O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello rebateu hoje (29) as críticas que o presidente Lula fez ontem (28) ao Poder Judiciário. Em viagem a Aracaju para participar da inauguração de um viaduto, Lula fez críticas à conduta do Judiciário em acatar sem critério as ações da oposição contra programas sociais do governo. “Seria tão bom se o Poder Judiciário metesse o nariz só nas coisas dele, o Legislativo apenas nas coisas dele, e o Executivo apenas nas coisas dele”, declarou Lula.
“Se quiser ser político, que renuncie lá e se candidate a um cargo para falar as bobagens que quiser, na hora que quiser", disse Lula, com tom de voz alterado, referindo-se veladamente a Marco Aurélio.
Para o ministro Marco Aurélio, conhecido por suas críticas ao Executivo, o governo não poderia intensificar a elaboração de projetos sociais em ano eleitoral. O ministro, que manifestou tal opinião no transcorrer da semana, referia-se ao programa Territórios da Cidadania, anunciado pelo governo no último dia 25. O magistrado respondeu às declarações de Lula.
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"Eu estranhei a acidez das colocações. Mas relevo porque o presidente estava num ambiente político. Mas eu, Marco Aurélio Mello, como ministro, não atuo em ambiente político", disse o ministro, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, à Folha Online.
Como se referiu também ao Legislativo, Lula foi replicado por parlamentares da oposição. Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), Lula “tem de agüentar o fato de ter uma oposição vigilante”. Já o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), foi mais grave em sua crítica. “É uma afronta à democracia, à soberania dos Poderes da República”, bradou.
Diante da reação de Legislativo e Judiciário, Lula amenizou o discurso. “Não existe crise de Poderes neste país, até porque são independentes”, ponderou, mas sem deixar de defender o direito a manifestar seu incômodo com “interferências” opinativas de um Poder sobre o outro. (Fábio Góis)
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