O ex-deputado João Lyra (PTB-AL) disse, no memorial entregue ao senador Jefferson Péres (PDT-AM), que tem três documentos para comprovar o pagamento de R$ 500 mil a Renan Calheiros (PMDB-AL) para conseguir renovar uma concessão de rádio no Senado. Em agosto, ele fez a afirmação ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), quando entregou os papéis.
No memorial entregue anteontem (6) a Péres – relator de processo contra Renan no Conselho de Ética –, Lyra reafirma as acusações. O usineiro e ex-deputado diz que foi sócio de Renan em uma rádio e num jornal em Alagoas a partir de 1998. Lyra diz que o ex-dono das empresas, Názário Pimentel, procurou Renan. O hoje presidente licenciado do Senado buscou uma “parceria” com o usineiro.
Para pagar a entrada do negócio a Pimental, Renan usou Tito Uchoa. “De imediato, o diretor do grupo João Lyra repassa a Tito Uchoa o correspondente a 50% do sinal”, descreve o ex-deputado no memorial. O “laranja” de Renan nas empresas seria José Queiroz, enquanto Lyra usou o nome de Leonardo Loureiro e outras pessoas como “representantes”.
Encerrada a sociedade, o presidente do Senado ficou com a rádio. O ex-deputado, com o jornal. O usineiro diz que não usou “testas-de-ferro”, mas tornou-se sócio minoritário na empresa porque, “por força da legislação”, não poderia ser o único dono do jornal.
Renovação
Depois, Lyra adquire outra rádio. “E é compelido por [Renan] Calheiros a pagar uma quantia de R$ 500.000,00, pela renovação da mesma perante o Senado”, diz o texto do usineiro. Os valores foram entregues, em parcelas, a Tito Uchoa, segundo o ex-deputado. A prova, diz Lyra, são os documentos 14, 15 e 16, entregues a Tuma.
O relator do processo já sabia do pagamento dos R$ 500 mil, mas ainda não analisou a papelada para verificar a veracidade da história. “Vou ver todo o conjunto de fatos. Ele entregou muitos documentos; vamos estar analisando”, afirmou Jefferson Peres ao Congresso em Foco, no final da tarde de hoje (8). Ele entregará seu relatório pela cassação de Renan ou arquivamento das denúncias na próxima quarta-feira (14).
Ataque
No documento, Lyra rebate as acusações de que é apenas um inimigo de Renan interessado em desacreditá-lo. O usineiro se diz um empresário bem sucedido, que gera muitos empregos em Alagoas e patrocina projetos sociais. Por outro lado, Lyra parte para o ataque, desqualificando as testemunhas arroladas pelo presidente do Senado: o juiz Marcelo Tadeu, Tito Uchoa e o empresário Nazário Pimentel.
Renan Calheiros disse hoje à reportagem que não comentaria o assunto. (Eduardo Militão)
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