As derrotas do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) na Bahia e do ex-presidente José Sarney no Maranhão refletem o choque entre o velho coronelismo e o fenômeno eleitoral chamado Lula. “Bolsões de coronelismo continuam, em níveis locais. E projetos como o Bolsa Família estão apenas trocando alguns desses chefões por um grande pai dos pobres”, ressaltou o sociólogo José Arlindo Soares, professor de pós-graduação da Universidade Federal da Paraíba, em entrevista concedida hoje (6) ao jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com ele, “a sociedade se urbaniza”. “E há um peso maior desse eleitorado, que quebra as políticas tradicionais de clientela. Isso ocorre no Brasil, como um todo, mas em especial no Nordeste. Mas não é um fenômeno simples”, disse.
E justamente por causa dessa urbanização a família Sarney foi derrotada no Maranhão. “Esse é um exemplo do coronelismo em seu sentido mais atrasado. Sarney não modernizou o estado, cujos indicadores sociais são os mais degradantes do Brasil. Sua liderança vai perdendo raízes”, afirmou.
Sobre o Bolsa Família dentro desse novo contexto, o sociólogo ressaltou que o programa deu “mais autonomia ao eleitor em relação ao chefete local”. “O cartão, que é sua fonte de sustento, vem de uma relação com um banco. Mas o cadastramento é feito pelos prefeitos e o governo Luiz Inácio Lula da Silva fez ponte direta com eles. (…) Um prefeito, sozinho, pode muito pouco, fica mais fácil de dominar. Aí o Lula é o beneficiário, aparece como o novo pai dos pobres”, declarou.
Deixe um comentário