Renata Camargo
O presidente Lula criticou nesta quarta-feira (17), do Cazaquistão, a série de denúncias que assolam o Senado. Em entrevista à Agência Brasil, Lula disse que as crises do Legislativo “não têm fim e depois não acontece nada”. Lula defendeu ainda que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tem “história suficiente” para não ser tratado como se fosse “uma pessoa comum”.
“Essa história tem que ser mais bem explicada. Não sei a quem interessa enfraquecer o Poder Legislativo no Brasil. Mas penso o seguinte: quando tivemos o Congresso Nacional desmoralizado e fechado foi muito pior para o Brasil, portanto, é importante pensar na preservação das instituições e separar o joio do trigo. Se tiver coisa errada, que se faça uma investigação correta”, disse.
Leia mais: “Crise do Senado não é minha”, diz Sarney
Lula afirmou ainda que o governo não teme ser prejudicado pelas denúncias que recaem sobre o Senado. Para o presidente, “todos os senadores, a começar do presidente Sarney, têm responsabilidade de dirigir o destino do país, ou seja, do Congresso Nacional”.
“O que não se pode é todo dia você arrumar uma vírgula a mais, você vai desmoralizando todo mundo, cansando todo mundo, inclusive a imprensa corre o risco. Porque a imprensa também tem que ter a certeza de que ela não pode ser desacreditada porque, na hora em que a pessoa começar a pensar ‘olha, eu não acredito no Senado, não acredito na Câmara, não acredito no Poder Executivo, no STF, também não acredito na imprensa’, o que vai surgir depois?”, questionou Lula.
Na tarde de ontem (16), o presidente do Senado rebateu as denúncias de supostas irregularidades contra a administração da Casa. Na tribuna do plenário, Sarney afirmou que nunca teve seu “nome associado a nada de errado” e que a crise do Senado não é dele, e sim da instituição. “Isso é uma crise mundial. O que se fala aqui no Brasil do Congresso, fala-se na Espanha, fala-se na Inglaterra, fala-se na Argentina, fala-se em todos os lugares”, declarou Sarney.
O discurso foi em resposta à mais recente crise que eclodiu na Casa, causada pelas denúncias sobre a publicação de atos secretos utilizados para contratar funcionários, entre eles, parentes de Sarney. Desde o início do ano, o Senado já foi tomado pelo escândalo que afastou o ex-diretor-geral Agaciel Maia e pela farra das passagens, em que foi denunciado o mau uso das cotas de passagens aéreas.
Leia tudo sobre a farra das passagens
Deixe um comentário