O deputado Edigar Mão Branca (PV-BA) subiu hoje (18) à tribuna da Câmara para criticar um artigo do jornal paranaense O Estado do Paraná, intitulado “Um mundo que parou no tempo”. De acordo com o parlamentar, o artigo define o povo nordestino “como ladrão, que vive em cidades imundas, que não têm noção de limpeza, de educação, de respeito entre eles mesmos e o caracteriza como ‘mamelucos’ e ‘cafuzos’”.
“Nós sabemos que essa não é a primeira nem a última vez que atacam o nordestino, mas é hora de exigir dessa Casa que tome providências”, afirmou o parlamentar.
Mão Branca também falou do chapéu que usa, e defendeu a utilização de indumentárias regionais pelos parlamentares. “Além desse chapéu ser parte de mim, de me sentir mutilado sem ele, eu posso citar outros parlamentos do mundo, como a China, onde o parlamentar pode representar a sua cultura, a sua região. Isso sim considero evolução política”, afirmou.
“O Lula monta mobilete, coloca boné, chapéu, camiseta e é presidente da República. Será que com um pensamento preconceituoso e atrasado como esse não estaríamos assinando atestado de conformismo com o cargo de deputado federal?”, alfinetou. (Rodolfo Torres)
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Confira a íntegra do discurso do deputado Edigar Mão Branca
"Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, quando me inscrevi para discursar neste plenário, tinha em mente falar de um jornalista que desceu a ripa nos nordestinos, no jornal O Estado do Paraná, no último dia 11 de fevereiro, através de um artigo do intitulado "Um mundo que parou no tempo". Eu chamo até a atenção da bancada dos nordestinos para que atentem sobre este artigo, que deixarei anexado a este pronunciamento, pois esse Senhor ofendeu muita gente colocando no jornal o que ele imaginou.
O Senhor sabe o que ele falou, Senhor Presidente? Ele define o povo nordestino como ladrão, que vive em cidades imundas, que não têm noção de limpeza, de educação, de respeito entre eles mesmos e o caracteriza como "mamelucos e cafuzos". Nos sabemos que essa não é a primeira nem a última vez que atacam o nordestino, mas é hora de exigir dessa Casa que tome providências. Afinal aqui
representamos mais de 34 milhões de nordestinos.
Pois é. Falaria desse artigo por entender que o preconceito é coisa de gente ignorante, que não sabe valorizar a cultura de um povo. Mas vejo que me enganei. Hoje percebo que também sou vítima da intolerância quando falam tanto em tirar o meu chapéu.
Por que esse chapéu incomoda tanto? Se para muitos é ridículo o meu chapéu, para tantos também é a peruca, o brinco, o piercing, a tatuagem, o cabelo comprido e nem por isso há perseguição aos que usam isso.
Além desse chapéu ser parte de mim, de me sentir mutilado sem ele, eu posso citar outros parlamentos do mundo, como a China, onde o parlamentar pode representar a sua cultura, a sua região. Isso sim considero evolução política.
Com esse meu chapéu, além de me sentir bem com ele, gostaria que ele fosse a representação de uma classe, de um povo, de uma gente quase sempre vítima do esquecimento político deste país: o nordestino, o vaqueiro, o trabalhador rural, esses bravos que não foram criados com toddy. O que se percebe neste país é que quem foi criado com toddy jamais se sensibiliza com o problema do pobre.
A classe dos vaqueiros, por exemplo, profissão até hoje não regulamentada – e que lutarei por isso – é uma classe sofredora, sabe o que é o peso da lida, sofrimento com a seca, um salário baixo e a responsabilidade com o patrimônio do patrão.
Ainda essa semana, cantando para um grupo de vaqueiros na cidade de Ribeirão do Largo, na Bahia, eles diziam em uma faixa: "PIOR DO QUE USAR CHAPÉU É VIVER DANDO CHAPÉU NO POVO"!
A conotação que se deu no país inteiro é que existe uma briga travada entre eu, Edigar Mão Branca e o Presidente desta Casa, quando na realidade, eu quero deixar claro é o meu respeito não só a ele como a todos os colegas parlamentares e dizer a todo o povo brasileiro, especialmente ao de meu Estado, de minha Região, que não vou ficar preso a essa discussão.
O que eu quero é cumprir a minha missão de trabalhar contra a fome neste país, que certamente não é somente a fome de comida e, sim, fome de justiça, fome de inclusão social, fome de educação, fome de respeito aos humildes.
Também, o excesso de obediência de alguns nos preocupa quando dizem "se é para cortar o cabelo eu corto. Se é para tirar o brinco eu tiro"! O que diríamos ao povo na plena liberdade de uso de tudo isso? Se fosse apresentado um Projeto de Lei proibindo o uso desse modismo esses parlamentares votariam a favor?
O que representa um chapéu para vocês? O Lula monta mobilete, coloca boné, chapéu, camiseta e é Presidente da República. Será que com um pensamento preconceituoso e atrasado como esse não estaríamos assinando atestado de conformismo com o cargo de Deputado Federal?
Sei que a imagem do chapéu passa para muitos a impressão que sou matuto. Isso não me espanta e nem me envergonha. E sei que de tanto matutar acabei sendo matuto mesmo. Acho até que de tanto matutar decidi me candidatar. Matutei muito por exemplo sobre como é que vão resolver o problema da pobreza se quem discute nunca passou fome? Querem resolver o problema do crime sem ouvir o criminoso.
Querem resolver o problema da droga sem ouvir o drogado. É o mesmo que querer legislar sem ouvir o povo!
Que essa discussão, baseado no que já falei, tenha um fim, por que até o momento ainda não, mas posso me sentir constrangido e ter que tomar outras providências mais sérias.
Aproveito para agradecer o apoio que recebi de todos os segmentos da sociedade brasileira e dos colegas parlamentares, apesar de que percebi em alguns depoimentos que existe um atraso muito grande na forma de pensar de alguns colegas quando citam exemplos de longos anos atrás, se esquecendo de que o mundo atual exige um pensamento voltado para o futuro.
Por fim, gostaria de tornar pública uma idéia de um cidadão bastante orgulhoso de nossas cores, que me chegou através de e-mail, dentre vários que tenho recebido em apoio, que poderia ser acolhida por esta Casa: "Invés de baixo astral, depressão, imagem na lama, a Câmara Federal deveria começar as suas sessões com um som regional. Todo mês, um estado da federaçã
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