Eduardo Militão
A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, disse, na noite
desta terça-feira (10), que não silenciou durante a crise do mensalão – denúncia
do Ministério Público segundo a qual o governo comprou votos de deputados para
aprovar projetos de seu interesse no Congresso. Em entrevista ao Jornal
Nacional, da TV Globo, a ex-ministra do Meio Ambiente do PT disse que não foi
ouvida à época, dentro e fora do governo. E afirmou que combateu, “por dentro”,
as práticas que condenava mesmo ignorada.
“Não foi conivência e também não foi silêncio. Quando eu me pronunciava, eu
não tinha ninguém para me dar audiência e potencializar minha voz”, disse
Marina. “Sempre dizia que aquilo era condenável, que deveria ser investigado e
que deveriam ser punidos todos os que praticaram irregularidades.” A ex-petista
ressaltou que havia pessoas, como ela, que não praticaram “o mesmo
erro”.
Questionada pelo apresentador William Bonner porque se manteve no governo e
no PT, enquanto outros partidários abandonaram a sigla, Marina enfatizou: “Eu
permaneci no partido e fiquei igualmente indignada”. E continuou: “Fiz o combate
a minha vida inteira contra a corrupção. Ninguém pode se vangloriar de ser
honesto. Eu permaneci para dar a contribuição que achava que ainda poderia dar
dentro do governo, mas não por ser conivente.”
Marina disse que seu desconforto ético com o mensalão foi forte. “Foi forte,
sim. Mas eu sabia que estava combatendo por dentro e que conseguiria ser
vitoriosa. Primeiro, porque eu não tinha praticado nenhuma irregularidade.”
Marina disse que só saiu do partido quando viu que não era possível continuar
lutando pelas ideias que defendia.
Governo verde-tucano-petista
A candidata, que não tem aliança com nenhum partido, disse que isso será uma
vantagem para ela caso seja eleita. Marina disse que os concorrentes, Dilma
Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), estão comprometidos com acordos
pré-eleitorais.
“Eles só podem repetir mais do mesmo do presidente Fernando Henrique [PSDB],
que ficou refém dos Democratas [ex-PFL], e do presidente Lula, que acabou
ficando refém do fisiologismo do PMDB”, criticou. Marina voltou a dizer que quer
governar com a ajuda de tucanos e petistas. “Quem pode estabelecer um ponto de
união entre essas forças que não conversam se chama Marina Silva.”
A candidata refutou a ideia de que, num eventual governo dela, haverá mais
dificuldade de obterem licenças ambientais necessárias a obras de
infraestrutura, como rodovias e usinas hidrelétricas. Maria afirmou que, no
início de sua gestão no Ministério do Meio Ambiente, as licenças demoravam
a sair porque a pasta ainda estava se reestruturando. Entretanto, disse que,
mesmo assim, liberou 265 licenças por ano. Antes de assumir, a média era de 145
licenças anuais.
A entrevista transcorreu com a dificuldade de Marina sintetizar suas
respostas às perguntas, na conversa que não poderia estourar os 12 minutos. Ela
voltou a dizer que a luta pela preservação do meio ambiente não se opõe ao
desenvolvimento econômico, mas se alia a ele, à educação, à saúde pública e à
qualidade de vida da população.
Ao final, a candidata do PV agradeceu a Deus e citou sua história de vida.
Marina disse que o Brasil já elegeu um sociólogo, um torneiro mecânico e está
prestes a eleger uma mulher pobre vinda da Amazônia e afirmou que vai lutar pela
educação.
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