Segundo a nota dos advogados, Mirian contou à Polícia Federal que, do seu relacionamento com o ex-presidente, nasceu Tomas Dutra Schmidt, em 1991. No ano seguinte, por vontade própria, ela decidiu se mudar para a Europa, onde “reside até o momento, de forma ininterrupta”. Desde então, afirmam os advogados, o ex-presidente pagou integralmente “o custeio dos estudos do filho Tomas desde o ingresso na escola até os presentes dias”. Atualmente, Tomas faz mestrado em Ciências Econômicas.
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“Durante este período, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso efetuou os pagamentos de cunho educacional de formas distintas, sendo inicialmente através de entrega dos valores necessários, seguido de depósito em conta bancária titulada pela mãe, e, nos dias atuais, o faz diretamente na conta do filho Tomas”, afirma a nota.
Acrescenta que Mirian disse à Polícia Federal que foi funcionária da Rede Globo por 30 anos, em regime de exclusividade, mas seu vínculo com a emissora terminou em dezembro de 2015. Segundo os advogados, nesse período, a jornalista viveu “de seu próprio salário, não tendo recebido do ex-presidente recursos outros se não os estritamente destinados à educação de Tomas”. Procurado pela Agência Brasil, o Instituto Fernando Henrique Cardoso ainda não se pronunciou sobre a nota dos advogados.
Depoimento
A jornalista Mirian Dutra chegou à sede da Polícia Federal em São Paulo para depor ontem por volta das 13h40 e deixou o prédio às 19h45, sem falar com a imprensa. No final do depoimento, ela apenas disse aos jornalistas que estava cansada.
Ela foi ouvida em um inquérito, aberto em fevereiro deste ano, que investiga possíveis irregularidades cometidas por Fernando Henrique ao enviar recursos para a jornalista no exterior. Mirian foi ouvida por declarações que fez a revistas brasileiras em que ela acusa o ex-presidente de ter enviado dinheiro para o exterior, de forma irregular, usando uma empresa chamada Brasif, para pagamento de despesas do filho.
Em entrevista à revista BrazilcomZ, Mirian confirmou que teve um relacionamento com Fernando Henrique Cardoso antes de ele se tornar presidente da República, durante parte dos anos 1980 e início da década de 1990, e afirmou que seu filho, Tomás Dutra Schmidt, hoje com 23 anos, é filho de FHC. Mirian disse ainda que o ex-presidente usou uma empresa para enviar dinheiro para o filho no exterior.
À Folha de S.Paulo, a jornalista disse que a primeira transferência foi feita por meio de um contrato fictício de trabalho, no fim de 2002. O documento, obtido pelo jornal, mostra que a contratante é a Eurotrade, com sede nas Ilhas Cayman. A empresa era subsidiária do grupo Brasif que, na época, monopolizava a exploração de free shops, serviço administrado pelo governo federal. Apesar de ter dado dinheiro a Tomás, Mirian disse que FHC nunca assumiu a paternidade do rapaz. Perguntada sobre o motivo de só ter trazido os fatos à tona agora, a jornalista disse que “está na hora das pessoas começarem a saber a verdade”.
Na nota enviada pelos advogados hoje à imprensa que informa sobre o que Mirian disse à Polícia Federal, a Brasif não foi citada, ao contrário do que a jornalista disse anteriormente em entrevista às revistas. Procurada ontem pela Agência Brasil, a Brasif enviou uma nota em que diz que a Eurotrade, uma plataforma logística internacional das operações da Brasil Duty Free Shop, contratou, “em dezembro de 2002, a jornalista Mirian Dutra para realizar pesquisas sobre os preços em lojas e free shops na Europa” e que ela foi indicada para a função pelo jornalista Fernando Lemos, seu cunhado.
Na nota, a empresa diz que o “ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não teve qualquer participação na contratação, tampouco fez qualquer depósito na Eurotrade ou em outra empresa da Brasif”. A empresa também informou que a Eurotrade e a Brasil Duty Free foram vendidas em 2006.
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