FOLHA DE S. PAULO
Bolsa recua 5% no 2º pior pregão do ano
Um dia após comemorarem as medidas tomadas pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano) para tentar resolver a crise na qual mergulhou o sistema financeiro dos EUA, os mercados no mundo inteiro voltaram a sucumbir ao pessimismo que dá o tom dos negócios nas últimas semanas. A Bovespa sofreu a segunda pior queda no ano: 5,01%, para 58.827 pontos. A maior baixa em 2008, de 6,6%, havia sido registrada no dia 21 de janeiro.
"O que se viu nesta quarta-feira foi uma forte aversão ao risco", explica Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora. "Na véspera, o mercado tinha subido bastante, então já amanheceu um pouco de ressaca. O clima piorou de vez à tarde, com a queda dos preços das commodities." Grande parte das companhias brasileiras listadas na Bolsa é desse setor, daí a sua acentuada queda.
Gilmar Mendes afirma que há excesso de prisões provisórias
O presidente eleito do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, disse ontem que há excesso de prisões provisórias, decretadas durante investigações ainda em curso, responsabilizou os juízes por eventuais abusos e sugeriu que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), órgão que também presidirá, poderá atuar para limitá-las.
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"Temos responsabilidade por prisões provisórias eventualmente abusivas. Quem prende é o juiz, quem solta é ele. Se há prisões mal feitas, a culpa é do juiz", afirmou. Ele lembrou que o STF chega a conceder 60% dos habeas corpus julgados em uma sessão. Para ele, o percentual elevado é indicativo de abusos nas instâncias inferiores. "Ou nós do STF estamos todos errados, somos liberais demais, ou o juiz está com um critério errático", afirmou. "Espero que o conselho mergulhe nessa questão."
STF reabre ação contra Maluf por conta ilegal
O Supremo Tribunal Federal reabriu o processo movido contra o ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) por supostos crimes de corrupção, quadrilha, evasão de divisas e lavagem de dinheiro nos EUA.
A ação foi iniciada na Justiça Federal de primeira instância. Em fevereiro de 2007, após a vitória de Maluf como deputado e o conseqüente direito constitucional ao foro privilegiado, o caso foi remetido ao ministro Ricardo Lewandowski.
Silvio começa serviço comunitário e afirma que foi "um dia tranquilo"
O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira iniciou ontem seus serviços comunitários na Subprefeitura do Butantã.
Ele chegou ao local às 8h05. Não parou para falar com a imprensa, mas disse que decidiria detalhes sobre seu horário, pois costuma levar a filha à escola.
Ao meio-dia, a assessoria da subprefeitura afirmou que Silvio já havia saído por trás do prédio e que ele enviaria alguém para buscar seu carro, estacionado na frente do local.
Câmara enforca sessões no feriadão e cria artifício contra desconto de salário
A Câmara dos Deputados iniciou na manhã de ontem sua folga de Páscoa sem ter votado por completo nenhum projeto na semana: às 11h27 foi encerrada a última sessão, que tinha na pauta 17 medidas provisórias e um projeto de lei com urgência constitucional. Não havia quórum para votar.
O "feriadão" da Câmara contribui para a baixa estatística do ano: só 10 MPs e 2 projetos de lei foram votados em 2008, contra 14 MPs, 9 projetos de lei, 18 projetos de decreto legislativo e 1 projeto de resolução em igual período de 2007.
Presidente e petistas defendem o término da reeleição em 2009
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Ricardo Berzoini, pretendem articular o final da reeleição no próximo ano. Segundo a Folha apurou, Lula deu aval a Berzoini para retomar negociações com os tucanos e preparar o terreno político para um acordo que possa ser colocado na praça após as eleições.
Em conversas reservadas, Lula voltou a rejeitar a hipótese do terceiro mandato, tese novamente aventada pelo deputado petista Devanir Ribeiro em discurso no Congresso. Segundo relato de um auxiliar direto do presidente à Folha, Lula teria dito que "não se brinca com isso", pois seria "quebrar um valor da democracia".
Aécio defende união com PT e sugere outro rumo a críticos
Após o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), sugerir a criação de uma aliança para enfrentar a eventual união de PSDB e PT na eleição municipal de Belo Horizonte, Aécio Neves (governador tucano de Minas) e Fernando Pimentel (prefeito petista de Belo Horizonte) reagiram dizendo que os insatisfeitos podem tomar outro rumo.
A declaração partiu de Aécio, com Pimentel ao lado, após evento na capital. "Endosso o que o governador falou", afirmou o prefeito.
Fundação paga passagem para mulher de reitor
A Funsaúde (fundação ligada à Universidade de Brasília) pagou R$ 746,37 por uma passagem aérea para a mulher do reitor da UnB, Timothy Mulholland, em novembro do ano passado, para que ela acompanhasse o marido num evento de dirigentes de instituições do ensino superior no Piauí. O pedido de pagamento saiu da Editora da UnB.
Lécia Mulholland é servidora da UnB e está cedida à Câmara, segundo a assessoria da universidade. Apesar de um bilhete ter sido emitido em seu nome, ela não viajou, disse a assessoria, que não soube explicar por que a UnB pediria passagens para a mulher do reitor nesse caso.
Para tucanos, Alckmin se contradiz
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), desembarca na semana que vem em São Paulo com a tarefa de pacificar o partido no Estado. Não será fácil. No PSDB, os ânimos se acirraram ainda mais ontem com a troca de farpas entre alckmistas e kassabistas.
Em resposta ao ex-governador Geraldo Alckmin -que, numa menção às pesquisas, declarara nunca ter visto o primeiro colocado dar lugar para o terceiro-, tucanos lembraram que ele mesmo não era o mais forte quando lançado à Presidência, em 2006.
O ESTADO DE S. PAULO
Matérias-primas derrubam Bovespa
Uma onda de aversão ao risco assolou o mercado financeiro ontem e derrubou as bolsas do mundo inteiro, depois da euforia de terça-feira. Desconfiados do rumo da economia americana e da crise financeira, investidores se desfizeram de aplicações em commodities e se refugiaram em ativos em dólar. O movimento provocou queda generalizada dos preços internacionais de matérias-primas e atingiu em cheio as ações de companhias ligadas aos produtos.
Não por acaso o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) foi o que mais sofreu ontem. Fechou em queda de 5,01%, para 58.827 pontos, no segundo maior recuo do ano. Isso porque a Bolsa paulista é altamente concentrada em empresas associadas ao mercado de commodities, como é o caso de Vale e Petrobrás.
Em festa do PAC, Lula critica ministros e chama Dilma de ‘capitã do time’
Irritado porque foi obrigado a cancelar de última hora uma viagem de inauguração de obras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem abertamente dos dados incompletos ou imprecisos que recebe dos ministros sobre o andamento de obras. Ao mesmo tempo, dentro da estratégia de testar nomes para sua sucessão em 2010, reforçou o papel da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na condução do Programa de Aceleração do Crescimento. Voltou a chamá-la de ‘mãe do PAC’ e a tratou como ‘capitã do time’ – expressão com que qualificou no passado o ex-ministro José Dirceu.
‘Às vezes o capitão de um time é obrigado a xingar o jogador do próprio time que não está suando a camisa direito’, ressaltou, referindo-se a Dilma, em discurso para ministros e cerca de 100 técnicos do governo, durante cerimônia de comemoração de um ano de criação da sala de acompanhamento do PAC. Lula se queixou de que projetos dados como prontos para ele lançar ou inaugurar na verdade estão atrasados. ‘Qualquer um pode passar por mentiroso, menos o presidente da República’, ressaltou.
‘O que é ruim para o Serra é bom para nós’, afirma Dirceu
O polêmico noivado entre o PT e o PSDB para a eleição à Prefeitura de Belo Horizonte dominou as conversas da festa de aniversário do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que reuniu cinco ministros, deputados e senadores da base aliada e funcionários do Planalto na noite de terça-feira. Inconformados com a parceria entre o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), políticos de vários partidos fecharam ali uma estratégia: vão pressionar o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, a aceitar a ‘missão’ de ser candidato à prefeitura da capital mineira.
Sem esconder a alegria com o prestígio demonstrado na comemoração de seus 62 anos – surpreendente para um homem que hoje é réu no processo aberto pelo Supremo Tribunal Federal para investigar o escândalo do mensalão -, Dirceu adotou tom conciliador. ‘Não podemos nos esquecer que aquilo que é ruim para o Serra é bom para nós’ , afirmou ele, numa referência ao duelo entre os governadores José Serra (São Paulo) e Aécio, que querem ser candidatos do PSDB à cadeira do presidente Lula, em 2010.
Ciro e Aécio deixam em aberto união para 2010
O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), deixaram em aberto ontem a possibilidade de união na eleição presidencial de 2010. Eles sinalizaram que a aliança entre PT e PSDB em Belo Horizonte, tendo um nome do PSB como consenso, serve de laboratório a uma aproximação ainda maior entre os dois. ‘Eu poderia votar no governador Aécio Neves com maior entusiasmo e prazer’, disse o deputado.
Aécio comentou o deslize cometido mais cedo, quando afirmou que deixará o governo no início de 2010, antes do fim do mandato. Ele procurou desvincular a decisão à eventual candidatura presidencial. ‘Quando eu disse no início de 2010, se eu vier a disputar qualquer cargo, eu devo me desincompatibilizar em março.’ O governador também minimizou a criação de uma frente de partidos contra a aliança entre PT e PSDB, que será coordenada pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), e pelo vice-presidente, José Alencar (PRB).
Marisa Serrano ameaça deixar presidência da CPI
Um dia depois de a CPI dos Cartões Corporativos começar a colher depoimentos, a presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), ameaçou deixar o cargo. Ela deu um ultimato aos integrantes da CPI que ontem, mais uma vez, desertaram. A tucana afirmou que sairá da CPI se os requerimentos que estabelecem quebras de sigilos não forem aprovados após a Páscoa.
‘Se os requerimentos forem aprovados, a CPI continua. Vamos bater em cima até quebrar o sigilo. Tenho sentido que a base governista não tem muito interesse em aprofundar as investigações, mas nós temos de chegar aonde temos de chegar. Não estou aqui para brincar de senadora’, avisou, pouco antes do início do depoimento do ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage.
O GLOBO
Medo de recessão global já afeta empresas brasileiras
A trégua dos mercados durou pouco. O temor de uma recessão global derrubou ontem os preços dos produtos agrícolas e metais – que tinham subido muito este ano. Com isso, o valor de mercado de grandes exportadoras nas bolsas mundiais cedeu fortemente. O preço do petróleo teve a maior queda, em dólar, num dia, em 17 anos; e o ouro, a maior perda em 28 anos (US$ 58,50). No Brasil, a Petrobras PN e a Cosan ON (de açúcar e álcool) perderam 7,4% na Bovespa. A Vale PN recuou 7,21% e a Gerdau PN, 6,63%. A Bovespa fechou quase na mínima do dia, com queda de 5,01%. Nos Estados Unidos, também foi expressiva a perda no valor de ações de mineradoras e empresas do setor de energia, o que forçou uma baixa de 2,36% no Dow Jones.
CORREIO BRAZILIENSE
Governo dá ultimato à oposição
Em meio às divergências entre governo e oposição sobre a importância da comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o uso dos cartões corporativos, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, decidiu entrar na briga: mandou um duro recado aos tucanos mais inflamados e deu munição à base aliada sobre como reagir às ameaças dos oposicionistas. Ontem, ao ser ouvido pelos integrantes da comissão, afirmou que o sucesso da CPI — assunto tão discutido na sessão quanto o uso dos cartões — depende diretamente da disposição dos parlamentares para investigar as contas “tipo b”, usadas para receber dinheiro adiantado referente a determinado serviço funcional. “Até agora essa comissão só discutiu o que o governo já havia tornado público. Na minha opinião, se querem mesmo que a CPI cumpra seu papel, devem ir atrás dos gastos registrados nessas contas”, alfinetou.
CPI agoniza e Marisa ameaça sair
A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) está pronta para deixar a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Cartões. O recado já foi passado ao líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM). A bancada do PSDB se reúne na próxima terça-feira para discutir o assunto. Marisa avisou que quer o respaldo do partido. “Não decido nada sozinha”, diz.
Uma eventual saída dela do comando da comissão pode selar o sepultamento da investigação, principalmente se o PSDB apoiá-la nessa atitude. Como o governo se esforça para não investigar nada, uma iniciativa tucana de abandonar a CPI serviria como pretexto para encerrá-la bem antes dos 90 dias previstos para os trabalhos.
Governo recua e evita a edição de novas MPs
O governo pretende conceder o reajuste de salários de 10 categorias do funcionalismo federal por meio de projeto de lei, que tramitará em regime de urgência, e não por medida provisória, como havia anunciado. O aumento beneciaria 800 mil servidores, com reajustes de até 137,28% para algumas categorias. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB-PE), estudam a transformação de todas as MPs em projeto de lei, exceto aquelas consideradas realmente indispensáveis. O governo também pode desistir de uma MP que liberaria o crédito extraordinário de R$ 3 bilhões para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma vez que o Senado já enviou, ao Ministério do Planejamento, o Orçamento da União de 2008.
Mantega cede aos apelos do PMDB
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, cedeu ao apelo do PMDB, que pretende alterar pelo menos dois itens da reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). De acordo com o relator da matéria na CCJ, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), Mantega aceitou a inclusão do petróleo e da energia elétrica na alíquota residual de 2%, que será criada dentro do Novo ICMS e que será cobrada nos estados de origem do produto. Disse também ter convencido a incluir a participação dos deputados federais e dos governadores, em conjunto com o Senado, na definição do valor da alíquota do ICMS.
O céu é dos servidores, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma reunião reservada com funcionários que trabalham no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para defender os servidores públicos e criticar os ministros. Aos primeiros, agradeceu pela dedicação, que não seria deixada de lado mesmo com a “má remuneração” paga pela União. Já os segundos ouviram um pito, por demorar na realização de obras do PAC e faltar com a verdade ao prestar contas ao Palácio do Planalto.
Lula começou seu discurso de quase 30 minutos com o afago ao funcionalismo, depois de destacar que nunca antes na história um presidente se encontrara com um grupo de servidores para demonstrar gratidão pelo trabalho realizado e pedir mais empenho na execução de programas oficiais. “Não sei se alguma vez alguém agradeceu aos servidores públicos, porque normalmente os servidores são bode expiatório para muitas mazelas de coisas que não funcionam na administração pública”, declarou Lula.
Aécio defende aliança
Um dia depois de o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), ter iniciado em Brasília articulações para enfrentar a coligação que se alinhava entre PT e PSDB na disputa à prefeitura de Belo Horizonte, o governador Aécio Neves avisou: a aliança entre petistas e tucanos não é uma construção entre líderes, mas uma reivindicação. “Quase 90% da população de Belo Horizonte quer continuidade dessa relação”, afirmou, referindo-se aos entendimentos administrativos entre o governo do estado e a prefeitura de Belo Horizonte.
Segundo Aécio Neves, o PSDB está tendo um gesto que chamou de generosidade e de desprendimento. “Poderíamos ter candidato, não estamos fazendo isso, estamos buscando entender o que a população quer e a partir disso atuar como muito desprendimento e generosidade”, disse. Em almoço anteontem com o vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva , Hélio Costa anunciou a dobradinha do PMDB com o partido de Alencar, o PRB.
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