O presidente Lula decidiu tirar da gaveta o projeto de construção da Usina Nuclear Angra 3. Segundo o jornal Valor Econômico, a decisão foi anunciada aos ministros há cerca de um mês, em uma reunião no Palácio do Planalto. O presidente deve participar em breve da reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que vai discutir a retomada da construção da usina.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, resistia ao projeto por conta do alto custo da energia nuclear, mas cedeu ao argumento de que o Brasil precisa ampliar a matriz energética e de que outras fontes têm preço igual ou superior ao da energia nuclear. Com isso, apenas a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ainda se opõe à construção.
Segundo o Valor, a revisão do Programa Nuclear Brasileiro já estaria pronta desde o início de 2006, mas, como o assunto é polêmico, Lula decidiu deixar a discussão para depois das eleições. O presidente conheceu o projeto detalhadamente em abril de 2007 e já teria encomendado aos ministros uma estratégia para comunicar à sociedade a retomada do programa nuclear.
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O projeto de construção da usina Angra 3, orçado em cerca de R$ 7,2 bilhões, prevê o início do funcionamento no fim de 2012. Hoje, a energia nuclear representa apenas 1,5% da matriz energética brasileira. Com Angra 3, pode aumentar para algo entre 4% a 5% em 20 anos.
O projeto do governo prevê um índice de nacionalização de 70%. Os principais componentes já foram comprados, ao custo aproximado de US$ 750 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão). Para tentar dobrar a animosidade dos ambientalistas, o governo está se cercando de cuidados quanto à segurança. A usina terá uma espécie de couraça capaz de resistir ao choque de um avião grande. (Carol Ferrare)
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