Em sua primeira viagem internacional após a reeleição, o presidente Lula fez campanha eleitoral para o seu colega venezuelano, Hugo Chávez, e voltou a endurecer o discurso contra a imprensa e a elite brasileiras. Durante comício para cerca de 20 mil pessoas, em Ciudad Guayana, na Venezuela, Lula disse que se tornou "vítima da incompreensão e do preconceito" da imprensa, do empresariado, dos banqueiros e de ex-governantes durante as eleições.
O presidente brasileiro afirmou que, assim como o venezuelano, teria sido "agredido" por um certo "tipo de meio de comunicação" em decorrência de "preconceito" e "incompreensões".
Apesar de declarar que não daria "palpite" na política da Venezuela, Lula fez campanha para Chávez e tratou o colega como reeleito. "Vim aqui em 2003. ‘Hace’ três anos, esta ponte estava apenas começando. Depois fui a Caracas e vi a televisão. E voltei ao Brasil dizendo a mim mesmo que jamais tinha visto um comportamento de um tipo de meio de comunicação agredindo um presidente da República como tu foste agredido. Eu jamais imaginei que isso pudesse acontecer no Brasil. E aconteceu o mesmo", discursou Lula.
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"A coisa que mais consolidou a minha consciência de que nós estávamos certos é que o povo reagiu no momento certo", disse o presidente. A exemplo dos discursos feitos durante a campanha eleitoral, Lula voltou a criticar os banqueiros e a dizer que governa para os pobres.
"Eu conheço o tipo de críticas que fazem a você, é a mesma crítica que faziam a mim. Os banqueiros ganharam muito dinheiro no Brasil e sem dúvida ganham muito aqui também. Alguns empresários ganham muito dinheiro aqui, como ganharam muito dinheiro lá. Mas, se tiverem de fazer uma opção entre você e um outro lá que seja mais próximo deles, não tenha dúvida de que o preconceito fará com que eles estejam do lado de lá", disse Lula.
Antes de discursar, Lula desfilou em carro aberto com Chávez sobre a ponte de 3,2 quilômetros sobre o rio Orinoco. A obra foi construída pela empreiteira Odebrecht.
"Desde julho eu estava para vir aqui para a inauguração da ponte, por conta da legislação brasileira [que proíbe esse tipo de ato durante a campanha eleitoral]", disse Lula.
Após inaugurar a ponte, o presidente Lula confundiu a Venezuela com a Bolívia. Depois de saudar as autoridades presentes, o presidente brasileiro cumprimentou os "homens e mulheres da Bolívia". Ao perceber a erro, e depois de ter sido corrigido pelo tradutor, Lula se corrigiu: "de Venezuela".
FHC defende maior contato entre tucanos e a sociedade
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem a realização de eleições primárias para que o PSDB tenha uma maior aproximação com a sociedade. "Os partidos, com o tempo têm a tendência a se isolar. Tem que ter núcleos. Sou favorável a fazer eleições primárias nos partidos", disse o ex-presidente após reunião com o diretório paulista do PSDB.
"É preciso ter eleições primárias para dar mais vida aos partidos". Na reunião, FHC defendeu uma maior comunicação entre os tucanos e o restante da sociedade. "A imensa maioria não tem partido nenhum. Quando o partido só fala para dentro, não adianta. Tem que falar para fora", declarou o ex-presidente.
"A idéia é ter mais militância e não só a militância. A militância é um grupo fechado também. Tem que ter um contato mais amplo com a sociedade", concluiu.
Governo do Paraná desapropria área de empresa suíça
O governo do Paraná anunciou ontem a desapropriação de uma área de 300 hectares da transnacional suíça Syngenta Seeds, produtora de agrotóxicos e sementes transgênicas. A área desapropriada fica no município de Santa Tereza do Oeste, no Oeste do Paraná a 4 km do Parque Nacional do Iguaçu, criado em 1939 e reconhecido em 1986 pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade.
De acordo com a assessoria de comunicação da Via Campesina do Paraná, a companhia fazia experimentos no local com organismos geneticamente modificados e a multiplicação de sementes de milho transgênico, descumprindo leis federais e estaduais. O novo espaço será destinado ao desenvolvimento de técnicas e experimentos voltados para a agricultura sustentável.
O decreto do governo do Paraná aponta o risco de contaminação ambiental e proíbe este tipo de cultura próxima a reservas ambientais, no chamado cinturão de proteção ecológica. Ainda de acordo com a assessoria da Via Campesina, a Syngenta também mantinha sementes transgênicas sem licença na propriedade.
Em 14 de março de 2006, militantes paranaenses da Via Campesina do Brasil ocuparam a área para denunciar a situação. Como resultado, o Ibama multou a empresa em R$ 1 milhão.
Em outubro, a Justiça paranaense determinou a desocupação da área e o pagamento de multa de 50 mil reais por dia de descumprimento ao estado do Paraná, caso o governador Roberto Requião (PMDB) não fizesse o despejo.
Vale entra na OEA contra governo brasileiro
A Companhia Vale do Rio Doce entrou ontem com uma petição contra o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos (OEA). Esta é a primeira vez que uma empresa brasileira entra com esse tipo de ação na Comissão Interamericana da Defesa de Direitos Humanos da OEA.
De acordo com a mineradora, o governo não vem cumprindo suas obrigações com os índios. Neste ano, as instalações da Vale foram invadidas três vezes por comunidades indígenas. No documento, a empresa reclama da ausência de uma política pública voltada para o índio e solicita que o governo brasileiro adote medidas para evitar novas invasões.
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