória, fez várias críticas aos deputados ACM Neto (DEM-BA), corregedor da Casa, e Solange Amaral (DEM-RJ), que participa do conselho.
Para reforçar as críticas aos democratas, Moreira apresentou um requerimento de suspeição ao presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA). No documento, o parlamentar mineiro pede que os ex-colegas sejam declarados suspeitos e não participem da análise do seu caso. “Eles vêm utilizando mecanismos cínicos e mentirosos para me difamar”, disparou Edmar.
O requerimento se baseia em três argumentos. O primeiro seria a determinação do DEM em tomar a segunda presidência dele. Em fevereiro, Moreira se elegeu segundo vice-presidente e corregedor da Câmara como candidato avulso, derrotando o nome indicado pelo próprio partido. “Depois disso fui sumariamente expulso pelo DEM”, afirmou.
Moreira argumenta tamém que integrantes do DEM passaram a usar a imprensa para agilizar sua cassação e que ACM Neto e Solange Amaral tem demonstrado todo o “ódio e sentimento de vingança” contra ele. “ACM Neto, como corregedor, frequentemente vazou informações sobre o andamento do meu processo. Ele foi meu algoz.”
Defesa
Os ataques não ficaram restritos ao momento que Edmar apresentou o requerimento. Ele, no início da sua intervenção, destacou que, pela primeira vez, tem direito ao contraditório. “Agora posso dar satisfação e mostrar meus argumentos”, disse. Ao pedir o arquivamento do processo, o deputado afirmou que não cometeu nenhum crime. Explicou que transferiu o castelo para um de seus filhos em 1993 em cartório e que a operação consta na declaração de imposto de renda daquele ano. “Eu fiz isso antes de entrar para a vida pública.”
O deputado mineiro confirmou que a verba indenizatória foi usada para pagar despesas de segurança à sua própria empresa, e que essa possibilidade era permitida pela Mesa Diretora. “Nunca escondi que essa empresa era minha. Eu sou o único dos 513 deputados a ser julgado”, afirmou.
“Minhas empresas, em quase 40 anos, já geraram mais de 68 mil empregos”, disse o deputado ao justificar o uso da verba. Nesse momento, começou a disparar contra ACM Neto, que presidiu a comissão de sindicância que recomendou o processo contra Edmar. “Meus detratores foram colocados aqui pelos pais ou pelos avós. A maior parte da gente não pode competir com gente assim no mérito”, atacou.
Para ele, a comissão de sindicância foi ilegalmente instaurada e produziiu acusações “irresponsáveis e levianas”. Segundo o parlamentar, a comissão não poderia existir por ato do presidente. “A forma correta seria por ato da mesa”, comentou. “Houve dolo, perseguição e maldade contra minha pessoa.”
Suspeição
Durante a leitura da defesa, deputados criticaram a postura de Edmar em atacar os ex-colegas de DEM. José Carlos Araújo afirmou que iria permitir o amplo direito de defesa, mas que atacar AM Neto não fazia parte dela. Solange Amaral disse que estava ouvindo “a declaração de suspeição de um deputado que sequer está presente”.
O deputado Ruy Paulette (PSDB-RS) lamentou que Moreira tenha adotado, como defesa, o ataque aos deputados. “Não concordo com a linha de defesa. Não dá para culpar os colegas. Pode declarar suspeição, mas nós precisamos saber os motivos”, opinou.
O depoimento de Moreira, que terminou há pouco, durou aproximadamente três horas. Após o pronunciamento, José Carlos Araújo encerrou a sessão por conta da ordem do dia e convocou uma nova para a próxima semana.
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