O Estado de S. Paulo
Depois de quase quatro horas de reunião, o governo e as principais centrais sindicais fecharam um acordo que prevê reajuste real para os aposentados e pensionistas que ganham acima de um salário mínimo. Ficou pactuado que serão concedidos aumentos equivalentes à inflação do período mais 50% da alta do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás (em 2010, por exemplo, o cálculo será feito com base no PIB de 2008). Isso significa, em termos práticos, um reajuste de 6,5% em 2010, aí incluídos 2,6% de aumento real. O porcentual considera a projeção do INPC para este ano, de 3,49%, mais metade da alta do PIB de 2008, de 5,5%. O impacto na folha será de cerca de R$ 3 bilhões, já autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo os ministros da Previdência, José Pimentel, e da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci. O acordo fechado ontem, que será transformado em projeto a ser votado no Congresso, prevê ainda a flexibilização do fator previdenciário, que passaria a funcionar com a regra “85-95”. Tal fator refere-se à soma, para fins de aposentadoria, da idade com tempo de contribuição. Para mulheres, a soma deve resultar em 85 e, para os homens, em 95. O texto trará a novidade de que o empregador não poderá demitir o funcionário um ano antes da aposentadoria, sob pena de multa. Também estará no projeto que o tempo que a pessoa ficar desempregada recebendo seguro-desemprego contará para aposentadoria, assim como o período de aviso prévio.
PMDB trava Câmara para arrancar liberação de emendas do Planalto
Depois de enterrar as 11 representações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética, exigindo os votos dos três senadores petistas, e de cobrar o apoio do Planalto e do PT aos candidatos peemedebistas nos Estados para, em troca, ficar ao lado da pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o PMDB aumentou ontem a pressão sobre o governo. O partido lidera agora a ofensiva para que a equipe econômica libere logo o dinheiro das emendas dos parlamentares previsto no Orçamento deste ano. O partido conduziu ontem a obstrução das votações na Câmara e anunciou a disposição de manter a paralisação até que o governo apresente o cronograma de liberação das emendas, com as datas de desembolso do dinheiro para as obras nos municípios que são base eleitoral dos deputados. “Não pode a área econômica ficar se fazendo de surda e muda. Se é assim, aqui nós ficamos surdos e mudos também”, afirmou o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).
Partido se articula para controlar fundo de pensão
Está perto do fim a trégua entre os funcionários e a direção de Furnas, comandada pelo PMDB. O partido se articula para tentar novamente tomar conta da administração da Fundação Real Grandeza, o fundo de pensão da estatal. O grupo político do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vem se articulando para, após as eleições para três novos membros do conselho deliberativo do fundo, trocar a atual diretoria, cujo mandato termina em outubro. Os funcionários querem a recondução do atual presidente, Sergio Wilson Ferraz Fontes, mas a estatal deve aproveitar para substituí-lo por um nome mais próximo do PMDB, o que já tentou fazer quatro vezes em dois anos.
Oposição abandona Conselho de Ética
Uma semana depois do arquivamento de 11 ações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e uma representação contra o líder dos tucanos, senador Arthur Virgílio (AM), senadores do PSDB e do DEM decidiram ontem sair do Conselho de Ética, renunciando às vagas, e propor uma reformulação do colegiado. A oposição propõe alteração na composição do conselho, com a indicação de um integrante de cada partido. Mesmo com a saída da oposição, o conselho poderá continuar a funcionar porque os governistas têm maioria no colegiado: dez das 15 cadeiras. À exceção do presidente Sarney, ninguém defende sua extinção.
Suplicy mostra cartão a Sarney
Exatos sete dias depois de o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ter sido absolvido no Conselho de Ética, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) subiu à tribuna ontem para pedir sua renúncia e, em um gesto calculado, empunhou um “cartão vermelho”, deixando claro seu veto à presença do peemedebista no comando da Casa. Foi o suficiente para reinstalar o clima de guerra que predominou no plenário do Senado, desde o início de agosto até o julgamento de Sarney. Só havia um representante da chamada tropa de choque do PMDB no plenário vazio – o senador Almeida Lima (SE), que logo saiu em defesa de Sarney. Mas o embate atingiu temperatura elevada, a ponto de Suplicy perder o controle e se irritar na tribuna, com a intervenção do primeiro-secretário da Mesa Diretora, senador Heráclito Fortes (DEM-PI). “V.Exa devia apontar o cartão vermelho para o Lula, que foi quem atravessou o campo, invadiu as dependências do Senado e deu cartão amarelo para o líder Aloizio Mercadante”, devolveu Heráclito, que momentos antes também recebera cartão vermelho.
Líderes boicotam reunião com senador
Ao se livrar de 11 representações no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o senador José Sarney (PMDB-AP) mostrou que a cadeira de presidente do Congresso é sua, por direito, mas nem por isso passou a presidir o Senado de fato e por inteiro. Prova disso foi o boicote do PT e dos partidos de oposição à reunião de líderes com o presidente da Casa, ontem, a primeira depois do arquivamento das ações contra ele. O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), alegou que estava em São Paulo com o presidente Lula. Além de faltar ao encontro, não se deu ao trabalho de encarregar seu primeiro vice-líder, senador Eduardo Suplicy (SP), de representar a bancada em seu nome. PSDB e o DEM, cujos líderes estavam em Brasília, faltaram à reunião com um propósito: deixar claro que não existe no Senado o ambiente de normalidade que Sarney tentara imprimir na véspera, ao subir à tribuna com uma postura mais de acadêmico do que de político, para homenagear o escritor Euclides da Cunha.
Serra omite verba federal, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que lhe dê o crédito por investimentos federais em obras que estão a cargo da administração estadual e fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Sem citar nominalmente o governador num primeiro momento, Lula aproveitou o lançamento da pedra fundamental de um campus da Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo, para acusar o governo paulista de omitir em propagandas a existência de dinheiro federal no Rodoanel. “Aqui tem obras muito importantes, Marinho, que às vezes não aparecem como se fossem do governo federal”, afirmou Lula, voltando-se ao prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT). “A gente põe dinheiro, faz a obra, e quando vê, o prefeito, o governador faz a propaganda dele e não fala sequer que o dinheiro é nosso.”
Presidente cogita cursar faculdade depois de 2010
Ao lembrar que chegou à Presidência da República mesmo sem ter um curso superior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que poderá retomar os estudos depois que deixar o Palácio do Planalto. E brincou que poderá tentar uma vaga no ProUni, que financia estudos de alunos de baixa renda na rede privada de ensino. “Talvez até quando eu deixar a Presidência, o ProUni me dá uma colher de chá e eu posso até cursar uma universidade”, disse, ao lançar a pedra fundamental do campus de São Bernardo do Campo da Universidade Federal do ABC. Sorridente, Lula defendeu iniciativas como as olimpíadas, realizadas em várias disciplinas na rede pública. “A de português é muito importante para as crianças não falarem menas laranjas, como eu”, disse, arrancando risos da plateia. “Às vezes, o português correto as pessoas nem entendem. Entendem o menas que eu falo.”
Mercadante e presidente evitam constragimento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) fizeram o possível ontem para evitar que o clima de constrangimento tomasse conta de seu primeiro encontro público desde que o líder petista ameaçou deixar o comando da bancada no Senado, na semana passada. Ao cumprirem agenda em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, o presidente e o senador até ensaiaram algumas poucas brincadeiras. Mas não demonstraram a habitual intimidade esperada de dois velhos amigos. Em geral brincalhões um com o outro, Mercadante e Lula falaram-se pouco. No primeiro ato da agenda, o lançamento da pedra fundamental de um campus da Universidade Federal do ABC, Lula só mencionou o líder petista em seu discurso ao agradecer o empenho na aprovação no Senado do projeto que permitiu a criação da universidade. Mas a mesma atenção foi dispensada ao ex-deputado Professor Luizinho, encarregado do mesmo trabalho na Câmara. Na saída, os dois cumprimentaram-se rapidamente.
”Envergonhados” do PT são criticados em festa petista
Dirigentes do PT, ministros, senadores e deputados transformaram ontem o lançamento da candidatura de José Eduardo Dutra ao comando do partido numa manifestação de desagravo à ética petista. Uma semana depois de o PT ter ajudado a absolver o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), os petistas tentaram demonstrar unidade para reagir aos ataques da oposição e defender a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), pré-candidata do partido à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marcado por discursos exaltados, o ato da corrente “Construindo um Novo Brasil” – antigo Campo Majoritário do PT – também acabou adquirindo tom de censura à saída dos senadores Marina Silva (AC), de malas prontas para o PV, e Flávio Arns (PR). Depois de dizer que para trabalhar no Senado era preciso ganhar adicional de “insalubridade e periculosidade”, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder do governo no Congresso, afirmou não existir maior corrupção do que submeter a população à miséria.
Receita continua expurgo de servidores
O secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, avançou ontem na tarefa de trocar os ocupantes dos postos-chave da casa. Segundo ele, o objetivo é pôr nos cargos funcionários de “perfil técnico e arrecadador” e recuperar a eficiência das administrações anteriores à de Lina Vieira. “Estamos no meio de um tiroteio”, afirmou o secretário, que está sob pressão para aumentar a arrecadação. Foram formalizadas as exonerações de mais seis funcionários: o subsecretário de Gestão Corporativa, Odilon Neves, o coordenador-geral de Estudos, Previsão e Análise da Receita Federal, Marcelo Lettieri Siqueira, além dos superintendentes da 4ª Região Fiscal (Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte), Altamir Dias de Sousa; da 6ª Região Fiscal (Minas Gerais), Eugênio Celso Gonçalves; da 8ª Região Fiscal (São Paulo), Luiz Sérgio Fonseca Soares, e da 10ª Região Fiscal (Rio Grande do Sul), Dão Real Pereira dos Santos.
Folha de S. Paulo
60 deixam cargos de chefia da Receita e crise se agrava
Num agravamento da crise na Receita Federal, cerca de 60 pessoas em postos de chefia, distribuídas em 5 das 10 superintendências regionais, avisaram ontem seus superiores que deixarão suas funções. Somente no Estado de São Paulo, que concentra 42% da arrecadação nacional, foram cerca de 30 demissionários. Entre os quais Clair Hickman, responsável pela fiscalização do setor bancário no Estado, maior praça financeira do país.
Em Minas Gerais, foram mais dez baixas. Houve exonerações também na 10ª Região (Rio Grande do Sul), na 4ª (PE, PB e RN) e na 3ª (Ceará, Maranhão e Piauí). A Receita informou que são cerca de 300 cargos de confiança no país. Anteontem, 12 integrantes da cúpula do fisco pediram exoneração, num levante contra o que classificam de ingerência política no órgão patrocinada pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) e pelo Planalto.
Lina afirma que pecado foi focar “grandes”
A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira divulgou nota ontem em que classificou a exoneração de pessoas ligadas a ela como um “perigoso recuo” no processo de fortalecimento do órgão. Nesta semana, seis servidores em cargos de confiança nomeados pela ex-secretária foram exonerados pelo atual chefe da Receita, Otacílio Cartaxo, e muitos outros pediram para deixar suas funções, em resposta ao que chamam de interferência política no órgão. “As instituições de Estado -como é o caso da Receita Federal- somente poderão exercer o seu papel constitucional se compostas por servidores que primem pela ética no serviço público, imunes a influências políticas de partidos ou de governos. Os governos passam, o Estado fica, e com ele, os servidores públicos”, diz a nota.
Para Cartaxo, Receita tem “rede de proteção”
Depois da demissão de 12 servidores que ocupavam cargos de chefia na Receita Federal, o secretário Otacílio Cartaxo anunciou novos nomes, negou que haja ingerência política no fisco e disse que o órgão tem uma “rede de proteção”. Cartaxo fez as declarações na tentativa de contornar o desgaste causado pela carta na qual os demissionários da cúpula acusam o órgão de sofrer interferência política e econômica. Na prática, Cartaxo tirou os assessores mais próximos da ex-secretária Lina Vieira e levou para postos-chave servidores que tiveram cargos de confiança nas gestões de Everardo Maciel e Jorge Rachid, os dois secretários anteriores.
“A Receita tem uma rede de proteção contra interferência política indesejada”, disse.
Conselho sofre baixas e Suplicy ataca Sarney
Apesar de absolvido de 11 acusações na semana passada, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), enfrentou ontem mais um dia negativo. A oposição o boicotou e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu a saída do peemedebista em discurso no plenário no qual exibiu um cartão vermelho. O clima ficou pesado no Senado no início da tarde, quando a oposição se recusou a participar de uma reunião com Sarney. O encontro seria para discutir a pauta da Casa.
Senado altera projeto original dos deputados
O projeto da reforma eleitoral, que deve passar hoje por uma primeira votação no Senado, acaba com o voto em trânsito para presidente da República, aprovado pela Câmara. Parecer dos relatores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Marco Maciel (DEM-PE) elimina a criação de urnas especiais nas capitais em que eleitores fora do seu domicílio votem para presidente. A ideia é evitar fraudes, com uma mesma pessoa votando em dois Estados. Deve cair a impressão de uma parte dos votos em urnas eletrônicas para fiscalizar o processo. Ficaria permitida propaganda eleitoral paga na internet.
Senado agora planeja construir sua própria praça de alimentação
O Senado já tem pronto um projeto para construir uma praça de alimentação nas suas dependências. Apesar de o presidente José Sarney (PMDB-AP) ter determinado corte de investimentos no início do ano, o primeiro-secretário Heráclito Fortes (DEM-PI) encomendou há duas semanas estudo para realização da obra em um dos estacionamentos da Casa. Serão cerca de 800 metros quadrados para abrir dois restaurantes tipo “fast-food” e uma lanchonete. O local contará com 150 lugares e será feito todo de estrutura metálica. A Folha teve acesso à planta produzida por técnicos do Senado. Segundo cálculos preliminares, a praça de alimentação custará no mínimo R$ 1,5 milhão.
Justiça mantém condenação de mandantes de ação em Carajás
Comandantes da Polícia Militar na ação que resultou na morte de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás (PA) em 1996, o coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Oliveira tiveram recurso negado no Superior Tribunal de Justiça. Eles devem ser presos quando o resultado do julgamento chegar à Justiça do Pará, o que deve ocorrer em um mês.
O recurso tentava anular julgamento do Tribunal de Júri do Estado, ocorrido em 2002. Na ocasião, eles foram condenados a 228 anos e 158 anos de prisão, respectivamente, como os mandantes das mortes ocorridas. Os 142 PMs que participaram da ação foram absolvidos.
Serra esconde verba federal no Rodoanel, reclama Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem, em dois eventos diferentes em São Paulo, que o investimento do seu governo no Rodoanel “não aparece nas propagandas”. O Rodoanel é uma das principais bandeiras do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nome mais bem colocado nas pesquisas para a sucessão de Lula no ano que vem. Tucanos e petistas têm disputado para colher os méritos -e votos- decorrentes da obra, uma das maiores intervenções viárias no Estado de São Paulo nas últimas décadas. “O Rodoanel, esse que passa aqui perto de nós, custou R$ 3,6 bilhões, e R$ 1,2 bilhão foi do Orçamento da União. Isso não aparece nas propagandas feitas aí, que eu vejo na televisão, como se não tivéssemos colocado nenhum centavo”, disse Lula.
PV vai rever programa para não atrapalhar campanha de Marina
Para evitar exposição de divergências entre PV e sua potencial candidata à Presidência, Marina Silva, sobre temas espinhosos como drogas e aborto, o partido decidiu não só revisar seu programa -como parte das negociações para a filiação-, de 1994, como elaborar outro texto, restrito aos quatro anos de mandato da Presidência. O programa poderá apresentar a ideia de um debate internacional sobre descriminalização da maconha, mas a proposta ficará fora do programa de Marina, porque a discussão exigiria tempo e não dependeria apenas do governo brasileiro.
Sobre a legalização do aborto, Marina poderá evocar questões de consciência. “Quem decide sobre essas questões é o Congresso”, disse, na madrugada de segunda para terça-feira, após reunião com a cúpula do PV.
Correio Braziliense
Cabos eleitorais na folha do Senado
Na surdina, a Mesa Diretora do Senado embutiu no ato que regulamenta a manutenção de escritórios políticos nos estados um artigo que, na prática, abre brecha para os contribuintes pagarem a conta dos cabos eleitorais dos senadores na campanha do ano que vem. A decisão permite que cada um dos 81 parlamentares abra quantos gabinetes quiser nos estados, com até 79 funcionários comissionados pagos pela Casa. “O senador poderá optar por instituir escritórios de apoio em diversos municípios quando, a seu critério, a extensão territorial do seu estado ou sua atividade política assim o exigirem”, consta do ato 16 da Mesa Diretora. A decisão foi tomada na última reunião da Mesa Diretora, na semana passada, mas só foi publicada no fim de semana, justamente quando o acesso ao Diário Oficial é mais restrito. O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), explicou que a decisão saiu para regulamentar uma prática sem regras claras.
A festa dos altos salários
O projeto de lei que dará origem ao plano de cargos e salários dos servidores do Senado criou uma rixa interna entre os funcionários. Considerado um dos basilares para a reforma administrativa, o texto — sob supervisão do diretor-geral da Casa, Haroldo Tajra — ao qual o Correio teve acesso, estipula um salário maior para consultores e advogados em relação a analistas. Na prática, a medida faz com que, ocupando um mesmo cargo de direção ou chefia, as duas carreiras tenham salários diferentes. O texto do plano, que tratará dos cerca de 3,8 mil servidores efetivos do Senado, será apresentado à Mesa Diretora em reunião na quinta-feira. Ele foi elaborado por uma comissão, que reuniu membros do Conselho Administrativo da Casa, e de outras áreas, como a comunicação, além dos sindicalistas. Os salários serão reajustados para todas as carreiras. O inicial de técnico, por exemplo, passará de R$ 6,7 mil para R$ 8,7 mil, um crescimento de 30%. Para analistas, o reajuste será de 24%, com o salário inicial saltando de R$ 9,5 mil para R$ 11,9 mil. Para os consultores, no entanto, que hoje já são empossados com um cargo comissionado, o salário inicial passa de R$ 11,6 para R$ 16,6, cerca de 43% de aumento.
Fogo amigo tira foco de votações
Quase 50 projetos estão prontos para serem votados no plenário do Senado. Entre eles, o que veda a progressão de penas para crimes hediondos, o que institui novas normas para licitações e o que torna inelegíveis candidatos que tenham parentes ocupantes de cargos comissionados (veja quadro). Líderes do PTB, PDT e do PMDB apresentaram ontem, durante a reunião conduzida pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), uma lista com as propostas consideradas prioritárias para os próximos dias. Falta agora consenso entre a base aliada e a oposição, já que o bate-cabeça parece não ter fim. A oposição, que esvaziou a reunião de lideranças, mantém o clima de crise institucional. A base aliada trabalha pela trégua e pela retomada dos trabalhos. Só que tem problemas para controlar o “fogo amigo”.
PT tenta mostrar unidade
Com a crise no Senado ainda latente na cabeça dos petistas, o comando do PT aproveitou o lançamento da candidatura de José Eduardo Dutra à presidência do partido para alinhavar os quatro pontos que levará aos palanques na eleição de 2010, quando o PT completa 30 anos: a resposta à ex-petista Marina Silva, a referência à crise do Senado como um problema político, a necessidade da aliança com o PMDB e, de quebra, passar a ideia de que os tempos de brigas acirradas entre as tendências petistas passaram. Prova desse quarto ponto foi o gesto do candidato, que ligou para os adversários internos, Geraldo Magela (PT-DF), Iriny Lopes (ES) e José Eduardo Cardozo (PT-SP), convidando a todos para o ato de ontem. Os três que estarão contra Dutra em 22 de novembro tiveram direito a dar o recado de unidade do partido em torno da candidatura de Dilma Rousseff à sucessão de Lula.
Quem perdeu foi Francenildo
À exceção do caseiro Francenildo dos Santos Costa, pivô da saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, os personagens do escândalo seguiram trajetórias bem-sucedidas. O Supremo Tribunal Federal (STF) decide amanhã se manda abrir ação penal contra o ex-ministro, seu ex-assessor de imprensa, Marcelo Netto, e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) Jorge Mattoso. Os três foram acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de participação na quebra do sigilo bancário do então caseiro, em 2006.
Aposentados terão ganho real em 2010
O governo fechou ontem com líderes de centrais sindicais um acordo destinado a beneficiar aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O acerto, que depende de aprovação de medidas no Congresso, prevê um aumento real dos benefícios acima de um salário mínimo pagos pelo INSS. A medida será implantada em duas parcelas. Em janeiro de 2010, a correção levará em conta a inflação de 2009 mais 50% do crescimento do PIB registrado em 2008. Ou seja, algo entre 6% e 7%. O número não está definido porque os dois indicadores ainda não foram fechados. Em janeiro de 2011, o reajuste usará a inflação de 2010 e a metade da expansão econômica em 2009.
O Globo
Pré-sal: Cabral e Hartung recusam convite de Lula
Os governadores do Rio, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, ambos do PMDB, recusaram o convite do presidente Lula para participar, na próxima segunda-feira, em Brasília, da festa política de lançamento do marco regulatório do pré-sal, informa Ancelmo Gois. “Não posso participar de uma coisa que não sei do que trata”, disse Cabral, forte aliado de Lula. A decisão de Cabral foi tomada um dia após ter dito, em seminário no GLOBO, que iria lutar “com todos os instrumentos democráticos” contra eventuais mudanças na arrecadação de royalties. Responsável, junto com o Espírito Santo, por quase 90% da produção nacional de petróleo, o Rio poderá deixar de receber, pelas regras previstas, até R$ 14 bi por ano. O ministro Edison Lobão foi enviado por Lula em missão de paz ao Rio e a Vitória, informa Ilimar Franco, no Panorama Político.
Governo nega crise e Lina diz que houve ‘perigoso recuo’
Depois do pedido de demissão de 12 nomes da cúpula da Receita Federal em protesto contra a demissão da ex-secretária Lina Vieira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou a crise: “Demissões? Que demissões?” Para contornar o desgaste, o novo superintendente, Otacílio Cartaxo, anunciou a substituição de três superintendentes indicados por Lina: “As substituições têm caráter técnico.” Para o ministro José Múcio, não há rebelião, e as demissões resultaram de um “espírito de corpo” da categoria. Em nota, Lina Vieira afirmou que a demissão coletiva foi um “perigoso recuo” e criticou a substituição em massa de dirigentes da instituição.
PT cobra R$ 66 mil para deixar Arns sair
O senador Flávio Arns (PR), que deixou o PT depois que o partido ajudou a absolver José Sarney no Senado, deve à antiga legenda R$ 66 mil. O PT está cobrando a dívida e deve pedir também o mandato dele.
Marina: empresários estão à frente do governo
A senadora Marina Silva disse que os empresários avançaram mais que o governo no debate sobre o meio ambiente.
Jornal do Brasil
Voltam as obras na Cidade da Música
O relatório da auditoria que investiga os gastos nas obras da Cidade da Música será conhecido somente na próxima semana, mas o prefeito do Rio, Eduardo Paes, já autorizou o reinício dos trabalhos do polêmico projeto do ex-prefeito Cesar Maia. Em decreto publicado no Diário Oficial, Paes prevê que a sala de espetáculos estará pronta em 60 dias – prazo considerado difícil pelo arquiteto Christian de Portzamparc, responsável pela concepção do projeto. O prefeito determinou que outro orçamento seja elaborado pela Empresa Municipal de Urbanização (Riourbe) e os custos, reavaliados. Segundo a prefeitura, já foram gastos cerca de R$ 500 milhões.
Aneel aprova TV a cabo e internet por rede elétrica
A Agência Nacional de Energia Elétrica autorizou a utilização da rede de energia elétrica para transmissão de internet banda larga e de televisão por assinatura. Com o sistema, as tomadas residenciais passarão a ser pontos da web e de TV a cabo, quando conectadas a um modem.
Antipatia contra volta da CPMF
O líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza, disse que o partido só vota a Contribuição Social para a Saúde (CSS) – conhecida como a nova CPMF – se houver acordo com a oposição, que, por sua vez, declarou não aceitar a volta do imposto proposto pela bancada do PMDB.
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