O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), acaba de confirmar o nome da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) para presidir a CPI Mista dos Cartões Corporativos. Hoje (27), o PMDB concordou em liberar a presidência para a oposição, depois de ter recebido ontem (26) um ultimato quanto à divisão dos cargos de comando. Depois de uma longa reunião com a colega de partido, Virgílio falou à imprensa e fez elogios à postura “firme e corajosa” de Serrano.
“Ela será isenta, corajosa e firme. Ela não queria aceitar, mas eu disse: ‘Marisa, você precisa aceitar”, resumiu Virgílio, dando sinais de como será a atuação da senadora. “Ela vai partir pra cima de cada delito cometido, vai ser dura nas investigações de cada delito.”
Além de Marisa Serrano, outro nome foi antecipado pela oposição como possível presidente da comissão mista, sob a ameaça de instalação da CPI exclusiva no Senado, onde o equilíbrio de forças é maior: Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que recusou a função hoje. Jarbas era inclusive o nome defendido principalmente pelo DEM, devido à postura independente do governo, apesar de integrar um partido da base.
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"O senador Jarbas Vasconcelos, que era o nosso indicado, liberou o PSDB desse compromisso, para não ser empecilho às apurações verdadeiras, para não servir de pretexto a ninguém para não se apurar", explicou Virgílio, declarando um dos critérios para a escolha de Marisa Serrano. "Ela teve uma atuação destacada e segura no episódio Renan Calheiros [PMDB-AL]. Ela aceitou sob protesto, mas aceitou."
Respeito ao rito
Acertada a indicação, a senadora falou à imprensa agora há pouco em seu gabinete. Ela acredita que a CPI coibirá as "pessoas que vivem no ilícito". "A CPI vai prestar um serviço ao país. As pessoas que vivem na ilegalidade agora vão pensar duas vezes", declarou a senadora, explicando o porquê da relutância em aceitar o convite.
"No ano passado, corri o Brasil inteiro com o deputado José Aníbal [PSDB-SP] organizando o Congresso do PSDB", explicou Marisa, dizendo que, além disso, contribui para seu "cansaço" a relatoria de um dos processos movidos contra Renan Calheiros no Conselho de Ética do Senado, segundo o qual Renan teria usado dinheiro de lobista para pagar despesas pessoais.
Questionada se ter um relator petista (o deputado Luiz Sérgio-RJ) ao seu lado na comissão poderia criar uma situação conflitante, a senadora foi diplomática. "É possível que a gente consiga fazer um bom trabalho. Vamos fazer o possível para, em cima do rito, chegar ao melhor resultado possível", afirmou, minimizando exemplos de CPI que, com presidente e relator em situações opostas, não avançaram nas investigações. "Cada CPI é uma CPI."
Serrano disse que ainda não falou com o relator, por isso tudo o que diz respeito aos trabalhos do colegiado – requerimentos, convocações etc – terá de esperar definição. "Seria precipitado falar agora." Ela disse também que decidirá em conjunto com Luiz Sérgio qual será o ponto de partida das investigações acerca dos gastos com cartão corporativo: se o ano de 1998, à época do governo Fernando Henrique Cardoso, ou as despesas do atual governo.
"CPI é um instrumento do Legislativo para fiscalizar, levantar todos os problemas, investigar e dar uma solução. O objetivo maior da CPI é, ao seu término, dar uma resposta positiva, com o objetivo alcançado", propugnou Serrano, para depois informar que, "até terça [4] ou quarta [5], no máximo", os partidos farão as indicações para a composição da CPI. Entretanto, a senadora não soube precisar a data de instalação do colegiado. (Fábio Góis)
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