Tempo de mudar Sônia Mossri e Edson Sardinha |
Ao completar quatorze meses no Palácio do Planalto, o presidente Lula se vê forçado pela crise política desencadeada pelo caso Waldomiro Diniz a promover uma faxina no governo que pode implicar em mudanças nos postos-chave da articulação política no Congresso e até mesmo nos ministérios. Os únicos que estão seguros são os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e o secretário de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken. Gushiken, aliás, teve seu espaço ampliado na medida em que se encolhia o do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. A contragosto, Lula se convenceu da necessidade de dar ao PMDB um papel mais ativo no governo. O partido, aliás, deu uma pequena amostra do que é capaz quarta-feira (24), ao emitir uma nota com críticas à condução da política econômica. Leia também Uma das alternativas em estudo é substituir Aloizio Mercadante (PT-SP) na liderança do governo no Senado pelo líder do PMDB na casa, Renan Calheiros (AL). Segundo alguns interlocutores, Lula – apesar de dar demonstrações públicas justamente em sentido contrário – começa a pensar seriamente se vale a pena a permanência do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, no governo. Qualquer decisão nesse sentido, porém, só será tomada quando o cenário político estiver mais tranqüilo e as relações com o Congresso normalizadas. Nas últimas semanas, Gushiken praticamente ocupou todo o espaço de poder do ministro da Casa Civil. Não é mera coincidência, também, o fortalecimento do ministro Palocci e da idéia de trazer um autêntico gestor do setor privado – um dos nomes citados é o do empresário Antonino Marmo Trevisan – para exercer a função de um supergerente do governo, tomando o papel que é de Dirceu. Trevisan, um dos membros mais atuantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, é desde o início do governo Lula o principal interlocutor de Gushiken no meio empresarial. Na verdade, o que o governo quer é um Pedro Parente petista. Outro que quase perdeu o emprego na última quarta-feira foi o desastrado ministro do Planejamento, Guido Mantega. Chegou a ser classificado como “autista” por integrantes da base governista no Congresso. Ele simplesmente ignorou os acordos feitos pelo secretário de Coordenação Política e Assuntos Institucionais, Aldo Rebelo, para liberação de emendas dos parlamentares no Orçamento de 2004. O resultado da displicência de Mantega foi o desgaste do governo com aliados no Congresso, o que acabou gerando uma rebelião nos partidos da base. Lula percebeu que o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, tinha razão ao se queixar do colega do Planejamento. Por omissão de Mantega, o Planejamento não fez a programação financeira, com os demais ministérios, da liberação das verbas orçamentárias para os projetos de interesse dos parlamentares da base governista, acertada um mês atrás por Aldo Rebelo com todos os líderes da base aliada no Congresso. |
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