O brasileiro voltou a sair às ruas, neste sábado (22), para reivindicar. Da mudança na Constituição que esvazia o poder de investigar do Ministério Público aos gastos públicos elevados com a organização da Copa, passando pelos projetos da “cura gay” e do Estatuto do Nascituro, uma pauta diversificada ecoou pelas vozes de milhares de manifestantes em todo o país.
Em Belo Horizonte, cerca de 70 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, protestaram nos arredores do Estádio do Mineirão, onde México e Japão se enfrentaram pela Copa das Confederações. Houve depredação e confronto entre um grupo de manifestantes e policiais e, pelo menos, dez pessoas ficaram feridas. Um jovem de 16 anos caiu de um viaduto e está internado em estado grave. Entre as reivindicações dos mineiros, estão a implantação do passe livre para o transporte coletivo, mais investimentos públicos em saúde e educação e o pedido de afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado.
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PEC 37
Em São Paulo aproximadamente 35 mil manifestantes se posicionaram contra a votação da chamada PEC 37 – proposta de emenda constitucional que proíbe procuradores e promotores de abrirem investigações criminais. A Câmara pretendia votar o texto no próximo dia 26, mas adiou a discussão por falta de acordo entre os parlamentares e por causa da pressão vinda das ruas. A PEC 37 também foi alvo de manifestações em outras capitais, como Goiânia e Brasília. Na capital federal, cerca de 3,5 mil manifestantes se deslocaram do Museu Nacional até o Congresso Nacional, onde cantaram o Hino Nacional.
O grupo também pedia a saída dos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Houve, ainda, críticas aos gastos públicos com o Mundial de futebol de 2014. “Copa do Mundo, eu abro mão! Quero dinheiro para saúde e educação”, entoava, engrossando a lista de reclamações.
Marcha das Vadias
Brasília também foi palco de outra manifestação, a chamada Marcha das Vadias, programada já há dois meses e que chegou à sua terceira edição na cidade. Marco Feliciano foi um dos principais alvos dos manifestantes este ano. Os participantes criticaram a aprovação pela CDH, há menos de duas semanas, do projeto que prevê o pagamento de um auxílio-financeiro às mulheres que optarem por ter o bebê em caso de estupro. Chamada de Estatuto do Nascituro, e de bolsa-estupro por seus críticos, a proposta ainda vai ser examinada pelo plenário da Câmara.
O ato também repudiou a aprovação de outra proposição polêmica: a que prevê tratamento psicológico para homossexuais. A aprovação da “cura gay” pela Comissão de Direitos Humanos foi classificada como “um erro” pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), após chegar de viagem da Rússia na quinta-feira passada.
Presente à manifestação, a deputada Érika Kokay (PT-DF) criticou Henrique por não ter tomado, antes da viagem, nenhuma providência para impedir a votação da proposta nem para afastar Feliciano do comando do colegiado. Para a deputada, esse tipo de protesto serve para pressionar a Câmara a se posicionar.
“Tem uma onda obscurantista que é fascista, que se alimentou das estruturas do Estado e irrompe para acabar com todos os direitos. Eles têm um projeto de poder que acaba com a laicidade”, afirmou a deputada. “Todas as vezes que a população se coloca em movimento, que as mulheres expressam o seu desejo de ser respeitada e não ter o útero ferido, cria-se uma repercussão no Congresso”, emendou.
O fim da violência contra as mulheres e a legalização do aborto também fizeram parte da pauta da Marcha das Vadias em Brasília. Além de mulheres, homens também participaram do protesto, alguns trajando roupas femininas. Representantes de grupos de homossexuais ajudaram no coro anti-Feliciano.
Em Santa Maria (RS), onde mais de 200 pessoas morreram no incêndio de uma boate, em fevereiro deste ano, cerca de 30 mil pessoas saíram às ruas pedindo Justiça para os responsáveis pela tragédia na Boate Kiss.
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