O PT e a oposição fecharam ontem à noite um acordo para negociar alterações pontuais no texto do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) e evitar que a CPI dos Correios termine seus trabalhos sem um relatório conclusivo. Os petistas desistiriam de derrubar o relatório original da comissão e votar o documento paralelo apresentado na manhã dessa terça. Entre outras mudanças, o texto livrava os ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken do pedido de indiciamento e reduzia o mensalão a um esquema de caixa dois.
Para permitir um acordo e facilitar a aprovação de um texto único, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS) aceitou flexibilizar as regras da votação do relatório. Delcídio permitiu a apresentação de emendas e destaques ao relatório de Serraglio. Antes só estavam sendo admitidos votos em separado, que exigem a rejeição do texto original.
Com isso, há possibilidade de aprovação do relatório do peemedebista e alteração apenas dos pontos polêmicos. Porém, pelo menos quatro pontos ainda dificultam o entendimento: a existência do mensalão; a origem dos recursos do valerioduto (o relator afirma que parte do dinheiro foi repassada pela Visanet); a relação dos fundos de pensão com o valerioduto e a tipificação dos crimes nos pedidos de indiciamento de envolvidos nos escândalos.
Leia também
"Existe uma linha estrutural que é imodificável. Tenho problemas em relação ao mensalão e à Visanet. Vou resistir até o limite e se for o caso vamos para o voto", disse Serraglio. A votação do relatório foi adiada de ontem para hoje. O prazo da CPI acaba na segunda-feira.
"A temperatura subiu muito. O sentimento majoritário é que, se os dois lados continuassem nesse clima, não seria votado nada. A CPI ficaria sem relatório", disse a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC). "Vamos fazer um esforço para que não tenhamos dois relatórios. A posição dos partidos é no sentido de fazer sugestões para se chegar a uma convergência em um texto comum", afirmou o deputado Maurício Rands (PT-PE).
A oposição aceita rever os pedidos de indiciamento de José Dirceu e Luiz Gushiken, cujos casos seriam encaminhados para o Ministério Público para o aprofundamento das investigações.
A construção do acordo foi feita numa reunião a portas fechadas entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Delcídio, Serraglio, os sub-relatores e outros integrantes da CPI. Uma comissão de sistematização foi formada para ter dar nova redação ao texto.
Deixe um comentário