O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) e o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), irão se reunir para estabelecer uma pauta de votações durante o período eleitoral. Os presidentes das duas Casas ainda não têm data definida para debater o tema, mas, de acordo com Eunício, deverão criar um calendário para “unir o tempo disponível dos parlamentares em campanha à qualidade nas votações”.
O Congresso em Foco, porém, já mostrou que a expectativa de parlamentares é de que dificilmente haverá votação de temas prioritários para o governo ainda neste ano. Em ano de Copa do Mundo e eleições gerais, tradicionalmente o Congresso reduz o ritmo da produção legislativa e evita votar temas polêmicos, como acabou por acontecer com a reforma da Previdência.
Leia também
O expediente da Câmara nesta semana foi reduzido graças ao jogo do Brasil. Pouco após as 15h desta terça-feira (26), a Câmara dos Deputados encerrou o expediente de deliberações desta semana. O plenário da Casa aprovou apenas, na noite de segunda-feira (25), a reinclusão de empresas no programa Supersimples.
<< Em semana de jogo do Brasil, Câmara tem apenas um dia de trabalho
“Nós vamos ter o recesso, mas voltaremos no período eleitoral e teremos aqui plantões para que a gente possa fazer um calendário dessa questão [votações] no período eleitoral”, disse Eunício na tarde de terça-feira (26).
Recesso
O recesso parlamentar deve começar oficialmente na terceira semana de julho, como é previsto na Constituição. Para isso, o Congresso precisa aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019 em sessão conjunta até o dia 17 de julho, como determina o texto constitucional. Contudo, a Copa do Mundo, as festas juninas e as eleições tendem a deixar os plenários das Casas mais vazios, inviabilizando votações no que é conhecido como “recesso branco”.
O emebista entretanto afirmou que os senadores só vão encerrar as atividades após a aprovação da LDO. “Nós vamos [trabalhar] até aprovar a LDO, eu já disse e repito, desde que assumi a presidência, nós saímos no período legal que determina a Constituição brasileira. Enquanto não votar a LDO, o Congresso estará aberto”, disse Eunício.
O relatório preliminar foi aprovado na semana passada e o prazo para que os parlamentares apresentassem emendas se esgotou esta semana. A previsão é que o texto seja votado na comissão especial até o dia 10.
<< Jogo do Brasil na Copa encurta semana de trabalho dos parlamentares
Durante e até depois da Copa do Mundo da Rússia, que se desenrola até 15 de julho, as atenções de deputados e senadores se voltam para os festejos juninos. Na sequência, entram em campo as movimentações eleitorais, em que o mandato parlamentar é dominado pelas articulações e atividades de campanha, entre outros compromissos em redutos eleitorais.
Depois do recesso parlamentar do meio do ano até o primeiro turno das eleições (7 de outubro) serão oito as semanas em que poderá haver votações de plenário na Câmara e no Senado, nos meses de agosto e setembro, com média de três dias de sessão deliberativa por semana – ou seja, 24 dias de votação no período, na melhor das hipóteses. Mas, em ano eleitoral, o Congresso costuma ficar às moscas nesse período, com movimentação reduzida inclusive de servidores e profissionais de imprensa.
O envolvimento de parlamentares no processo eleitoral diminui no segundo turno, mas não o desinteresse na pauta legislativa. Com a cabeça no próximo governo e na próxima legislatura, deputados e senadores, reeleitos ou não, terão sete semanas de votação até a semana do Natal, quando tem início o segundo recesso parlamentar e as férias de fim de ano. Com as três sessões deliberativas de praxe por semana, seriam mais 21 dias para votação de proposições legislativas.
Somados os períodos e mantidas as condições de normalidade institucional no país, deputados e senadores poderiam realizar sessões de plenário, ressalvadas as semanas de feriado, em 45 dias de sessão. Mas isso é algo pouco provável. Além da obstrução oposicionista, que tem conseguido prolongar ou mesmo retirar de pauta a análise de temas polêmicos, a falta de acordo para votações e até o imponderável podem reduzir ainda mais as chances de avanço na pauta.
Com dois inquéritos ativos contra si na Procuradoria Geral da República (PGR), Temer poderá ser alvo de terceira e até uma quarta denúncia criminal, repetindo-se o roteiro de 2017, quando duas acusações contra o presidente paralisaram o Congresso por meses. Denunciado por corrupção, obstrução de Justiça e participação em organização criminosa, o emedebista conseguiu mobilizar a base governista no ano passado, à custa da liberação bilionária de emendas parlamentares e da distribuição de cargos em órgãos estratégicos, e barrou ambos os processos enquanto perdurar seu mandato. A repetição da tormenta, analisam observadores da cena política, teria efeitos imprevisíveis às vésperas das eleições.
Em semana de jogo do Brasil, Câmara tem apenas um dia de trabalho
Deixe um comentário