Folha de S. Paulo
PT e PMDB têm vantagem na maioria das grandes cidades
PT e PMDB devem confirmar no próximo domingo o favoritismo adquirido no primeiro turno das eleições e protagonizar uma disputa acirrada pela hegemonia do chamado G79, grupo formado pelas 26 capitais e 53 municípios com mais de 200 mil eleitores. O segundo turno será realizado em 30 cidades. De acordo com as pesquisas eleitorais disponíveis até ontem, petistas e peemedebistas lideram as intenções de voto (fora da margem de erro) em sete grandes municípios cada partido.
Se os resultados das pesquisas se confirmarem, o PT sairá da eleição vitorioso em 20 cidades (incluídas as 13 vitórias no primeiro turno) e governará 8,6 milhões de eleitores. Pelo mesmo critério, considerando os dois turnos, o PMDB ficaria à frente de 15, com quase 7 milhões de eleitores governados.O PMDB tem candidatos tecnicamente empatados em quatro cidades, entre elas o Rio (Eduardo Paes), onde estão em jogo 4,8 milhões de votos. O PT tem três candidatos em empate técnico, em Juiz de Fora, Canoas e Pelotas. Nesses casos, disputa 849 mil eleitores. Em Salvador, os dois partidos se enfrentam. O prefeito João Henrique (PMDB) leva a melhor sobre o petista Walter Pinheiro (48% contra 41%), segundo pesquisa Datafolha.
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O jogo de forças no G79 é importante porque ali se concentram 46,8 milhões de eleitores, o equivalente a 36,4% do total do país. No primeiro turno, a disputa no G79 foi definida em 15 capitais e em outras 34 cidades. Resta, portanto, a definição em 30 municípios.
Segundo dados disponíveis, no segundo turno o PMDB está à frente em Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Campos (RJ), Florianópolis (SC), Bauru (SP) e Montes Claros (MG). Já os petistas lideram em Guarulhos (SP), São Bernardo (SP), Santo André (SP), São José do Rio Preto (SP), Mauá (SP), Joinville (SC) e Anápolis (GO).
No cenário mais otimista (se ganhar em todas as cidades em que disputa), o PT pode terminar a eleição vitorioso em 28 grandes cidades onde vivem ao todo 21,2 milhões de eleitores. Os peemedebistas podem governar 21 grandes cidades -9 já conquistadas e 12 em disputa. Se isso acontecer, o PMDB terá 15 milhões de eleitores. Das 30 cidades em que haverá disputa de segundo turno, só não existiam pesquisas disponíveis até ontem em duas delas -Contagem (MG) e Petrópolis (RJ). Em quatro municípios, a Folha levou em conta pesquisas com a projeção do segundo turno feita antes de 5 de outubro porque não havia levantamentos mais recentes. Só foram consideradas pesquisas registradas na Justiça Eleitoral. Se os prognósticos feitos até agora se confirmarem, o quadro geral do G79 poderá sofrer algumas mudanças em relação às eleições anteriores.
"Vou criar o dia da hipocrisia", diz Lula em evento pró-Marta
No último evento em São Paulo de apoio a Marta Suplicy (PT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que a petista sobre preconceito "raivoso e rançoso" por parte da elite paulistana, e a defendeu em relação à polêmica propaganda que questionava a vida privada do prefeito Gilberto Kassab (DEM). "Ainda vou criar o dia da hipocrisia nesse país", disse Lula para uma platéia de cerca de 2.000 pessoas na Casa de Portugal, centro de São Paulo.
Em toda a campanha, Lula esteve no palanque de Marta quatro vezes. Apesar disso, pesquisa Datafolha mostra que é de 16 pontos percentuais a diferença que separa Marta (37%) de Kassab (53%). "Temos que ter claro que essa mulher tem sido nesses últimos anos vítima de um preconceito raivoso e rançoso aqui na cidade de São Paulo", discursou Lula, para quem a elite considera "imperdoável" que ela tenha construído CEUs (Centro Educacional Unificado) na periferia e não em bairros ricos. "Tem um bando de gente, uma minoria, mas influente, que não aceita que pelo teus próprios méritos você tenha as mesmas coisas que ela."
Sobre a propaganda da campanha petista que pergunta se Kassab é casado ou tem filhos, Lula saiu em defesa de Marta. "Tentaram passar a idéia de que essa mulher tem preconceito contra homossexualismo. Exatamente essa mulher que quando todos nós tínhamos preconceito ela já estava na TV Mulher [na TV Globo, nos anos 80] defendendo as minorias." Ele ironizou a repercussão do caso. "Ah, meu Deus do céu, se a imprensa me defendesse cada vez que fazem uma pergunta difamatória para mim. Ah, se ela me defendesse cada vez que alguém me pergunta: "Ô Lula, sabes falar inglês? Então não podes governar o Brasil". Ou "És casado, tens filho?" Ora, quem é que já não recebeu essa pergunta? Ainda vou criar o "dia da hipocrisia" neste país".
Ele conclamou os militantes a saírem às ruas em busca de voto, mas fez crítica indireta ao programa eleitoral da aliada, considerado pelos eleitores ouvidos pelo Datafolha como o mais agressivo. "Não precisa falar mal do outro. Falem bem dela. Só se fala mal quando não tem algo melhor a apresentar." Marta discursou antes de Lula e voltou a falar em divisão da cidade, afirmando que Kassab representa o lado do "atraso". Vários integrantes da campanha atacaram Kassab e o governador José Serra (PSDB). O prefeito foi chamado de "autoritário" e "laranja de Serra". O deputado Jilmar Tatto citou o episódio em que Kassab se insurgiu contra um manifestante, aos gritos de "vagabundo".
Gabeira é alvo de protesto em campanha pelas ruas de regiões pobres do Rio
Em campanha na zona oeste ao lado da vereadora que ele chamou de "analfabeta política" e dona de "visão suburbana", o candidato a prefeito do Rio Fernando Gabeira (PV) testemunhou ontem de manhã as dificuldades de sua campanha em regiões pobres do Rio.
"Não gostei que na TV você chamou a gente de povinho", disse a Gabeira uma mulher que se identificou Kátia Regina, dona-de-casa.
Ela protestou contra as afirmações do candidato a respeito da vereadora Lucinha (PSDB), a mais votada da cidade, que ontem o acompanhou. Ao ouvir a reclamação, Lucinha afastou Gabeira.
O episódio ocorreu em uma comunidade pobre do bairro de Santa Cruz. Logo depois, ao discursar, Gabeira ouviu da sucateira Maria de Lurdes Santos: "É ruim, hein! Promete, mas não faz!". Ele reagiu: "Eu sou o candidato que não promete!". Em outra localidade do bairro, mulheres gritaram: "Fora, Gabeira!", em frente a um bar. Adiante, a dona-de-casa Ana Carla Rocha indagou se o candidato propõe a "liberação da maconha". Ele negou e esclareceu: é contra que os usuários sejam presos.
Discursando no conjunto habitacional João 23, em Santa Cruz, Gabeira cometeu um ato falho: "O prefeito não vai morar apenas no Rio. Ele vai ter um gabinete de trabalho aqui [zona oeste]". Houve gritos a favor de Eduardo Paes (PMDB), mas no geral Gabeira foi bem recebido nas áreas em que Lucinha tem bases fortes. Ela já havia desculpado as declarações de Gabeira. Pesquisa Datafolha publicada ontem confirma as resistências a Gabeira entre os pobres. Nesse estrato, Paes lidera. Entre os eleitores mais ricos, Gabeira está em primeiro. No geral, há empate técnico: o candidato do PV tem 44%; o do PMDB, 42%.
Kassab mira periferia com 2 mi de panfletos
A campanha do prefeito Gilberto Kassab (DEM) começou na madrugada de ontem a distribuição de 2 milhões de panfletos na periferia de São Paulo, ressaltando as ações do governo para a população mais carente. A intenção é avançar na busca de votos dos eleitores de Marta Suplicy (PT), que tem força na periferia.
O panfleto mostra o prefeito e, ao fundo, uma foto da cidade exibindo a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, obra concluída em sua gestão. Entre as ações ressaltadas estão a construção de hospitais, AMAs, CEUs, números de ruas asfaltadas e recapeadas, 6.100 novos ônibus, novas praças e urbanização de favelas. O panfleto também traz, no verso, o resultado da pesquisa Datafolha divulgado sexta-feira, em que o prefeito lidera por 16 pontos.
Na manhã de ontem, Kassab fez uma rápida visita ao Mercado Municipal. A agenda substituiu uma caminhada pelo Centro, cancelada por causa da chuva. Kassab comemorou o resultado da pesquisa e negou que a campanha esteja ganha. Durante a visita, entretanto, os apoiadores do prefeito cantaram diversas vezes "já ganhou". O prefeito afirmou que a próxima semana será tensa e de muito trabalho. "É um desrespeito com o eleitor achar que as eleições já estão definidas", disse.
Sobre o uso eleitoral dos os episódios violentos da semana -o enfrentamento entre policiais civis e militares em frente ao Palácio Bandeirantes e o seqüestro em Santo André -, Kassab disse que "se alguma candidatura quiser tirar proveito político, vai cometer um grande equívoco".
Esquema é maior que Avalanche, diz fiscal
A operação da Polícia Federal que prendeu o publicitário Marcos Valério e mais 16 pessoas, em 10 de outubro, revelou parte de um megaesquema de sonegação fiscal. É o que diz Antonio Carlos Campos, diretor-adjunto da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Ele diz que tem sido coagido a abandonar a investigação desde que autuou a Cervejaria Petrópolis em R$ 104 milhões. A cervejaria disse que não vai comentar as declarações do fiscal.
FOLHA – O sr. sabia da Operação Avalanche da PF?
ANTONIO CARLOS CAMPOS – Não, foi uma surpresa muito agradável para o Friedman [Eduardo Friedman, fiscal, também alvo do inquérito falso] e para mim, porque nossa reputação estava abalada com notícias falsas nos acusando de extorsão, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
FOLHA – A operação da PF cruza com a apuração da Fazenda?
CAMPOS – Cruza na medida em que mostra parte de um esquema muito maior. A autuação da Cervejaria Petrópolis foi da área do Friedman, que é supervisor de fiscalização de bebidas e tomou medidas que desagradaram o grupo. Estou no caso porque fiz um relatório sobre fraudes fiscais na Zona Franca de Manaus, que foi usado para o auto de infração e anexado como prova da acusação.
FOLHA – Qual o envolvimento da cervejaria nessas fraudes fiscais?
CAMPOS – Operações fraudulentas. São operações simuladas, mas não posso falar mais. Já sofri uma representação por abuso de autoridade, que está no Ministério Público, e fui alvo de denúncias apócrifas na Corregedoria de Fiscalização.
FOLHA – Marcos Valério faz parte desse grupo?
CAMPOS – Foi uma surpresa. Acho que Marcos Valério foi contratado para operacionalizar uma vingança. Não acho que querem desmoralizar os fiscais para poderem se livrar das autuações. O auto de infração se mantém se as provas são boas. O objetivo era nos abalar moralmente para abandonarmos a investigação.
O Estado de S. Paulo
Choque entre polícias leva Lula a confrontar Serra em ato de Marta
A uma semana do segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu apimentar a guerra eleitoral em São Paulo. Ao subir ontem no palanque da candidata do PT, Marta Suplicy, Lula disse que o governador José Serra (PSDB) deveria pedir "desculpas" por ter acusado o PT de insuflar um protesto de policiais civis, na quinta-feira, para obter dividendos políticos. Não foi só: ele aproveitou a manifestação para defender Marta no episódio do polêmico comercial sobre a vida privada do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e, irônico, afirmou que vai instituir o Dia da Hipocrisia. "O governador Serra não tinha o direito de, me conhecendo como conhece e mantendo as relações que mantém comigo, acusar o PT nesse caso da Polícia Civil", disse Lula. "Espero que em algum momento o governador de São Paulo peça desculpas por essa heresia."
Diante de cerca de 1,7 mil representantes de movimentos sociais, sindicalistas e até policiais civis, o presidente destacou que Serra "sabe muito bem" que os dirigentes das centrais só queriam apresentar reivindicações da categoria. "Quem não quer ser cobrado pelo povo que não seja governo." O Estado procurou a assessoria do governador, que não comentou as declarações. Na quinta-feira, Serra acusou o PT, a CUT e o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), de incentivar o conflito entre policiais civis e militares, perto do Palácio dos Bandeirantes, na tentativa de influenciar a votação do dia 26.
Sem esconder a contrariedade, Lula fez questão de associar Serra a Kassab, que lidera a corrida eleitoral. Disse que tanto o tucano quanto o candidato à reeleição recebem recursos do governo federal sem discriminação partidária. Durante o ato, o adversário de Marta foi chamado várias vezes de "laranja" e "clone" de Serra por petistas que se revezaram no microfone. O presidente da Força Sindical avisou que o objetivo dos policiais, agora, é conversar com o ministro da Justiça, Tarso Genro."Queremos despolitizar a greve", garantiu. Paulinho, como é conhecido, foi convencido pelo chefe-de-gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, a não entregar ali um manifesto a Lula. "Isso seria fazer o que Serra quer", argumentou.
PMDB lidera no maior número de capitais onde haverá segundo turno
O PMDB está em vantagem na disputa do segundo turno nas capitais, de acordo com as últimas pesquisas do Ibope. Candidatos do partido lideram em Belo Horizonte, Porto Alegre e Florianópolis, e estão tecnicamente empatados com seus adversários no Rio de Janeiro, em Salvador e em Belém. Na capital mineira, o peemedebista Leonardo Quintão abriu uma vantagem de 18 pontos sobre o concorrente, Márcio Lacerda, do PSB. Em Porto Alegre, a disputa é mais apertada, mas José Fogaça vence a petista Maria do Rosário. É de 24 pontos porcentuais a vantagem de Dário Berger sobre Esperidião Amin (PP) em Florianópolis.
No Rio, o Ibope apontou empate técnico entre Fernando Gabeira (PV) e o peemedebista Eduardo Paes. Embora o candidato do PV tenha 3 pontos porcentuais a mais, a margem de erro da pesquisa põe os dois candidatos em situação de igualdade. Na capital baiana, João Henrique Carneiro, do PMDB, e Walter Pinheiro, do PT, estão com o mesmo porcentual, 44%. Outro candidato do PMDB, José Priante, empata tecnicamente em Belém com Duciomar da Costa, do PTB – a vantagem de Duciomar é de apenas 3 pontos. No primeiro turno, o partido já tinha vencido em duas capitais, Goiânia e Campo Grande. Com chance de ganhar em grandes capitais, o partido pode sair fortalecido das eleições.
O PSDB, que no primeiro turno elegeu os prefeitos de Curitiba e Teresina, está na frente em mais duas capitais. Em Cuiabá, o tucano Wilson Santos vence Mauro Mendes (PR) e, em São Luís, a pesquisa Ibope mostra João Castelo na frente de Flávio Dino (PC do B). O PTB vence o segundo turno em Manaus, com Amazonino Mendes – seu adversário, Serafim Correa (PSB), está 25 pontos atrás. O partido ainda não conquistou prefeitura de capital nestas eleições.
Em Macapá, Camilo Capiberibe (PSB) está à frente de Roberto Góes (PDT). O PSB ganhou no primeiro turno em João Pessoa. O PT, que elegeu prefeitos em seis capitais no primeiro turno, concorre em São Paulo e em Salvador. Nas duas capitais, no entanto, está atrás, ainda segundo o Ibope. No primeiro turno, o partido do presidente Lula venceu em: Vitória, Recife, Fortaleza, Palmas, Porto Velho e Rio Branco.
No interior dos Estados, o PSDB está na disputa em Juiz de Fora (PR), Campina Grande (PB), Londrina (PA) e Ponta Grossa. Nas quatro cidades, os candidatos tucanos estão em situação de empate técnico com os adversários. Em Campina Grande enfrenta candidato do PMDB. O Ibope ainda não fez pesquisas, no segundo turno, nas cidades de Anápolis (GO), Petrópolis (RJ), Joinville (SC), Canoas e Pelotas (RS).
PT está na maioria das disputas do interior de SP
O PT está na disputa no maior número de cidades que terão segundo turno no Estado de São Paulo. Além da capital, o partido tem candidatos em quatro importantes colégios eleitorais da Grande São Paulo, um tradicional reduto do partido. Em Guarulhos, o petista Sebastião Almeida enfrenta Carlos Roberto de Campos, do PSDB. A Prefeitura de Mauá tem como concorrentes Oswaldo Dias, do PT, e Chiquinho do Zaira, do PSB. Outro petista, Vanderlei Siraque, disputa com Aidan Ravin, do PTB, em Santo André.
Em São Bernardo do Campo, enfrentam-se os candidatos Luiz Marinho, do PT, e Orlando Morando, do PSDB. As sondagens divulgadas pelas equipes de campanha indicam disputas acirradas. A vitória no ABC é considerada estratégica para o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que iniciou a trajetória política como sindicalista na região. Na campanha, ele gravou declarações de apoio e subiu no palanque dos petistas.
No interior, o PT está em vantagem na corrida pela Prefeitura de São José do Rio Preto. O candidato do partido, João Paulo Rillo, aparece oito pontos na frente do concorrente do PSB, Valdomiro Lopes Júnior, em pesquisa do Ibope. O presidente Lula gravou mensagens de apoio ao petista. O PSDB faz parte da coligação que apóia Valdomiro – tem o candidato a vice na chapa. A direção estadual do partido negociou o apoio do atual prefeito da cidade, Edinho Araújo, do PPS, ao candidato do PSB. A declaração de apoio ainda não surtiu efeito. Valdomiro liderou a disputa no primeiro turno.
Em Bauru, o candidato do PMDB, Rodrigo Agostinho, também abriu oito pontos em relação ao concorrente, o tucano Caio Coube, de acordo com a última pesquisa. Coube havia chegado na frente no primeiro turno. O peemedebista tem como vice na chapa a vereadora Estela Almagro. Os dois candidatos receberam reforços de seus partidos esta semana. O secretário de Transportes do Estado, Mauro Arce, esteve na cidade para anunciar investimentos do governo estadual. O presidente do Diretório Estadual do PT, Edinho da Silva, participou da campanha ao lado do candidato aliado, do PMDB.
Após 10 dias preso, Valério deve ser libertado amanhã
O empresário Marcos Valério, considerado o operador do mensalão e preso pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Avalanche, deflagrada no dia 10 de outubro, deve ser libertado na madrugada de segunda-feira da carceragem da corporação, em São Paulo. É quando expira sua ordem de prisão temporária, decretada na última terça-feira pela Justiça Federal.
A medida, tomada pela juíza Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Criminal Federal, tinha validade de cinco dias. Até sábado pela manhã, a prisão preventiva do empresário não havia sido pedida. De acordo com o defensor do empresário, Marcelo Leonardo, assim que for solto Valério deve viajar para Belo Horizonte. Ele não concederá entrevistas.
O empresário é acusado de articular um esquema de corrupção e quadrilha para forjar inquérito contra fiscais da Fazenda, que autuaram em R$ 104,54 milhões a Cervejaria Petrópolis, de seu amigo, Walter Farias. Valério foi monitorado pela PF durante três meses. Seus telefonemas foram interceptados e seus movimentos, filmados.
Grupo de Rainha invade oito fazendas no Pontal
Integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) ligados ao líder dissidente José Rainha Júnior invadiram oito fazendas ontem no Pontal do Paranapanema, extremo oeste paulista. A ação mobilizou cerca de 800 militantes recrutados em acampamentos e assentamentos da região. Até o início da tarde, a Polícia Militar só tinha confirmado a ocupação de quatro fazendas em Presidente Epitácio, Presidente Venceslau, Teodoro Sampaio e Presidente Bernardes.
De acordo com a PM, a ação chega ao conhecimento dos policiais quando os donos ou empregados das áreas invadidas comunicam a ocorrência. Os donos devem entrar com pedidos de reintegração de posse. Rainha informou em nota que a invasão em massa tem a finalidade de "despertar o governo de José Serra do seu marasmo" e retomar os assentamentos na região. Segundo o líder, as fazendas invadidas são "improdutivas ou devolutas".
No ano passado, nessa mesma época, o grupo de Rainha fez uma onda de invasões no Pontal, a região com o maior número de conflitos fundiários do Estado. "Nada foi feito para os trabalhadores e o governo tucano insiste em privatizar 300 mil hectares de terras públicas." Rainha se referia ao projeto de Serra que prevê a regularização das áreas com mais de 500 hectares no Pontal. A proposta, enviada à Assembléia Legislativa em junho de 2007, ainda não foi votada. O governo entende que a medida contribuirá para reduzir os conflitos na região.
Segundo Rainha, 3.774 famílias estão na fila para serem assentadas. O governo teria arrecadado nove áreas, mas não providenciou os assentamentos. O líder reivindica a retirada do projeto do governador e a instalação de comissões de seleção nos municípios que tiveram áreas arrecadadas. "É preciso investir mais em reforma agrária e menos em obras de presídios."
Correio Braziliense
Tributos: reforma na ressaca eleitoral
O governo trabalha para aprovar a reforma tributária (PEC 233/2008) logo após o segundo turno das eleições municipais. As negociações estão sendo conduzidas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo presidente da comissão especial que examina a reforma, deputado Antônio Palocci (PT-SP), com o relator do projeto, deputado Sandro Mabel (PR-GO), que deve fechar seu substitutivo na segunda-feira. “Está quase tudo acertado, faltam alguns detalhes das regras de transição”, disse Mabel. O governo pretende unificar a cobrança do ICMS, que terá cinco alíquotas apenas, criar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) federal, fundindo o PIS, a Confins e o Salário Educação, e incorporar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).
Na quarta-feira passada, Mantega, Palocci e Mabel vararam a madrugada na residência do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para fechar o acordo. Na próxima segunda-feira, segundo Mabel, haverá um encontro com o assessor especial da Presidência, Bernard Appy, que trabalha na elaboração do texto final das regras de transição da reforma, para discutir os prazos para o novo sistema. “Nossa intenção é acertar essas pendências e votar o substitutivo na comissão especial na quarta”, acrescentou Mabel. O governo pretende rejeitar cerca de 400 emendas apresentadas ao projeto original na comissão, mas há resistências, principalmente entre parlamentares dos estados produtores.
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), orientou os deputados tucanos e seus aliados a empurrar a votação com a barriga. Governadores da base aliada, como os do Amazonas, Eduardo Braga, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, ambos do PMDB, também se opõem à aprovação da reforma porque temem perdas significativas de arrecadação. É que o novo ICMS, cujas alíquotas serão aprovadas pelo Senado, será cobrado nos estados de destino e não na origem. Caberá aos estados produtores apenas 2% do valor do imposto arrecadado. A proposta é visa a promover a redistribuição da renda regional, beneficiando estados de menor atividade econômica.
Na avaliação do governo, a crise econômica favorece a aprovação da reforma tributária, pois o novo sistema daria mais segurança jurídica aos investidores. O problema é a necessidade de acordo com os governadores, que temem grandes perdas de arrecadação. O ICMS — cobrado sobre circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação — é o maior alvo das modificações. As alíquotas internas do ICMS seriam uniformes em todo o território nacional, por mercadoria, bem ou serviço, em número máximo de cinco.
PT não é o principal beneficiário da expressiva popularidade de Lula na região Nordeste
alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste, onde nove em cada 10 pessoas aprovam o governo, não se reverteu em votos para o PT, partido do qual é a maior estrela. Levantamento realizado pelo Correio aponta que, no primeiro turno, os petistas ficaram apenas em sexto lugar no número de prefeituras conquistadas nos nove estados da região, atrás de legendas aliadas como PMDB, PSB e PTB e dos oposicionistas PSDB e DEM.
O baixo desempenho dos petistas na “tomada da máquina municipal” nordestina não se deve à falta de nomes para concorrer às 1.793 prefeituras. Embora tenha lançado 464 candidatos, o PT teve a pior média de vitória entre as oito legendas que mais elegeram prefeitos na região, com 137 administrações — uma taxa de sucesso de 29%. Esse desempenho fica aquém da média nacional do partido no primeiro turno, de 34% — lançou 1.616 candidatos, elegendo 552 deles.
A exceção no Nordeste foi a Bahia. O crescimento do PT nos dois anos do governo Jaques Wagner (PT) ajudou o partido a vencer em 68 municípios, frente aos 19 prefeitos eleitos em 2004, e a levar o deputado Walter Pinheiro (PT) ao segundo turno em Salvador. O desempenho permitiu aos petistas ocuparem espaços abertos pela derrocada do carlismo e ainda se manterem no encalço do PMDB, que elegeu 113 prefeitos a reboque do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Lula, porém, ficará de fora da corrida para o segundo turno na capital baiana para não desgastar a relação com sua base aliada.
“Lula ajuda mas não faz milagre. Só funciona quando a candidatura é viável”, afirma o presidente do diretório baiano do PT, Jonas Paulo. “Transferência de voto é algo muito raro, tem um papel menor do que as pessoas imaginam. São poucas as experiências que resultaram em sucesso, avalia o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).
Conflito na polícia de SP vira tema de debate eleitoral
A crise da polícia monopolizou nesta sexta-feira a disputa paulistana. De um lado, aliados do prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) acusaram interesses eleitorais por trás do movimento, que culminou com o confronto entre policiais civis e militares em frente ao Palácio dos Bandeirantes, anteontem. Do outro, petistas reagiram com indignação à tentativa do governador José Serra (PSDB) de vincular o PT ao conflito.
"Quero repelir a atitude do governador de acusar o partido do presidente da República de estar por trás disso, porque é mentira", afirmou o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. Principal aliado de Kassab na disputa eleitoral, Serra havia afirmado um dia antes "não ter dúvida nenhuma" de que as manifestações de policiais diante da sede do governo "tinham a participação ativa da CUT, que é ligada ao PT, e da Força Sindical, ligada ao PDT".
Ao lado do prefeito e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra voltou ontem à carga e acusou a "politização" do movimento. "A motivação eleitoral e partidária é meio óbvia. Basta olhar os textos dos discursos feitos por políticos nesses eventos. O ato de ontem (anteontem) foi programado por um desses líderes, que é o Paulinho, da Força Sindical", afirmou Serra.
Marta disse ter ficado "pasma" com as declarações de Serra. "Querer culpar um partido por uma incapacidade de negociação? Eu não esperava essa postura do governador." Na prática, porém, o comando da campanha de Marta avalia que ela deve explorar o confronto para tirar dividendos eleitorais do episódio e mostrar as "deficiências" do governo Serra, agora associado a Kassab.
O Globo
Empresas têm ganhos em excesso com especulação
Levantamento inédito mostra que 80 grandes empresas do país com ações na Bolsa obtêm mais da metade do seu lucro em operações financeiras, não ligadas à sua atividade principal. Segundo a consultoria Economática, 35 delas chegam a ter resultado financeiro superior ao lucro líquido. Com o agravamento da crise econômica global e a disparada do dólar, especialistas alertam que a especulação em excesso dessas companhias pode provocar perdas para os seus acionistas, informa Felipe Frisch.
Para favelas, velhas idéias e não à remoção
Diferentes no estilo, Eduardo Paes (PMDB) e Fernando Gabeira (PV) têm propostas semelhantes em muitas áreas. Os dois querem manter o Favela-Bairro – ainda que Paes defenda a ampliação das obras do PAC nas favelas e Gabeira, a preocupação ambiental. Eles são contra remoções e o uso da força para conter a expansão irregular. Paes e Gabeira também defendem o fim da aprovação automática e o bilhete único. Para revitalizar e dar segurança à noite carioca, os dois apostam numa medida simples: iluminação.
Na Bahia, Geddel nega ser novo ACM
Padrinho da candidatura à reeleição de João Henrique em Salvador, o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) nega ser um novo ACM, bate no PT e diz que não há alinhamento automático para 2010.
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