Edson Sardinha
O presidente Lula rebateu hoje (26) as críticas à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no Pará, cujo leilão foi alvo de uma batalha jurídica na semana passada. Na avaliação do presidente, os ataques dirigidos à obra atendem a interesses políticos de quem quer justificar o apagão elétrico ocorrido no governo Fernando Henrique Cardoso.
“Obviamente que sempre vai ter aqueles que não querem que a gente faça, porque tem aqueles que esperam que haja sempre uma desgraça no país para eles poderem encontrar um culpado, nós temos aí a indústria do apagão, pessoas que não querem que a gente construa a energia necessária porque querem que tenha um apagão para poder justificar o apagão de 2001. O apagão de 2001 foi incompetência, e nós não vamos ter atos de incompetência”, declarou Lula no Café com o Presidente.
Lula também contestou as críticas dirigidas por ambientalistas de que a construção da usina vai prejudicar as populações indígenas e o meio ambiente. De acordo com o presidente, caso não optasse pela hidrelétrica, o país seria obrigado a investir em termoelétricas, o que elevaria o custo da energia e acarretaria danos ambientais.
“A usina Belo Monte, ela vai custar 78 reais o megawatt/hora; uma usina eólica custa 150 reais o megawatt/hora, e uma usina a gás, mais ou menos, 200 reais um megawatt/hora. Portanto, a energia hídrica ainda é a mais barata, o que nós precisamos é trabalhar com muito cuidado para fazer as hidrelétricas da forma mais cuidadosa possível, causar o menor impacto ambiental possível, e é por isso que eu estou muito feliz, porque depois de 30 anos, finalmente, Belo Monte vai sair”, afirmou.
Lula ainda destacou a visita que fez semana passada à reserva indígena Raposa Terra do Sol, em Roraima, durante as comemorações do Dia do Índio. Segundo o presidente, o país tem dado passos significativos para reconhecer os índios como cidadãos, mas ainda precisa oferecer maior qualidade de vida aos indígenas.
“O Brasil tem hoje 663 terras indígenas homologadas, declaradas, delimitadas, em estudo, somando 107.618.000 hectares, ou seja 12,5% do território nacional já está praticamente preservado e cuidado para os índios. Ou seja, nós demos um passo definitivo para reconhecer os índios como cidadãos brasileiros, dono da sua cultura, homens livres que podem exercitar da forma que quiserem toda a sua cultura, e cabe agora ao governo garantir mais, nós temos que garantir, sabe, possibilidade de produção de qualidade, de educação de qualidade, de saúde de qualidade, para que os índios sintam-se verdadeiramente brasileiros, e que a gente tenha orgulho deles serem brasileiros, e eles tenham orgulho do nosso país”, disse.
Confira a íntegra do Café com o Presidente:
“Apresentador: Presidente, na semana passada, foi escolhido o consórcio de empresas que vai construir a usina hidrelétrica de Belo Monte. Por que é importante para o país construir essa usina?
Presidente: Luciano, Belo Monte é um projeto de 30 anos, não é um projeto de agora, ou seja, Belo Monte levou muito tempo sendo discutida, foi muita gente que discutiu, se fazia projeto, se não fazia projeto, e nós conseguimos dar a Belo Monte um tratamento, diria, qualificado envolvendo todo o segmento da sociedade num debate. E é isso que eu peço a compreensão da sociedade brasileira para perceber o que está acontecendo. Nós temos um potencial hídrico de praticamente 260 mil megawatts. Ou seja, se o Brasil deixar de produzir isso para começar a utilizar termoelétrica a óleo diesel será um movimento insano contra toda a luta que nós estamos fazendo no mundo pela questão climática. Eu queria dar um exemplo, Luciano, importante para o povo brasileiro entender: nós temos fixado um preço por megawatt/hora mínimo de 83 reais, as empresas que ganharam ofereceram praticamente 78 reais o megawatt/hora. É importante a gente fazer uma comparação para o povo saber o que nós estamos falando: a usina Belo Monte, ela vai custar 78 reais o megawatt/hora; uma usina eólica custa 150 reais o megawatt/hora, e uma usina a gás, mais ou menos, 200 reais um megawatt/hora. Portanto, a energia hídrica ainda é a mais barata, o que nós precisamos é trabalhar com muito cuidado para fazer as hidrelétricas da forma mais cuidadosa possível, causar o menor impacto ambiental possível, e é por isso que eu estou muito feliz, porque depois de 30 anos, finalmente, Belo Monte vai sair.
Apresentador: Presidente, como o senhor disse a construção da usina é um projeto de muito tempo, há anos vem sendo discutida e pensada. Mudou muita coisa no projeto desde que começou até agora?
Presidente: Mudou, mudou, Luciano. Nós tivemos uma redução de 60% na área ocupada pelo reservatório da usina. O lago previsto hoje é 40% daquilo que era previsto anteriormente. Nós estamos cuidando da preservação de mais áreas indígenas, Arara da Volta Grande, Xingu e Paquiçamba, que antes seriam atingidas, não vão ser mais atingidas, há previsão de realocação de 16 mil pessoas, ou seja, portanto nós estamos pensando em fazer uma hidrelétrica que seja modelo, que seja exemplo de que o Brasil vai continuar fazendo a hidrelétrica, mas, sobretudo, o Brasil vai continuar dando importância ao povo brasileiro, cuidar dos nossos índios, cuidar dos nossos produtores rurais, cuidar dos nossos ribeirinhos, as pessoas não terão prejuízo, pelo contrário, o que nós queremos é que a hidrelétrica signifique um ganho para essas pessoas, uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. Nós fizemos o licenciamento ambiental, acho que foi o melhor já ocorrido em todo o Brasil, foram cinco anos de estudo para dar licença prévia. Obviamente que sempre vai ter aqueles que não querem que a gente faça, porque tem aqueles que esperam que haja sempre uma desgraça no país para eles poderem encontrar um culpado, nós temos aí a indústria do apagão, pessoas que não querem que a gente construa a energia necessária porque querem que tenha um apagão para poder justificar o apagão de 2001. O apagão de 2001 foi incompetência, e nós não vamos ter atos de incompetência.
Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do Presidente Lula. Presidente, outro tema de destaque da semana passada foi sua ida à terra indígena Raposa Serra do Sol, no dia em que se comemora o Dia do Índio. A homologação dessa área foi um marco para conquista dos povos indígenas, não?
Presidente: Eu acredito que foi uma coisa extraordinária a demarcação da Raposa Serra de Sol. É importante lembrar, Luciano, que nós temos trabalhado muito para tentar normalizar, regularizar, e dar cidadania aos povos indígenas no Brasil. Desde 2003, nós homologamos 81 terras indígenas. O Brasil tem hoje 663 terras indígenas homologadas, declaradas, delimitadas, em estudo, somando 107.618.000 hectares, ou seja 12,5% do território nacional já está praticamente preservado e cuidado para os índios. Ou seja, nós demos um passo definitivo para reconhecer os índios como cidadãos brasileiros, dono da sua cultura, homens livres que podem exercitar da forma que quiserem toda a sua cultura, e cabe agora ao governo garantir mais, nós temos que garantir, sabe, possibilidade de produção de qualidade, de educação de qualidade, de saúde de qualidade, para que os índios sintam-se verdadeiramente brasileiros, e que a gente tenha orgulho deles serem brasileiros, e eles tenham orgulho do nosso país.
Apresentador: Muito obrigado, Presidente Lula, até a semana que vem.”
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