Depois de um ano repleto de episódios políticos marcantes, não falta inspiração para quem busca unir política e humor no carnaval deste ano. As máscaras são acessórios básicos que podem assumir um tom de crítica ou de sátira quando representam personalidades conhecidas do cenário político. Em 2016, três personagens prometem ganhar as ruas: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e o chefe do núcleo de Operações da Polícia Federal em Curitiba, Newton Ishii, popularmente conhecido como “japonês da federal”.
A espanhola Olga Valle, 58 anos é enfermeira por formação, mas há 22 anos – desde que veio morar no Brasil – trabalha em uma fábrica no Rio de Janeiro que produz artigos de fantasias, com um catálogo exclusivo de máscaras de políticos. A proprietária conta que além das três novidades deste ano (Cunha, Delcídio e “japonês da federal”), máscaras do ex-presidente Lula, da presidente Dilma e do ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa também têm tido boa saída para o comércio.
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Dentro do catálogo de máscaras de políticos a fábrica dispõe até mesmo da categoria “Internacional”, com personalidades mundialmente conhecidas como o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi; o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez; o ativista e ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela; o ditador iraquiano Saddam Husein e o líder da organização terrorista Al-Qaeda, Osama Bin Laden. A máscara do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é a mais demandada pelas lojas de fantasias, e, neste ano a pré-candidata pelo partido Democrata na corrida presidencial dos EUA também vai ganhar as ruas: a máscara de Hillary Clinton é um dos lançamentos da fábrica.
São mais de 56 modelos de máscaras. Todo ano a equipe de criação pensa nos novos personagens que serão produzidos para a festa. “Esse ano eram muitos. A gente vê quem sai mais nos jornais. Quem aparece mais na mídia são os escolhidos – ou porque fez muito mais coisa errada do que os outros ou porque fez muito mais certo”, conta Olga.
Este ano, depois de sofrer uma ameaça de processo, a fábrica desistiu da ideia de produzir máscaras do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, preso em decorrência das investigações da Operação Lava Jato. Essa foi a primeira vez que tiveram este tipo de problema, afirma Olga: “Os políticos têm um bom jogo de cintura, encaram com bom humor”.
O valor das máscaras pode variar de R$ 4 a R$ 50, dependendo do material utilizado e dos detalhes que compõem o produto final, como pelúcia ou tecido. No entanto, Olga conta que as vendas de 2016 estão mais fracas, consequência do calendário – que este ano antecipou o carnaval – e da crise econômica. Na festa deste ano vendas de máscaras de políticos ficaram entre 8 e 10 mil unidades. Em 2012, durante o julgamento do mensalão, máscaras do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa fizeram sucesso “vendemos 15 mil máscaras só dele”, lembra Olga.
Como o volume de vendas é flutuante, a categoria de máscaras de políticos não chega a ser o carro-chefe da fábrica e representa entre 10 e 20% do faturamento da empresa. “Tem algumas que não vendem, encalham mesmo. A Graça Foster nunca vendeu bem, nem o Serra. Marina [Silva] também teve uma venda muito tímida”, conta a proprietária.
Independente do personagem escolhido, seja em tom de elogio ou de crítica, certamente não vão faltar opções para quem gosta de misturar política e folia.
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