Eleitores insatisfeitos com o tratamento dispensado a Lula pela imprensa brasileira estão fazendo circular na internet um abaixo-assinado, intitulado "Manifesto por uma mídia democrática e independente", contra o comportamento de setores da mídia nestas eleições, tanto no primeiro quanto no segundo turno.
"Nós, que assinamos este documento na condição de consumidores de informação e eleitores brasileiros, manifestamos nossa indignação e nosso repúdio diante da acintosa parcialidade e do completo partidarismo com que parcela muito expressiva da grande mídia brasileira, isto é, os meios de comunicação de alcance nacional, têm atuado na presente conjuntura eleitoral", diz o texto, assinado até este momento por 839 pessoas.
O material apresenta dados do Observatório Brasileiro de Mídia, registrando "uma brutal escalada de parcialidade e improbidade da grande mídia brasileira" na semana que antecedeu a votação do primeiro turno.
De acordo com o estudo, cinco grandes jornais de circulação nacional (Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Globo e Correio Braziliense), entre os dias 23 e 29 de setembro, publicaram 465 matérias sobre os dois candidatos à Presidência da República. Dessas, 388 reportagens foram dedicadas a Lula e apenas 20,6% eram positivas. Quanto ao tucano Geraldo Alckmin, recebeu 77 matérias, sendo 42% positivas. "Logo, percentualmente, Alckmin ganhou da imprensa 100% a mais de boas referências que Lula", afirma o manifesto.
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O documento também acusa a imprensa de ter voltado à "época em que Assis Chateaubriand, o todo-poderoso dono dos Diários Associados, era chamado ‘o Rei do Brasil’, fazendo e destituindo presidentes". E acrescenta:
"Exigimos respeito ao princípio da igualdade de condições – neste caso: de equilíbrio informativo nas referências positivas e negativas aos dois candidatos -, sem o qual não se poderá falar em eleições livres".
Por fim, o manifesto pede que o Ministério Público Eleitoral investigue "e o TSE puna essas absolutamente claras intervenções da grande mídia no processo eleitoral e penalize devidamente, nos termos da legislação vigente, os seus responsáveis". Para os signatários do manifesto, está em questão a desobediência ao artigo 22 da Lei Complementar número 64/1990, que impede a “utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político”. (Renaro Cardozo)
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