Folha de S. Paulo
Hipótese de 3º mandato de Lula divide eleitorado
Objeto de debate no Congresso, a possibilidade de um terceiro mandato para presidente da República divide o país, revela o Datafolha. Segundo pesquisa realizada de terça feira a quinta-feira passada, a emenda que permitiria ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concorrer, mais uma vez, à Presidência tem hoje apoio de 47%dos entrevistados contra 49% de desaprovação.
Em novembro de 2007, a proposta era rejeitada por 65% dos brasileiros e tinha o aval de 31%, números compatíveis, à época, com as respostas sobre um terceiro mandato para governadores e prefeitos.
Além do caso específico de Lula, o Datafolha perguntou sobre a hipótese de presidentes concorrerem a um terceiro mandato no Brasil: 49% disseram ser a favor e 48%, contra.
Aprovação a Lula volta a patamar recorde
Mesmo sob o impacto da crise financeira, o índice de aprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou ao patamar recorde atingido em novembro do ano passado, pouco mais de um mês após o presidente ter afirmado que o “tsunami” da economia internacional chegaria ao Brasil com a força de uma “marolinha”.
Segundo pesquisa Datafolha realizada entre os dias 26 e 28 de maio,69%dos entrevistados classificam o governo como ótimo/bom. A administração é regular para 24% e ruim/péssima para 6%. Em novembro de 2008, a taxa de aprovação do governo Lula chegou a 70%, mas caiu para 65% em março deste ano, quando a crise já havia afetado a economia brasileira e o próprio presidente reconhecido sua gravidade para o país, apesar de atribuí-la a “gente branca de olhos azuis”.
Distância entre Serra e Dilma cai 8 pontos
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), encurtou a distância nas pesquisas entre a sua pré-candidatura a presidente e a do governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
A diferença do tucano, ainda líder, para a petista estava em 30 pontos percentuais em março deste ano e agora caiu para 22 pontos, conforme o mais recente levantamento do Datafolha -Dilma tem 16% das intenções de voto, contra 38% de Serra no principal cenário.
Eleitor elogia o anúncio do câncer, mas teme doença
Os eleitores aprovaram o anúncio da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), de que está em tratamento contra um câncer linfático.
Entre os brasileiros que declararam ter tomado conhecimento da doença de Dilma, ela atinge 22% das intenções de voto -taxa seis pontos superior a sua média nacional-, enquanto José Serra (PSDB) aparece com35%, índice um pouco abaixo de sua média nacional.
Segundo o Datafolha, para 81% dos entrevistados ela agiu bem ao anunciar publicamente a doença, revelada pela Folha. Apenas 8% reprovaram a atitude da ministra de Lula -11% não souberam responder.
Propaganda de Lula chega a 5.297 veículos
Os comerciais do Palácio do Planalto atingiram no ano passado 5.297 veículos de comunicação no país. O número representa uma alta de 961% sobre os 499 meios que recebiam dinheiro para divulgar propaganda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, quando o petista tomou posse.
Esse padrão de pulverização na publicidade é incomum na iniciativa privada. Segundo dados do Ibope Monitor, a Fiat anunciou em 206 meios de comunicação diferentes no ano passado. O banco Itaú, em 176. Trata-se de uma pesquisa por amostragem, mas mesmo com um desvio de 1.000% o número de veículos nos quais essas duas empresas anunciam não se aproximaria dos 5.297 escolhidos pelo governo federal.
Processo avançará até cidades com mais de 20 mil habitantes
O processo de regionalização da publicidade estatal federal ainda não está completo. No momento, o governo começa a montar uma base de dados com as rádios presentes em cidades com população acima de 20 mil habitantes. O cadastro atual contém apenas as que abrigam mais de 50 mil pessoas.
Outra providência em curso é tentar fazer acordos com associações de jornais e rádios do interior. O objetivo é centralizar a comprovação da veiculação dos anúncios. Procura-se também simplificar o processo de emissão de faturas individuais por parte dos meios envolvidos. Uma hipótese em estudo é dar poder a associações regionais para funcionarem como centro distribuidor de anúncios e verbas do governo.
As bases para a atual máquina de propaganda regional de Lula foram preparadas por Fernando Henrique Cardoso. Quando queria fazer anúncios institucionais, o tucano precisava recorrer a estatais ou a ministérios.
Exposição de Lula extrapola mídia oficial
Nunca antes o país teve um presidente tão midiático quanto Luiz Inácio Lula da Silva. De quando chegou ao poder até hoje, Lula fez crescer sua exposição pública, sustentada no aumento dos canais de comunicação do governo e em sua disposição de aparecer mais.
O leque foi ampliado para além dos veículos que tradicionalmente faziam a divulgação oficial das atividades do Planalto em gestões anteriores, como Radiobras, NBR, programas de rádio e TVs educativas.
Governo descumpre sua própria norma de transparência
O governo federal descumpre norma que permite ao cidadão acompanhar pela internet os gastos públicos. A falha é verificada até no Portal da Transparência, site que detalha a execução orçamentária e que é divulgado internacionalmente como um dos mais completos do gênero.
A Folha acessou o portal e as páginas na internet dos 36 órgãos com status de ministério e detectou em todos eles algum tipo de falha na divulgação das informações. Muitas estão defasadas, algumas meses, outras, anos atrasadas.
Cuba é questão de honra e saia-justa na OEA
A diplomacia brasileira ajudou a impulsionar o tema da exclusão de Cuba da OEA (Organização dos Estados Americanos) para o topo das prioridades latino-americanas ao promover, em dezembro passado, na Bahia, a primeira cúpula dos 33 países da América Latina e do Caribe, sem participação dos EUA e do Canadá.
Na cúpula, marcada pelo primeiro tour regional do dirigente cubano Raúl Castro depois de assumir oficialmente o posto que pertenceu por 49 anos ao irmão Fidel, a ilha foi incorporada ao Grupo do Rio, mecanismo diplomático regional.
Agora, no entanto, Cuba virou tanto uma questão de honra quanto de incômodo para o Brasil e diversos outros países latino-americanos, incluindo México, Chile e Uruguai, interessados em fazer prosperar o “relançamento” das relações entre os EUA e a região proposto por Barack Obama durante a Cúpula das Américas, em abril, em Trinidad e Tobago.
O paradoxo explodiu nos preparativos para a Assembleia Geral anual dos ministros de Relações Exteriores dos 34 países da OEA, que começa depois de amanhã em San Pedro Sula, em Honduras.
EUA dizem não aceitar Coreia do Norte como Estado nuclear
Na resposta mais dura à Coreia do Norte desde o último domingo, quando o país fez um teste nuclear, o secretário da Defesa americano, Robert Gates, disse que os EUA não aceitarão o regime de Pyongyang como um “Estado nuclear” e que consideraria uma “grave ameaça” ao Ocidente a venda de tecnologia de armas a outros países ou grupo terroristas.
“Não vamos ficar parados enquanto a Coreia do Norte monta a capacidade de causar destruição em qualquer alvo na Ásia -ou em nós”, disse Gates em uma reunião com os ministros da Defesa de Coreia do Sul e Japão em Cingapura, ontem.
Estado de S. Paulo
Multa do Ibama fica nove meses na gaveta após infrator ajudar Minc
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) segurou por quase nove meses a aplicação de uma multa de R$ 3 milhões ao Grupo Bertin S/A, uma das maiores redes de frigoríficos do País. Além da negligência administrativa, o engavetamento da multa, aplicada em 27 de julho do ano passado, ganha importância política porque o Grupo Bertin participou de uma operação ambiental de “sucesso” desencadeada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a quem o Ibama está subordinado.
Em agosto do ano passado, o Bertin arrematou em leilão os 3.100 “bois do Minc”, como ficou conhecido o gado criado em área desmatada irregularmente que o ministro, em uma operação midiática, apreendera no Pará em junho de 2008. A negociação da manada estava a ponto de “micar”, pela falta de frigoríficos interessados na compra. Naquele momento, os bois foram arrematados pelo Bertin, a empresa que tinha o auto de infração no valor de R$ 3 milhões literalmente estacionado em uma gaveta da gerência do Ibama em Marabá (PA).
Envolvidos ganham promoção
Os principais personagens do Ibama envolvidos na história da multa milionária aplicada ao Grupo Bertin acabaram promovidos durante a gestão de Carlos Minc no Ministério do Meio Ambiente. Luciano Evaristo comanda, desde o mês passado, a Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), uma das mais importantes da estrutura do órgão. À época da multa contra o Grupo Bertin, Evaristo ocupava um posto inferior, o de coordenador-geral de fiscalização, em Brasília.
Foi ele quem chefiou à distância a operação que resultou na multa. “Daqui de Brasília, eu percebi no Deter que havia problemas na região de Santana do Araguaia e mandei que a equipe de campo se deslocasse até lá”, disse Evaristo, ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI). O Deter é um sistema que usa imagens de satélite para monitorar o desmatamento na Amazônia.
Para voltar ao poder, PSDB aposta até na neurociência
Na busca por uma agenda que neutralize a propaganda governista em 2010 e evite a terceira derrota consecutiva em eleição presidencial, o PSDB começou a calibrar seu discurso, baseado em análises de especialistas em “psique” eleitoral e em célebres estrategistas estrangeiros que defendem a emoção como fator determinante na política. A ideia é engavetar o lema da “gerência”, usado na campanha de 2006, e focar na defesa de projetos e iniciativas sociais.
Há cerca de três meses, os tucanos contrataram o cientista político Alberto Carlos Almeida, autor de A Cabeça do Brasileiro e Por que Lula?, para fazer pesquisas que deem um diagnóstico sobre o que o eleitor deseja na próxima disputa. Almeida já produziu duas análises para o PSDB, que foram submetidas à direção do partido e a seus parlamentares. Essas informações têm servido de ponto de partida para a formatação de um discurso que atinja grande parte do eleitor que aprova o governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula comanda a sucessão no PT
Sobrevivente de uma sucessão de crises que dizimaram o núcleo duro do governo, o antigo Campo Majoritário do PT ainda aguarda o sinal verde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para lançar a candidatura do chefe de gabinete Gilberto Carvalho ao comando do partido. O problema é que Lula resiste ao pedido, aumentando o racha na seara petista. Enquanto o grupo do presidente prega a união em torno do nome apoiado pelo governo, sob o argumento de que o favorito precisa do passaporte para coordenar a campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Planalto, em 2010, outras alas criticam a síndrome da dependência de Lula.
Falta de herdeiro natural evidencia ”lulodependência”
Sete anos depois de ter vencido pela primeira vez a corrida sucessória, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu produzir herdeiros políticos claros que despontem com força nas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial de 2010.
Até mesmo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, independentemente da situação de sua saúde, ainda é uma incerteza eleitoral, já que nunca concorreu e aparece bem distante do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nas primeiras simulações feitas pelos institutos de pesquisas.
Na prática, após quase completar dois mandatos à frente do governo, o estilo centralizador e o carisma eleitoral de Lula acabaram transformando o próprio presidente no seu principal herdeiro político.
Prioridades de 2003 ficaram para trás
A dinâmica da política conduzida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva também mudou a cara das prioridades do governo durante seus dois mandatos. Por conta desse estilo pessoal do presidente, programas que eram apontados, quando assumiu em 2003, como pontos centrais do que seria sua administração foram substituídos por outras ações. Essas mudanças aconteceram conforme a sensibilidade de Lula indicou que havia outros caminhos mais convenientes a seguir.
No dia de sua posse, a “carteira” de programas centrais do novo governo apresentava como grandes linhas de ação como o Fome Zero e o Primeiro Emprego, por exemplo. Sete anos depois, os dois programas se perderam na poeira do tempo e seus gestores na ocasião – José Graziano e Jaques Wagner – nem sequer fazem mais parte do primeiro escalão de governo.
Petistas reforçam apoio a Palocci
O deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP) minimizou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de adiar o julgamento que definirá se ele será ou não processado pela acusação de mandar quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa – episódio que provocou sua saída do governo Lula em 2006. “Não tem problema, uma hora vão decidir”, disse. Ontem, em Ribeirão Preto (SP), petistas reforçaram o apoio à pré-candidatura do ex-ministro ao governo de São Paulo em 2010 e disseram que vão procurar as bases do PMDB no Estado.
“Hoje, sou candidato a deputado federal, porque gosto do meu mandato”, afirmou Palocci. Mesmo assim, fez questão de destacar que a escolha do candidato só será feita em fevereiro ou maio do próximo ano.
PT controla repasses da Petrobrás para ONGs
Às vésperas da instalação da CPI da Petrobrás, o governo tem como uma das principais preocupações a blindagem da área responsável pela distribuição de recursos a ONGs, programas sociais e ambientais e propaganda institucional. Comandada por ex-dirigentes sindicais que passaram a ocupar cargos gerenciais a partir do início do governo do PT, a área de Comunicação Institucional da Petrobrás movimenta em torno de R$ 1 bilhão por ano em projetos que, em sua maioria, dispensam processos de licitação.
Uma das estratégias da base aliada durante a CPI, diz um observador próximo ao governo, será focar os trabalhos em denúncias investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), para impedir uma devassa nos contratos assinados pela área de Comunicação Institucional, comandada por Wilson Santarosa. A oposição, porém, quer aproveitar a CPI das ONGs para verificar os gastos sociais e ambientais da estatal sem os obstáculos que espera encontrar na outra comissão, que será controlada por governistas.
Empresa prepara força-tarefa para enfrentar CPI
A CPI da Petrobrás só será instalada nesta terça-feira, mas a companhia já iniciou uma força-tarefa para enfrentar as investigações do Senado. As medidas vão desde a implementação de um sistema de comunicação de crise à indicação do presidente da BR Distribuidora, o ex-senador José Eduardo Dutra, para atuar como uma espécie de interlocutor informal entre os senadores da CPI e a companhia.
O sistema de comunicação de crise foi implementado oficialmente em 2002, após a série de acidentes ambientais que marcaram a gestão Henri Philippe Reichstul, como o vazamento de óleo na Baía de Guanabara e o naufrágio da P-36. É acionado sempre em “momentos mais importantes, como acidentes, greves ou outros assuntos de maior relevância”, informou a empresa.
Estatal paga eventos de juízes e procuradores
Nos últimos dois anos, a Petrobrás bancou 17 encontros e congressos de entidades que representam magistrados, promotores e procuradores. Ao todo, gastou-se cerca de R$ 1,5 milhão com o patrocínio desse tipo de evento. Representantes do Ministério Público e do Judiciário são responsáveis por investigar eventuais irregularidades na estatal, propor e julgar ações envolvendo a empresa.
A estatal atrelou sua imagem à organização de eventos que, na maior parte dos casos, foram realizados em resorts e hotéis de luxo. Os encontros contaram também com atrativos extras, como programação turística nas cidades onde foram realizados. O dinheiro repassado, dizem organizadores, foi usado principalmente para pagar locomoção e aluguel de centros de convenção para palestras.
Roseana contesta lei que prevê piso salarial
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), contestou no Supremo Tribunal Federal lei que estabelece piso fixado em seis salários mínimos para engenheiros, químicos, arquitetos, agrônomos e veterinários. Ela alega que a Justiça do Trabalho aplica o salário para empregados da administração do Estado, o que implica reajustes.
STF nega recurso de Delúbio no mensalão
O Supremo Tribunal Federal rejeitou recurso do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para que fosse invalidada uma audiência com testemunha do processo do mensalão realizada em 3 de abril, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Delúbio alegava que a audiência desrespeitou o calendário sugerido pelo relator da ação no STF, ministro Joaquim Barbosa.
Cassol obtém recurso e se mantém no cargo
O governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido), obteve recurso no Tribunal Regional Federal da 1.ª Região contra decisão da Justiça Federal que havia determinado seu afastamento do cargo por 90 dias. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal de intimidação de testemunhas e improbidade administrativa.
”Disposição de ser alternativa está de pé”
O engenheiro Márcio Barbosa, atual número 2 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), não será candidato à direção-geral da instituição – ao menos não sem o apoio do Brasil. A decisão foi tomada na noite de sexta-feira, menos de 48 horas antes do fim do prazo final para inscrições de candidaturas para a sucessão do japonês Koichiro Matsuura. O Brasil deu apoio à candidatura do ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosny, que enfrenta resistências por conta de declarações antissemitas dadas à imprensa no passado.
Em entrevista exclusiva ao Estado, na sexta-feira, Barbosa admitiu a hipótese de ainda se lançar ao pleito caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sinalizem com apoio tardio a sua candidatura. “Hoje não sou candidato inscrito. O prazo termina no domingo (hoje), mas minha disposição de ser uma alternativa continua de pé.”
Missão da FAB salva vidas na Amazônia
Vítima do descaso do poder público, a população pobre dos confins da Amazônia depende da própria sorte – e de eventuais missões de ajuda como a da FAB – para sobreviver. Há falta de médicos, hospitais e transporte, e ausência total de saneamento básico, como água tratada, coleta de lixo e rede de esgotos. Em Apuí, no sul do Estado, a equipe improvisou uma unidade de terapia intensiva para evitar a morte de um menino de 5 anos que entrava em convulsão numa crise de diabete. A cidade tem um hospital, mas a médica não conseguiu diagnosticar a doença. Na ambulância não havia maca nem suporte para o recipiente com soro. Os médicos pediram ao prefeito para usar no transporte seu veículo oficial: uma picape Mitsubishi, com bancos de couro.
A missão do Correio Aéreo Nacional (CAN) do VII Comando Aéreo Regional (Comar), sediado em Manaus, percorreu quatro municípios do interior amazonense de 25 a 29 de maio. Os quatro oficiais médicos e um dentista atenderam 1.200 pessoas e salvaram ao menos quatro vidas. Desde 2004 as equipes atendem municípios com carências em saúde pública. Esta foi a primeira das nove rotas a serem cumpridas neste ano.
Justiça dos Estados diz que cotas são legais
Um levantamento em oito Estados onde universidades públicas adotam cotas mostra que, na maioria dos casos, o Judiciário tendeu a rejeitar contestações de não-cotistas e considerou o sistema constitucional. Diferentemente do Tribunal de Justiça do Rio – onde desembargadores, semana passada, deram liminar contra a reserva de vagas a pobres e afrodescendentes, mas ainda julgarão o mérito da ação -, magistrados da Bahia, Pernambuco, Alagoas, Amazonas, Minas Gerais e Paraná raramente tomaram decisões semelhantes. A exceção é o Rio Grande do Sul, onde o critério de renda tem dado vitórias a opositores da “discriminação positiva”. Não há ações em São Paulo.
“A situação do Rio de Janeiro é única. Em todos os outros Estados os tribunais não estão interferindo nas políticas de inclusão. Até porque aguardam o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF)”, afirma o advogado Renato Ferreira, pesquisador do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj).
Hoje, diz, 82 universidades em 23 Estados adotam algum tipo de política inclusiva. Dessas, 35 têm o sistema de cotas.
No Congresso, projetos parados
Há dez anos o Congresso discute um projeto de lei sobre cotas em universidades públicas. Ele passou a custo pela Câmara, por meio de um acordo entre partidos, e empacou no Senado.
Se os congressistas tivessem chegado a uma conclusão, o atual embate judicial, com ações que chegaram ao Supremo, não existiria. Na ausência da lei, os conselhos das universidades públicas, federais e estaduais, fortemente estimulados pelo Ministério da Educação, passaram a definir seus próprios modelos, que variam de uma escola para outra.
Lula inicia hoje viagem pela América Central
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia hoje, por El Salvador, uma viagem de quatro dias a três países da América Central.
Em El Salvador, Lula assiste à posse de Maurício Funes, seu velho conhecido, e marido de sua amiga e antiga militante do PT Vanda Pignato. Para ajudar na montagem do novo governo, que chegou ao poder depois de quase duas décadas de comando de uma aliança de partidos de direita, o presidente mandou a San Salvador, no início do mês, o seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho.
Brasil pode ter papel de mediador em cúpula
O Brasil pode ser fundamental na hora da tomada de decisão sobre o retorno ou não de Cuba à Organização dos Estados Americanos (OEA) na reunião que ocorre esta semana em Honduras. Considerado uma potência regional, o governo brasileiro está à frente de um grupo de países, que inclui Chile e Uruguai, e se caracteriza pela moderação – não são nem inimigos declarados dos EUA, como a Venezuela e a Bolívia, nem seus aliados próximos, como a Colômbia.
“O problema do Brasil e do Chile é que eles confundem as coisas”, disse Jorge Castañeda, ex-chanceler mexicano e professor da Universidade de Nova York. “Eles têm razão em criticar o embargo imposto pelos EUA a Cuba, mas esquecem que os cubanos também precisam cumprir as regras da OEA.” Para Castañeda, os brasileiros precisam perceber que a inclusão dos cubanos apenas enfraquecerá o caráter democrático da OEA.
Calotes explodem nas exportações
Se já não bastassem a queda da demanda internacional e a valorização do real ante o dólar nas últimas semanas, o exportador brasileiro tem sido obrigado a lidar com um inimigo inesperado: o calote. Abatidas pela crise global, muitas empresas não estão honrando seus compromissos mundo afora, o que tem atingido em cheio companhias brasileiras dos mais variados setores. Como se trata de um problema recente, ainda não há estatísticas disponíveis.
Mas alguns dados mostram que a situação é preocupante e, segundo o Estado apurou, já chamou a atenção do governo. A Coface, maior seguradora de crédito à exportação do Brasil, acusou no primeiro trimestre uma explosão dos sinistros nessas operações. Segundo o presidente da empresa, Fernando Blanco, a relação entre prêmios e sinistros, que normalmente oscila de 35% a 40%, saltou para 417% no balanço dos três primeiros meses do ano.
Correio Braziliense
Empresa ligada à Petrobras vira alvo
Os senadores elegeram a Transpetro como um dos principais focos da investigação da CPI da Petrobras. O ponto de partida das apurações será as auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU), que apontam irregularidades na subsidiária da Petrobras responsável pelo transporte — por tubos, em terra, ou por navios, no mar — de óleos e derivados. Inspeções do TCU já identificaram casos de pagamentos indevidos no processo bilionário de compra de navios até gastos com artigos de luxo. Ao focar na Transpetro, senadores oposicionistas, e até governistas, têm o objetivo de minar o poder do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, amigo e padrinho político do presidente da subsidiária, Sérgio Machado. A CPI começa na próxima terça.
Com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Renan Calheiros comandou toda a negociação para a escolha da tropa de choque governista na CPI. Depois de um período sabático, o movimento o expôs politicamente e causou atritos dos lados oposicionista e governista. A oposição vê a comissão como uma possibilidade de ir à forra. Não engoliram até hoje o fato de Renan ter escapado da cassação quando presidia o Senado em 2007. Senadores do PT, por sua vez, estão em atrito com Renan depois de terem sido alijados das principais negociações da CPI. Os petistas tentaram sem sucesso entregar a presidência da comissão para o DEM de forma a não dar mais poder ao PMDB.
As munições reaproveitadas
Enquanto o Senado discute a composição da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que vai investigar a Petrobras, o Tribunal de Contas da União (TCU) termina auditorias em torno da empresa, cujos resultados podem servir de munição para os parlamentares da oposição. São pelo menos cinco fiscalizações importantes que estarão concluídas justamente quando os trabalhos no Parlamento estiverem começando. O TCU mirou em vários flancos, desde a construção de plataformas marítimas a convênios e doações para organizações não governamentais (ONGs), passando pelos contratos firmados entre a estatal e firmas investigadas pela Polícia Federal, que originaram a Operação Águas Profundas. Na ocasião, três funcionários da Petrobras foram presos por fraudes em licitações.
Renan e seu voo de fênix
Os inimigos o comparam a Joseph Fouché, ardiloso político francês que sobreviveu a todas as crises e, por sua grande habilidade, manteve-se no poder a todo custo, independentemente de quem estivesse no comando, fosse Robespierre ou Napoleão. Ambos foram ludibriados por Fouché, um ator político que não fazia discursos inflamados ou grandiosos, mas atuava com desenvoltura nos bastidores. Há um misto de inveja e ressentimento na perversa comparação, pois a trajetória do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), 53 anos, registra momentos de derrota e ostracismo político. Além disso, revela um político capaz de se reconciliar com os desafetos e estender a mão aos adversários que derrotou.
Ciro ameaça estratégia petista de eleger Dilma
Deputado federal mais votado do país, com 667,8 mil votos, ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco e da Integração Nacional de Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes ainda assombra os estrategistas da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, apesar do isolamento a que está submetido. Sua importância no jogo sucessório é apenas eleitoral, como ficou evidente na pesquisa Vox Populi encomendada pelo PT no começo do mês. Ciro aparece como um nome competitivo nos dois cenários em que entra na lista de candidatos (veja quadro), mas a preocupação maior é com o papel desagregador da base eleitoral de Lula que sua candidatura pode representar, com seu perfil nordestino e discurso à esquerda da ministra. O candidato do PSB dificulta a transferência dos votos de Lula para Dilma.
Ameaça dos partidos esquecidos
Apesar de aprovarem a estratégia do PT de priorizar as conversas com o PMDB, os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazem ameaças de que, se não forem bem tratados, têm opções diferentes para a eleição de 2010. Todo o tipo de cenário é traçado: candidatura própria, caminhar sem aliança e até apoiar um candidato da oposição. PDT, PP, PR, PCdoB, PTB, PSB compreendem que o PT não pode medir esforços para se aliar com o PMDB. Tudo deve ser feito para não deixar a maior legenda do país no colo do PSDB, que tem dois pré-candidatos a presidente, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves.
As ameaças não significam que haverá uma debandada na base aliada, cada um fazendo o que bem entender, deixando o xadrez de 2010 ainda mais confuso. Os líderes das legendas menos prestigiadas ainda apostam que serão convocados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a conversa definitiva. Enquanto isso não acontece, cada um joga com a arma que tem.
Troca de legenda nos planos
A possibilidade de adiar a decisão sobre a troca de partido tem alimentado a pretensão dos parlamentares eleitos pelo Distrito Federal — de distritais a senadores — que planejam 2010 não só do ponto de vista das legendas aos quais estão filiados hoje. Boa parte dos pré-candidatos às próximas eleições levam em conta cenários com siglas diferentes das quais estão abrigados, sinal de que se a janela para a fidelidade for aberta, com ela também será escancarada a porta do troca-troca.
Com a perspectiva de ganhar um “chorinho” de seis meses para mudar de partido, os parlamentares podem avaliar melhor as alternativas em que têm chances de faturar a eleição. A numerosa lista de pré-candidatos do DEM — pelo menos cinco — às duas vagas do Senado Federal, por exemplo, deve motivar a saída de alguns nomes da legenda.
O Globo
Petrobras gasta bilhões em compras sem licitação
Ingerência político-partidária na administração e contratos sem transparência são os principais motivos pelos quais a Petrobras estará no centro da CPI, a partir de terça-feira. Cerca de 80% das compras da estatal, de R$ 37 bilhões por ano, são realizadas sem concorrência pública. Em dois anos, o TCU abriu 200 processos contra a empresa. Há suspeita de superfaturamento.
Amorim: é jogo de gente grande
Criticado pela derrota da ministra do STF Ellen Gracie a vaga na OMC e por preterir brasileiros na disputa pela Unesco, o chanceler Celso Amorim diz que tem “lombo grosso”. Para ele, política externa é “jogo de gente grande”.
PMs presos no Rio saem da cadeia só para matar
Além de usar celular, receber a visita de garotas de programa e organizar churrascos regados a bebida alcoólicas, policiais militares presos no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Brasília, deixam a cadeia para ameaçar testemunhas e cometer assassinatos. As denúncias constam em processos na Auditoria de Justiça Militar e em inquéritos policiais, como revela Sérgio Ramalho. Com uma microcâmera, O GLOBO constatou as regalias desfrutadas pelos PMs na unidade, onde estão 289 presos. Escuta autorizada pela Justiça mostra que um tenente preso no BEP teria articulado o assassinato do pecuarista Rogério Mesquita, morto a tiros ano passado em Ipanema. Em outra, um preso que responde por homicídio e desvio de arma da PM diz a uma mulher que o BEP é um spa.
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