O Estado de S. Paulo
Câmara corta farra aérea, mas prepara reajuste
Para encerrar ontem a discussão sobre a farra das passagens com um ato administrativo que tornou as regras mais rígidas, a Mesa Diretora da Câmara iniciou, ao mesmo tempo, o processo de uma reforma administrativa que abre caminho para aumento salarial dos deputados. A avaliação de líderes e de integrantes da Mesa é que haverá corte de benefícios, mas será inevitável a contrapartida de elevar a remuneração e equipará-la ao salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje de R$ 24.500. Para evitar maior desgaste político, a ideia é aprovar o pacote agora, mas pôr em prática neste ano apenas os cortes de gastos. O salário mais alto ficaria para depois, provavelmente 2011, quando assumirão os novos deputados. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), anunciou a criação de uma comissão para, no prazo de 30 dias, apresentar uma proposta de reforma, depois da reunião da Mesa com os líderes partidários que recuou da decisão de votar no plenário um projeto que restringe o uso de passagem e adotou as medidas por meio de um instrumento administrativo. “Muitas vezes o recuo é para avançar”, disse Temer.
Temer deve ir à TV defender a Casa
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), deverá ir à TV, exercendo o direito de convocar cadeia nacional, para defender a Casa das denúncias de abuso nos gastos de dinheiro público. Esse foi o resultado das queixas contra a imprensa que tomaram conta de parte da reunião de ontem com os líderes e integrantes da Mesa Diretora, na qual foi confirmado o ato administrativo que restringiu o uso de passagens pelos parlamentares. Líderes partidários fizeram defesas enfáticas da necessidade de a Câmara reagir e responder às acusações. Eles reclamam, principalmente, do que chamam de generalização das denúncias pela imprensa. “A cobertura é desleal”, afirmou o líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP). Segundo ele, a imprensa considera que todos fizeram a farra das passagens: “As regras vigoravam havia 49 anos. Quem está corrigindo, graças à pressão popular, somos nós.”
Câmara pagou passagens para 117 ex-parlamentares
Mesmo depois do fim de seus mandatos, em fevereiro de 2007, pelo menos 117 ex-deputados tiveram passagens aéreas pagas pela Câmara no período de fevereiro a dezembro de 2007. Desses, 28 usaram a cota mais de 20 vezes e emitiram um total de 896 bilhetes com destinos nacionais. A lista é encabeçada por Almeida de Jesus (PR-CE), com 81 voos, Hamilton Casara (PSDB-RO), com 57 passagens, e Miguel de Souza (PR-RO), com 56, de acordo com levantamento feito pelo site Congresso em Foco. A relação dos 28 que mais usaram o benefício, mesmo sem mandato, inclui o presidente nacional do PPS, Roberto Freire (PE), o ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz (PT-DF), atual diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o atual vice-governador de Mato Grosso do Sul, Murilo Zauith (DEM), e o ex-deputado e hoje advogado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
Ex-deputado usa ”sobra” para dar viagens a eleitores
Mesmo com o mandato encerrado em janeiro de 2008, o ex-deputado federal Almeida de Jesus (PR-CE) ainda usou seu crédito com a cota de passagens da Câmara para emitir 81 bilhetes aéreos. Desses voos, apenas dois foram feitos pelo próprio parlamentar. O ex-deputado acabou distribuindo viagens entre pessoas que precisavam se deslocar do Ceará, seu Estado de origem, para Brasília ou São Paulo em busca de tratamento médico ou de algum estágio profissional. Na prática, um atendimento político para seus eleitores, embora Almeida de Jesus não veja problema nisso. “Eu repassava a passagem para quem me procurava no Estado, precisando fazer uma viagem. Gente que precisava ir a um hospital em Brasília, um estudante que precisava buscar estágio em São Paulo. Eu tinha os créditos acumulados e as regras da Câmara permitiam isso. Não fiz nada de ilegal”, afirmou ele ao Estado.
Cidadão pode controlar cada centavo gasto
Nos Estados Unidos, os deputados e senadores recebem uma verba anual para viagens, proporcional à distância de seus distritos da capital federal, Washington DC. Congressistas e assessores podem usar a verba para passagens, mas precisam prestar contas, provando que pagaram o menor valor possível pelas passagens e que a viagem teve finalidade oficial. São vetadas viagens para campanha, fins políticos ou pessoais. Cada deputado ou senador tem direito a uma soma equivalente a 64 vezes a taxa por milha, multiplicada pela distância em milhas entre Washington DC e o distrito do congressista, mais 10%. Um deputado de Miami, por exemplo, deve receber o equivalente a US$ 44.985 por ano em verba destinada a viagens oficiais.
Região não deixou brechas para abusos
Na Europa, não há brecha para farra com passagens aéreas. Parâmetros estritos de controle foram fixados no Parlamento Europeu e em órgão legislativos de cada país-membro da União Europeia. Exige-se dos representantes públicos cópias das faturas. Assessores e familiares não são contemplados. O exemplo que mais se assemelha ao brasileiro é o do parlamento europeu. Os 785 deputados têm cobertura total – mediante a apresentação de faturas – dos deslocamentos entre seus países de origem e o local das sessões, em Bruxelas, na Bélgica, ou Estrasburgo, na França. Para viagens extraordinárias, cada deputado tem direito a uma franquia anual de R$ 4,1 mil para passagens, alojamento e alimentação.
País vizinho amarga falta de transparência
Os vagos controles aplicados até hoje no Brasil ao uso das passagens aéreas para parlamentares seriam considerados “rigorosos” na Argentina, país que padece da falta de transparência na fiscalização dos gastos do Poder Legislativo. Deputados e senadores argentinos não são alvo de controles sérios sobre o uso de suas passagens aéreas. Uma brecha abre a possibilidade do uso de passagens por parte de parentes e aliados políticos, além de permitir a revenda autorizada dos bilhetes, para “completar” o salário. Nos primeiros dias de dezembro de 2006, cada parlamentar tinha direito a 20 passagens aéreas. Mas, diante das pressões de vários partidos, sob alegação de que parlamentares estavam com “dificuldades financeiras” decorrentes da crescente inflação, junto com a necessidade de viajar com mais frequência diante da proximidade do Natal, o Congresso autorizou a entrega de dez passagens aéreas adicionais – sistema aplicado durante o verão daquele ano.
Sobe saque em dinheiro com cartão
Mais de um ano após a orientação por parte dos órgãos de controle do governo para que saques com cartões corporativos fossem limitados a casos excepcionais, servidores da Presidência e de ministérios retiraram mais dinheiro no caixa no primeiro trimestre deste ano do que no mesmo período de 2008. De acordo com dados de janeiro a março, foram sacados diretamente no caixa uma média de R$ 48 mil por dia. No mesmo período de 2008, esse valor foi menor: ficou em R$ 22,6 mil.
PT vai reafirmar apoio a Dilma
O PT vai preparar uma resolução política para reafirmar com todas as letras o apoio à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto, em 2010. Na tentativa de conter rumores sobre a troca de candidato após a descoberta de que Dilma está se tratando de um câncer no sistema linfático, os petistas decidiram ontem, em reunião da Executiva Nacional, reforçar o aval à ministra. Não é só: a cúpula do PT está preocupada em dar um rumo à base aliada para segurar os mais rebeldes, que têm pressa em montar palanques nos Estados.
PF indicia braço direito de Dantas
A Polícia Federal indiciou ontem por seis crimes Dório Ferman, presidente do Banco Opportunity e braço direito do banqueiro Daniel Dantas. A exemplo de Dantas – alvo maior da Operação Satiagraha e enquadrado segunda-feira pela PF -, Ferman ficou em silêncio diante do delegado Ricardo Andrade Saadi, que preside o caso. Indignado porque, segundo alega, não teve acesso a 50 volumes de documentos que a PF juntou aos autos “em cima da hora”, Ferman recusou-se até mesmo a assinar nota de culpa – ato formal de seu indiciamento -, fato incomum na rotina policial.
Barbosa evita comentar confronto com Mendes
Em seu primeiro compromisso oficial em Brasília depois do bate-boca com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o ministro do STF Joaquim Barbosa não comentou o incidente e limitou-se a falar sobre improbidade administrativa e seus reflexos nas eleições em um debate sobre o tema na Justiça Federal. A única menção indireta à discussão entre Barbosa e Mendes foi feita pelo procurador da República Hélio Telho. Ele disse que foi incumbido de ser o porta-voz da solidariedade dos procuradores da República em Goiás pelo fato de Barbosa “dizer aquilo que precisava ser dito”. Na saída do debate, Barbosa evitou falar com jornalistas. Hoje ele tem programado um tratamento médico em São Paulo. A expectativa é de que ele volte a Brasília amanhã, a tempo de participar da sessão na qual o Supremo deverá concluir o julgamento de uma ação que questiona a Lei de Imprensa.
Folha de S. Paulo
Câmara limita uso de cota aérea, mas anistia passado
Depois de uma série de escândalos envolvendo o uso das passagens dos deputados e uma semana depois de o Senado tomar medida semelhante, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), assinou ontem ato que limita o uso da cota aérea dos congressistas a partir de agora. Os excessos cometidos até aqui estão anistiados. Em quase duas horas de reunião na casa de Temer para fechar o texto do ato, os líderes partidários concentraram boa parte do tempo para fazer críticas à imprensa. Temer chegou a avaliar fazer um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão para, segundo deputados, defender o Congresso.
“Em primeiro lugar, nunca houve farra. Existia um sistema normativo anterior e agora [com as modificações] vamos minimizar o noticiário”, disse o presidente da Câmara depois da reunião.
Filha de FHC pede demissão de cargo no Senado
Depois de dizer que “o Senado é uma bagunça” para justificar sua ausência no gabinete do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), Luciana Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pediu demissão do cargo de secretária parlamentar que ocupava no gabinete dele desde 2003. Numa carta endereçada ao senador anteontem, ela disse que tomou essa decisão depois de a Folha publicar entrevista na qual ela afirmou que sua função era “cuidar das coisas pessoais do senador” e que trabalhava de casa porque o “Senado é uma bagunça e o gabinete é mínimo”. Questionada se estava entre os funcionários do Senado que receberam hora extra em janeiro, mês de recesso, ela disse na ocasião: “Normalmente, quando o gabinete recebe, eu recebo. Acho que o gabinete recebeu”. A entrevista foi publicada no momento em que Heráclito, primeiro-secretário da Casa, se dizia empenhado em moralizar a distribuição dos cargos de confiança do Senado.
“Reforma não resolve corrupção”, diz analista
Estudioso do comportamento do Legislativo, o cientista político Carlos Ranulfo de Melo, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), afirma que a reforma política, apontada como solução por muitos especialistas para os desvios do Congresso, nunca irá resolver o problema da corrupção.
“Não há nenhum caso de país que tenha acabado com a corrupção fazendo reforma política”, diz. Segundo ele, somente o aumento da transparência e a punição aos políticos poderiam “diminuir” os escândalos. Sobre o mais recente, o uso das passagens aéreas, porém, Ranulfo de Melo avalia que não é dos piores na história recente do Legislativo e que pode estar ocorrendo um viés moralista na análise da opinião pública.
CNJ fixa teto para diárias de magistrados
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aprovou resolução fixando teto para o pagamento de diárias de viagens a magistrados e a servidores do Judiciário. Nenhum juiz poderá receber acima de R$ 614, valor pago a ministros do STF.
Para os servidores, o limite é de 60% do valor. Os tribunais deverão se adaptar em 90 dias e exigir a devolução das diárias em caso de concessão indevida.
Pesquisa medirá efeito eleitoral da doença
Além do resultado do tratamento médico, o Palácio do Planalto e o PT se preocupam com a administração do impacto político no eleitorado da revelação de que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) faz quimioterapia preventiva contra um câncer. A ministra é potencial candidata à Presidência. Apesar do discurso otimista, a Folha apurou que há dúvidas nas cúpulas do governo e do PT. Uma pesquisa será feita por estrategistas da eventual candidatura presidencial de Dilma para avaliar a recepção da notícia de que a ministra extraiu um tumor maligno e de que necessitará de quatro meses de quimioterapia.
Oposição discute o uso da palavra câncer
Nomes do PSDB para a disputa presidencial de 2010, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, manifestaram anteontem, num jantar a dois, preocupação quanto à exploração política do estado de saúde da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Segundo tucanos, Serra e Aécio concordaram que há uma tentativa de uso político da doença da ministra -que será submetida a quimioterapia para combater um câncer linfático- e discutiram como reagir à estratégia, atribuída ao ministro Franklin Martins.
Ainda segundo tucanos, os dois avaliam que a imagem de lutadora poderá render dividendos eleitorais à ministra. No PSDB, a disposição é constranger o governo.
Presidente nega que câncer de ministra seja explorado politicamente por aliados
O presidente Lula afirmou ontem, em Manaus, que não vê a possibilidade de uso político da doença da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). “Eu não sei como alguém pode explorar um problema de saúde, sobretudo de uma pessoa jovem, disposta como a Dilma”, disse, ao ser indagado se não poderia ocorrer a exploração do episódio, que poderia ser encarada como abuso pela oposição. “Isso não existe”, afirmou ele, antes de seguir para o Acre.
Serra e Aécio acertam prévia para fevereiro, caso não haja consenso sobre candidatura
Os governadores tucanos de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, fixaram fevereiro de 2010 como data para a realização de prévias no PSDB, caso não haja consenso sobre o nome do candidato do partido à Presidência da República. Os dois teriam concordado, porém, que o ideal é a costura de um acordo até lá. Num jantar que invadiu a madrugada de ontem, em Belo Horizonte, Serra alegou que não poderia precipitar sua campanha e sugeriu que a disputa, se necessária, acontecesse às vésperas do prazo de desincompatibilização (afastamento do governo).
Ele disse a Aécio que só no ano que vem decidirá se vai concorrer ao Planalto.
94% preferem suspensão de desmate a maior produção
Enquanto o Congresso e o governo negociam mudanças nos atuais limites do desmatamento no país, uma pesquisa Datafolha mostrou que 94% dos entrevistados preferem a suspensão do abate de árvores, mesmo que isso signifique frear o crescimento da produção agropecuária. A opção de autorizar mais desmatamento para aumentar a produção foi escolhida por apenas 3% dos entrevistados. A pesquisa foi encomendada pela ONG Amigos da Terra Amazônia Brasileira. O Datafolha ouviu 2.055 maiores de 18 anos e com telefone fixo em todo o país. Não há precedentes no modelo da pesquisa que permitam comparar as opiniões, colhidas na primeira quinzena de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Tarso nega viés político em operação da PF
Acusados pela oposição de comandar uma “polícia política” e de instaurar no país um “Estado policialesco”, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, negaram ontem que a instituição atue com viés político. Eles participaram, a convite, de audiência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado para falar sobre a Operação Castelo de Areia, deflagrada pela PF no final de março e que apura crimes contra o sistema financeiro e de lavagem de dinheiro supostamente cometidos pela Camargo Corrêa.
PF indicia mais 4 executivos ligados ao grupo Opportunity
A Polícia Federal indiciou ontem, em decorrência da Operação Satiagraha, quatro executivos ligados ao grupo Opportunity, sob acusações de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta, empréstimo vedado por lei e formação de quadrilha. Um dos indiciados é Dório Ferman, que aparece nos registros do Banco Central como o dono do banco. Segundo a PF, foram indiciadas até agora 37 pessoas nos dois inquéritos resultantes da Satiagraha, operação deflagrada em julho pela PF, que prendeu, à época, o banqueiro Daniel.
Correio Braziliense
Pode sobrar para os que denunciam farra
Submersos em uma onda de denúncias, os deputados têm passado mais tempo criticando os que os acusam do que tentando encontrar argumentos que justifiquem suas práticas. Em mais um exemplo da disposição de buscar — e punir — culpados pelas acusações atribuídas a eles, um grupo de parlamentares opera nos bastidores a favor de um projeto de autoria do deputado Paulo Maluf (PP-SP), que condena autores de ações civis públicas, especialmente integrantes do Ministério Público, a pagarem multa no valor 10 vezes superior às custas dos processos e condenam os denunciantes a detenção, caso a Justiça entenda que foram movidos por má-fé, perseguição política ou promoção pessoal. O tema tem sido tratado discretamente pelos líderes, mas foi abordado nas duas últimas reuniões da cúpula da Câmara. No encontro realizado ontem, coube ao líder do PSC, Hugo Leal (RJ), destacar a necessidade de impor limites à atuação dos denunciantes. De acordo com alguns líderes, o parlamentar manifestou a ideia defendida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), considerado influente dentro da bancada do Rio de Janeiro, da qual Leal é parte.
Um abuso a menos
Numa reunião tensa, com fortes acusações contra a imprensa, a cúpula da Câmara decidiu apoiar a proposta do presidente Michel Temer (PMDB-SP) de restringir o uso da cota de passagens aéreas ao deputados e a um assessor. A farra de familiares e amigos dos parlamentares acabou, pelo menos no papel. Não será preciso nem o aval do plenário, as mudanças na regra ocorrerão via ato da Mesa Diretora. A estimativa é uma economia de R$ 17,9 milhões por ano com a proibição da cota extra às lideranças e aos integrantes da Mesa, além do corte em 20% na verba disponível para cada deputado. Mas não foi fácil chegar ao consenso. Muitos líderes apoiaram a decisão de Temer contrariados ao perceberem que não adiantava sustentar uma tese polêmica: a de permitir a emissão dos bilhetes para parentes. Prevaleceu a proposta de “fazer as pazes” com a opinião pública, como defendia o presidente da Casa.
Agnelo também utilizou cotas
Pelo menos 117 ex-parlamentares usaram passagens aéreas da Câmara para viajar, mesmo depois de deixar o mandato. Almeida de Jesus (PR-CE), o campeão, utilizou pelo menos 81 vezes a cota, seguido por outros políticos, como o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiróz (PT-DF). A relação inclui, ainda, o presidente do PPS, Roberto Freire, que atuou na Casa como deputado por Pernambuco e o atual vice-governador de Mato Grosso do Sul, Murilo Zauith (DEM), e o hoje advogado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que chegou a ser investigado durante a Operação Satiagraha, mas que não teve seu envolvimento comprovado com as fraudes apuradas pela Polícia Federal.
Segundo o site Congresso em Foco, mesmo depois de deixar os mandatos, os parlamentares fizeram diversas viagens utilizando as cotas, inclusive repassando bilhetes para outras pessoas. Segundo Agnelo, o procedimento não é ilegal, já que as passagens eram créditos acumulados pelos ex-deputados quando tinham mandatos e não podem ser devolvidos. “Não tem nada a ver com o momento atual. Os créditos eram de vários anos. Apesar de não terem mais mandatos, a medida é legal e regimental”, afirmou o ex-ministro.
Ex de Galisteu complicado
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), quer definir quem será investigado na farra das passagens aéreas para não encher a Corregedoria com todos os casos. A intenção é colocar no rol passível de processo disciplinar os parlamentares que tiveram algum tipo de lucro com a cota: seja por meio de venda em mercado paralelo, seja por dar bilhetes para terceiros. O problema é que a decisão sobre o caso do deputado Fábio Faria (PMN-RN) se arrasta há quase 15 dias. Faria vem sendo enquadrado por deputados na lista dos que tiveram proveito próprio com a cota, já que três atores viajaram à custa da Câmara para prestigiar o camarote que ele mantém numa tradicional festa de carnaval em Natal.
Um passeio em Dubai
O senador Magno Malta (PR-ES) e o assessor José Augusto Santana passaram quatro dias de folga em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, numa viagem oficial autorizada apenas para a Índia. Presidente da CPI da Pedofilia, Magno Malta apresentou um requerimento no ano passado para viajar pelo Senado a Hyderabad, na Índia, onde participaria de um fórum sobre o combate à pornografia infantil entre 3 e 6 de dezembro. O senador e o servidor conseguiram autorização para receber diárias de 1 a 8 daquele mês. No total, R$ 7,2 mil foram depositados na conta de cada um. O Correio teve acesso aos bilhetes aéreos do senador e do assessor. No dia 6, os dois deixaram a Índia e deveriam fazer uma escala em Dubai, onde não tinham agenda oficial, para seguir no mesmo dia ao Brasil. Mas ficaram na cidade até o dia 10, quando regressaram no voo 261 em classe executiva pela empresa Emirates. À reportagem, Malta informou que só soube por seu assessor, durante a estadia na Índia, que não teria vaga num voo de Dubai para o Brasil no dia 6 por causa do atentado na Índia ocorrido 10 dias antes. “Eu sai de Hyderabad, fui informado pelo Augusto que estava faltando voo e fiquei em Dubai”, disse, garantindo que não tinha ciência desse cenário antes de deixar o Brasil.
Presidente rechaça uso eleitoral
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, rechaçaram ontem a tese segundo a qual a “mãe do PAC” pode colher dividendos eleitorais graças ao tratamento contra câncer pelo qual ela passará nos próximos meses. Trata-se de uma reação a ministros e petistas que, desde sábado, afirmam que, ao enfrentar a doença, Dilma ganhará a solidariedade da população e terá condições de reforçar a imagem de mulher lutadora, a ser usada na próxima disputa presidencial. “Eu, sinceramente, não posso imaginar como é que alguém sai fortalecido porque teve um câncer. Eu só estou desejando a recuperação da Dilma. Ela certamente não tem mais nada”, declarou Lula, em Rio Branco (AC), depois de um encontro com o presidente peruano, Alan Garcia.
O Globo
Enem mostra a falência das escolas públicas nos estados
O fracasso das redes públicas estaduais emerge dos resultados do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): das mil escolas com piores notas no último exame, 965 são estaduais. Já entre as mil melhores, 36 são estaduais – apenas 3,6%, embora os colégios estaduais concentrem 85% dos estudantes de nível médio. O MEC quer usar o Enem, num novo modelo, como substituto do vestibular. O setor privado domina a lista do Enem, com 905 entre os mil estabelecimentos com notas mais altas. Foram avaliadas 20 mil escolas. Entre os cem melhores colégios do Brasil, 29 são do Rio de Janeiro, inclusive o primeiro da lista, o bicampeão Colégio de São Bento; 23 são de Minas Gerais e 20 de São Paulo. Doze estados não têm escolas entre as cem primeiras do ranking.
Brasil já monitora 20 casos de gripe
Autoridades sanitárias acompanham, em oito estados brasileiros, a evolução dos casos de 20 pessoas que apresentaram um dos sintomas da gripe suína, após passagem por áreas afetadas pelo vírus. Mas o Ministério da Saúde ainda não os considera casos supeitos. No Rio, houve corrida a hospitais e farmácias e os estoques do antiviral Tamiflu e de máscaras estão reduzidos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não é o momento de fazer “terrorismo” com algo que ainda não chegou ao Brasil: “Fico preocupado que uma notícia dessas possa criar mais pânico do que deveria criar.” O governo informou que tem estoque de Tamiflu para atender cerca de 9 milhões de pessoas. A OMS começou a se preparar para um cenário de pandemia, ao mesmo tempo em que tenta conter a escalada do vírus da gripe suína, que já se alastrou para sete países. Nos EUA, o número de infectados subiu para 65 casos em seis estados, e o presidente Barack Obama solicitou ao Congresso mais US$ 1,5 bilhão no orçamento para o combate à epidemia.
Epidemia paralisa o México
A epidemia registra prejuízo de US$ 110 milhões por dia ao México, com 25 mil estabelecimentos fechados e a economia parcialmente paralisada. Restaurantes só fazem entregas e 450 mil trabalhadores ficaram ontem em casa. O setor turístico foi duramente afetado por cancelamentos de viagens a suas praias e ruínas históricas.
FGTS teve rombo de meio bilhão em março
A alta do desemprego fez as contas do FGTS fecharem março com rombo de R$ 440 milhões. Os saques atingiram R$ 4,8 bilhões, contra arrecadação de R$ 4,36 bilhões. Nos saques, 66% foram por demissão. Outros motivos são aposentadoria e compra da casa própria.
Câmara moraliza passagens
Depois de um acordo de líderes, a Câmara proibiu ontem as passagens para parentes de deputados, os voas ao exterior e o acúmulo de créditos de um ano para outro.
PAC vira ato de apoio a Dilma
Reunião do PAC com 60 prefeitos do Amazonas se transformou em ato com faixas e discursos de apoio à pré-candidatura de Dilma Rousseff.
Jornal do Brasil
Operação de guerra em 51 hospitais contra a gripe
O Ministério da Saúde informou que 51 hospitais funcionarão como referência no atendimento contra a gripe suína. Três deles, no Rio: o Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz; o Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião; e o Hospital Universitário Pedro Ernesto, da UREJ. Foi descartada a possibilidade de contaminação dos seis passageiros atendidos ao desembarcarem ontem no Galeão. Especialistas ouvidos pelo JB avaliam como satisfatórias as medidas adotadas até agora pelo governo. A gripe suína já matou 152 pessoas no México e contaminou pelo menos 100 pacientes nos cinco continentes. Vinte pessoas são monitoradas no Brasil por apresentarem algum sintoma, sendo duas no Rio de Janeiro. Mas em nenhum dos casos houve confirmação do vírus.
Câmara corta regalias aéreas
Por unanimidade, e dispensando votação em plenário, os líderes partidários decidiram restringir o uso de bilhetes aéreos. Os deputados que cometeram irregularidades podem ser anistiados, sinalizou o presidente da Câmara, deu a entender o líder Michel Temer.
Deixe um comentário