O Estado de S. Paulo
”Vamos discutir a poupança”, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem a possibilidade de mudar o cálculo de rentabilidade da caderneta de poupança. "Temos de pensar, não podemos permitir que os poupadores tomem prejuízo no Brasil, nós precisamos defender a poupança", disse, durante seminário em Nova York. Muitos analistas têm alertado para o fato de que a tendência de forte queda da taxa básica de juros (Selic) beneficiará a poupança em detrimento de outras aplicações. Isso porque a poupança tem rendimento de 6% ao ano mais a variação da TR, garantido por lei. Por isso, seria necessário rever a rentabilidade da poupança, para evitar distorções e permitir maiores cortes da Selic.Setores do governo já vêm discutindo o tema reservadamente, mas ontem foi a primeira vez que Lula admitiu a preocupação. O presidente afirmou que vai ter uma reunião com a equipe econômica quando chegar ao País "para ver como fica". "Vamos discutir o que vamos fazer, porque eu também não posso adivinhar."
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Em dez anos, União bancou subsídio de R$ 106 bilhões
Em 1997 e 1998, Estados e grandes municípios aderiram em massa à renegociação proposta pelo governo federal por um simples motivo: era um ótimo negócio. Os principais atrativos foram o estabelecimento de um teto para pagamentos mensais da dívida e a troca de juros de mercado – então altíssimos – por taxas subsidiadas. Em dez anos, esse subsídio dado pela União chegou a R$ 106 bilhões, segundo estudo divulgado em 2008 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os acordos fechados pela equipe do então ministro da Fazenda, Pedro Malan, previam a federalização das dívidas – ou seja, quem havia emprestado para os Estados passou a ser credor da União. E os Estados passaram a dever para o governo federal, com prazo de pagamento de 30 anos. Para se ter uma ideia do peso dos juros na época da renegociação, a taxa Selic chegou a 38% ao ano dezembro de 1997. E isso para uma inflação de menos de 4,5%, ou seja, os juros reais estavam acima de 30% ao ano.
Clodovil é internado em estado gravíssimo após sofrer AVC
Eleito deputado em 2006 com quase 494 mil votos, o estilista Clodovil Hernandes (PR), de 71 anos, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico e está internado em estado gravíssimo na unidade de tratamento intensivo (UTI) do hospital Santa Lúcia, em Brasília. O deputado está em coma profundo, depende de aparelhos para manter os sinais vitais e tinha, no início da noite de ontem, pouca chance de sobrevivência. Depois de passar mal na manhã de ontem, Clodovil levou um tombo no apartamento onde mora, na Asa Norte, e foi encontrado desacordado por volta das 7 horas por um assessor parlamentar. Ele teve uma hemorragia no lado esquerdo do cérebro, mas, segundo os médicos, não havia possibilidade de cirurgia. Sedado e com pressão alta, ele foi submetido a uma drenagem para frear a hemorragia. No meio da tarde, teve uma parada cardíaca de cinco minutos e foi reanimado pela equipe médica, mas o estado agravou-se mais ainda.
Heráclito vê ofensiva de denúncias
Segundo homem na hierarquia do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI) usou de ironia ontem para responder às denúncias de irregularidades que tomam conta da agenda desde a eleição de José Sarney (PMDB-AP) para presidente da Casa. "Tá na hora de fechar o Congresso", afirmou Heráclito, primeiro secretário na Mesa Diretora. "Estou me sentindo igual a um barqueiro de canoa de pobre: toda hora tenho de tapar um buraco." As declarações vieram após o senador ter dado explicações a respeito de passagens áreas financiadas pelo Senado e usadas pela senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) para trazer assessores do Maranhão e sobre as denúncias de nepotismo na contratação por firmas terceirizadas. "Há uma campanha orquestrada contra o Senado. Isso não é justo", disse. Desde que assumiu o Senado, em fevereiro, derrotando Tião Viana (PT-AC), Sarney passou a maior parte do tempo respondendo a denúncias de irregularidades, como o uso de seguranças do Senado para vigiar propriedades de sua família no Maranhão, revelado pelo Estado, e o pagamento de horas extras a servidores durante o recesso. As versões ontem sobre o episódio envolvendo Roseana foram desencontradas.
Aécio alivia discurso e tira pressão por prévias
Principal defensor da realização de uma consulta prévia às bases do PSDB para definir o candidato do partido à Presidência, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, suavizou o discurso ontem. No Recife, acompanhado do governador e também pré-candidato José Serra, Aécio defendeu a realização de prévias internas no PSDB "como instrumento último, se necessário".Serra também pôs ênfase no discurso da unidade: "Se alguém me vir com o dedo no olho do Aécio é porque estou tirando um cisco". Os dois tucanos deram entrevistas no lançamento de seu livro Daquilo que eu sei – Tancredo e a transição democrática, do ex-deputado federal Fernando Lyra.
Lula pede fim de embargo a Cuba
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o colega americano Barack Obama tem "a obrigação" de estabelecer uma nova relação com a América Latina. "Uma relação não como a aliança para o progresso dos anos 60, nem uma política de ingerência, mas uma relação de parceria", disse Lula em discurso, durante seminário para investidores estrangeiros. "Converso com Hugo Chávez (presidente da Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Cristina Kirchner (Argentina). Todos, sem exceção, têm intenção de estabelecer relações com os Estados Unidos."Para Obama, a Cúpula das Américas, que se realiza em Trinidad e Tobago de 17 a 19 de abril, é o cenário ideal para esse relançamento das relações no continente. "Obama vai participar de sua primeira reunião com todos os líderes da América Latina, ele terá o cenário ideal para restabelecer a política de convivência democrática e pacífica na região."
Folha de S. Paulo
Plenário do Congresso tem menor produção desde 2000
Quarenta e três dias após o início oficial das atividades de 2009, o Congresso Nacional registra até agora a menor produtividade em plenário dos últimos nove anos, com só oito projetos votados pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. Ao custo proporcional de R$ 740 milhões, equivalentes a 43 dias de um orçamento
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