O ESTADO DE S. PAULO
Violador de IR de tucano em Minas também é filiado ao PT
O analista tributário Gilberto Souza Amarante, que é funcionário da Receita Federal no interior de Minas Gerais e acessou dez vezes os dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, é filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2001.
De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Amarante é um dos 276 filiados do PT que votam na cidade de Arcos, vizinha ao município de Formiga. Foi em Formiga que o analista acessou o CPF de Eduardo Jorge, no dia 3 de abril de 2009, por dez vezes em menos de um minuto. Os acessos foram feitos, portanto, seis meses antes da sequência de violações no ABC paulista, já divulgada, contra vários dirigentes tucanos e contra Verônica Serra, a filha do candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
A identificação de Amarante foi feita pelo Estado com base no número do título de eleitor e do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do analista. Seu registro de filiação é classificado como “regular” pelo sistema informatizado da Justiça eleitoral. O servidor do Fisco vota na 18ª zona eleitoral, na 35ª seção, que fica na Casa de Cultura de Arcos.
Eduardo Jorge, que tem domicílio fiscal no Rio de Janeiro, não tem negócios nem imóveis em Formiga – fato que reforça a suspeita de que a violação de seus dados teve motivos não profissionais. Os acessos aos seus dados fiscais foram identificados pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
41 segundos. A pedido da Corregedoria da Receita, o Serpro fez uma “apuração especial” relacionando todas as consultas que envolvessem o CPF do vice-presidente do PSDB entre 2 de janeiro e 19 de junho de 2009. Constatou-se, então, que os dez acessos à sua vida fiscal foram feitos em 41 segundos – o primeiro deles às 16h32m18s e o último às 16h32m59s. Sabe-se que todos os acessos foram feitos pelo mesmo usuário, a partir de um único computador. A agência de Formiga está subordinada à Delegacia de Divinópolis, a 124 quilômetros de Belo Horizonte.
“Computador ligava sozinho”
Adeildda Leão dos Santos, servidora do Serpro sob suspeita de participação no vazamento de dados do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de outros políticos tucanos, disse que seu computador na agência da Receita em Mauá “era acessado também por outros funcionários”. Em nota oficial, onde apresenta sua versão em 27 linhas, Adeildda relata que a senha da máquina ficava anotada em sua agenda que deixava sobre a mesa ou na gaveta com o cartão da certificação digital.
“Não via problema em outras pessoas usarem o computador pois confiava e não consigo enxergar maldade em meus colegas”, assinala. “Muitas vezes chegava para trabalhar e via que meu computador estava ligado, muito embora tenha desligado no dia anterior antes de sair. Quando questionava, meus colegas me diziam que o computador ligava sozinho.”
Polícia Civil vê crime comum no roubo de Mauá
A Polícia Civil acredita que o grupo que assaltou o comitê eleitoral do candidato a deputado federal Hélcio Silva (PT), na cidade de Mauá (Grande São Paulo), não estava em busca de documentos do partido. “Ao que tudo indica o bando queria mesmo era dinheiro”, observou o delegado Emílio Pescarmona, chefe da Seccional de Polícia de Santo André, com jurisdição em Mauá.
Para Pescarmona, o caso “tem característica de crime comum, mas todas as hipóteses serão rigorosamente investigadas”.
Dilma: ”Vamos apurar e ter calma”
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, admitiu ontem que “causa constrangimento” o fato de pertencer ao partido o analista tributário Gilberto Souza Amarante – que acessou os dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, numa agência da Receita Federal da cidade de Formiga, no interior de Minas Gerais. Na mesma entrevista, em Brasília, a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou que “não é possível conviver com vazamentos”, mas preferiu cautela: “Vamos apurar e ter calma.”
Dilma se dividiu entre cobranças e cuidados. Ao mesmo tempo em que tentava baixar o tom, admitia que “não se pode tratar questão de vazamento de forma leviana” e que “há que se punir, caso se detecte algum malfeito”.
Serra: ”Isso é o DNA do PT”
O candidato à presidência José Serra (PSDB) disse ontem que não tem dúvida nenhuma do envolvimento do Partido dos Trabalhadores (PT) no caso das violações fiscais de pessoas do seu partido. “Isso é o DNA do PT”, avaliou, em entrevista coletiva realizada após visita ao Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista. De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o analista tributário Gilberto Souza Amarante, que acessou os dados do fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Eduardo Jorge, é filiado ao PT desde 2001.
José Serra afirmou que “não vai ficar batendo boca com Lula” e que “está mais que na hora de Dilma sair da sombra do presidente e se manifestar para o Brasil”. O pronunciamento do tucano foi uma resposta ao fato de Lula o acusar de “baixar o nível da campanha”.
Quando o passado não absolve as digitais do presente
No bastidor das conversas sobre o escândalo das violações do sigilo fiscal dos tucanos, dirigentes do PT e assessores do presidente Lula costumam soprar uma versão dos fatos que ninguém tem coragem de debater em público. Uma versão surrada, de natureza semelhante à que foi fartamente usada para “explicar”, por exemplo, os escândalos do mensalão (2005) e dos aloprados (2006).
Em síntese, se alguém ou algum partido que antecedeu o PT no poder fez algo semelhante de errado, então o erro “é velho” e está no DNA do processo político. Em vez de responder pelo erro do presente, os dirigentes do PT buscam a desculpa e a absolvição nos erros do passado.
O que o PT e o Planalto dizem agora, à boca pequena, é que a coleta dos dados sigilosos dos tucanos teria começado com uma equipe de jornalistas, em Belo Horizonte, uma espécie de tropa de choque mobilizada para bisbilhotar a vida e as decisões públicas do pré-candidato José Serra. Estocado na forma de dossiê, o material seria usado para facilitar o caminho do mineiro Aécio Neves na disputa com Serra pela indicação do nome tucano a concorrer ao Planalto.
Aliados de serra atacam na web
Dois aliados do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, usaram ontem a internet para fazer críticas ao tucano. O ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), candidato ao Senado, repreendeu Serra, sem citá-lo diretamente, por elogios recentes feitos a adversários e ironizou: “E agora, José?”. O presidente do PTB, deputado cassado Roberto Jefferson (RJ), protestou contra ataques ao ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) e chegou a falar em “ruptura” com o PSDB, apesar da coligação formal com o partido na eleição presidencial.
“Desconheço os motivos pelos quais o tucano José Serra passou a desferir golpes abaixo da linha da cintura na TV contra o senador Fernando Collor”, disse Jefferson no Twitter e em seu blog. “O que os tucanos estão querendo com os insultos, uma ruptura?” O líder petebista reclamou da campanha tucana. “Nós, do PTB, estamos coligados ao PSDB na campanha nacional e somos sistematicamente deixados de lado na discussão de estratégias e rumos”, protestou.
No topo da cabeça do eleitor
Aos olhos do público, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) têm mais em comum do que gostariam de imaginar. A palavra que seus respectivos eleitores mais citam para defini-los é a mesma: “competente”. Os conceitos repetidos para ambos não ficam por aí. “Inteligente”, “trabalhador(a)”, “honesto/honestidade” são termos que eles compartilham e que enfeitam sua persona pública.
A coincidência não é coincidência. Essas palavras traduzem o mínimo que o eleitor espera de um candidato. É natural que, se ele se identifica com um deles a ponto de votá-lo para presidente, o eleitor projete essas qualidades em Dilma, Serra, ou em ambos. A projeção não é gratuita. Políticos burilam suas imagens a custa de muito discurso, entrevista, debate, twitter, alianças, atos e omissões. E há, obviamente, a publicidade oficial e oficiosa, o marketing. Principalmente em época de eleição.
O GLOBO
Sigilo de tucano foi quebrado em MG por outro filiado ao PT
Todos os acessos ao CPF de Eduardo Jorge ocorreram no mesmo dia: 3 de abril de 2009, durante 41 segundos entre a primeira e a última entrada, seis meses antes de servidores da Receita em Mauá (SP) devassarem as declarações de Renda de Eduardo Jorge e de outros tucanos.
Integrantes da Receita afirmam que os dez registros podem significar uma única consulta. Os sistemas do Fisco registram como novo acesso cada uma das vezes que o servidor muda a tela em um mesmo acesso. De todo modo, a Receita não acredita que a consulta que partiu da senha do analista fiscal em Formiga tenha sido motivada. A explicação estaria no fato de terem ocorrido fora da região fiscal onde reside o tucano. Para comprovar se o acesso foi imotivado é preciso verificar ainda se a pesquisa teve ou não autorização ou seguiu algum pedido judicial.
De acordo com essas fontes no Fisco, a consulta não teria permitido o acesso aos dados fiscais do contribuinte. Esse tipo de registro pode significar que o servidor tentou verificar dados pessoais de Eduardo Jorge.
Everardo Maciel: ‘Facção sindical ocupou cargos na Receita’
A crise na Receita Federal deflagrada pela violação de sigilos fiscais é resultado de um loteamento de cargos guiado por interesses políticos. A crítica partiu de Everardo Maciel, que comandou a Receita Federal nos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002. Sócio de uma consultoria fiscal em Brasília, ele diz que os problemas começaram com as indicações de sindicalistas para posições estratégicas na gestão de Lina Vieira, que antecedeu o atual secretário Otacílio Cartaxo. Sobre as violações constatadas, Everardo critica o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por afirmar que a Receita sempre foi vulnerável: “É uma maneira de encobrir o que vem sendo praticado.”
TSE proíbe uso de imagem de Collor
O ministro Joelson Dias, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proibiu ontem que a coligação do candidato José Serra (PSDB) continue exibindo no programa eleitoral gratuito imagem na qual o senador Fernando Collor defende o voto na candidata Dilma Rousseff (PT). A decisão foi tomada no julgamento de liminar pedida pela coligação petista. Na ação, os advogados afirmam que o vídeo “expõe o eleitor a uma informação falsa sobre o quadro da disputa eleitoral”. Os advogados também alegam que os tucanos estariam usando uma imagem externa, recurso vedado pela legislação eleitoral.
O vídeo, feito pelo jornal “Folha de S. Paulo”, exibe Collor falando com eleitores em local público. “Não se esqueçam desse nome: Dilma Rousseff presidenta, número 13 na cabeça, no próximo dia 3 de outubro”, diz o senador. O programa tucano inclui a legenda “Collor é Dilma” na imagem.
PT mede reação de eleitores sobre escândalo
Preocupada com a possibilidade de desgaste político, a coordenação da campanha da petista Dilma Rousseff à Presidência passou a monitorar diariamente a reação dos eleitores ao episódio da violação de sigilo bancário de Verônica Serra, filha do candidato tucano, José Serra. Internamente, já se admite o uso do programa eleitoral gratuito na TV para rebater os ataques de Serra.
Segundo um integrante da campanha, isso só será feito se as pesquisas detectarem uma queda nas intenções de voto de Dilma. Até ontem, números internos de tracking indicavam a estabilidade nas intenções de voto. Existe receio de que, com a mudança radical do programa de Serra, será necessário entrar no assunto, o que levaria a campanha definitivamente para uma agenda negativa.
O comício de Dilma na noite de sábado em Foz do Iguaçu, no Paraná, foi encerrado com um discurso do presidente Lula, no qual ele afirmou que “o nosso adversário bateu tanto hoje à noite que ela (Dilma) passou 12 pontos na pesquisa de São Paulo.”
Servidores de Mauá devem depor hoje
A Polícia Federal retoma hoje os depoimentos nas investigações sobre as quebras de sigilos de tucanos. Devem ser ouvidos os servidores da agências da Receita Federal de Santo André e Mauá, onde foram acessados dados dos tucanos. Verônica Serra, filha do candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, também deve depor, mas a data ainda não foi confirmada.
Na última sexta-feira, a PF ouviu o contador Antônio Carlos Atella Ferreira, outro petista envolvido no vazamento de dados. Atella usou uma procuração falsa para devassar os dados fiscais de Verônica. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo informou que Atella filiouse em 20 outubro de 2003 ao Partido dos Trabalhadores em Mauá (SP), na zona eleitoral 217. A data de exclusão é de 21 de novembro de 2009.
Plínio: país vive pasmaceira
O jurista Plínio de Arruda Sampaio, de 80 anos, 65 de militância política, não aposenta as armas nunca. Candidato a presidente pelo PSOL, dispara contra os principais adversários. Dilma Rousseff (PT) tem “uma certa impostura”, José Serra (PSDB) tem “uma certa truculência”, e Marina Silva (PV) é “carreirista”. Plínio é igualmente implacável com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do partido que ajudou a fundar, mas que abandonou em 2005. Para Plínio, o governo de Lula “foi frustrante”. “Saí do PT porque o PT saiu de mim”, afirma o candidato socialista.
Esta semana, O GLOBO fará sabatinas com os principais candidatos a presidente na sede do jornal, no Rio. Líder nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT) se recusou a debater as questões do país e suas propostas com os colunistas e leitores do jornal. Já Marina Silva, candidata do PV, será entrevistada no auditório do jornal no próximo dia 9, quinta-feira, com transmissão ao vivo para o site. No dia seguinte, sexta-feira, será a vez do candidato do PSDB, José Serra.
Orçamento prevê 40,5 mil cargos novos em 2011
Depois de promover o inchaço da máquina pública ao longo dos anos, com a criação de novos cargos e a concessão de robustos reajustes, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê para o Orçamento da União de 2011 a possibilidade de criação de mais 40.549 cargos e funções nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Só o Poder Executivo poderá criar 24.605 cargos ou funções. Ao todo, o governo reservou R$2,88 bilhões para criação/preenchimento de cargos e ainda para reajustes e reestruturação de carreiras.
Do total desses recursos, R$1,65 bilhão (ou 57%) é destinado para a criação ou preenchimento de cargos, incluindo a substituição dos chamados terceirizados. O R$1,23 bilhão restante (ou 43%) vai para aumentos ou reestruturações das carreiras.
Ao apresentar a proposta orçamentária de 2011, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já avisara que não está previsto no documento o reajuste geral para os servidores, apenas os aumentos que já foram concedidos desde 2008 e que, em alguns casos, terão impacto até 2012.
FOLHA DE S. PAULO
Dado de vice tucano foi aberto por petista em MG
O servidor da Receita de Formiga (MG) que acessou dez vezes em 2009 os dados pessoais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, é filiado ao PT desde agosto de 2001.
Listado no procedimento administrativo da Corregedoria da Receita que investiga a violação do sigilo fiscal de EJ e de outras pessoas ligadas ao PSDB, Gilberto Souza Amarante aparece nos registros oficiais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como filiado ativo do PT de Arcos (MG), a 30 km de Formiga.
As consultas ao número de Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) de EJ feitas pelo servidor se deram em 3 de abril de 2009, em menos de 1 minuto -das 16h32min18seg às 16h32min59seg.
Câncer faz Quércia desistir de eleição para o Senado
Orestes Quércia (PMDB), 72, comunicará hoje a retirada da candidatura ao Senado por São Paulo para se tratar do retorno de um câncer na próstata do qual sofreu anos atrás. Na mesma oportunidade, o ex-governador anunciará o apoio ao companheiro de chapa Aloysio Nunes Ferreira (PSDB).
Em conversa de Quércia ontem com a cúpula tucana, ficou acertado que o primeiro suplente de Aloysio será Airton Sandoval (PMDB), e não mais Sidney Beraldo (PSDB). Em consequência do acordo, o ex-chefe da Casa Civil no governo de José Serra passará a ocupar, na propaganda de TV, o tempo das duas vagas ao Senado da chapa.
Em pesquisa Datafolha feita nos dias 2 e 3 deste mês, Quércia aparece com 26% nas intenções de voto, tecnicamente empatado no segundo lugar com o pagodeiro Netinho de Paula (PC do B).
Envolvido em quebra “some” de seu bairro
O bar na rua Líbano, em Francisco Morato (Grande São Paulo), que aos sábados e domingos era aberto pelo office boy Ademir Estevam Cabral, ficou fechado neste final de semana.
Apontado como um dos portadores da procuração falsa usada para quebrar o sigilo de Veronica Serra, Cabral não foi visto mais no bairro desde o começo da semana passada, quando o nome dele foi envolvido no caso por Antonio Carlos Atella Ferreira, que protocolou o documento falso na Receita Federal.
A ex-companheira de Cabral, conhecida como dona Baiana, disse que ele ligou no sábado e avisou que aguardava ser intimado pelas autoridades, e se isso ocorresse, iria se apresentar na quarta-feira.
Dilma rejeita comparação com Collor
Um dia depois de a propaganda eleitoral de José Serra (PSDB) explorar o apoio do ex-presidente Fernando Collor (PTB) a Dilma Rousseff, a candidata do PT disse ter trajetória de vida diferente da de Collor e evitou afirmar se compartilha de suas “posições éticas”. “Compartilho com as minhas, e são claras: eu tenho história”, afirmou.
No sábado, o PSDB levou à TV vídeo em que Collor, candidato ao governo de Alagoas, pede voto para Dilma.
“Eu não tenho a mesma posição histórica do presidente Collor. Agora, se ele quiser apoiar minha candidatura, é um problema da liberdade democrática”, disse.
Caseiro se nega a depor para Serra e grava para o PSOL
O PSDB não conseguiu convencer o caseiro Francenildo Costa a gravar um depoimento para o programa eleitoral gratuito da campanha do presidenciável do partido, José Serra. O caseiro optou pelo testemunho ao PSOL, ao qual está filiado.
Serra tem comparado o episódio de violação do sigilo bancário do caseiro ao da sua filha, Veronica, e outras cinco pessoas ligadas ao PSDB que tiveram seus dados fiscais violados. “Se continuar assim, todos nós seremos Francenildos”, afirmou.
Em 2006, Francenildo acusou o então ministro da Fazenda Antonio Palocci de frequentar uma mansão em Brasília na companhia de lobistas. Depois disso, teve seu sigilo bancário quebrado.
Servidores tiveram viagem paga por cliente do governo
O fabricante de helicópteros que mais vende para o governo brasileiro pagou a viagem e a hospedagem de servidores do Ministério da Justiça responsáveis por liberar dinheiro para os Estados comprarem as aeronaves.
O secretário Nacional de Segurança Pública do ministério, Ricardo Balestreri, e mais três funcionários da pasta aceitaram um convite para visitar a Eurocopter, em Marignane, interior da França, empresa cuja subsidiária no Brasil é a Helibras.
Um programa do governo, sob a batuta de Balestreri, repassa dinheiro para os Estados, que compram, por licitação, aeronaves da Helibras e de outras empresas.
Secretário afirma que desconhecia custo bancado por empresa privada
O secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, afirmou, primeiramente, que participava de uma feira de tecnologia de segurança em Paris, quando foi convidado para conhecer a sede da Eurocopter. O convite foi feito pelo governo francês, acionista da fabricante de aeronaves.
Segundo Balestreri, eles receberam “passagens aéreas em aviões de carreira”, pernoitaram “duas noites na cidade”. Tratou-se de “uma gentileza do governo francês”. “Não há como fazer um barraco em um evento desses, uma coisa provinciana brasileira”, diz.
Petista diz que se esforçou para corrigir problema
A candidata Dilma Rousseff (PT) disse ontem que “sempre achou errada”, por conta de erros na concessão do benefício, a lei que criou a chamada tarifa social de energia elétrica, criada em 2002. Contudo, ela se eximiu de culpa por não tê-la alterado no período em que esteve à frente do Ministério de Minas e Energia (2003 a 2005).
Ontem, Dilma minimizou o fato de ter ignorado os alertas feitos pelo TCU (Tribunal de Contas da União) naqueles três anos. “O problema não é estudo [que o tribunal cobrava para corrigir as distorções]. Qual é a população de baixa renda nós sabemos, o problema é cadastro.”
A petista disse que “se esforçou” para contornar o problema, mas citou a falta de um cadastro único para famílias pobres, o que poderia levar à identificação correta das famílias que de fato mereceriam o benefício.
Marina diz que erro de Dilma é “falta de transparência”
A candidata à presidência Marina Silva (PV) cobrou ontem maior transparência na gestão pública diante de falhas no cálculo da chamada tarifa social de energia que resultaram em prejuízo de R$ 989 milhões durante a gestão da candidata Dilma Rousseff (PT) na pasta de Minas e Energia.
“Aos poucos a falta de transparência, de profissionalização do Estado vai se revelando o grande pé de barro daqueles que pensam que [a política] é apenas o poder pelo poder”, afirmou Marina em Rio Branco.
A candidata comparou o episódio à quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato tucano José Serra. “São pontos que sinalizam um sintoma de falta de transparência e controle social da gestão pública”, afirmou Marina ontem.
Proposta apresentada por Temer cria ameaça para presidenciáveis
O companheiro de chapa de Dilma Rousseff, deputado federal Michel Temer (PMDB-SP), candidato a vice-presidente, é autor de um projeto de emenda constitucional que torna crime de responsabilidade do presidente da República o descumprimento de promessas feitas na campanha eleitoral.
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição, nº 303) está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados à espera de votação. Por meio de sua assessoria, Temer disse que continua defendendo a aprovação da proposta apresentada em 2004. Admitiu que ela cria uma saia justa para Dilma, mas afirmou que todas as propostas apresentadas por ela serão cumpridas.
Governo monitora imagem no exterior
Duas iniciativas do governo do presidente Lula monitoram, pela primeira vez de forma sistemática, a evolução da imagem do Brasil em instituições, empresas, governos e jornais estrangeiros.
A mais recente é uma pesquisa qualitativa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), sintetizada em indicadores divulgados neste mês e que serão atualizados a cada trimestre.
A outra, encomendada pela Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), é uma análise diária do noticiário sobre o Brasil em 48 jornais das Américas, da Europa e da Ásia.
Essa análise é usada para “consumo interno” da Área Internacional da pasta, criada em 2009 para promover o país no exterior.
Votaram mal em Dourados, diz interino
Quando vota mal, a população se coloca à mercê de pessoas sem moral e capacidade administrativa e sofre com a corrupção e falta serviços básicos, como o atendimento à saúde.
A opinião é do juiz Eduardo Rocha Machado, 53, que anteontem assumiu interinamente o cargo de prefeito de Dourados (250 km de Campo Grande), a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Eleição no Brasil provoca “febre Dilma” na Bulgária
A Bulgária vive uma “febre Dilma”. Jornais, revistas e televisões acompanham o dia a dia da campanha no Brasil, e muitos jornalistas já estão de malas prontas para cobrir in loco a possível eleição de uma “búlgara para presidir a sétima maior economia do mundo”.
Se o Quênia festejou a vitória de Barack Obama, que tem pai queniano, a Bulgária quer festejar a de Dilma, que tem pai búlgaro.
“Somos um país muito pequeno, e a possibilidade de alguém que teve um pai búlgaro ocupar um cargo tão importante nos deixa emocionados”, afirma Jorge Nalbantov, apresentador da TV7, que viajará ao Brasil para fazer a cobertura da eleição presidencial.
A Bulgária tem cerca de 7,5 milhões de habitantes, população que vem caindo devido à migração e à baixa taxa de natalidade (1,4 filho por mulher, em média). Há dez anos, eram 8,1 milhões de habitantes.
Dilma é descrita pelos meios de comunicação como “dama de ferro”, “Margaret Thatcher brasileira” e “toda-poderosa do governo Lula”.
Lula volta a Minas em sua primeira viagem de socorro a Hélio Costa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcará na próxima quarta para Minas na sua primeira viagem de socorro ao ex-ministro Hélio Costa (PMDB), que vê o governador Antonio Anastasia (PSDB) se aproximar rapidamente dele na disputa pelo governo.
Ao lado da candidata a presidente Dilma Rousseff (PT), Lula participará de comício em Betim (região metropolitana de Belo Horizonte).
CORREIO BRAZILIENSE
Eleições 2010: Metade dos brasilienses não assiste ao horário político
Quando a propaganda eleitoral gratuita interrompe a programação, começa a enxurrada de promessas e a repetição de clichês como “você me conhece”, “juntos, vamos mudar Brasília”, “preciso do seu apoio”, “com ética e transparência, construiremos uma nova história”. Para ajudar a definir voto ou por pura curiosidade, apenas metade dos brasilienses não desliga a televisão ou o rádio no momento do horário eleitoral gratuito. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto CB Data, as propagandas políticas têm sido acompanhadas por 53% do eleitorado. Outros 43% dos entrevistados afirmam não assistir ou ouvir os políticos na TV e no rádio.
Há exatas três semanas, postulantes a uma vaga no Legislativo ou no Executivo ocupam por dia e todo dia — a única exceção são os domingos —, uma hora e quarenta minutos do tempo de rádio e TV(1). Será assim até o último dia deste mês, quando restarão 72 horas para o primeiro turno das eleições. Entre os que afirmaram ao CB Data que, sim, acompanham a propaganda eleitoral, 93% o fazem pela televisão. Apenas 5% dos entrevistados disseram ouvir os candidatos pelo rádio. Mesmo em poucos segundos, candidatos aproveitam o espaço garantido por lei para tentar emplacar slogans e músicas de campanha — inéditas, reinventadas ou copiadas de hits de sucesso — e, principalmente, para falar o nome e o número da candidatura quantas vezes for possível.
Efeito Lula
Setembro começou muito mais quente do que o normal e o clima na capital da República tem feito cada candidato pensar em uma solução para enfrentar bem o mês e terminá-lo em uma situação confortável nas pesquisas eleitorais. Os concorrentes ao Governo do Distrito Federal apostam na parceria com os presidenciáveis para dar mais frescor e gás às campanhas. Nesse ponto, Agnelo Queiroz (PT) tem recebido um apoio duplo. Além da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, ele dispõe do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, como principal cabo eleitoral.
Antes desacreditado entre analistas políticos de que conseguiria transferir a enorme popularidade a um sucessor, Lula surpreendeu e colocou a candidata como primeira colocada nas pesquisas sobre sua sucessão. Agora, tenta fazer o mesmo com outros nomes, como o de Agnelo. Na semana passada, foi ao ar o segundo programa gravado pelo presidente a favor de seu ex-ministro do Esporte. “Meu grande companheiro e amigo Agnelo Queiroz significa a certeza de Brasília continuar a crescer, melhorando muito a vida da população”, diz Lula no vídeo.
Reação azul
O ex-governador Joaquim Roriz (PSC) intensificou a mobilização perante os populares e a militância para reforçar que é, sim, candidato ao Palácio do Buriti, apesar das derrotas na Justiça Eleitoral, que negou o registro de sua candidatura com base na Lei da Ficha Limpa. Ele recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) e aguarda julgamento do processo, sem data prevista, esperançoso de que se livrará das pendências judiciais. Ontem pela manhã, esteve na Estrutural e, à tarde, no Marina Hall, na chamada Festa do Azul, evento organizado pela coligação Esperança Renovada. Dezenas de ônibus levaram cerca de 5 mil militantes de várias cidades do DF à casa de eventos, onde
Antes da festa, ele reuniu em sua casa os candidatos da coligação ao Senado, à Câmara dos Deputados e à Câmara Legislativa para acertar os próximos passos da campanha. “Fizemos um pacto de união”, resumiu. Para o palanque, o ex-governador levou a esposa, o candidato a vice, Jofran Frejat, e os candidatos a senador Maria de Lourdes Abadia (PSDB) e Alberto Fraga (DEM). Foi a segunda vez que Fraga apareceu publicamente com Roriz após o racha ocorrido no fim de julho. A primeira foi pela manhã, na Estrutural.O democrata havia decidido prosseguir a campanha de forma independente após ser vaiado em comícios em que estava na companhia do ex-governador.
Uma quase chefe de Estado
Apesar de a ex-ministra Dilma Rousseff (PT) bater na tecla de que, mesmo com os resultados das últimas pesquisas apontando para uma possível vitória em primeiro turno, não tem clima de já ganhou em sua campanha, os cuidados na organização de compromissos eleitorais com a candidata petista são muito similares àqueles dispensados a eventos com a presença de chefes de Estado.
Em visita semana passada à unidade do Senai, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva formou-se torneiro mecânico, na cidade São Paulo, a presidenciável recebeu o mesmo tratamento da época em que era ministra-chefe da Casa Civil. A imprensa, por exemplo, foi colocada pela assessoria numa espécie de cercado com grades de ferro, distante da petista. O mesmo cercado isolava a entrada e a saída de Dilma, restringindo o acesso a ela. Não foi permitido aos jornalistas, cinegrafistas ou fotógrafos acompanharem a candidata durante a visita e, ao fim, Dilma respondeu às perguntas dos repórteres a partir de um púlpito. “Na minha campanha não tem clima de já ganhou, porque quem dá o clima da campanha sou eu”, disse a candidata na ocasião.
A nova geografia do poder estadual
O PSDB e o PMDB disputam hoje quem sairá da eleição com o maior número de governos estaduais. Se as urnas confirmarem os resultados das pesquisas mais recentes, cada um deles terá pelo menos cinco governadores. Há ainda três estados — Minas Gerais, Mato Grosso e Rondônia — onde os dois partidos se enfrentam em disputa acirrada. O desenrolar do xadrez eleitoral nesses colégios pode determinar qual dos dois partidos ficará com o pódio.
A coligação nacional do PMDB com o PT não trouxe amarras para a legenda do vice de Dilma Rousseff, Michel Temer. A liberdade para que os aliados costurassem alianças descoladas da disputa presidencial permitiu que o partido mantivesse a fisionomia de legenda regional. O PMDB tem chances de ser o partido com o maior número de governos estaduais.
O PT, que não acreditava na possibilidade de eleger muitos governadores, até porque abriu mão de espaços para dar lugar aos aliados, ficará com a terceira posição no ranking de governadores eleitos. Hoje, o partido avalia ter condições de conquistar pelo menos três estados no primeiro turno: Acre, Bahia e Sergipe. E ainda tem esperanças de conquistar o Distrito Federal e o Rio Grande do Sul em segundo turno.
Promessa é dívida
Em ano eleitoral, o que não falta são promessas de melhorias para o país. O que não se sabe é se elas serão concretizadas caso o político alcance seu objetivo. Com o início do horário eleitoral gratuito, os candidatos atiram para todos os lados na caça ao eleitor e desfilam os mais diferentes tipos de propostas, sem preocupação sobre como implementar o prometido. “Vou quadruplicar o Bolsa Família, mas vou reduzir o tempo que cada pessoa recebe o benefício”, diz Plínio Arruda, candidato do PSol à sucessão de Lula. Para não ficar atrás, Zé Maria, do PSTU, promete: “Eleições para autoridades da polícia e do Judiciário”. Já o candidato a deputado federal Juscelino-JK (PTB-MG) propõe: “Mudança imediata do código penal e criação de um novo já em 2011”.
A prática das promessas eleitoreiras pode estar com os dias contados. Essa é a proposta (1)do Projeto de Lei Complementar nº 594/10, em tramitação na Câmara, de autoria do deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), que pretende punir os parlamentares eleitos que não cumprirem o que se propuseram a fazer. O projeto prevê para aqueles que descumprirem promessas de campanha a inelegibilidade por oito anos.
Trabalho: 50% dos empregos brasileiros são de má qualidade
As pesquisas de emprego comprovam: 2010 será o melhor ano da história em volume de criação de postos de trabalho. Só no primeiro semestre, foram quase 1,5 milhão de vagas ocupadas a mais com carteira assinada, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A expectativa do Ministério do Trabalho é chegar a 2,5 milhões até o fim do ano. O aquecimento econômico levou a taxa de desocupação a atingir, em julho, o nível mais baixo da série pesquisada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 6,9%. Mas o crescimento do número de vagas não significa, necessariamente, que sejam postos melhores.
O consultor Jorge Pinho alerta que, apesar de o cenário ser de evolução, há ressalvas quanto à qualidade dos empregos que estão sendo criados. O problema, avalia ele, é que a maior parte das vagas está concentrada em setores que demandam pouca qualificação, pagam salários abaixo da média e são sensíveis às oscilações econômicas. Para se ter uma ideia, dos 766 mil postos abertos nas sete principais regiões metropolitanas do país nos últimos 12 meses, metade foi no setor de serviços, no qual o trabalho é mais precário. Na indústria, que exige mais especialização e paga melhor, foram 259 mil vagas, ou 33% do total, puxadas pela reposição de postos fechados durante a crise mundial. Os dados são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
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