O maior programa de habitação popular do país, o Minha Casa Minha Vida, tem sofrido com organizações criminosas de empreiteiras de médio porte, associadas em cartéis, que burlam concorrências, superfaturam obras, repassam propinas e financiam campanhas políticas. O modo de operação se assemelha ao identificado na Petrobras pela Operação Lava Jato, mostra reportagem de O Globo deste domingo (29). Segundo o jornal, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) identificaram ao menos quatro casos dessa natureza em três estados.
De acordo com o Ministério Público, mais de 300 inquéritos apuram fraudes no Minha Casa Minha Vida em todo o país. As irregularidades também envolvem a escolha de beneficiários, o custo das obras, a baixa qualidade do material empregado na construção das casas e o repasse de dinheiro público sem o cumprimento dos serviços.
“É exatamente a história da Lava Jato, só que em menor escala. São empresas de poderio econômico relevante que disputam contratos públicos em negociações com políticos locais. Mas o modus operandi é o mesmo de empresas multinacionais em contratos bilionários com a União”, disse ao Globo o promotor Ricardo Herbstrith, responsável pela investigação em Novo Hamburgo (RS), um dos municípios onde há suspeita de irregularidade.
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Além do Rio Grande do Sul, Minas Gerai e Acre também estão com investigações avançadas na apuração de fraudes no Minha Casa Minha Vida, de acordo com o jornal. Apenas nesses estados, as suspeitas recaem sobre a contratação para a construção de 4 mil unidades habitacionais.
Desde o início do programa, há seis anos, o governo já entregou 2,8 milhões de casas a um custo de mais de R$ 270 bilhões, segundo o Ministério das Cidades. Em nota, a pasta informou ao Globo desconhecer o teor das denúncias.
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