Em depoimento à CPI dos Grampos da Câmara, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Félix, afirmou que a única tecnologia antigrampo que é absolutamente eficaz é “não abrir a boca”.
“Existem equipamentos hoje que colocam infravermelho na vidraça nas nossas salas de trabalho. Com a vibração da voz, ele capta tudo aquilo que está sendo falado, e são equipamentos que não são tão modernos assim. Hoje é muito difícil ter absoluta certeza de que você não está sendo monitorado de alguma forma", explicou o ministro.
Aos parlamentares, Félix também afirmou que o presidente Lula já foi alvo de tentativas de grampos. "Eu diria que sim, mas foi absolutamente desmontado", respondeu Felix à pergunta feita pelo relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA). Segundo o chefe de Segurança, a tentativa de interceptação telefônica clandestina foi feita durante uma viagem de Lula ao exterior. Félix não entrou em detalhes.
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Amanhã, os parlamentares vão ouvir o diretor-geral adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), José Nilton Campana. Ao lado do diretor-geral do órgão, Paulo Lacerda, Campana foi afastado ontem do cargo pelo presidente Lula. O horário do depoimento de Campana ainda não está definido.
No Espírito Santo, onde participou de uma cerimônia simbólica de extração do petróleo da camada pré-sal, Lula afirmou que o afastamento da direção da Abin ocorreu para que as investigações sobre grampos ilegais ocorram com transparência.
“A decisão pelo afastamento foi tomada para mostrar que haverá transparência nas investigações. Se algum de vocês souber de alguma coisa é só falar, porque a fonte conversou foi com vocês jornalistas, não foi comigo.”
Lula se referia à reportagem da revista Veja, publicada nesse final de semana, que revela um diálogo entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). De acordo com a revista, um funcionário da Abin, que pediu para não ser identificado, entregou à publicação o diálogo entre o ministro e o congressista. (Rodolfo Torres)
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