Thomaz Pires
O segundo bloco do debate na TV Canção Nova envolvendo os candidatos à Presidência da República foi guiado pelas perguntas dos jornalistas. Durante mais de 40 minutos, os postulantes responderam temas espinhosos. Ao ser provocada pelo candidato Plínio de Arruda (Psol), a senadora Marina Silva (PV-AC) elevou o tom e rebateu de forma incisiva a referência pejorativa de “ecocapitalista”, que voltou a ser apresentada pelo candidato do Psol. Plínio já a chamara assim no debate da TV Band.
“Olha Plínio, eu não vou entrar nessas provocações de ecocapitalista ou discutir o seu ecossocialista. Eu vim aqui para discutir propostas para o crescimento do Brasil. E assim vou continuar”, disse a senadora. “Quem rotula é porque não quer discutir”, bateu ela. Na tréplica, Plínio não recuou e seguiu na investida. “Marina, você tem que deixar clara a sua posição. Política é enfrentamento. É luta de classe. E isso você não apresenta. É como se tudo estivesse arrumado e esse governo justo para você”, disparou Plínio.
Além do projeto de governo, os presidenciáveis foram questionados sobre temas como aborto, homofobia e alianças políticas. Quando se tratou da composição ministerial, Marina disse que não haveria problemas em compor em sua equipe ministerial representantes do “PSDB, Psol, e PMDB”. Já o candidato Serra disse que seu governo não admitirá “loteamento político”, o que segundo ele, vem sendo praticado de forma sistemática pelo atual governo.
Como previsto, o debate com os três presidenciáveis também se concentrou em temas religiosos. Nas perguntas relativas ao aborto, os candidatos se disseram pessoalmente contrários. Mas a posição foi de que a opinião particular ou a posição de uma instituição como a igreja não pode se impor sem discussão sobre as demais posições. Nesse sentido, Marina Silva voltou a defender um plebiscito para que a sociedade possa se pronunciar. Serra foi frontalmente contra e lembrou a proposta, na época da Constiituinte, de se fazer um plebiscito sobre pena de morte. “Aborto é como pena de morte: jamais faria plebiscito sobre esses temas”.
Sobre a utilização de símbolos religiosos em espaços públicos, Plínio posicionou-se contra. Nas explicações dele, o Estado é laico e deve respeitar a diversidade religiosas. Tanto Marina como Serra não negaram a fixação desses símbolos nas repartições públicas.
Controle estatal
Plínio de Arruda defendeu a criação de um conselho da sociedade para regular a mídia. O candidato classificou as programações das televisões como “um lixo”, e defendeu maior controle, envolvendo representantes de todos os setores da sociedade, nas emissores de televisão. “No meu governo, teremos controle. Não há dúvidas que seja preciso tomar esse rumo para melhorar a programação”.
O candidato Serra refutou a proposta de Plínio de imediato. “Olha Plínio, eu tenho muito medo desse tipo de controle. Da verdade única. Esse modelo está ultrapassado. E a pergunta que fica é quem iria fazer esse controle. Isso, ao meu ver, daria margem para a imposição política, o que não é saudável”, explicou.
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