Folha de S. Paulo
Luz para Todos é direcionado a cidades do PT e de aliados
Um dos principais programas sociais do governo Lula, com alto potencial de capitalização por parte dos prefeitos no interior do país, o Luz para Todos teve calendário de inauguração de obras direcionado a municípios administrados pelo PT desde 2004, quando foi criado pela então ministra de Minas e Energia e hoje chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Ao todo, comunidades rurais de 13,2% das prefeituras petistas receberam os cabos de energia do "Luz" -52 pequenas cidades. Só o PC do B, aliado histórico da sigla, teve desempenho melhor (15%), percentual que deve ser relativizado devido ao número pequeno de administrações dos comunistas.
Se analisados os Estados com maior volume de inaugurações do programa, o campeão é o Rio Grande do Sul, berço político de Dilma. Dos 10 Estados com maior índice de prefeituras beneficiadas, 8 têm governadores aliados, sendo 5 do PMDB, que hoje chefia o ministério.
O atual ministro, Edison Lobão, é do Maranhão, ligado ao grupo político de José Sarney (PMDB-AP), senador e ex-presidente. E o Maranhão é a estrela do "Informativo Luz para Todos" de maio, em cujo texto Lobão anuncia investimentos do Luz para o Estado -R$ 534 milhões- e "decreta" o "fim do uso da lamparina" por lá.
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A Folha fez um cruzamento das 436 localidades onde houve cerimônias de lançamento do Luz para Todos até julho com o banco de dados da Confederação Nacional dos Municípios, onde constam as filiações atuais dos prefeitos.
O resultado mostra que, depois da dupla PT e PC do B, aliados do governo no plano nacional aparecem enfileirados: PDT (11,5% das prefeituras), PSB (10,2%) e PMDB (8,2%). No pé da tabela, vêm as três siglas de oposição, PSDB, DEM e PPS. O ministério e o PT negam favorecimento.
Ministério nega caráter político de programa
O Ministério de Minas e Energia negou que o programa Luz para Todos tenha elo político entre a administração federal e as prefeituras. "Os números dos atendimentos não são registrados levando em conta partidos políticos", afirmou o ministério, por meio de nota enviada à Folha.
O departamento que cuida do programa afirmou que "as obras são priorizadas de acordo com critérios técnicos do manual de operacionalização do programa". E completou: "O objetivo é favorecer a população mais carente, sem interferência política e sem privilegiar políticos ou partidos".
A nota diz ainda que, apesar de o calendário de inaugurações listar 436 localidades, o programa está presente em 94% dos municípios do país, Em muitos casos, as obras não foram iniciadas.
A assessoria de imprensa do PT nacional também negou favorecimento e disse que "dúvidas quanto à condução de programas federais devem ser esclarecidas pelo governo federal e respectivos ministérios".
A assessoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) disse que a congressista só "pede informação ao programa para saber quando a cidade ou a comunidade será inserida" e nega interferência. "Ela está normalmente nos eventos porque, devido ao fato de ser chamada para solicitar a informação, o prefeito ou a comunidade local a convida e ela vai no intuito de estar apoiando aquilo, de ter pedido a informação."
Kassab convoca "exército" de funcionários para apoiá-lo
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), reuniu secretários, subprefeitos tucanos e assessores dos gabinetes num ato de campanha na noite de sexta-feira. No evento, batizado de "Amigos de Kassab", o prefeito pediu que os participantes, em sua maioria empregados do governo, integrassem uma "corrente" pela reeleição.
"Se conseguirmos constituir 10 mil guerreiros em São Paulo, qualquer candidato dificilmente deixará de ter 2 milhões de votos. […] Os mensageiros são vocês", pregou Kassab.
"Precisamos nos organizar", discursou o prefeito, acrescentando: "Se cada um de vocês se dispuser a fazer esse trabalho, e se integrar aos comitês regionais, junto com os candidatos a vereador, no momento em que começar o programa de rádio e televisão, estaremos preparados para a grande largada".
Pelo menos 22 dos 31 subprefeitos -em sua maioria tucanos- participaram do ato, que ocorreu no clube Pinheiros (zona oeste). O secretário de Educação, o tucano Alexandre Schneider, afirmou: "Tenho certeza de que vamos vencer".
O secretário municipal de Coordenação de Subprefeituras, o tucano Andrea Matarazzo, convocou os "amigos de Kassab": "Quem ganha a eleição não é pesquisa. São ações que todo mundo faz".
"Lula está na campanha e virá a SP na hora que acharmos adequado", diz Marta
Após caminhar por áreas comerciais do Grajaú, na zona sul de São Paulo, um dos maiores e mais pobres redutos eleitorais da cidade, a candidata a prefeita Marta Suplicy (PT) afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou participar de comícios eleitorais em seu favor: "O presidente está na campanha e virá [a SP] na hora que acharmos adequado".
"Ele está conosco, nós somos um time", disse Marta à imprensa. Pouco antes, em discurso, Marta havia recorrido a Lula para pedir votos: "O Brasil está bombando, os salários estão melhores, desde 94 não temos salário dessa natureza (…). Gente, isso é o Brasil que o nosso petismo, o nosso presidente, e todos os coligados estão ajudando a construir". Anteontem, Lula participou de ato ao lado de Marta em São Bernardo do Campo (SP).
Suspeitos de curral eleitoral no RJ são puxadores de voto
Candidatos suspeitos de se beneficiarem de currais eleitorais no Rio são disputados pelos partidos por serem puxadores de voto. Vereadores obtiveram boa parte de seus votos nas áreas sob investigação do TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
O desempenho dos políticos suspeitos não difere do de seus colegas na Câmara de Vereadores do Rio. Mais da metade dos eleitos concentram mais de 30% de seus votos em uma determinada região. O principal caso nas últimas eleições municipais foi o de Jerônimo Guimarães Filho. Mais votado na coligação do PMDB com o PMN, Jerominho ajudou a eleger seis vereadores. Preso acusado de comandar uma milícia em Campo Grande, ele obteve 38,7% dos votos em três zonas eleitorais do bairro. Não foi expulso da sigla e nega as acusações.
Josinaldo Francisco da Cruz (DEM), suspeito de chefiar a milícia em Rio das Pedras, ajudou seu partido a eleger 14 vereadores. Nadinho de Rio das Pedras recebeu 43,8% dos seus votos na 179ª zona eleitoral, em que está a favela. Ele teve a quarta maior votação no DEM e não foi expulso da legenda.
O Estado de S. Paulo
Militares reagem a Tarso e criticam ”passado terrorista” do governo Lula
Os militares decidiram dar o troco ao ministro da Justiça, Tarso Genro, por causa da audiência pública convocada por ele na semana passada para debater a punição de "agentes do Estado" que tenham praticado tortura, assassinatos e violações dos direitos humanos durante o regime militar. Revoltados com o que consideram "conduta revanchista" do ministro, oficiais da reserva, com o apoio de comandantes da ativa, patrocinarão uma espécie de anti-seminário no Clube Militar do Rio de Janeiro, na próxima quinta.
Em recente conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, disse que é preciso "pôr uma pedra sobre este assunto", até porque o tema está saturado e o objetivo da Lei da Anistia foi encerrar um debate que "abre feridas e provoca indignação". Um general da ativa que acompanha a movimentação dos colegas reformados disse ao Estado que os militares vão se manter calados, mas avisa que a reserva se manifestar.
Segundo este general, o objetivo do seminário de 7 de agosto é debater o que consideram "passado terrorista" de autoridades do governo Lula e de personalidades do PT, discutindo, inclusive, se não seria o caso de puni-los pelos excessos cometidos na luta armada. O que mais irrita oficiais das três Forças é o fato de a maioria deles ter recebido indenizações. A queixa geral é de que eles também mataram e seqüestraram e agora querem provocar os militares.
No seminário, uma das idéias é aproveitar a estrutura do Clube Militar, como agremiação que desde a República Velha vem funcionando como uma espécie de porta-voz do setor, para exibir uma série de slides com fotos e uma biografia resumida de ministros de Estado e petistas ilustres. A lista começa pelo ex-ministro José Dirceu e tem o próprio Tarso Genro em quinto lugar. O segundo posto é dado à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef.
O ministro da Comunicação, Franklin Martins, aparece em quarto, logo atrás do deputado José Genoino (PT-SP). Mais atrás, estão os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
"Será que quem seqüestrou o embaixador norte-americano e o prendeu, dizendo todo dia que ia matá-lo, não cometeu ato de tortura igualmente condenável?", questionou o presidente do Clube Militar, general da reserva Gilberto Barbosa de Figueiredo, em recente entrevista ao Estado. Ele não mencionou Franklin como um dos idealizadores do seqüestro, mas antecipou o tom do seminário.
Posição de ministro preocupa o Planalto
A defesa pública da punição dos torturadores do regime militar, feita pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, na semana passada, não desagradou apenas às Forças Armadas. Setores do Palácio do Planalto e do governo também se irritaram com as declarações e reprovaram a conduta do ministro.
A avaliação predominante na Esplanada dos Ministérios é de que o discurso da "responsabilização dos agentes públicos que praticaram violações dos direitos humanos" só está servindo para "constranger e criar problemas" para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No governo, quem mais se incomodou com a manifestação "inconveniente" de Tarso foi o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Ele comentou no fim de semana com um interlocutor que já teve "de apagar incêndio dele (de Tarso) com o Judiciário" e agora surge a "provocação aos militares, sem avisar ninguém". Frisou que se via obrigado a contestar o colega de público, para contornar a crise.
O embate com o Judiciário se deu por causa das críticas de Tarso ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em razão dos seguidos habeas corpus concedidos pela Justiça a presos em operações da Polícia Federal.
Petistas apontam disputa por vaga em 2010
A despeito da disputa interna permanente que caracteriza o PT, petistas de várias alas, instalados no governo ou no Congresso, concordam em um ponto: é a sucessão presidencial que está por trás da briga que o ministro da Justiça, Tarso Genro, comprou com as Forças Armadas. A avaliação geral no Palácio do Planalto e no partido é de que, com esse discurso, Tarso procura se firmar como um perfil à esquerda da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na disputa pela cadeira ocupada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Se o ministro quer agir como militante político, que peça licença do cargo", reagiu o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), ao acrescentar que Tarso teria criado uma polêmica "fora de hora". "Seria imaturidade achar que com isso ganhará cacife para a disputa presidencial em 2010", disse. Apesar de concordar com o mérito da proposta, por entender que não existe anistia para assassinos, o deputado afirmou que não é o momento de abrir esse debate. "O ministro da Justiça tem de atuar como magistrado, ter posição de Estado. Portanto, não cabe a ele ficar falando sobre isso", alfinetou Tatto.
Traficantes ameaçam 3 candidatos
Depois de mais um fim de semana de incidentes envolvendo ameaças de traficantes a campanhas políticas em favelas do Rio, candidatos à prefeitura da capital fluminense afirmaram que continuarão a visitar áreas dominadas por bandidos e milicianos. Para candidatos ouvidos pelo Estado, deixar de ir às comunidades seria privar os eleitores dessas áreas do direito à informação e ao debate político. Eles concordam, porém, com a necessidade de não expor seus contatos nas comunidades a risco excessivo.
"É como andar no fio da navalha. Temos que ter a sensibilidade de não aceitar uma restrição maior ao debate democrático e, do outro lado, não estimular um desafio (aos bandidos). Temos que ir às favelas, mas não cair lá de pára-quedas. Sigo o padrão de ir a convite de pessoas que têm vínculos com a comunidade, que têm vivência cotidiana naquele local marcado pela ausência do Estado", afirmou Chico Alencar (PSOL), que se reunirá com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, amanhã para tratar do tema.
Chico e o candidato petista Alessandro Molon foram constrangidos por traficantes armados, no sábado, no Complexo da Maré (zona norte). Fernando Gabeira (PV) enfrentou situação semelhante na Vila Cruzeiro. Na favela Nova Holanda, uma das maiores da Maré , traficantes armados abordaram equipes de produção de Molon e de Chico para proibir filmagens na favela. Tentaram confiscar câmeras e fitas.
Senado discutirá voto secreto e maioridade
Após 15 dias de recesso, os senadores retomarão os trabalhos esta semana com uma pauta extensa, de 53 itens, e muita polêmica. Após examinarem três medidas provisórias que trancam a pauta, os parlamentares terão de avaliar proposições como a que reduz a maioridade penal e a que derruba o voto secreto em plenário, que já têm gerado longas discussões.
O Globo
Tráfico recebe armas até do Exército da Bolívia
Investigações policiais no Rio e em Brasília revelam que o tráfico carioca vem recebendo cada vez mais metralhadoras .30, antiaéreas – capazes de derrubar aeronaves -, desviadas dos quartéis do Exército boliviano. As armas são enviadas para o Paraguai e, depois, para Foz do Iguaçu, no Paraná (…). O caso está sendo monitorado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência), pela inteligência do Comando do Exército e pela Polícia Federal.
Royalties permitem campanha milionária
A disputa pelo controle de sete municípios fluminenses da Bacia de Campos, beneficiados pelos royalties do petróleo, leva a campanhas milionárias. Os candidatos a prefeito dessas cidades, onde vivem 570 mil eleitores, estimam um gasto total de R$ 42 milhões – R$ 2 milhões a mais do que a previsão no município do Rio, com 6 milhões de eleitores.
USP: apagão marítimo está próximo
Estudo da Universidade de São Paulo (USP) revela que o Brasil está à beira de um apagão marítimo. O levantamento prevê um déficit de cerca de 1.400 oficiais de marinha mercante até 2013 para comandar embarcações de bandeira brasileira. Entre os principais atingidos estariam os navios da Petrobras, que participarão de exploração de petróleo na camada pré-sal.
Correio Braziliense
Onde estão os 34 mil terceirizados que serão substituídos
Até o fim do ano, o governo deve abrir concurso para preencher 30% dessas vagas.
Aprovados com louvor
Apenas 1% dos que ingressaram na universidade pelo sistema de cotas abandonou os estudos. Desempenho acadêmico da maioria ficou acima da média.
Investigação para o Prouni
Universitários pedem ao Ministério Público Federal para apurar possível irregularidade no programa. Segundo denúncia do Correio, estudantes que se autodeclararam índios agora negam descendência.
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